Análise em rochas confirma que Lua tem água mineral
A Lua não é tão árida como se pensava. Ainda que não se
encontrem oceanos, lagos ou mesmo uma poça em sua superfície, a água
está presente no satélite terrestre. Após a descoberta de gelo em 2009,
agora um grupo de pesquisadores acaba de identificar grupos de
hidroxila em uma rocha lunar.
Segundo o estudo, publicado na
edição desta quinta-feira (22) da revista Nature, a presença do radical
composto por oxigênio e hidrogênio confirma a existência de água em
minerais no satélite terrestre. A rocha analisada foi trazida pelo
programa Apolo.
“A Lua, considerada desprovida de materiais hídricos, tem água”, disse
John Eiler, professor de geologia e geoquímica no Instituto de
Tecnologia da Califórnia (Caltech), um dos autores do estudo.
Os pesquisadores se surpreenderam ao conseguir medir quantidade
significativa de água em um mineral lunar. O grupo encontrou água em
apatita, um mineral do grupo dos fosfatos, dentro de um basalto coletado
por astronautas.
Para ser mais exato, eles não encontraram água, ou seja, a molécula H2O,
mas hidrogênio na forma de um ânion hidroxila (OH-). “Hidróxido é um
parente químico próximo da água. Se aquecermos a apatita, os íons
hidroxila serão ‘decompostos’ e formarão água”, explicou outro autor da
pesquisa, George Rossman, professor de mineralogia da Caltech.
A rocha lunar examinada agora foi trazida em 1971 por astronautas da
Apolo 14. A proposta de procurar água na amostra foi de Larry Taylor,
professor da Universidade do Tennessee, que enviou amostras ao grupo na
Caltech para análise.
Mas a ideia de procurar água em apatita não era nova. “Charles Sclar e
Jon Bauer, da Universidade Lehigh, notaram que algo estava faltando nos
resultados das análises químicas feitas em 1975. Agora, 35 anos depois,
somos capazes de fazer medições adequadas e vimos que eles estavam
certos. A peça que faltava era a hidroxila”, disse Jeremy Boyce, outro
autor do estudo na Caltech.
O grupo investigou a rocha lunar em busca de sinais de hidrogênio,
enxofre e cloro por meio de uma microssonda iônica, capaz de analisar
grãos de materiais com tamanhos muito menores do que a espessura de um
fio de cabelo humano.
As análises mostraram que, em termos da presença de tais elementos, a
apatita lunar é semelhante à encontrada em rochas vulcânicas na Terra.
“Há mais água na Lua do que se imaginava, mas ainda assim em ordens de
magnitude muito inferiores às da Terra”, disse Eiler.
A existência de vulcões na Lua há mais de 4 bilhões de anos deu aos
cientistas a pista de que a água poderia estar presente em minerais
lunares, uma vez que as dinâmicas dos vulcões terrestres são
principalmente dirigidas pela água.
A possibilidade de extrair água no subterrâneo da Lua amplia as chances
de instalar bases humanas no satélite. Levar água da Terra é um dos
principais obstáculos para a permanência do homem na Lua, uma vez que o
custo atual é superior a US$ 50 mil por litro transportado.
Radioatividade em Faluja é mais grave que em Hiroxima
A leitura do fundamentado texto de Layla Anwar deixa o leitor
como uma angústia revoltante e algumas interrogações: Como é possível
no século 21 tamanha barbárie? O que significa direitos humanos para o
poder nos EUA? Como é possível os governos de todos e cada um dos
nossos países colaboraram, e pior, terem relações de subordinação com
criminosos tão cruéis? Cada vez é mais evidente por que razão de os EUA
não aceitaram para seus cidadãos a territorialidade do Tribunal Penal
Internacional.
Esta informação é demasiado
importante para ser somente anotada… e este é apenas um comentário
apressado. Acabei de assistir a uma reposição da Arabic-interview, da
Al-Jazira, conduzida por Ahmad Mansour com o professor Chris Busby. O
professor Busby é Cientista e Director da Green Audit, e conselheiro
científico do Comitê Europeu para os Riscos de Radiação. Para saber mais
sobre o professor Busby e o seu trabalho pode procurar no Google: Chris
Busby Uranium.
Por Layla Anwar
O professor Busby publicou vários artigos sobre radiação, urânio e
contaminação em países como o Líbano, Kosovo, Gaza e, claro, Iraque.
Falar-vos-ei das suas recentes descobertas, que eram o tema do programa
emitido pela Al-Jazira. Como alguns de vocês saberão, Faluja é uma
cidade proibida. Foi sujeita a intensos bombardeios em 2004, com bombas
de urânio empobrecido (DU, do inglês Depleted Uranium) e fósforo branco,
e depois disso transformou-se numa zona interdita — o que significa que
tanto as autoridades-fantoche como as forças invasoras e ocupantes
estadunidenses não permitem que se conduza nenhum estudo em Faluja.
Faluja está cercada. Evidentemente que tanto os estadunidenses como os
iraquianos sabem de alguma coisa que escondem do público. E é aqui que
entra o professor C. Busby. Determinado em ir até ao fundo do que
aconteceu em Faluja em 2004.
Sendo um cientista de renome na sua área, conduziu pesquisas e exames em
Faluja cujos resultados preliminares serão publicados nas próximas
semanas – assim esperamos.
O professor Busby encontrou bastantes obstáculos enquanto desenvolvia o
seu projeto. Nem ele nem nenhum membro da sua equipe foram autorizados a
entrar em Faluja para realizar entrevistas. Logo, na sua opinião,
quando a porta principal se fecha, torna-se necessário encontrar outras
portas para abrir. E foi o que fez.
Conseguiu reunir uma equipe de iraquianos de Faluja para conduzir os
exames por ele. A pesquisa baseou-se em 721 famílias de Faluja, num
total de 4.500 participantes - vivendo em zonas com diferentes níveis de
radiação. Os resultados foram comparados com um grupo padrão - um
exemplo do mesmo número de famílias vivendo numa zona não-radioativa
noutro país árabe. Para esse efeito comparativo, escolheu três outros
países - Kuwait, Egito e Jordânia.
Antes de avançarmos para os resultados preliminares, devo salientar o seguinte:
As autoridades iraquianas ameaçaram todos os envolvidos na
pesquisa, de prisão e detenção, caso cooperassem com os “terroristas”
que os estavam a entrevistar. Por outras palavras, foram ameaçados na
alçada da lei anti-terrorista.
As forças estadunidenses proibiram o professor Busby de obter quaisquer dados, argumentando que Faluja é uma zona insurgente.
Os médicos de Faluja recusaram o pedido para prestarem declarações que
seriam transmitidas diretamente para o programa de Ahmad Mansour, já que
receberam inúmeras ameaças de morte e temem pelas suas vidas.Noutras
palavras, este estudo foi conduzido em condições extremamente difíceis.
Mas foi conduzido.
Como o programa ainda não foi carregado no Youtube, não posso
proporcionar uma transcrição oral absolutamente exata. Mas tomei breves
notas e memorizei o necessário. Farei o possível para apresentar todos
os fatos a que hoje assisti. E então o que é que os EUA e os seus
fantoches iraquianos não querem que o público saiba? E porque é que não
autorizam quaisquer medições dos níveis de radiação em Faluja, e porque é
que proíbem até a AIEA de entrar na cidade? Que é que aconteceu em
Faluja, exatamente? Que tipos de bombas foram usadas? Somente DU ou
outra coisa mais?
Algo que é bastante curioso em Faluja é a subida dramática das
taxas de câncer, num curto espaço de tempo, por exemplo em 2004.
Exemplos fornecidos pelo professor Busby:
Taxa de leucemia infantil aumentou 40 vezes desde 2004 em
comparação com anos anteriores. Comparada com a Jordânia é 38 vezes
maior.
Taxa de câncer da mama cresceu 10 vezes desde 2004
Taxa de câncer linfático cresceu também 10 vezes desde 2004.
Outra curiosidade em Faluja é o dramático aumento nas taxas de
mortalidade infantil. Comparada com dois outros países árabes, como o
Kuwait e o Egito, que não estão contaminados pelas radiações, é este o
retrato:
Mortalidade infantil em Faluja é de 80 crianças por cada 1.000
nascimentos, em comparação com o Kuwait, com 9 crianças por cada 1.000
nascimentos, e com o Egito, com 19 crianças a cada 1.000 (assim, a taxa
de mortalidade infantil no Iraque é 4 vezes maior do que no Egito e 9
vezes maior que no Kuwait).
A terceira particularidade em Faluja é o número de malformações
congênitas que explodiram repentinamente desde 2004. Este é um assunto
que já abordei no passado. Mas não é toda a verdade, hoje aprendi um
pouco mais. A radiação de qualquer dos agentes utilizados pelas forças
de “libertação” não só causaram massivas deformações genéticas como
também, e não menos importante:
Provocaram alterações estruturais em nível celular. Por sua vez,
isto significa que devido às alterações genéticas dos rapazes (falta de
cromossomo X), estes têm mais probabilidades de morrer ao nascer, e as
moças têm mais probabilidades de sobreviver com fortes deformações.
Outro exemplo adiantado pelo professor Busby: antes de 2003, as taxas de
natalidade em Faluja eram as seguintes: 1.050 rapazes para 1.000 moças.
Em 2005, somente 350 rapazes nasceram — o que significa que a maioria
não sobreviveu.
Tal como para as moças, e é aqui que jaz a tragédia, a radiação
causa mudanças no DNA, o que significa que caso sobrevivam, e tentem
reproduzir, darão provavelmente à luz filhas geneticamente desfiguradas e
filhos nados-mortos.
As conclusões anteriores são suportadas noutros estudos
conduzidos nos filhos e netos que sobreviveram a Hiroxima (realizado em
2007) e que evidencia que até a terceira geração exibe malformações
congênitas, incluindo doenças (câncer, problemas cardio-vasculares) numa
taxa de aumento de 50 vezes. Em Tchernobyl, por outro lado, estudos em
animais na mesma área demonstram que os efeitos da radiação modificaram
geneticamente 22 gerações. Em suma, a radiação é transmitida de gene
para gene e tem efeitos cumulativos com o passar do tempo. (não
dissecarei o porquê – as propriedades acumulativas/ memória das células e
a atividade do sistema imunológico – poderá ler mais detalhes sobre
isso quando o artigo do professor Busby for publicado) [1].
Algumas destas deformações em crianças são tão grotescas que,
tanto a Al-Jazira como a BBC (que produziu um documentário sobre a mesma
matéria), recusaram a difusão destas imagens.
Exemplos das deformações que Ahmad Mansour revelou em imagens:
Crianças nascidas sem olhos
Crianças com duas e três cabeças
Crianças nascidas sem orifícios
Crianças nascidas com tumores cerebrais e retinais malignos
Crianças nascidas sem órgãos vitais
Crianças nascidas sem membros ou com excesso dos mesmos
Crianças nascidas sem genitais
Crianças nascidas com severas malformações cardíacas
Mais…
Sobre esse assunto, os médicos em Faluja foram questionados acerca da
relevância para o estudo da comparação das taxas de deformação congênita
no espaço de um mês (comparando-o com o mês anterior). Eis o resultado:
somente no espaço de um mês, os recém-nascidos com malformações
cresceram de uma (mês anterior) para três vezes por dia (mês corrente,
que para efeitos de estudo foi Fevereiro de 2010).
O urânio é introduzido na corrente sanguínea através da ingestão e inalação.
Os níveis massivos de urânio a que a população de Faluja foi sujeita
também concorre para o aumento vertiginoso de câncer nos pulmões, vasos
linfáticos e mama, na população adulta.
Com estas conclusões preliminares, o professor Busby e a sua equipe
concluíram que, em comparação com Hiroxima e Nagasaki, Faluja é pior. E
cito o professor Busby: “A situação em Faluja é horrenda e assustadora,
mais perigosa e grave que Hiroxima…” Uma nota lateral, ou talvez não
Referi que estes eram resultados preliminares. Por quê?
Porque o professor Busby tem sido ameaçado, viu os seus fundos de
pesquisa cortados, portas fechadas, foi ameaçado (tal como outros
cientistas que tentaram conduzir estudos semelhantes nos anos 90, no
Iraque). As implicações políticas são enormes e perigosas para os EUA e
seus homens. Significa que as evidências científicas de crimes de guerra
estão aqui mesmo na ponta dos dedos…
Logo, a vida do professor Busby não tem sido fácil. A pesquisa que
conduziu e produziu com grande dificuldade foi enviada para a revista
científica Lancet, para uma revisão do Comitê Científico. A revista
científica Lancet recusou-o, afirmando que não tinha tempo para o rever.
Os laboratórios que, no passado, cooperaram com ele no teste de
amostras recusaram colaborar quando souberam que as amostras provinham
do Iraque. Só dois laboratórios estão disponíveis para testar as
amostras do material/agente usado em Faluja – e fazem-no a um preço
exorbitante – pela natureza sensível do estudo. Também devido à falta de
verbas, o professor Busby tem cerca de 20 amostras de Faluja para teste
– que guarda cuidadosamente. Aguarda os fundos necessários para testar
as amostras.
Quando questionado por Ahmad Mansour acerca da sua perseverança perante
os enormes obstáculos que tem enfrentado, a sua resposta foi:
“Toda a minha vida procurei a verdade, sou um caçador da verdade nesta
selva de mentiras. Também tenho filhos. As crianças não são só o nosso
futuro, são os portadores das gerações futuras. Nos últimos 50 anos
temos contaminado o planeta (com radiação) e passamos esta herança para
os nossos filhos e netos. Devemos a verdade à população de Faluja.”
Quando questionado como lida com a escassez de fundos e o excesso de portas fechadas na cara, respondeu:
“Confio na boa vontade de pessoas que enviam pequenas quantias, e
acredito verdadeiramente que quanto a porta principal se fecha, outras
se abrem. Quando há vontade, há caminho.”
Tiro-lhe o chapéu, professor Busby.
Insto a que todos que leiam este artigo, todas as pessoas de
consciência, insto a que todos os iraquianos (mexam-se, por amor de
Deus!) e todos os árabes contatem o professor Busby e doem para que as
amostras de Faluja sejam testadas e a verdade venha à tona. Terminarei
este artigo com uma última citação que dedico a este grande homem:
“A verdade tem asas que não podem ser cortadas”
Tenho de terminar. Já é madrugada. Ainda não dormi. Quis colocar este
artigo disponível ao mundo… a questão que levo comigo para a cama - se é
que conseguirei fechar os olhos - é a mesma questão que tenho colocado
desde 2003
Por quê? Que fez o povo iraquiano, que fizeram as crianças iraquianas para merecer isto?
A conclusão é horrível…
Nota do tradutor:
[1] A autora refere-se ao texto “Cancer, Infant Mortality and Birth
Sex-Ratio in Falujah, Iraq 2005–2009”, Chris Busby, Malak Hamdan and
Entesar Ariabi, Int. J. Environ. Res. Public Health 2010, 7, 2828-2837;
doi:10.3390/ijerph7072828.
* Layla Anwar é membro da Arab Woman Blues, uma organização que considera que a sua pátria é a nação árabe.
Fonte: ODiario.info, Tradução de José Pedro Ribeiro
A pouca cultura nossa de cada dia
Luciano Siqueira *
Quando subi ao palco – a contragosto, pois palco em evento
cultural é para os artistas – ao lado do então prefeito João Paulo, no
Marco Zero, numa tarde de domingo, por ocasião de um concerto da
Orquestra Sinfônica do Recife, não contive a emoção ao perceber a
composição do público de cerca de cinco mil pessoas ali reunidas: gente
do nosso povo, boa parte vinda de bairros periféricos, a quem se atribui
(erroneamente) a preferência quase exclusiva por produtos musicais de
baixa qualidade popularizados pela grande mídia.
Cena semelhante pôde presenciar durante os oitos anos em que estivemos
na Prefeitura do Recife. Em espetáculos gratuitos, pois produto cultural
de qualidade custa caro.
A observação vem a propósito de um estudo feito há algum tempo pela
Universidade Federal de Minas Gerais, a propósito do baixo dispêndio do
brasileiro com cultura: apenas 40% dos habitantes de nossas regiões
metropolitanas tem esse item em seu orçamento familiar.
A estimativa se apóia em informações contidas na Pesquisa de Orçamento
Familiar, realizada entre 2002 e 2003 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo focou nove regiões metropolitanas – Rio de Janeiro, São Paulo,
Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e
Belém – e do Distrito Federal e procurou cruzar idade, escolaridade e
renda no consumo de artigos de áudio, vídeo, leitura e arte, além de
ingressos de teatro, shows, cinema, museus e estádios. Também incluiu a
aquisição de instrumentos musicais, aparelhos de televisão, máquinas
fotográficas e gastos com internet e TV por assinatura.
Na interpretação dos pesquisadores, dois fatores principais
determinariam esse perfil de baixo consumo de cultura: preço e nível de
escolaridade.
Pode ser. Quanto a preço cobrado em casas de espetáculo e por produtos
como CDs, DVDs e livros, por exemplo, está longe do alcance da média de
uma população cuja massa salarial é baixa.
Mas quanto à escolaridade, cabe dúvida. Pelo menos pela observação
empírica das bem sucedidas tentativas de ofertar no Recife produtos de
qualidade para grandes públicos formados por extratos mais populares e
de reconhecido baixo nível de instrução formal.
O problema não é simples, é evidente. Reclama inclusive políticas
públicas que convirjam no sentido de baratear custos dos produtos
culturais – algo complexo que implica ação sobre toda a cadeia produtiva
da cultura – e, obviamente, melhorar a qualidade de vida da população
que vive do próprio trabalho, do ponto de vista material e espiritual.
Vale refletir.
* Médico, vereador em Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Promotor Natural e o Devido
Processo Legal
Há mais de vinte anos, exatamente em 20 de maio de 1987, em artigo publicado
no jornal "O Estado de São Paulo", o eminente ministro do Supremo
Tribunal Federal, Sidney Sanches, em exposição feita junto à Subcomissão do
Poder Judiciário e Ministério Público, textualmente afirmou que "o
interesse público será melhor atendido e a Justiça melhor servida se o
Ministério Público, em qualquer de suas funções em juízo, estiver a salvo de
influências externas, seja no âmbito estadual, seja no federal", clamando
por maior autonomia, financeira e administrativa, para que se garanta a seus
membros maior segurança e isenção, em nome do interesse público e da justiça.
Da mesma forma, tornava-se necessária a outorga de garantias, idênticas às
da magistratura, diante de possíveis influências, inclusive de ordem política,
para que seus membros atuem em nome e na defesa da sociedade. Posteriormente, o
constituinte, atendendo aos reclamos dos operadores do direito, estabeleceu, em
cláusula pétrea, que "ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente" (art.5º inciso LIII, da CF). Garantiu-se, assim, ao
acusado, prévio conhecimento de quem o perseguirá em juízo e quem aplicará o
direito ao caso concreto.
Defensor da legalidade, cristalina qualificação do Ministério Público, causa
espécie a posterior designação de Promotor de Justiça, em detrimento do
intitulado Promotor Natural, vedando-se, dessa forma, a discricionária
designação, afastando-se o verdadeiro titular, ferindo-se a regra pétrea,
verdadeira garantia constitucional, porque, conforme doutrina o eminente
jurista Jaques de Camargo Penteado, "governo algum pode interferir no
Ministério Público para obter acusação contra inimigo político, sob pena de
violação dos princípios da igualdade e da ampla defesa. Não basta o controle
jurisdicional posterior, eis que a todo indivíduo deve ser assegurado o direito
de jamais ver seu nome inserido numa denúncia sem supedâneo suficiente. E
o contrário deve igualmente ser analisado. Governo algum pode interferir no
Parquet para obter denúncia que jamais chegará a bom termo ou arquivamento que
deixará de levar à condenação justamente aquele que feriu a ordem
jurídica".
Os notáveis avanços e as novas tarefas atribuídas ao Ministério Público, ao
contrário do que se pode inferir, possuem o condão de permitir a seus membros o
cumprimento desses misteres, em proveito da sociedade, única beneficiada, não
tendo jamais o intuito de estabelecer privilégio a determinada casta de
funcionários.
A concessão de discricionariedade na designação de promotor em detrimento
daquele prévia e legalmente autorizado a propor ação desvirtua e macula o
devido processo legal, voltando-se a tempos pretéritos "em que o
Ministério Público se notabilizou por servir ao governo e aos governantes,
situação esta incompatível com sua atual destinação constitucional",
conforme alerta Hugo Nigro Mazzilli, que aponta o caminho correto:
"justamente para que o Ministério Público possa servir a sociedade e não
aos governantes, precisa ser dotado de garantias substanciais que assegurem a
independência administrativa e funcional - garantias concretas e não palavras
retumbantes na Lei Maior, mas vazias de maior conteúdo prático".
A evolução da instituição, assim, caminha para o respeito às garantias
estabelecidas na Constituição Federal, mas, antes de tudo, são garantias da
própria coletividade e que devem, portanto, ser rigorosamente concretizadas
para que não se constituam em meros enunciados.
Claudionor Mendonça dos Santos é Promotor de Justiça e 1º Secretário do
Ministério Público Democrático.
Fonte: http://www.correiocidadania.com.br
A
mentira na história e a compreensão da crise
O capitalismo atravessa uma crise estrutural para
a qual não encontra soluções. Para que os povos se mobilizem na luta contra o
sistema que os oprime e ameaça já a própria continuidade da vida na Terra, é
indispensável a compreensão do funcionamento da monstruosa engrenagem que
deforma o real, impondo à humanidade uma Historia deformada , forjada pelo
capitalismo para lhe servir os interesses.
Essa compreensão é extraordinariamente
dificultada pela máquina de desinformação midiática controlada pelas grandes
transnacionais. Nunca antes a humanidade dispôs de tanta informação, mas em
época alguma esteve tão desinformada. Nesta era da informação instantânea, as
forças do capital estão conscientes de que a transformação da mentira em
verdade é cada vez mais imprescindível à sobrevivência do capitalismo.
A lógica das crises
No esforço para enganar e confundir os povos, a
primeira mentira é inseparável da afirmação categórica, difundida através de um
bombardeio midiático, de que nos EUA irrompera uma grave crise, definida como financeira,
resultante de especulações fraudulentas no imobiliário. Obama e os sacerdotes de Wall Street reconheceram
a cumplicidade da banca e das seguradoras quando surgiram falências em cadeia,
mas garantiram que o tsunami financeiro seria superado através de medidas
adequadas. Trataram de ocultar que se estava perante uma crise profunda do
capitalismo, de âmbito mundial. A simulação da surpresa fez parte do
jogo. O presidente dos EUA e os senhores da finança
mentiram conscientemente. As grandes crises mundiais raramente são previstas e
anunciadas com antecedência. Mas quando se produzem não surpreendem. Inserem-se
na lógica da História.
Isso aconteceu, por exemplo, após a II Guerra
Mundial. A Aliança que fora decisiva para a derrota do III Reich não poderia
prolongar-se. Era incompatível com as ambições e o projeto de dominação do
capitalismo.
A dimensão da vitória, ao eliminar a Alemanha
como grande potência militar e econômica, gerou uma situação potencialmente
conflitiva. A partilha dessa dramática herança foi feita,
numa atmosfera de aparente cordialidade, nas Conferências de Teerã e Yalta.
Mas, quando os canhões deixaram de disparar, Washington e Londres logo se
entenderam para criar tensões incompatíveis com o respeito dos compromissos
assumidos.
A Guerra Fria foi uma criação dos EUA e do Reino
Unido. Derrotado um inimigo, o fascismo, o imperialismo precisava inventar
outro. A tarefa não exigiu muita imaginação. Os slogans que nas duas décadas
anteriores apresentavam o comunismo como ameaça letal à democracia foram
rapidamente retomados.Como os povos estavam sedentos de paz, uma
gigantesca campanha de falsificação da História foi desencadeada para persuadir
no Ocidente centenas de milhões de pessoas de que a União Soviética configurava
um perigo para a humanidade democrática. Essa ofensiva contribuiu decisivamente
para dissipar as esperanças geradas pelas Nações Unidas e o discurso humanista
sobre uma paz perpétua.
A chamada Guerra Fria nasceu dessa mentira. O
famoso discurso de Fulton, quando Churchill carimbou a expressão Cortina de
Ferro para caracterizar a imaginária ameaça soviética, foi previamente
discutido com a Casa Branca. O medo da "barbárie russa" abriu
o caminho à Doutrina Truman e à OTAN. Não foi a URSS quem tomou a iniciativa de
romper os acordos assinados pelos vencedores da guerra.
Cabe recordar que somente após o afastamento dos
comunistas dos governos da França e da Itália os ministros anticomunistas
deixaram de integrar governos de países do Leste europeu.
É também significativo que os historiadores
norte-americanos e ingleses – com raríssimas exceções - omitam que a
implantação de regimes alinhados com a União Soviética se concretizou na Europa
sem recurso à força armada, enquanto na Grécia – país situado na zona de
influência inglesa - o exército de ocupação britânico desencadeou uma violenta
repressão quando os trabalhadores revolucionários estavam prestes a tomar o
poder. Foram então abatidos milhares de comunistas gregos para garantir a
sobrevivência de uma monarquia apodrecida, mas a mídiaocidental ignorou
esses massacres. O tema era incômodo.O tão comentado plano russo de "conquista e
dominação mundiais" não passa de um mito forjado em Washington e Londres
para criar o alarme e o medo propícios à criação da OTAN como "aliança
defensiva" capaz de se opor "à subversão comunista". E a arma
atômica passou a ser usada como instrumento de chantagem.
Na realidade, a URSS, a quem a guerra custara
mais de 20 milhões de mortos (a maioria homens de menos de 30 anos), precisava
desesperadamente de paz para se reconstruir. As hordas nazis tinham devastado
as zonas mais desenvolvidas e industrializadas do país. Como poderia desejar a
guerra e promover o "expansionismo comunista" uma sociedade nessas
condições?
A agressividade vinha toda dos EUA que tinham
sido enriquecidos por uma guerra que não atingiu o seu território e na qual as
suas forças armadas sofreram perdas muito inferiores às do seu aliado
britânico.
A Grã Bretanha, cujo império principiava a
desfazer-se, ligou, porém, o seu destino ao colosso americano. Os elogios ao
aliado russo, antes freqüentes, foram substituídos por insultos e calúnias. Aos
jovens de hoje parece quase inacreditável que Churchill, o inventor da Cortina
de Ferro, meses antes do final da guerra tenha afirmado: "Não conheço
outro governo que cumpra os seus compromissos (…) mais solidamente do que o
governo soviéticorusso. Recuso-me absolutamente a travar aqui uma
discussão sobre a boa fé russa". (citado por Isaac Deutscher em Ironias
da História, pág. 184; Ed. Civilização Brasileira; Rio de Janeiro, 1968). Assim falava o primeiro ministro do Reino Unido
pouco antes de transformar o aliado que tanto admirava em ogre que ameaçava o
mundo…
Mesma hipocrisia numa crise muito diferente
Desagregada a União Soviética e implantado o
capitalismo na Rússia, o imperialismo sentiu a necessidade de reinventar
inimigos para justificar novas guerras. E eles foram rapidamente fabricados.
Surgiu assim "o eixo do mal". Pequenos países como Cuba, o Iraque e a
Coréia do
Norte, metamorfoseados em potências agressoras, foram
apresentados como "ameaça à segurança" dos EUA e dos seus aliados. Um
homem, Osama Bin Laden, foi guindado a "inimigo número um" dos EUA. O
Afeganistão, onde supostamente se encontrava, foi invadido, vandalizado e
ocupado. Bin Laden, aliás, não foi sequer localizado. Permanece vivo, em lugar
desconhecido. Mas a sua organização, a fantasmática Al Qaeda, é
responsabilizada como a fonte do terrorismo mundial.
Seguiu-se o Iraque. Durante meses, a máquina
midiática dos EUA inundou o mundo com notícias sobre "as armas de
destruição massiva" que Saddam Hussein teria acumulado para agredir a
humanidade. O secretário de Estado Colin Powell declarou perante o Conselho de
Segurança da ONU que Washington tinha provas da existência desse arsenal de terror.
O britânico Tony Blair garantiu que também dispunha dessas provas.
O Iraque foi invadido, destruído, saqueado e, tal
como o Afeganistão, permanece ocupado. Mas Bush e Blair acabaram por reconhecer
que, afinal, as tais armas de destruição massiva não existiam.
Entretanto, o complexo militar industrial dos EUA
agigantou-se. O orçamento de Defesa do país é o maior da história.
Agora chegou a vez do Irã. O berço de uma das
mais importantes civilizações criadas pela humanidade é a mais recente ameaça à
"segurança dos EUA". A Agência Internacional de Energia Atômica não
conseguiu encontrar qualquer prova de que o país esteja a utilizar as suas
instalações nucleares com o objetivo de produzir armas nucleares. Com o aval do
Brasil e da Turquia , o governo de Ahmadinejad comprometeu-se a que o seu
urânio seja enriquecido no exterior com fins pacíficos. Mas Washington acaba de
impor, através do Conselho de Segurança da ONU, novas sanções a Teerã. Mais: o
presidente dos EUA ameaçou já utilizar armas atômicas táticas contra o país se
ele não se submeter a todas as suas exigências.
Isto acontece quando Obama se viu forçado a
demitir o comandante chefe norte-americano no Afeganistão na seqüência de uma
entrevista na qual o general McChrystal - aliás, um criminoso de guerra (vide
artigo de John Catalinotto em odiario.info, 12.7.2010) - criticou duramente o
presidente e esboçou um panorama desastroso da política da Casa Branca na
região.
Entre a farsa e a tragédia
Diariamente, a grande mídia norte-americana repete
que a crise foi praticamente superada nos EUA graças às medidas tomadas pela
administração Obama. É outra grande mentira. A taxa de desemprego mantém-se
inalterada e a situação de dezenas de milhões de famílias é crítica.É suficiente ler os artigos sobre o tema de
Prêmios Nobel da Economia (aliás, empenhados na salvação do capitalismo), como
Joseph Stiglitz e Paul Krugman, por exemplo, para se compreender que a
situação, longe de melhorar, pode eventualmente agravar-se. Não é a taxa do PIB
que lhe define o rumo, porque a crise, global, é do sistema e não apenas
financeira.
Os discursos do presidente contribuem para
confundir os cidadãos em vez de esclarecê-los. Persistem contradições entre a
Casa Branca e a finança. Mas elas resultam de os senhores de Wall Street e os chairman
das grandes transnacionais considerarem insuficientes as medidas da administração
que os beneficiaram. Pretendem voltar a ter as mãos totalmente livres.
A retórica presidencial não pode esconder que a
estratégia de Obama visou no fundamental salvar e não punir os responsáveis por
uma crise que adquiriu rapidamente proporções mundiais. As empresas acumulam novamente lucros fabulosos
enquanto os trabalhadores apertam o cinto. A desigualdade social aumenta e os
banqueiros, driblando decisões do Congresso, continuam a atribuir-se prêmios
principescos.
O grande capital resiste, aliás, com o apoio
firme do Partido Republicano, a todas as medidas de caráter social, na maioria
tímidas - como a reforma do sistema de saúde - que a administração adota (ver
artigo de John Bellamy Forster, odiario.info, 13.7.2º10).É cada vez mais transparente que estamos perante
uma crise do capitalismo, sem solução previsível, embora a esmagadora maioria
da humanidade não tenha tomado consciência dessa realidade.A tentação de ampliar a escalada militar na Ásia
como saída "salvadora" é muito forte, mas no próprio Pentágono
generais influentes temem as conseqüências de um ataque ao Irã. A invasão
terrestre está excluída e o bombardeio com armas convencionais de alvos
estratégicos não produziria outro efeito que não fosse uma gigantesca onda de
anti-americanisno no mundo muçulmano.
O recurso a armas nucleares táticas é a opção de
uma minoria. Essa hipótese tem sido admitida por destacadas personalidades
internacionais, mas não se me afigura que possa concretizar-se. Não obstante a vassalagem dos governos da União
Européia e do Japão, os povos condenariam massivamente uma repetição do genocídio
de Hiroshima. Seria o prólogo de uma tragédia cujo desfecho poderia ser a
extinção da humanidade.Retomo assim a afirmação do início, tema desta
reflexão. A mentira na História dificulta extraordinariamente a compreensão da
crise de civilização que o homem enfrenta.
Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português.
Fonte: http://www.correiocidadania.com.br
Alejandro Nadal: A caminho da Grande Depressão?
A crise global não dá sinais de se resolver. Os sobressaltos
nos mercados financeiros e as más notícias nos setores reais da
economia indicam que as coisas poderiam piorar. Alguns analistas já se
questionam abertamente se o mundo se encaminha para uma réplica da
Grande Depressão dos anos 30.
Por Alejandro Nadal, no Informação Alternativa
Não é uma questão alarmista. A
realidade é que as raízes desta crise são muito profundas e encontram-se
na própria essência das economias capitalistas. O vulcão que entrou em
erupção em 2008 é a parte visível de um desastre que tem vindo a ser
cozinhado desde há mais de 30 anos.
Convém recordar alguns traços da evolução da economia estadunidense para
compreender que a recuperação vai requerer algo mais que um simples
estímulo fiscal. As lições são importantes para todo o mundo.
Nos Estados Unidos, a crise atual não se originou pura e simplesmente no
mercado das hipotecas lixo. As origens encontram-se na compressão
salarial desde os anos 70. Esse fenômeno pôs fim à chamada fase dourada
do capitalismo (1945-1975) marcada por taxas de crescimento sustentado,
por remunerações em alta e uma redução notória na desigualdade social.
Em contrapartida, a partir dos anos 70, o crescimento reduziu-se, a
massa salarial caiu e a desigualdade aumentou.
A única forma de manter níveis adequados de procura agregada foi através
do endividamento que começou a crescer desmedidamente nos anos 70. Esse
processo culminou com o desenfreado crescimento de passivos do setor
privado nos últimos 15 anos nos Estados Unidos. Hoje, o panorama não é
nada tranquilizador.
Um estudo recente revela que, em média, a contribuição do endividamento
para a procura agregada nesse país durante a década passada atingiu 15
por cento anuais e culminou em 1998 com 22 por cento. Ou seja, quase uma
quarta parte da procura agregada nos Estados Unidos foi financiada com
dívida em 1998. Em contraste, na década de 20, a dívida só financiou 8,7
por cento da procura agregada, em média.
O descalabro atual é ainda mais preocupante. Nos últimos 30 meses, a
descida no nível de endividamento é de 42 por cento. Isto é, o
desendividamento tem contribuição negativa para a procura agregada,
muito superior ao que aconteceu entre 1929 e 1931 (queda de 12,5 por
cento pelo desendividamento).
E esse ritmo de desendividamento não parece estar a diminuir nestes
dias. A única coisa que pôde mitigar esse brutal processo de contracção
da procura agregada foi o estímulo fiscal que agora está a esgotar-se.
Neste contexto, o apelo à redução do déficit fiscal no comunicado final
do G-20 de Toronto é uma estupidez. Desde 1970, nem a procura, nem o
emprego cresceram nos Estados Unidos sem a ajuda de uma procura agregada
impulsionada pelo endividamento.
Enquanto os assalariados tratavam de compensar o estrangulamento
salarial e a perda de poder de compra com mais dívida, o grande capital
deslocou as suas operações para países com baixos custos salariais. O
processo culminou com o traslado de centenas de milhares de empregos
para a China.
Em três décadas, o mundo foi testemunha do desmantelamento do tecido
industrial nos Estados Unidos. Alguns consideram que se tratou de um
processo associado à evolução normal de uma economia capitalista. Mas a
verdade é que as grandes companhias multinacionais que beneficiaram com o
translado das suas operações manufatureiras para a China não se
desindustrializaram, simplesmente mudaram de domicílio.
Nos Estados Unidos ficaram os que pensam que o melhor desse país é a sua
capacidade de fazer inovações financeiras. Um resultado deste processo
foi o desequilíbrio mundial entre os maiores países superavitários
(China) e deficitários (Estados Unidos). Em boa medida, a incapacidade
da economia estadunidense para gerar empregos deve-se precisamente ao
desmantelamento do tecido industrial ao longo dos últimos 25 anos.
No Congresso, em Washington, quase ninguém quer outro pacote de estímulo
para a economia estadunidense. Por isso, muitos agora pensam que haverá
uma recaída e o gráfico da recessão terá a forma de um W. Mas outros
pensam que poderia ter a forma de um L muito, mas muito alongado. Isto
é, a economia dos Estados Unidos permaneceria no colapso vários anos.
Face a esta paisagem, o G-20 pronunciou-se por manter e aprofundar o
modelo econômico neoliberal no mundo. Como se o único futuro possível
fosse o mesmo laboratório de onde saiu a crise atual.
Deveriam ler o último capítulo da Teoria Geral de Keynes, em especial a
passagem na qual adverte que talvez o único meio de manter o pleno
emprego e diminuir a desigualdade será através da socialização do
investimento. Mas, com a breca, tudo isto era proibido pensá-lo no
pequeno estado policial em que o Canadá transformou a sede do G-20.