quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vida de Che vira história em quadrinhos

 

As aventuras de Ernesto "Che" Guevara foi adaptada para "Che: Una Biografía Gráfica", uma história em quadrinhos que descreve a trajetória do revolucionário argentino em nove capítulos, desde sua infância, sua viagem de motocicleta pela América do Sul, até sua morte, aos 39 anos, numa aldeia boliviana.

 

Escrita por Sid Jacobson e ilustrada por Ernie Colón, a revista foi publicada em espanhol com traços de desenho animado. A dupla também foi responsável por uma bem-sucedida adaptação para os quadrinhos das investigações nos Estados Unidos sobre os atentados das Torres Gêmeas de Nova York.

O roteiro destacou o período compreendido entre 1950 e 1967, quando "Che" desenvolveu seu discurso político. Nos primeiros capítulos, os quadrinhos narram a viagem que o então jovem médico e seu amigo Alberto Granado realizam desde Córdoba (Argentina) até Caracas.

O projeto foi baseado nos registros escritos pelo próprio Guevara em seus diários e aborda o contexto político dos séculos 19 e 20 dos países da América Latina, desde a Argentina de Juan Domingo Perón até o México do presidente Lázaro Cárdenas.

A história em quadrinhos também conta o período cubano de "Che". Inclui-se aí seu desembarque na ilha a bordo do "Granma", em 1956, junto a Fidel e Raúl Castro, seu vital triunfo para a Revolução Cubana em Santa Clara, sua crítica ao capitalismo e seu percurso pela Europa para conseguir apoio econômico a Cuba.

A trajetória de Che Guevara já foi tema de diversas obras. Algumas das mais conhecidas são os filmes Diários de Motocicleta (2004, do cineasta brasileiro Walter Salles), protagonizado por Gael Garcia Bernal e baseado nos textos do próprio guerrilheiro, e Che (2008), produção dividida em duas partes dirigida por Steven Soderbergh. Neste último, Benicio Del Toro interpretou Che Guevara.

Com agências

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

                      A Grave Crise de Identidade do Jornalismo                                   

Reproduzo matéria publicada no sítio Carta Maior com base em informações do espanhol El Periódico:


No dia 27 de agosto, Ignácio Ramonet desafiou, desde a tribuna do Pequeno Palácio da Música, em Barcelona, a todos aqueles que defendem que o jornalismo – e o jornalista – já não são necessários, e que afirmam que a informação circula mais livre, mais abundante e mais transparente do que nunca. Frente a estes, sentenciou que não: que “a massa de informação oculta supera o imaginável em muitos temas“, que “na democracia a batalha pela liberdade de expressão nunca está definitivamente terminada”, e que os jornalistas devem existir porque uma de suas tarefas é “ampliar os limites dessa liberdade”.
A entrega do oitavo prêmio Antonio Asensio de Jornalismo, homenagem concedida pelo grupo Zeta em memória de seu fundador, foi – e provavelmente muitos antecipavam que, sendo Ramonet o premiado, seria assim – reivindicativa: uma tranqüila, mas robusta, reivindicação do jornalismo.

Ramonet é diretor da edição espanhola do Le Monde Diplomatique e figura proeminente da esquerda. Em seu discurso, o presidente do grupo Zeta, José Montilla, lembrou que o prêmio foi outorgado a ele “enquanto jornalista e ativista, por seu trabalho no Le Monde Diplomatique, mas também por suas iniciativas sociais”. 

Ramonet citou a divulgação de documentos do Pentágono feito pelo Wikileaks como exemplo do jornalismo com rótulo: o rótulo do necessário. “Ultimamente alguns grandes conglomerados de comunicação de dimensão continental e mesmo planetária querem converter o jornalismo em um entretenimento domesticado, em uma tediosa simplificação da realidade. O importante se dilui no trivial e o sensacionalismo substitui a explicação. Felizmente, mesmo neste novo contexto, podem surgir forças resistentes, como o Wikileaks está demonstrando”.

Sem dizê-lo, porém, Ramonet insinuou que Wikileaks é mais a exceção e menos a regra. “A imprensa escrita”, assinalou, “vive um dos momentos mais difíceis, e o jornalismo atravessa uma grave crise de identidade. Digo isso sem nostalgia, porque não creio que tenha existido uma idade de ouro do jornalismo. Fazer jornalismo de qualidade jamais foi fácil, sempre comportou riscos e ameaças: o poder político e o poder do dinheiro, e freqüentemente os dois, sempre trataram de coagir sua liberdade”.

Frente a este estado de coisas, “o jornalista deve reafirmar sua vontade de saber e compreender para poder transmitir”, disse ainda Ramonet. “Quando todos os meios de deixam arrastar pela velocidade e pela instantaneidade, o jornalista deve considerar que o importante é frear, desacelerar, conceder-se tempo para a dúvida, a análise e a reflexão. A informação é algo muito sério, porque de sua qualidade depende a qualidade da democracia”. E fez um último chamamento: “Ainda existem muitas injustiças no mundo que justificam uma concepção do jornalismo a favor de mais liberdade, justiça e democracia”.

A fala de Ramonet não foi um discurso isolado. O seu diagnóstico sobre o estado das coisas no jornalismo coincidiu, em termos gerais, com as palavras de Montilla, que disse que “as novas tecnologias não deveriam supor a desaparição da profissão jornalística” e defendeu profissionais rigorosos e com independência de critérios. Na mesma linha, o presidente da comissão executiva do grupo Zeta, Juan Llopart, falou dos “momentos incertos e confusos que vive o jornalismo” (provocados, em parte, para ele, pela “vertiginosa revolução tecnológica”) e reivindicou o rigor intelectual, o profissionalismo e o compromisso nas salas de redação. Valores que, concluiu, Ramonet representa.

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte:http://altamiroborges.blogspot.com/

                      Dilma é elogiada em edição extra da Veja                          

Urariano Mota *

Dos cinco sentidos ensinados na velha escola, visão, audição, olfato, paladar e tato, o sentido dos olhos sempre foi o que julgávamos mais confiável. Veja, sempre nos diziam, quando não acreditávamos no que nos diziam. Veja! sempre nos ordenam hoje, quando opomos resistência ao que nos põem diante dos olhos. Por isso pusemos os óculos para ver, ainda que online, a capa da última edição da revista Veja.



Só elogios para Dilma Rousseff. Incrível. Se Machado de Assis fosse visto comendo cuscuz em Água Fria, seria mais crível. Confesso que tive vontade de correr à banca de revistas, ou à revistaria, como insistem em falar os do sudeste. E, mais envergonhado que se procurasse o suprassumo das pornografias, daquelas que nos apontam nas ruas e dizem, ali vai um absoluto degenerado, pedir baixinho e sem erguer os olhos:
- O senhor tem a Veja?
O estupor do colunista cabe nesse quase exagero. Se não, veja o leitor a edição extra e extraordinária da revista. Veja:

“Uma vitória de todos os brasileiros"
Esta Edição Extra de VEJA comemora a eleição de Dilma Rousseff, narra sua trajetória de vida, suas aventuras e desventuras na política, discorre sobre os perigos e desafios da poltrona em que ela vai se sentar a partir de 1º de janeiro de 2011.
Sem nunca ter se candidatado antes a qualquer cargo eletivo, sendo quase desconhecida dos brasileiros até ser nomeada ministra da Casa Civil por Lula em 2005, Dilma Rousseff elegeu-se, no domingo passado, presidente da República do Brasil com 55,7 milhões de votos — 12 milhões a mais do que seu concorrente, José Serra. Dilma tornou-se a primeira mulher eleita para ocupar o mais alto posto da hierarquia política do país.
Foi uma vitória de Dilma. Foi uma vitória do presidente Lula, que, com a força de sua popularidade, abriu caminho para uma candidata cujo desempenho nas urnas foi, no começo, uma incógnita até mesmo para os mais fervorosos partidários. Foi uma vitória de todos os brasileiros, dos candidatos e suas campanhas, que levaram a eleição a ser disputada em dois turnos, fazendo ressurgir a oposição no cenário do país e dando legitimidade ao processo político. Foi um triunfo do ‘fator bem-estar’, a atmosfera de orgulho, alívio financeiro e esperança criada pelos acertos econômicos e sociais de FHC e Lula, e que favoreceu o voto na continuidade.

Esta edição traz também os principais trechos do primeiro discurso de Dilma Rousseff depois de eleita. O pronunciamento, feito na noite de domingo em Brasília, mostrou uma presidente eleita senhora do lugar que agora ocupa e com plena consciência das prioridades políticas, econômicas e sociais do país. Mas, principalmente, salientou sua fé no papel presidencial de zelar pela Constituição e, consequentemente, pelo respeito aos direitos ali assegurados. Dilma reafirmou o respeito irrestrito à liberdade de expressão e seu reconhecimento de que ‘as críticas do jornalismo livre ajudam o país e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório’ Um grande começo”.

O que escrever diante disso? De imediato, que essa Veja não é a Veja. Que essa não é a referência dos oficiais de pijama e dos velhos generais.  Ou o  estandarte da Tradição, Família e Propriedade. Ou que acorda, nessa edição, sem vergonha e pudor e moral, é verdade, mas acorda, diante do novo tempo. Ou, enfim, que está à beira do limite de sua sobrevivência como órgão independente da Petrobras, Banco do Brasil e outras estatais de petralhas, como sempre chamou os petistas. Mas ainda assim, no espaço de 48 horas, depois da última edição de sábado, quando zombou e deformou semelhanças entre o Presidente Lula e Fidel, é muito rápido dilmais.

Em “A gênese do Doutor Fausto”, ao falar dos dias da segunda guerra mundial quando escrevia o romance Doutor Fausto, Thomas Mann transcreve do seu diário: “Naqueles dias, alcançou-nos a notícia da queda de Mussolini e a nomeação de Badoglio como primeiro-ministro e chefe das forças armadas; muita gente ainda seria liquidada, embora houvesse garantias oficiais de que ‘a palavra dada será cumprida e a guerra continua’. Mal a milícia fora assimilada pelo exército, eclodiram em toda a  península manifestações de paz e alegria;  a mudança de orientação da imprensa foi veemente – ‘Estamos livres!’ saudou o Corriere della Sera”.

Quanta semelhança para essa edição extra da Veja. Um cristão diria: ó Deus, valeu a pena estar vivo para ver a que ponto chega esse tipo de gênero humano. Quem duvidar, veja, aqui





* Autor de “Os Corações Futuristas” e de “Soledad no Recife”, que recria os últimos dias de Soledad Barrett, mulher do Cabo Anselmo, executada por Fleury com o auxílio do traidor. 



domingo, 31 de outubro de 2010


Após interferência do Papa, brasileira pede a própria excomunhão

"A gota d’água que me levou a redigir essa carta foi a ordem de Vossa Senhoria para que os pastores orientassem politicamente seus fiéis com base em preceitos morais, tendo em vista a eleição para a Presidência da República que ocorre no próximo domingo (31/10/2010). Bem, para mim o único preceito válido é o do Estado laico e considero um absurdo completo a Igreja se pronunciar sobre isso", protesta Maíra Kubík Mano em carta dirigida ao papa Bento XVI. Veja, abaixo, a íntegra da carta:


Pedido de excomunhão

Prezada autoridade papal, 
Eu, Maíra Kubík Mano, cidadã brasileira, 28 anos, venho, por meio desta, solicitar à Igreja Católica Apostólica Romana minha excomunhão. 
Fui batizada involuntariamente, quando tinha poucos meses de vida, pelos meus pais. Eles nada mais fizeram do que seguir a tradição de seus antepassados e não pretendo nem vou responsabilizá-los por isso. 
Contudo, aos 9 anos, fui de livre e espontânea vontade tomar a comunhão (Eucaristia). Fiz o curso necessário para tanto na Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo, SP, Brasil. Durante nove meses, aprendi os preceitos católicos e estudei passagens bíblicas. Em seguida, participei da cerimônia em que recebi, pela primeira vez, a hóstia, ou o corpo de Cristo. 
Desde então, fui à missa poucas vezes e, com o passar do tempo, identifiquei-me cada vez menos com a doutrina católica. Ou, melhor dizendo, com aquela pregada diretamente pelo Vaticano. 
É preciso aqui fazer uns parênteses para afirmar que tenho, isso sim, laços fortes com a chamada Teologia da Libertação, que inundou de solidariedade e compromissos sociais os rincões do Brasil na segunda metade do século XX. Mas com esse grupo, imagino, você não está preocupado. Conseguiu isolá-lo, desautorizá-lo, diminuí-lo. Porém, quero registrar aqui que não foi possível enterrá-lo. O exemplo de sua força segue vivo com D. Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduíno e tantos outros. 
De qualquer forma, cheguei à conclusão de que tenho um desacordo absoluto e completo com Sua Santidade, sem possibilidade de repactuação. Entre os pontos mais prementes sobre os quais temos visões diametralmente opostas estão legalização do aborto, casamento gay e utilização de preservativos durante o ato sexual. Isso só para começar a conversa. Poderia discorrer páginas e mais páginas sobre o lugar subalterno e humilhante que vocês têm reservado às mulheres durante séculos a fio. 
A gota d’água que me levou a redigir essa carta foi a ordem de Vossa Senhoria para que os pastores orientassem politicamente seus fiéis com base em preceitos morais, tendo em vista a eleição para a Presidência da República que ocorre no próximo domingo (31/10/2010). Bem, para mim o único preceito válido é o do Estado laico e considero um absurdo completo a Igreja se pronunciar sobre isso. Religião e governo misturados é uma fórmula maléfica, que prejudica as liberdades individuais e coletivas e só semeia o autoritarismo doutrinário. 
E, como se tudo isso não fosse suficiente, atualmente eu me defino como atéia. 
Sendo assim, peço que Sua Santidade seja sensível e caridosa o bastante para compreender que eu não quero mais ser considerada uma parte deste rebanho. Nem oficialmente, nem extra-oficialmente. Me conceda a excomunhão. 
Obrigada desde já, 
Maíra Kubík Mano 


*Texto originalmente publicado no blog Viva Mulher