“Aqui o terrorismo é o reflexo de nossa decadente escolha democrática! Ou agora ninguém votou em Raimundo Colombo?”
Precisamos
sim rememorar o histórico de terror em Santa Catarina, da Guerra do
Contestado a paz incinerada dos dias de hoje em nosso estado.
Precisamos sim caro catarinenses desaprovar qualquer ato de
terrorismo em defesa da vida e do patrimônio público. Mas
precisamos também urgentemente visitar nossa pia democrática, nosso
histórico livro do 'tombo', nossos dias de cidadania, nossas
desperdiçadas energias na defesa de quem tem hipotecado nossa
tranquilidade em troca dos interesses e acúmulos pessoais e da
terrorista politicagem há décadas/séculos em nosso Estado.
Estes
atos de terrorismo em Santa Catarina não é apenas uma extensão
primária provinda de dentro de presídios sob ordens dos
desordeiros, executadas por profissionais da marginalidade e
sintética coragem. É preciso acrescer a isso a égide fracassada de
uma Secretária de Segurança Publica alicerçada sob os pilares da
firula fisiológica do governo. Precisamos com certeza e urgência
inverter a discussão do processo e nos colocar na rota de colisão
com todos os acontecimentos. Pois o que cobrar do Estado, se há mais
de 50 anos os cidadãos continuam votando nos que hoje ainda
des/governam, em décadas sucatearam o sistema de Segurança Pública
com poucos investimentos, parcos concursos, salários miseráveis à
Policiais Militares e Civis, Bombeiros, Agentes Prisionais e
Professores.
Os
presidiários para além de apenados pela subversão à qualquer ato
da ordem social, também são uma extensão de nossa fracassada ação
social. Assim como nós eles são vitimas de um deplorável estado de
sucateamento nas politicas públicas. Eles precisam ser apontados
pelo Estado como a face maniqueísta do mal, para que o estado possa
continuar vendendo a imagem da “Face Suja do Bem” e lavar suas
mãos acometidas com o 'crime' da ineficiência. Mas para que isso se
perpetue ele precisa justificar com uma personalização do mal no
caso os apenados. Vejam se estas não tem sido todas as
justificativas emitidas pelo governo de Colombo e seus papagaios de
pirata a frente da Secretaria de Segurança! Basta rememorar a
entrevista de muitos responsáveis pela segurança no estado, todos
atuando muito mais como escudo do governo do que coerentes
responsáveis pela solução da problemática instaurada. Falta
folego moral pra este governo soprar as chamas que queimam não os
bens materiais mas a dignidade do povo catarinense.
Todos
os ataques cometidos nestes dias em Santa Catarina precisam ser visto
por nós catarinenses como um grande recado. Não é o recado de que
as penitenciárias do estado estão lotadas de criminosos de alta
periculosidade. Mas sim, que entre os maiores atos de criminalidade é
a ausência do estado na efetivação da responsabilidade social das
politicas públicas 'supliciadas' à décadas por aqui em troca da
'benesses' do aparelhismo sujo do Estado e seus roedores. De
Cristóvão Colombo à Pedro de Alcantara, da República Juliana à
Nossa Senhora do Desterro (coincidência ou não com os fatos também conhecida como Nossa Senhora da Fuga) o caminho percorrido tem sido marcado pelo acúmulo
protecionista de privilégios, da expropriação do patrimônio
público, do legado da mentira e da negação sem censura dos
direitos de cada cidadão.
Nossa
história não pode continuar sendo vista, contada, vendida apenas
pelas belas paisagens, pela suposta odisseia colonizadora, pela
macro-miscigenação
de culturas, povos, e sonhos. Mas acima de tudo, também de nossos
erros, nossas tragédias, nossas incompetências e nossas futuras
fissuras no estado de culpa. Todos estes atos de terrorismo vão
continuar acontecendo mesmo com a transferência de presidiários,
porque a maior das tragédias é a nossa empobrecida e incinerada
consciência que não consegue transferir perspectivas de novos
projetos governamentais. Prova disso é que amanhã já esqueceremos
de tudo: dos poucos policiais, dos baixos salários, dos presídios
sucateados, da queima de carros e onibus, das desculpas e mentiras de
sempre, da 'decadente escolha democrática' figurada em nosso voto
inconsequente.
Esqueceremos
que o governo é um paraíso remunerado de milhares de comissionados,
famintos à devorar a máquina pública e pouco investir em educação,
saúde e segurança. Esqueceremos do governo de Expropriação que
começa com Cristóvão e chega ao Raimundo com a mesma marca da
Colombo/mania que explora nossa terra há mais de 500 anos. Das
Capitanias Hereditárias/donatárias de Pero
Lopes de Sousa, que
daqui já levaram
muito, aos de hoje que ainda continuaram a 'levar' e 'lavar' a
consciência dos que insistem em se esbaldar nas promessas mesquinhas
e seculares daqueles que se esbaldam obesos de nossas contradições.
O
que estão queimando em Santa Catarina não é o patrimônio público
figurado em Onibus, Caminhões, Carros, mas sim, a materialização
de nossa pequena consciência emancipatória. Estão queimando a
nossa parcela de culpa, estão queimando nossos falsos ideais e
estereótipos ideológicos de comodidade. Estão denunciado nossa
incompetência no uso do Sufrágio Universal alçado ainda na
primeira república tão deturpado aqui em nossa 'vã' percepção da
necessária e coerente mudança. Toda esta onda de medo/insegurança
pode ser apenas o prenuncio que ainda teremos muitos dias de
incineração de nossa velada paz social se não se mudar o foco de
nossas escolhas em período eleitoral. Pois enquanto a maior parcela
da população vive trêmula as experiências de conviver com o medo,
nos bastidores do aparelho governamental os roedores continuaram a
devorar e rir de nossos desesperados pedidos de proteção. E nós
até quando permaneceremos encarcerados nesta 'cela' gélida da culpa
premeditada sob a escuridão de nossa falta de vergonha que insiste a
cada quatro anos em errar novamente? Será que merecemos paz???
Professor/Pesquisador
Neuri
Adilio Alves