
Fato é
que neste sábado vivi esta grata experiência de reencontro com
gente humilde mas de grande consciência comunitária, social,
cultural e politica. Verdadeiros agentes de transformação da
realidade. Todos com uma visão progressista que espanta qualquer
fantasma da dogmática. Se volto coração e mente pra minha diocese
de origem a conclusão que se tem é que com a troca de Bispo
“Pastor” nesta primeira década do século temos assistido como
uma eutanásia mistica uma morte velada destes organismos, e de
formação de consciência politica do povo. Falo de consciência
politica/social e não de evangelho da paz e amor, um velado pão e
circo, um evangelho sem agente de transformação. Se a Igreja de
Chapecó atualmente tivesse o mesmo trabalho que já teve um dia na
formação e organização dos leigos não teríamos os SADUCEUS no
governo sugando o sangue do povo.
É
prazeroso eu um comunista ser convidado por Dioceses dos estados
vizinhos para dar continuidade na formação dos leigos dentro da
visão e compromisso da Progressista Igreja Latino Americana. Uma
igreja comprometida com a mistica da prática social, libertadora;
que busca em Marx muito do que sustenta o alicerce de organização
social. Porque eles me convidam? ... no fundo eu acredito que nestas
igrejas nenhum Padre, Bispo ou “Teólogo” se sente ameaçado
dentro de seus espaços. Nenhum tem medo de participar junto com seus
leigos de discussões da vida em comunidade, … nenhum tem vergonha
de suas posturas diante dos leigos, … nenhum tem medo de ser
provocado ou desafiado em conhecimento no que toca os anos de
teologia na universidade. Porque certamente sempre fizeram o tema de
casa, e não tem compromisso com os poderosos de suas cidades, nenhum
tem medo de fazer ou cancelar o grito dos excluídos no dia 7 de
setembro, como já foi cancelado aqui em Chapecó no ano de 2008 pelo
Bispo.
Digo isso
porque alguns lições precisamos carregar conosco para aprender com
humildade e coragem. A grande lição de minha vida tive no ano de
1999 quando de passagem para Rondônia fiz visita ao Araguaia, ali
pela primeira, 'talvez' ultima e inesquecível oportunidade, passei
algumas horas com umas das mais brilhantes consciências do
evangelho libertador marxista, o hoje aposentado Dom Pedro
Casaldáliga.
Em
sua Cúria de chão batido, homem simples, com o coração imenso do
tamanho do sonho dos excluídos ribeirinhos. Eu um ludibriado Curioso
lhes fiz a pergunta: “Como é ser Pastor de um povo acolhedor como
este? - então me disse: “Nunca me senti Pastor, sempre me senti
ovelha! ... porque aqui todos já fomos e somos um rebanho de ovelhas
perseguidas e por isso mesmo somos responsáveis uns pelos outros.
Pois como sacerdote elevado a bispo eu entendi que o verdadeiro
evangelho tem cheiro de 'comunidade', sabor de praxis coletiva ou
comunismo como queiram entender, e a temperatura se mede pelos
cuidados o uns com os outros e isso é o que nos move e nos guia
neste lugar!” - Após estas palavras eu entendi onde havia
encerrado a Dógmática e iniciado o verdadeiro evangelho.
Verdade
maior é que a gente sempre tem algo para aprender, eu aprendi muito
com mais de 80 lideranças neste sábado, me despedi sob a condição
de um convite para voltar, com a certeza de que a gente ainda vai se
encontrar, e que seja para contarmos novamente as transformações
ocorridas em cada lugar. Por isso aos que ficam minha saudações
aos que partem como eu, ide em pensamento e que a mensagem de uma
Igreja Libertadora seja a fonte de transformação neste ano de
politica. Que se faça do evangelho sal que da gosto de prática
libertadora, com rastro de luta de classes, coragem justiça e
comunhão! Porque em lugarem como estes os SADUCEUS não governam!
Neuri
Adilio Alves
Professor,
Pesquisador e Estudante