quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O SÉTIMO DIA NA DEMOCRACIA CHAPECOENSE

“No Sétimo dia da Democracia eu vou votar pela vida!” 

Se passaram 3 meses de campanha eleitoral nesta cidade de Chapecó. Campanha aberta para o poder em vigência no governo e supervisionada coercitivamente a todos que se manifestaram contra o sistema implantado na cidade de Chapecó, pelos aparelhos jurisprudente, coercitivo e governamental. Engana-se todo e qualquer cidadão que pensa que somente as câmaras de vigilância implantada na cidade como suposto grande investimento estão vigiando sua vida pessoal.

O aparelho implantado na cidade ‘sitiada’ pelo medo é muito maior do que se pensa. Aqui todos, e qualquer tentativa de se rebelar contra toda e qualquer forma de injustiça esta proibido, tanto pela coerção nos bastidores da vida social e como nas decisões endossadas pelo que um dia poderíamos ainda conceituar de justiça. 

Aqui o uso do direito democrático como liberdade de se manifestar contra qualquer ausência de Estado se tornou um ingrediente para você ser colocado na lista de ‘quarentena’, ou seja dos que precisam ser vigiado, por serem visto como perturbadores da vigente e suja ordem social. 

Aqui a democracia foi sepultada no assassinato do Vereador Marcelino ano passado. Prova disso é que 10 meses depois continuamos velando a inércia aparelhada da justiça, a ironia bizarra e destemida nas rodas dos poderosos e o silêncio cronometrado da inerte justiça. Para além da possibilidade de começarmos a nos perguntar: “existimos mesmo como cidadão livres ou coercitivamente passamos a funcionar como marionetes no grande jogo dos interesses sujos da política local?” 

Até quando professores continuaram agindo como marionetes deste sistema excludente de formação dos cidadãos, para agirem apenas como sujos escudos do poder vigente acreditando fragilmente que estão protegidos na própria ignorância? Até quando as universidades comunitárias continuaram funcionando apenas como máquinas de caça moedas e para assumirem a necessária condição de revolucionar consciência? Até quando os suposto intelectuais que nos bastidores da vida acadêmica fazem calorosas discussões a cerca dos problemas sociais, mas dentro das salas de aula e seus laboratórios de pesquisas ficam silenciados em suas ordens didáticas, vencidas e inertes? 

Até quando continuaremos velando nossa própria ignorância, sepultando as luzes da mudança em troca do medo de propor o rompimento com os sistemas que oprimem. Delatando nossas esperanças e dilatando a sensação do medo. 

Neste 'Sétimo dia' da fragilizada Democracia Chapecoense   eu vou dar um voto pela vida! E você? 

Neuri Adilio Alves
Filósofo, Professor Pesquisador 
Graduado Pela PUC Curitiba, Especialização PUC Campinas.

A JUSTIFICATIVA DO CULPADO – NO GOVERNO DOS GRANDES

"A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado." (Sêneca) 
Ao longo de minha vida seminarística e acadêmica aprendi algo especifico e muito explicativo. Tudo o que provoca uma justificativa é porque se tem uma parcela de culpa. Esta ridícula nota do Jornal Folha de Chapecó referente às PESQUISAS ELEITORAIS nada mais é do que um ATESTADO DE CULPA oficializado. Pena que aqui perdura a falsa impressão ou tentativa de colocar guela abaixo do povo a ideia de que as pessoas tem pouca inteligência, que ainda é possível acreditar que um Jornal iria tirar de seus próprios acúmulos para fazer pesquisas gratuitas de informação ao eleitor, muito parecido com a Folha de São Paulo que na campanha a presidência a direita seus muitos ladrões patrocinavam publicações facista contra a então candidata Dilma. 

O povo chapecoense ou parte dos que querem enxergar sabem que palavras como “contratradas” não passam de expressões da hermeneutica linguística de cunho jurídico/logístico/morfológico. E que explicações em relação a mesma nem sempre significa reflexo efetivo de determinada causa. Neste caso os supostos investimentos da rede para bancar as tendenciosas pesquisas justificadas como investimento interno do determinado veículo de comunicação. Basta rememorar o ultimo debate e saber o por que o candidato da especifica rede já sabia dos fabricados resultados da Pesquisa que seria publicada no dia Seguinte. Uma vergonha, em rede aberta. E ainda se fala da modista expressão do ‘comportamento e compromisso com a ética informativa’. É o ovo da serpente sendo chocado pela força do maior investimento financeiro, neste universo dos textos pagos. 

Aos meus amigos, lideres sindicais, professores, alunos, microempresários entre outros como escolástico que sou, faço uso aqui da determinação Tomista: “para se evitar um mal maior será sempre licito cometer um mal menor”; porque em Tomás a escolha do mal menor será sempre lícita quando não existe nenhuma outra alternativa possível e se os males em questão são inevitáveis; é lícito então escolher entre eles o mal menor. Em nosso especifico caso o mal menor é espalhar a idéia de que a melhor resposta que podemos dar, é fazer uso de nossa postura ética, cancelando assinaturas dos jornais da referida rede, pois aquilo que não nos acrescenta precisa ser colocado na vala comum do desapego. 

Chega de ficar subsidiando com publicações ou assinaturas veículos da desinformação e deformação de consciência das pessoas. É hora de revolucionar nossas atitudes, dando um basta aos inimigos da democracia e do livre direito a verdade. Para reafirmar meu mestre Tomás de Aquino : “de bono et malo in actionibus oportet loqui sicut de bono et malo in rebus.” (Deve-se falar do bem e do mal nas ações, como do bem e do mal nas coisas, porque cada coisa age como é.) Sumula Teológica Volume III. Não podemos continuar alimentado a fragilidade de uma imprensa que se diz informativa mas que age com as facetas de democracia peripatética no universo da informação intra-ideológica. 


Neuri Adilio Alves
Filósofo, Professor Pesquisador 
Graduado Pela PUC Curitiba, Especialização PUC Campinas.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

CHAPECÓ – O LINCHAMENTO DE NOSSA LIBERDADE


“Entrou em Vigor o 'ESTADO de EXCEÇÃO' Eleitoral em nossa cidade! Cuidado! Cada dissidente do regime em vigor se tornou um potencial inimigo do Legalismo Eleitoral. E da forma como estão emitindo sentença contra cidadãos bem logo nosso voto será filmado na Urna Eletrônica!”

Nossa história se edificou sob a égide barbárie da fuligem: por aqui já se queimou forasteiros; seu queimou Igreja; se queimou como arquivo uma voz da verdade e então chegou a vez da queima da democracia. Iniciou o linchamento da nossa LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Agora cada cidadão é um potencial candidato ao desaparecimento seja ele de ordem Social, Virtual ou Material, o fato é que vai desaparecer. 

O livre desejo do jus legalismo e seus supostos lesados, unido ao bel interesse aglutinado do sistema em vigência, faz de cada cidadão descontente com a ordem política vigente um potencial inimigo do município, isso para não dizer do Estado. Aqui qualquer publicação manifesta que contenha verdades tem sido, e será julgado como um ato insano e ilegal. Mas sentenciar a exclusão dos canais gratuitos de comunicação determinada pela própria "Justiça" não será visto como crime atentado contra a liberdade de expressão, como estão fazendo com Dr. Sérgio de Quadros. 

Em nome da justiça, (não legalista) mas do universalismo direito de cada cidadão de ter voz e vez, seria a maior covardia o silêncio diante do que vem ocorrendo por aqui, através destas decisões determinando a eliminação de textos; a exclusão de perfis do Facebook e decretando um obsequioso cala boca ao cidadão. 

A próxima sentença pode ser a nossa exclusão da vida social. Se estão proibido à campanha virtual aos descontentes com a realidade local, talvez possa ser sugestiva a ideia de iniciar uma grande campanha: 'QUEIME SEU TITULO NA PORTA DE UM CARTÓRIO ELEITORAL', sob o lema: “Ele perdeu o valor democrático, para o Regime Plutocrata Legalista vigente na cidade.” 

A simbólica multa pela ausência nas urnas pode ser mais aceitável do que a indigna vergonha de um histórico silêncio velado, um crime contra a nossa dignidade, e um golpe insano em nosso direito democrático. ABAIXO O ESTADO DE EXCEÇÃO! 

Neuri A²

sábado, 8 de setembro de 2012

CHAPECÓ X OS CERTIFICADOS DA ILUSÃO

UMIC - UNIVERSIDADE DA MELHOR IDADE DE CHAPECÓ ou UMIC - Universidade da Mentira Institucionalizada de Chapecó

Como Escolástico que sou, assumo para mim o debate da grande Piada que este governo municipal usa para nomear um centro de triagem e ilusão das pessoas da terceira idade, como sendo uma universidade.
A verdade nisso tudo, é que o único objetivo do prefeito em criar esta suposta universidade foi a tentativa de desqualificar a implantação da UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul aqui em Chapecó, tentando passar a população a ideia de que ele também implantou uma universidade em Chapecó. 

Primeiro que a referida universidade não cabe nem o nome de instituição de ensino 'pós-médio', porque não tem como objetivo ensino e qualificação especifica, mas sim a distribuição do Certificado de Consolação Tardio, baseado numa lista medíocre de supostas disciplinas. Com certeza os idosos de Chapecó merecem muito mais do que meras ilusões, como disse meu Pai!

A prática da mentira é tão forte nestes últimos 8 anos que seria mais coerente se a turma do ZÉ mudasse o nome da tal UMIC - Universidade da Melhor Idade de Chapecó para: UNIVERSIDADE DA MENTIRA INSTITUCIONALIZADA DE CHAPECÓ, pois assim haveria uma distribuição mais coerente dos certificados, começando por seus Vereadores (Mentirosos); Secretários (descarados), Comissionados (Parasitas), e o Grau de DECANO por justo merecimento ficaria em Disputa entre o ZÉ PINÓQUIO e o JOÃO 'verdade"! Esta é turma dos graduados da Mentira!

Queria saber:

1 - Quantos são os comissionados neste cabidão de emprego com o nome de Universidade? 
2 - Quantos Doutores estão ministrando aulas? 
3 - Quantidade de livros existente na biblioteca? 
4 - Quantos Laboratórios equipados por área de pesquisa? 
5 - QUANTO ESTÃO PAGANDO PARA OS IDOSOS APARECER NOS PROGRAMAS DO ZÉ?

Neuri A²


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PRECISAMOS DE MARCHAS DA RESPONSABILIDADE TAMBÉM E NÃO APENAS DO MODISMO!


Com todo respeito a quem organizou o ato em Chapecó movido pelo livre direito de se manifestar! Mas esta Marcha pela Educação foi ridícula, vazia e demonstra a tentativa de 'abonar' se abster da nossa culpabilidade também no processo que aponta baixa qualidade nos rendimentos dos bancos escolares. Sou do tempo em que precisavamos dividir o lápis, emprestar a sandália e o casaco entre os irmãos para ir a escola, e na escola folhas de oficio eram repartidas entre os alunos. Fui aluno da Escola Básica Prof Irene Stonoga no incio da Década de 80 quando ainda se cantava o Hino Nacional e do Estado na entrada das Aulas. Ali mesmo sob limitações estruturais aprendemos a ler e escrever e muitos destes colegas bem encaminhados na vida atualmente, e uma certeza: não se trata de sorte, prefiro acreditar em responsabilidade, competência e entrega de uma geração.
Embora todas as triviais limitações de acesso e permanência na Escola isso nunca me fez o pior dos alunos e muito menos o mais ingênuo, a ponto de jogar no Estado, ou na "coisificação de processos" o que era de minha estrita responsabilidade também, ou seja saber que o banco escolar é o local onde se revoluciona a língua, se mergulha na história, e se aprende o mínino do calculo dos valores da vida em sociedade, o restante pode ser por minha conta. Aliás saudosa Professora Carmen que me ensinou a Ler e Escrever porque de lá pra cá passei por grandes Universidades no Pais e nunca me senti com capacidade inferior a qualquer um.
Então fica a dica aos alunos e aos colegas professores (porque eu também sou professor). Precisamos sim cobrar maior investimento na Educação em todos os sentidos. Mas precisamos acima de tudo também abrir nossos olhos as lutas efetivas das quais se é possível colher os frutos sem demagogia! Porque já vi muitos alunos ou forças estudantis serem proibidas de entrar em escolas para discutir bandeiras de lutas estudantis. Neste sentido preciso deixar umas perguntinhas: 
1 - QUEM DE VOCÊS SE MOBILIZOU PARA AS BANDEIRAS NACIONAIS DOS 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO?
2 - QUANTAS ESCOLAS E PROFESSORES LEVARAM SEUS ALUNOS AS RUAS PARA PEDIR O REPASSE DOS 50% DO FUNDO SOCIAL E DOS ROYALTIES DO PRE-SAL PRA EDUCAÇÃO?
3 - QUANTOS PAIS DESTES ALUNOS VOTARAM EM RAIMUNDO COLOMBO GOVERNADOR E PAULO BAUER SENADOR?
4 - QUANTOS DE VÓS PROFESSORES TEM SIDO PROTAGONISTA INTENSO NA LUTA PELA EDUCAÇÃO? 

QUE TAL UMA NOVA MARCHA PELO COMPROMISSO ASSUMIDO!

Neuri Adilio Alves
Filósofo Pesquisador

domingo, 19 de agosto de 2012

FORMANDO LIDERANÇAS - TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E CRISTIANISMO



Após algum tempo sem trabalhar qualquer tema de gênero, resolvi atender um antigo e pertinente convite de grandes amigos sacerdotes para trabalhar tema de formação de leigos e lideranças de bases, e outras organizações sociais em diocese no estado vizinho, com o tema: “Igreja e Marxismo na América, Um Novo Pentecoste de Consciência Libertadora”. Experiência interessante se não fosse o fato de que nunca fiz isso na minha diocese por falta de convite. No fundo acredito que por medo de quem esta a frente da Igreja de que eu pudesse ocupar um espaço do qual muitos vivem pendurados a décadas. Já fui taxado de arrogante inclusive por aqueles que passaram anos em seminários estudando orelhas de livros e após se formarem queriam fazer uso da palavra como grandes Teólogos, e mesmo falando besteiras não gostavam de ser questionados. Não sou Teólogo, não sou Filósofo, erudito ou intelectual sou apenas um terno e persistente estudante.

Fato é que neste sábado vivi esta grata experiência de reencontro com gente humilde mas de grande consciência comunitária, social, cultural e politica. Verdadeiros agentes de transformação da realidade. Todos com uma visão progressista que espanta qualquer fantasma da dogmática. Se volto coração e mente pra minha diocese de origem a conclusão que se tem é que com a troca de Bispo “Pastor” nesta primeira década do século temos assistido como uma eutanásia mistica uma morte velada destes organismos, e de formação de consciência politica do povo. Falo de consciência politica/social e não de evangelho da paz e amor, um velado pão e circo, um evangelho sem agente de transformação. Se a Igreja de Chapecó atualmente tivesse o mesmo trabalho que já teve um dia na formação e organização dos leigos não teríamos os SADUCEUS no governo sugando o sangue do povo.

É prazeroso eu um comunista ser convidado por Dioceses dos estados vizinhos para dar continuidade na formação dos leigos dentro da visão e compromisso da Progressista Igreja Latino Americana. Uma igreja comprometida com a mistica da prática social, libertadora; que busca em Marx muito do que sustenta o alicerce de organização social. Porque eles me convidam? ... no fundo eu acredito que nestas igrejas nenhum Padre, Bispo ou “Teólogo” se sente ameaçado dentro de seus espaços. Nenhum tem medo de participar junto com seus leigos de discussões da vida em comunidade, … nenhum tem vergonha de suas posturas diante dos leigos, … nenhum tem medo de ser provocado ou desafiado em conhecimento no que toca os anos de teologia na universidade. Porque certamente sempre fizeram o tema de casa, e não tem compromisso com os poderosos de suas cidades, nenhum tem medo de fazer ou cancelar o grito dos excluídos no dia 7 de setembro, como já foi cancelado aqui em Chapecó no ano de 2008 pelo Bispo.

Digo isso porque alguns lições precisamos carregar conosco para aprender com humildade e coragem. A grande lição de minha vida tive no ano de 1999 quando de passagem para Rondônia fiz visita ao Araguaia, ali pela primeira, 'talvez' ultima e inesquecível oportunidade, passei algumas horas com umas das mais brilhantes consciências do evangelho libertador marxista, o hoje aposentado Dom Pedro Casaldáliga. Em sua Cúria de chão batido, homem simples, com o coração imenso do tamanho do sonho dos excluídos ribeirinhos. Eu um ludibriado Curioso lhes fiz a pergunta: “Como é ser Pastor de um povo acolhedor como este? - então me disse: “Nunca me senti Pastor, sempre me senti ovelha! ... porque aqui todos já fomos e somos um rebanho de ovelhas perseguidas e por isso mesmo somos responsáveis uns pelos outros. Pois como sacerdote elevado a bispo eu entendi que o verdadeiro evangelho tem cheiro de 'comunidade', sabor de praxis coletiva ou comunismo como queiram entender, e a temperatura se mede pelos cuidados o uns com os outros e isso é o que nos move e nos guia neste lugar!” - Após estas palavras eu entendi onde havia encerrado a Dógmática e iniciado o verdadeiro evangelho.

Verdade maior é que a gente sempre tem algo para aprender, eu aprendi muito com mais de 80 lideranças neste sábado, me despedi sob a condição de um convite para voltar, com a certeza de que a gente ainda vai se encontrar, e que seja para contarmos novamente as transformações ocorridas em cada lugar. Por isso aos que ficam minha saudações aos que partem como eu, ide em pensamento e que a mensagem de uma Igreja Libertadora seja a fonte de transformação neste ano de politica. Que se faça do evangelho sal que da gosto de prática libertadora, com rastro de luta de classes, coragem justiça e comunhão! Porque em lugarem como estes os SADUCEUS não governam!

Neuri Adilio Alves
Professor, Pesquisador e Estudante

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O SILÊNCIO DOS INTELECTUAIS DA ACADÊMIA EM CHAPECÓ


Fico sempre a espera da manifestação publica dos ditos Intelectuais que trabalham nas Universidades aqui em Chapecó. Afinal porque os formadores de opinião não fazem a mínima questão de romper uma espécie de trincheiras “obsequiosa de silencio” que parte de dentro de suas instituições para manifestar o que pensam e conhecem da vida política em vigência aqui em Chapecó. Quando se cobra tanto dos alunos a capacidade de manifestar opinião própria, também os Mestres e Doutores Universitários precisam dar o exemplo, fazendo uso de uma dose de coragem se é isto que falta, demonstrar que possuem a liberdade e a capacidade de apresentar publicamente também suas opiniões.

O diabo é que este silêncio quase que espiritual nos leva a imaginar existência de uma espécie de colônia de supostos demagogos que em sala de aula pregam a moral de “cuecas” e a ética do “cagaço” com a intuição de passar a todos a capacidade retórica de ensinar aquilo dos quais nem eles mesmos conseguem acreditar! Talvez tenha chegado a hora de mudarmos a direção das perguntas, e propor o desafio de lhes romper a cátedra do silêncio e auxiliar na construção de analises e novas proposições políticas para nossa cidade.

Em Chapecó temos dois projetos políticos em disputa, um que aponta para a defesa da vida das pessoas possibilitando a democrática participação de todo o povo no acesso as políticas públicas e outro projeto que tem demonstrado a serviço de quem esteve nestes últimos anos e de quem continuará servindo, se lhes for homologado a permanência.

Gosto do coração pedagógico dos professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, porque eles em grande maioria tem a coragem de manifestar suas posições e opiniões a respeito da vida política de seu município ou Estado. Por outro lado, dá medo e porque não vergonha de alguns Mestres e Doutores que se ostentam na arrogância de seus títulos “lato sensu” ou “stricto sensus” e manifestam uma certa indiferença a qualquer processo para além da sala de aula!

O comportamento destes intelectuais me leva a memorar parte do prefácio de um livro publicado em 1990 com o titulo de "Os últimos intelectuais", editora da USP e Trajetória", onde o professor Russell Jacoby ao analisar os intelectuais americanos afirma que: 

“os intelectuais mais jovens não desejam, nem necessitam um público mais amplo; quase todos são apenas professores. Os campi são seus lares; os colegas, sua audiência; as monografias e os periódicos especializados, sua comunicação”. E “ao contrário dos intelectuais do passado, eles se situam dentro de suas especialidades e disciplinas – por uma boa razão. Seus empregos, carreiras e salários dependem da avaliação de especialistas, e esta dependência afeta as questões levantadas e a linguagem empregada. Os intelectuais independentes, que escreviam para o leitor educado, estão em extinção”.

Esta talvez possa ser uma provocativa pista para os questionamentos colocados na ordem do dia aqui em Chapecó também. Pois se ainda é possível acreditar que sempre há tempo para tomadas de renovadas posições, quem sabe aqui tenha chegado à oportunidade! Afinal a serviço de quem pode estar o silêncio dos que produzem ideias, análises, alimentando e renovando muitos de nossos ideais!

Neuri Adilio Alves

terça-feira, 24 de abril de 2012


                      Melhoras ao modelo vigente de sustentabilidade?                               

Publicado em 24-Abr-2012
Leonardo Boff

Para ser sustentável o desenvolvimento há de ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Já submetemos à crítica este modelo standard. Mas devemos ser justos. Houve analistas e pensadores que se deram conta das insuficiências deste tripé. Acrescentaram-lhes outras pilastras complementares. Vejamos algumas delas.

Gestão da mente sustentável: Para que exista  um desenvolvimento sustentável importa previamente construir  novo design mental, chamado por seu formulador, o Prof. Evandro Vieira Ouriques, da Escola de Comunicação do Universidade Federal do Rio de Janeiro, de gestão da mente sustentável. Tenta resgatar o valor da razão sensível pela qual o ser humano se  sente parte da natureza, se impõe um autocontrole para superar a compulsão ao produtivismo e ao consumismo. Visa a um desenvolvimento integral e não só econômico, o que envolve dimensões do humano. É um avanço inegável. Melhor seria se entendesse Terra-Humanidade-Desenvolvimento como um único e grande sistema interconectado, fundando um novo paradigma.       

Generosidade: Rogério Ruschel, editor da revista eletrônica Business do Bem, acrescentou uma outra pilastra: a categoria ética da generosidade. Esta se funda num dado antropológico básico: o ser humano não é apenas egoísta buscando seu bem particular, mas é muito mais um ser social que coloca os bens comuns acima dos particulares ou os interesses dos outros no mesmo nível de seus próprios. Generoso é aquele que comparte, que distribui conhecimentos e experiências sem esperar nada em troca. Uma sociedade é humana quando além da justiça necessária incorpora a generosidade e o espírito de cooperação de seus cidadãos.

Para Ruschel a generosidade se opõe frontalmente ao lema básico do capital especultativo do greed is good, isto é, boa é a ganância. Ela não é boa  mas perversa, porque quase afundou todo o sistema econômico mundial. Na generosidade há algo de verdadeiro porque especificamente humano. Na feliz metáfora do jornalista Marcondes da ONG Envolverde há que se distinguir a generosidade da simples filantropia, da responsabilidade social  e da sustentabilidade. A primeira, dá o peixe ao faminto; a responsabilidade social, ensina a pescar; a sustentabilidade preserva o  rio que permite pescar e com o peixe matar a fome. Entretanto, parece-nos, que somente ela é insuficiente. Demanda outras dimensões como a superação da desigualdade, a forma de consumo e a atenção à comunidade de vida que precisa também ser alimentada e preservada.

A Cultura: Em 2001 o australiano John Hawkes lançou “o quarto pilar da sustentabilidade: a função essencial da cultura no planejamento público”. No Brasil foi mérito de Ana Carla Fonseca Reis, fundadora da empresa “Garimpo de Soluções” e autora do livro Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável de tê-la assumido, difundindo-a  em muitos  cursos e palestras. Este dado da cultura é fundamental, porque encerra princípios e valores ausentes no conceito standard de sustentabilidade. Favorece o cultivo das dimensões tipicamente humanas como a coesão social,  a arte, a religião, a criatividade e as ciências. Deixa para trás a obsessão pelo lucro e pelo crescimento material e abre espaço para uma forma de habitar a Terra que condiz melhor com a lógica da natureza. Ocorre que esta dimensão da cultura foi sequestrada pelos interesses comerciais. Só será realmente eficaz quando, libertada, fundar uma relação criativa com a natureza.

A neuroplasticidade do cérebro: Cientistas se dão conta de que a estrutura neural do cérebro é extremamente plástica. Através de comportamentos críticos ao sistema consumista, se podem gerar hábitos de moderação e respeitadores dos ciclos da natureza. O cérebro coevolui consonante a evolução exterior, dando-se ai uma relação de interdependência.

Por fim, o Cuidado essencial: eu mesmo desenvolvi a categoria “cuidado” como essencial para a sustentabilidade. Entendo o cuidado exposto em dois textos – Saber cuidar: ética do humano-compaixão pela Terra (1999) e O cuidado necessário (2012) como uma constante cosmológica e biológica.Detalhes podem ser lidos nos livros referidos.

Nesta fase de busca de formas mais adequadas para garantir a vitalidade da Terra e o futuro de nossa espécie, toda contribuição é benvinda e sempre traz alguma luz.

Leonardo Boff é autor de Preservar a Terra-cuidar da Vida. Como evitar o fim do mundo, Record, RJ 2011.

Fonte:

terça-feira, 10 de janeiro de 2012


                            Feliz Ano Novo                             

Texto Adaptado de Frei Betto *


Feliz Ano Novo aos que acordaram em 2012 sem a ressaca da culpa, plenos de vida na qual a paixão sobrepuja a omissão e o encanto tece luzes onde a amargura costuma bordar teias de aranha.

Feliz ano a quem não sonega afetos, arranca de si fontes onde borbulham transparências e não mira os que lhe são próximos como estranhos passageiros de uma viagem sem pouso, praias ou horizontes.

Felizes aqueles que abandonam no passado seus excessos de bagagem e, coração imponderável, recolhem à terra a pipa do orgulho e do tédio; generosos, ousam a humildade.

Ano Novo a todos que despertam hoje ao som de preces e agradecem o tido e não havido, maravilhados pelo dom da vida, malgrado tantas rachaduras nas paredes, figos ressecados e gatos furtivos.

Bom ano a quem gosta de feijão e se compraz nos grãos sobrados em prato alheio; a vida é dádiva, contração do útero, desejo ereto, espírito glutão insaciado de Deus.

Novo seja o ano àqueles que nunca maldizem e possuem a própria língua, poupam palavras e semeiam fragâncias nas veredas dos sentimentos.

Seja também feliz o ano de quem guarda-se no olhar e, se tropeça, não cai no abismo da inveja nem se perde em escuridões onde o pavor é apenas o eco de seus próprios temores.

Novo ano a quem se recusa a ser tão velho que ambiciona tudo novo: corpo, carro e amor; viver é graça a quem acaricia suas rugas e trata seus limites como cerca florida de choupana montanhês.

Tenham um feliz ano todos que sabem ser gordos e felizes, endividados e alegres, carentes de afago mas repletos de vindouras fortunas em seus anseios.

Feliz Ano Novo aos órfãos de Deus e de esperanças, e aos mendigos com vergonha de pedir; aos cavaleiros da noite e às damas que jamais provaram do leite que carregam em seus seios.

Felizes sejam, neste ano, os homens ridiculamente adornados, supostos campeões de vantagens; aqueles que nada temem, exceto o olhar súplice do filho e o sorriso irônico das mulheres que não lhes querem. 

Felizes sejam também as mulheres que se matam de amor, e de dor por quem não merece, e que, no espelho, se descobrem tão belas por fora quanto o sabem por dentro.

Seja novo o ano para os bêbados que jamais tropeçam em impertinências e para quem não conspira contra a vida alheia.

Feliz Ano Novo para quem coleciona utopias, faz de suas mãos arado e, com o próprio sangue, rega as sementes que cultiva.

Sejam muito felizes os velhos que não se disfarçam de jovens e os jovens que superam a velhice precoce; seus corações tragam a idade alvíssara de emoções férteis.

Muitas felicidades aos que trazem em si a casa do silêncio e, à tarde, oferecem em suas varandas chocolate quente adocicado com sorrisos de sabedoria.

Um ano feliz aos que não se ostentam no poleiro da própria vaidade, tratam a morte sem estranheza e brincam com a criança que os habita.

Feliz Ano Novo aos sonâmbulos que se equilibram em fios que unem postes e aos que garimpam luzes nas esquinas da noite.

Um Ano Novo muito feliz a todos nós que juramos seqüestrar os vícios que carregamos e não pagar o resgate da dependência; o futuro nos fará magros por comer menos; saudáveis, por fumar oxigênio; solidários, por partilhar dons e bens.

Feliz 2012 ao Brasil que circunscreve a geografia do paraíso terrestre, sem terremotos, tufões, furacões, maremotos, desertos, vulcões, geleiras, tornados, neves e montanhas inabitáveis.

Conceda-nos Deus a bênção de tantos dons, livres de políticos que constroem para si o céu na Terra com a matéria-prima do inferno coletivo.

• Frei Betto é escritor, autor de Típicos Tipos – perfis literários (A Girafa), entre outros livros.




                                     PASSEIO SOCRÁTICO                              

Frei Betto

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos dependurados em telefones celulares; mostravam-se preocupados, ansiosos e, na lanchonete, comiam mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, muitos demonstravam um apetite voraz. Aquilo me fez refletir: Qual dos dois modelos produz felicidade? O dos monges ou o dos executivos?
  
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: “Não foi à aula?” Ela respondeu: “Não; minha aula é à tarde”. Comemorei: “Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir um pouco mais”. “Não”, ela retrucou, “tenho tanta coisa de manhã...” “Que tanta coisa?”, indaguei. “Aulas de inglês, balé, pintura, piscina”, e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: “Que pena, a Daniela não disse: ‘Tenho aula de meditação!’”
       
A sociedade na qual vivemos constrói super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas muitos são emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram que, agora, mais importante que  o QI (Quociente Intelectual), é a IE (Inteligência Emocional). Não adianta ser um superexecutivo se  não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!
     
Uma próspera cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não  tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em  relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!” Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
             
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os  valores, não há compromisso com o real! 

É muito grave esse processo de  abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos  virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito.  Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada  semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. 

A palavra hoje é ‘entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilidade coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é  o resultado da soma de prazeres: “Se tomar este refrigerante, vestir este  tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!” O problema é  que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que  acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu,  que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma su­gestão.  Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele  não tem aonde ir! 

O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si  mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento  globocolonizador, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita  uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história  daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média,  as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil,  constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping  centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas;  neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de  missa de domingos. 
E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito,  entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar,  certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer de uma cadeia transnacional de sanduíches saturados de gordura…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático.” Diante de seus olhares espantados, explico: “Sócrates, filósofo grego, que morreu no ano 399 antes de Cristo, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro  comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser  feliz.”

Frei Betto é escritor, autor do romance “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre  outros livros.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011


                                  Medidores Humanos                                         


Existem vários instrumentos para medir. Medidores antigos e atuais, úteis ou inúteis, que com maior ou menor precisão nos mostram em que medida o homem é de fato a medida de todas as coisas... 
Transcrevo aqui alguns verbetes de um Dicionário da Medição ainda inédito. 
Azarômetro — mede os infortúnios numa escala de 1 a 13. 
Blefômetro — não costuma ser confiável. 
Chorômetro — mede o choro e outros prantos, sem direito a chorinho. 
Cronômetro — mede o tempo, mas nunca explicará por que um minuto de saudade é mais demorado que uma hora de prazer. 
Darwinianômetro — instrumento de medição ainda em plena evolução. 
Escolhômetro — mede nossas opções, seu alcance e suas conseqüências, mas trava em caso de hesitação. 
Foucaultmetro — mede as palavras e as coisas. 
Gotímetro — mede o que pode ser a gota d’água. 
Gratidômetro — mede a verdade de um agradecimento. 
Humildômetro — instrumento que só os orgulhosos têm. 
Imaginômetro — mede o inimaginável. 
Jargômetro — mede a língua dos especialistas. 
Leiturômetro — mede o número de páginas lidas, deixando escapar o que fica nas entrelinhas. 
Medímetro — mede o medo, numa escala que vai do receio ao pavor. 
Memoriômetro — mede tudo, exceto a amnésia. 
Nadômetro — mede o vazio que há em tudo. 
Olhômetro — medidor sofisticado com que todos nascem, mede a altura da vida e a extensão do destino. 
Orgulhômetro — instrumento que só os humildes têm. 
Passômetro — mede o número de passos que já demos, calcula quanto de passado já temos e quantas vezes já passamos por um mesmo lugar... sem perceber. 
Perguntímetro — o que é que esse instrumento mede mesmo? 
Perplexômetro — mede a imensurável perplexidade humana. 
Psicômetro — quando usado por psicólogos para medir a alma de seus pacientes, quebra. 
Pugilômetro — mede a força do murro em ponta de faca, do soco que se leva, do tapa na outra face oferecida. 
Quantímetro — vale quanto mede. 
Reflexômetro — mede a profundidade das mais incríveis reflexões. 
Rotinômetro — mede o tédio, mas sujeito a quebra se for alterado. 
Sismômetro — mede os abalos sísmicos; não confundir com o Cismômetro, que mede as cismas que nos abalam. 
Tensiômetro — mede a tensão dos ambientes. 
Termômetro — mede a temperatura... e a preocupação das mães. 
Umbigômetro — mede a generosidade humana. 
Variômetro — mede várias coisas que jamais saberemos medir. 
Vergonhômetro — aparelho em falta na terra dos sem-vergonhas. 
Voltômetro — mede as voltas que o mundo dá. 
Xongômetro — não mede coisa nenhuma. 
Zerômetro — mede abaixo da média. 

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor. 

                     A Esperança que move Casaldáliga                 

ESCRITO POR ROBERTO MALVEZZI (GOGÓ)
TERÇA, 08 DE NOVEMBRO DE 2011



O bispo Pedro é uma pessoa que seduz pela simplicidade, fraternidade, solidariedade, mas perturba pela coerência. Não é fácil cruzar com sua pessoa e sua história. 

Desde o princípio de seu episcopado optou por desvencilhar-se das exterioridades episcopais e fazer-se realmente pastor, irmão dos mais pobres, a partir das margens do belo Araguaia. Numa época que tanto se dá primazia à instituição, Pedro continua parecendo seu xará bíblico, que mal tinha uma rede para pescar. 

Muito se fala na esperança que move Pedro. Esses dias, num depoimento simples e emocionante para a Assembléia Geral do CIMI, ele nos desafiava a mantermos a esperança: “quanto mais difícil o tempo, mais forte deve ser a esperança”. Enquanto achamos esses tempos difíceis e cruéis, ele os acha “raríssimos e belos”. Ainda mais: “mantenhamos a esperança. Pode falhar tudo, menos a esperança”. 

Mas, de que ele está falando? Ele sabe que hoje vivemos tempos onde um bilhão de pessoas passa fome, 1,4 bilhão passam sede. Os refugiados ambientais já ultrapassam 50 milhões de pessoas. Os índios, quilombolas e outros grupos oprimidos, pelos quais ele dá a vida, continuam em tempos cruéis como é o caso dos guarani-kaiowá. O planeta Terra está à deriva e ninguém ousa prever realmente como será a vida, particularmente a humana, daqui a cinqüenta ou cem anos. 

É que não se pode entender sua esperança sem uma outra dimensão da vida que lhe é extremamente cara: o martírio. Conheceu essa situação a partir de sua família desde a guerra civil espanhola. Vê o martírio quase que de forma cotidiana na sua trajetória como bispo às margens do Araguaia. Insiste que é necessário manter viva a memória dos mártires. 

Então, se quisermos entender a esperança da qual Pedro fala, é preciso entendê-la por dentro e para além de todas as situações humanas, inclusive da própria morte, ainda que seja pelo martírio. 

Como dizia Jesus: “quem tiver capacidade para entender, que entenda”. 

Roberto Malvezzi, o Gogó, é assessor pastoral e membro da Comissão Pastoral da Terra.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

DEMAGOGOS DE PLANTÃO


Perceptível o ataque de demagogos a vida do Ex-Presidente Lula aqui pela rede virtual. Virtual em todos sentidos: da coragem afirmativa e aberta dos que reconhecem a história de luta e honestidade do ex-presidente, até aqueles que escondem detrás de suas limitações argumentativas como uma grande boiada arrastados pelos produtores de factoides maldosos.

Muitos destes demagogos, que vivem apontando precariedade no atendimento pelo SUS,sugerindo a Lula tratamento pelo SUS, são os mesmo que vivem das praticas contraditória, muitas vezes deixando de lado seus convênios particulares ou de empresas para ocuparem a vaga emergencial dos que não tem condições até mesmo de se deslocar até uma unidade de saúde. Isso quando em inúmeros casos por apadrinhados dentro de Secretarias Municipais de Saúde não furam a fila de espera dos remédios controlados, dos exames emergenciais, das cirurgias eletivas, sou conhecedor e denunciante desta práticas criminosas.

Se o Brasil precisa avançar em melhorias no seu sistema de saúde, mais urgente é a necessidade que uma massa de mau caráter demagogos possam avançar para além da miserabilidade ausente de honestidade pessoal. Urgentemente assumir uma consciência ética, para não ser desmascarados diante das próprias contradições. 

Porque à maior miséria vigente em nosso país é a consciência tacanha da burguesia que não admite os avanços do governo popular, dos famigerados argumentos na cabeça de pequenos burgueses, que mesmo acossados às margens da sociedade reproduzem as mentiras dos brugueses. A máxima que nos fica é que NÃO É A VERDADE QUE DÓI, MAS A RESISTÊNCIA QUE ELA CAUSA. Lula não só sairá desta em plena integridade de saúde como continuará acima dos acorrentados pelas contradições da própria consciência.

Neuri A²

quinta-feira, 20 de outubro de 2011


                                    A ressaca dos oportunistas                                         

Poucas vezes em Brasília tanto na câmara dos Deputados como no Senado foi possível ver materializado o que podemos chamar de Convicções, facilmente traduzidas em: “Sei o que faço aqui... porque faço isso; e assumo a responsabilidade na defesa do ministério.”
Orlando Silva deu um banho de iniciativa, honestidade, clareza, convicção, e de quebra desarmou o oportunismo político da oposição, esvaziou o discurso dos desesperados. Como num xeque-mate silenciou os papagaios da mídia marrom multiplicada no país de vagas idéias, de cidadãos adormecidos no profundo inconsciente coletivo reprodutivista das velhas falcatruas e maracutaias, praticadas pelos iguais. Muitos dos quais buscam sublimar o desespero de suas próprias contradições ideológicas nas tão ensaiadas e desconexas marchas contra a corrupção, abrindo um enorme abismo entre a realidade dos fatos e seus interesses pragmáticos.
Esta espécie de fissura em que o social se precipita na sociedade contemporânea empurrados pelos meios de comunicação de massa inverte a lógica dos processos. A lógica que impera não é mais a da troca de valor, e sim a do “abandono de posições de valor e de sentido”, segundo o filósofo francês Jean Baudrillard. E o pior: as massas resistem, inclusive, ao imperativo da comunicação racional, clamando somente pelo espetáculo, pelo canibalismo atrativo mediático como se nenhuma força pudesse convertê-las à seriedade dos conteúdos, nem mesmo à seriedade do código de realidade. (1985, p.58 - A sombra das Maiorias Solitárias).
De modo que tratar desta realidade simulada pela mídia, não seria mais o contágio do espetáculo que altera a realidade, mas, sim, o contágio do virtual que apaga a realidade, ACUSANDO inocentes e INOCENTADO bandidos, caso explícito e desesperado de quem acusa o ministro Orlando Silva. Nesse sentido, o cidadão deixa de ser espectador alienado e passivo, tornando-se figurante interativo. Gentis figurantes mumificados desse imenso reality show do cinismo político ideológico de aparelhos como a Globo, RVejas, Folha de São Paulo entre outros. Característica assumida de imprensa facista funcionando como sede partidária de forças políticas retrógadas da velha direita. Não se trata mais da lógica espetacular da alienação, mas da lógica espectral da desencarnação do individuo por estes órgãos de imprensa.
Contempla-se a miséria pública da opinião nestes dias de factóides do oportunismo dos textos pagos,  absorvido pela fiel inconsciência dos empobrecidos da realidade, que sedentos pelos mentirosos coquetéis silábicos que se desnudam diante de todos nós. Se transformam em rastejantes segmentado pela limitação que os impede de IR atrás da verdade e VER além do que se reproduz nestes veículos de imprensa no Brasil. Apresentando-se como espelhos envelhecidos pelos próprios reflexos, e que se reproduzem nas páginas de jornais locais em colunas reprodutivistas dos VIAL, dos PerroniS, testemunhas vivas da miséria de jornalismo impresso que temos por aqui.
Podemos erguer a bandeira de nossas verdades, o escudo ético de nossa história de 90 anos, para fazer sombra aos envergonhados das contradições silábicas, dos papagaios adestrados de nossa imprensa escrita, dos maratonistas de chavões sem compromisso com a verdade, dos remunerados de frases prontas. Pois mais cedo ou mais tarde até as folhas de jornais terão vergonha e repulsa pelas asneiras que eles produzem. Quem sabe o destino dos mesmos não seja viver da ressaca dos oportunistas, abandonados no vicio das falácias, enquanto o PCdoB permanecerá maior que a miséria terna e eterna de vós chauvinistas de plantão.
Neuri Alves
Vice-Presidente PCdoB Chapecó

segunda-feira, 17 de outubro de 2011


                                                    Haiti, País Ocupado                                             

Eduardo Galeano
Escritor e jornalista uruguaio

Tradução: ADITAL
28 de setembro de 2011


Consulte qualquer enciclopédia. Pergunte qual foi o primeiro país livre na América. Receberá sempre a mesma resposta: os Estados Unidos. Porém, os Estados Unidos declararam sua independência quando eram uma nação com seiscentos e cinquenta mil escravos, que continuaram escravos durante um século, e em sua primeira Constituição estabeleceram que um negro equivalia a três quintas partes de uma pessoa.

E se procuramos em qualquer enciclopédia qual foi o primeiro país que aboliu a escravidão, receberá sempre a mesma resposta: a Inglaterra. Porém, o primeiro paios que aboliu a escravidão não foi a Inglaterra, mas o Haiti, que ainda continua expiando o pecado de sua dignidade.

Os negros escravos do Haiti haviam derrotado o glorioso exército de Napoleão Bonaparte e a Europa nunca perdoou essa humilhação. O Haiti pagou para a França, durante um século e meio, uma indenização gigantesca por ser culpado por sua liberdade; porém, nem isso alcançou. Aquela insolência negra continua doendo aos amos brancos do mundo. Sabemos muito pouco ou quase nada sobre tudo isso.

O Haiti é um país invisível.

Somente ganhou fama quando o terremoto de 2010 matou a mais de duzentos mil haitianos. A tragédia fez com que o país ocupasse, fugazmente, as primeiras páginas nos meios de comunicação. O Haiti não é conhecido pelo talento de seus artistas, magos do ferro-velho capazes de converter o lixo em formosura; nem por suas façanhas históricas na guerra contra a escravidão e a opressão colonial.

Vale à pena repetir uma vez mais para que os surdos escutem: O Haiti foi o país fundador da independência da América e o primeiro a derrotar a escravidão no mundo. Merece muito mais do que a notoriedade nascida de suas desgraças. Atualmente, os exércitos de vários países, incluindo o meu [Uruguai], continuam ocupando o Haiti. Como se justifica essa invasão militar? Alegando que o Haiti coloca em perigo a segurança internacional.

Nada de novo.

Ao longo do século XIX, o exemplo do Haiti constituiu uma ameaça paras a segurança dos países que continuavam praticando a escravidão. Thomas Jefferson já havia dito: do Haiti provinha a peste da rebelião. Na Carolina do Sul [EUA], por exemplo, a lei permitia encarcerar qualquer marinheiro negro, enquanto seu barco estivesse no porto, devido ao risco de que pudesse contagiar com a peste antiescravagista. E no Brasil, esse peste se chamava ‘haitianismo'. No século XX, o Haiti foi invadido pelos ‘marines', por ser um país inseguro para seus credores estrangeiros.

Os invasores começaram a apoderar-se das alfândegas e entregaram o Banco Nacional ao City Bank de Nova York. E, já que estavam lá, ficaram por dezenove anos. O cruzamento da fronteira entre a República Dominicana e o Haiti se chama El Mal Paso. Talvez esse nome é um sinal de alarme: você está entrando no mundo negro, da magia negra, da bruxaria...

O vodu, a religião que os escravos trouxeram da África e que se nacionalizou no Haiti, não merece ser chamada de religião. Desde o ponto de vista dos proprietários da Civilização, onde não faltam fieis capazes de vender unhas de santos e penas do arcanjo Gabriel, conseguiu que essa superstição fosse oficialmente proibida em 1845, 1860, 1896, 1915 e 1942, sem que o povo prestasse atenção nisso.

Porém, desde alguns anos, as seitas evangélicas se encarregam da guerra contra a superstição no Haiti. Essas seitas vêm dos Estados Unidos, um país que não tem o Andar no. 13 em seus edifícios, nem a fila 13 em seus aviões, habitado por civilizados cristãos que creem que Deus criou o mundo em uma semana.

Nesse país, o predicador evangélico Pat Robertson explicou na televisão o terremoto de 2010. Esse pastor de almas revelou que os negros haitianos haviam conquistado a independência da França a partir de uma cerimônia vodu, invocando a ajuda do Diabo desde as profundezas da selva haitiana. O Diabo, que lhes deu a liberdade, enviou o terremoto como cobrança.

Até quando os soldados estrangeiros continuarão no Haiti? Eles chegaram para estabilizar e ajudar; porém, já se passaram sete anos e lá estão, desestabilizando esse país que não os aceita. A ocupação militar do Haiti está custando às Nações Unidas mais de oitocentos milhões de dólares ao ano.

Se as Nações Unidas destinassem esses fundos à cooperação técnica e à solidariedade social, o Haiti poderia receber um bom impulso ao desenvolvimento de sua energia criadora. E, assim, se salvaria de seus salvadores armados, que têm certa tendência a violar, matar e contagiar com enfermidades fatais.

O Haiti não necessita que ninguém venha a multiplicar suas calamidades. Tampouco necessita a caridade de ninguém. Como bem diz um antigo provérbio africano, a mão que dá está sempre por cima da mão que recebe.

Porém, o Haiti, sim, necessita de solidariedade, de médicos, de escolas, de hospitais e de uma colaboração verdadeira que torne possível o renascimento de sua soberania alimentar, assassinada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo Banco Mundial (BM) e por outras sociedades filantrópicas.

Para nós, latino-americanos, essa solidariedade é um dever de gratidão: será a melhor maneira de dizer obrigado/a a essa pequena grande nação que, em 1804, nos abriu as portas da liberdade, com seu exemplo contagioso.
(Esse artigo é dedicado a Guillermo Chifflet, que foi obrigado a renunciar à Câmara de Deputados do Uruguai, quando votou contra o envio de soldados ao Haiti).

[Texto lido ontem pelo escritor uruguaio na Biblioteca Nacional, no marco da mesa-debate "Haití y la respuesta latinoamericana”, na qual participou juntamente com Camille Chalmers e Jorge Coscia].

Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=60752

domingo, 18 de setembro de 2011


PCdoB Chapecó elege novo diretório e define as diretrizes para                                            as eleições 2012                                          

Os filiados, amigos e simpatizantes do PCdoB em Chapecó participaram no último sábado (17) da Conferência Municipal do PCdoB. Na pauta, a situação política do município e o projeto político eleitoral para 2012, além da eleição do diretório e nomes de representantes para à Conferência Estadual.

Durante o evento, o partido recebeu dezenas de novas filiações, em especial ex-militantes do PSB, a exemplo de Protásio Fernandes e Vilson Zanin. Estas pessoas migraram para o PCdoB por não concordarem com os caminhos da antiga agremiação, que foi colocada a serviço da direita (PSD) em Chapecó e em todo o estado.

O suplente da Assembléia Legislativa, Cezar Valduga, deu as boas vindas aos novos filiados, afirmando que o “PCdoB é um partido de idéias, que cresce dia após dia sem perder os princípios, sempre se pautando pela democracia, desenvolvimento e inclusão social”. Já o líder sindical e dirigente partidário, Alzumir Rossari, lembrou da brilhante trajetória de lutas do PCdoB em Chapecó. “Nós temos militantes, pessoas que querem o bem comum, que lutam incansavelmente para uma melhora coletiva, e estes novos camaradas vão fortalecer ainda mais os ideais do partido”.

Conferência Municipal trouxe o debate sobre o quadro político local. Segundo Paulinho da Silva, ficou aprovado que “o PCdoB envidará todos os esforços para eleger em 2012 projeto para Chapecó em sintonia com o Governo Dilma, com desenvolvimento econômico, desenvolvendo projetos sociais de inclusão, priorizando áreas abandonadas pela atual administração, como a habitação e a saúde”.

A conferência aprovou ainda que o PCdoB buscará alianças com todos os partidos da base do Governo Dilma, ao tempo que terá uma Chapa de Vereadores, objetivando retomar as cadeiras que já ocupou na Câmara de Vereadores na última legislatura, quando contava com os Vereadores Paulinho da Silva e Cesar Valduga. 

Os filiados presentes ao evento, de forma aberta e amplamente democrática, elegeram a nominata dos 27 membros do Diretório Municipal para o biênio de 2011/2013. Caberá ao Diretório eleito a escolha do Presidente e demais cargos da executiva, o que deverá ocorrer ainda o mês de setembro. Também foram eleitos 25 delegados à Conferência Estadual, que ocorrerá nos dias 05 e 06 de novembro, em Florianópolis.

Paulinho da Silva
Presidente PCdoB Chapecó