terça-feira, 19 de outubro de 2010


Uma foto e um lugar na história
Paulo Vinícius *

A vida é feita de escolhas. Quando terá Serra optado pelo caminho da cruzada religiosa em seus intentos de poder? Em que momento pensou: “isso dá voto”? Como uma liderança que já presidiu a UNE - tal como um Darth Vader de ficção - vai de concessão em concessão, de deformar-se em deformar-se, de abismo em abismo, até cair no colo da extrema direita, das forças remanescentes da Ditadura, dos entreguistas, do que há de mais nocivo ao Brasil? Serra fez acordos e agrupou ao seu redor, para citar o jornalista Messias Pontes:
“A famigerada TFP – Tradição, Família e Propriedade, a Opus Dei, o Grupo Guararapes, a grande mídia conservadora, venal e golpista, a clientela da Daslu, os fundamentalistas religiosos- católicos e evangélicos, Daniel Dantas, José Roberto Arruda, os carlistas (na Bahia), os herdeiros políticos de Carlos Lacerda, as viúvas da ditadura militar, a canalha neo-udenista e toda a extrema direita”.

Esta é a aliança que se voltou contra Dilma Roussef, que febrilmente conspira:
Uma gráfica foi flagrada a imprimir materiais infames contra Dilma para o bispo de Guarulhos-SP, Luiz Gonzaga Bergonzini. Os 2,1 milhões de panfletos são só parte dos 20 milhões previstos. De quem é a Pana Editora e Gráfica? Da filha de um dos coordenadores da campanha do tucano.
Equipes de telemarketing, em São Paulo e Brasília disparam boatos e desinformação, utilizando sobretudo mulheres contra Dilma Roussef. 
Em Canindé, panfletos misturando Serra e Jesus Cristo em plena missa causaram corajosa condenação de sacerdote, na cara de Serra e Tasso Jereissati. O galego, nos estertores de sua passada autoridade, investiu com imprecações contra o sacerdote.
Serra diz que, as ações da Petrobrás teriam subido por causa dele, e não pelo avanço da empresa e do Pré-Sal. Em parte está certo. Investidores estrangeiros estão muito interessados em qualquer possibilidade de privatização no Brasil e ele é a única possibilidade de isso acontecer de novo. Por isso, FHC se reuniu em evento fechado com 150 investidores estrangeiros, falando em inglês, em Foz do Iguaçu, PR, no Hotel das Cataratas. Em pauta: privatizações de empresas estatais brasileiras, como divulgado pela jornalista Hildegard Angel em seu Blog. O “mercado” já sabe quem está disposto a vender o Brasil, e é chamado a cumprir seu papel na campanha contra Dilma,
Serra faz qualquer coisa para ser presidente. Numa escalada antiética e de inédita violência ataca tudo o que representou a eleição de Lula e seus vitoriosos governos. E entre outras razões, isso ocorre por um erro da campanha, não ter expresso desde o início a divergência entre ops dois projetos. Mas a própria realidade tratou de fazê-lo. E, ao contrário de uma suposta iluminação, Serra fez um pacto.
Quem quer um Brasil melhor não pode conciliar com essa infâmia. Façamos de nossa voz a muralha em torno dessa mulher, essa mineira que nos representa nesta encruzilhada histórica que vive o Brasil. 
E por tudo isso, adotei uma imagem dela, uma foto desenhada, e a utilizo em todas as redes sociais de que participo. Eu também fui da UNE. E vejo aquela jovem Dilma, vinte e poucos anos, diante dos verdugos, e aquele olhar para a História. Penso na coragem com que se portou naquela hora decisiva e no decorrer de sua vida. Dilma não traiu seus ideais. Ela continuou crescendo, é sincera e tem posições firmes. A Dilma é a juventude que lutou contra a ditadura pelo Brasil e não se vendeu, como outros que se perderam pelo caminho, como Serra.
Poucas vezes Tiradentes e Silvério dos Reis, Brasileiros e entreguistas, estas duas forças seculares, estiveram tão claramente delineadas no campo de batalha da História. Não é à toa que tantas pessoas de bem se posicionam para essa grande batalha, inclusive muitos críticos aos erros e insuficiências do processo de mudança que vive o Brasil. Mas é gente que jamais se deixaria utilizar pela direita, que não se omite diante da hora decisiva. 
Quem ama o Brasil e a democracia se une para impedir um terrível retrocesso. O povo brasileiro precisa entender o que está sendo disputado. A hora é de redenção, de esperança. E, pela primeira vez, é uma mulher que encarna tudo isso, numa oportunidade da História! É a vez de Dilma!



* Cientista social e bancário.





A Juventude, enfim, é parte da Constituição Brasileira!
 
Paulo Vinícius

O dia 07 de julho marca uma nova página para a juventude Brasileira. Se há 22 anos a juventude conquistou o voto aos 16 anos, nessa data a juventude brasileira se inseriu como sujeito de direitos na Constituição da Republica Federativa do Brasil.

 

A aprovação da PEC 42/2008 no Senado Federal em duas votações unânimes ilustra a envergadura que ganhou a representação política da juventude brasileira no governo Lula, assim como o reconhecimento de todas as forças políticas da importância e da necessidade de considerar a juventude como sujeito de políticas públicas de Estado.
Doravante, não estará sujeita a política pública de juventude aos ditames deste ou daquele(a) gestor(a). Com a aprovação da PEC, abrem-se largas avenidas para a consecução de um Plano Decenal e de um Estatuto da Juventude. Entra na ordem do dia a realização da II Conferência Nacional da Juventude no primeiro semestre de 2011, assim como a consolidação dos órgãos gestores que tratem das questões relacionadas à juventude.
E não é a toa. Estudos demográficos apontam para um dado relevante. Essa geração comporá uma parcela imensa da população economicamente ativa que será a maior e definirá a face do desenvolvimento nacional nas próximas décadas. Quando a Câmara e o Senado aprovam a PEC da juventude, abrem caminho à definição de políticas públicas perenes num setor que decidirá efetivamente que novo Brasil teremos. Assegurando direitos à juventude e superando a omissão do texto constitucional, o Congresso abriu larga avenida à consolidação de direitos que só se insinuaram nesses oito anos de mudanças e continuidades. Direitos que se refletirão sobre o conjunto da população brasileira.
Assim, O Parlamento respondeu ativamente à pressão feita pelo Conselho Nacional de Juventude, que reúne um retrato fiel e qualificado da juventude nacional. Esse coletivo mobilizou a Câmara e o Senado, mas a sua representação fez muito mais, numa trilha que uniu governo e oposição e acabou por afirmar políticas públicas como o PROUNI, o PROJOVEM, os Pontos de Cultura e o Segundo Tempo, a expansão da educação superior e profissional. Ressaltou sucessão geracional no movimento sindical e no campo, construiu políticas de assistência estudantil enfatizou a importância das mulheres, dos negros e indígenas, dos trabalhadores e estudantes, das pessoas com deficiência, da cultura, da juventude que luta nas periferias. É essa moçada que propõe um Pacto da Juventude ao debate das eleições de 2010 e que compõe um bonito mosaico de movimentos sociais - como a UNE, a UBES, a CTB, a UGT e a CUT -, as juventude políticas, as ONGs, todos os tipos de movimentos.
Foi esse lastro social contemporâneo que extravasou nos blogs, nos portais e na massiva campanha que ganhou o Twitter. Foi essa voz que se fez ouvir na Tribuna de Honra e nas galerias do Senado, é essa a razão da vitória que só anima a mocidade brasileira na luta por mais direitos, pela construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento em que possamos ver, como diz a canção que não dá pra esquecer "os meninos e o povo no poder eu quero ver".

Danilo Moreira
Presidente do Conselho Nacional de JuventudeAugusto ChagasPresidente da União Nacional dos EstudantesPaulo ViníciusSecretário Nacional de Juventude Trabalhadora da CTBPS.: concebido no calor da vitória, no Azeite de Oliva, em Brasília, Distrito Federal



* Cientista social e bancário.




Oscar Niemeyer e Chico Buarque protagonizam 

ato pró-Dilma no Rio


Artistas e intelectuais promoveram, na noite desta segunda-feira (18), um dos mais expressivos eventos desta campanha eleitoral. Com mais de 3 mil pessoas – como o arquiteto Oscar Niemeyer e o cantor Chico Buarque –, o ato em apoio à presidenciável Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, lotou Teatro Oi Casagrande, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Manifestação similar ocorre nesta terça, no Teatro da Universidade Católica (Tuca), na PUC-SP.

Artistas e intelectuais declaram apoio a Dilma

Uma vez que os 926 lugares do teatro carioca, palco de lutas históricas durante a ditadura militar (1964-1985), estavam ocupados, quem não conseguiu um lugar ficou nos corredores e nas escadas. Centenas de militantes sequer conseguiram entrar no auditório e assistiram ao ato, de quase três horas, por um telão instalado do lado de fora do Casagrande. 

Dentro, Dilma recebeu manifesto em defesa da dignidade reconquistada no governo Lula, da reconstrução do Estado e da soberania nacional. “É hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana”, diz o texto, com mais de 10 mil assinaturas. Entre os signatários estão personalidades como a economista Maria da Conceição Tavares, o filósofo Frei Betto, a psicanalista Maria Rita Kehl e o escritor Eric Nepomuceno.

Chico Buarque, de volta à militância, e Niemeyer, aos 102 anos e de cadeira de rodas, não eram as únicas presenças de destaque. As cantoras Alcione e Margareth Menezes foram as primeiras a chegarem, a exemplo da sambista Lecy Brandão, eleita deputada estadual em 3 de outubro pelo PCdoB-SP. Zeca Pagodinho não foi, mas mandou dizer que está com Dilma. Beth Carvalho, empolgada, fez uma versão de um dos sambas mais famosos de Zeca. No lugar do refrão “Deixa a vida me levar”, improvisou “Deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu”.

Antes da chegada de Dilma, foi transmitida ao vivo a entrevista que a candidata deu ao Jornal Nacional, da TV Globo. O público assistiu, ainda, a vídeos com declarações de voto de Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura, e Juca Ferreira, atual ministro. O dramaturgo José Celso Martinez também apareceu no telão do teatro e anunciou Dilma como “a musa desta noite antifundamentalista”. 

Segundo Zé Celso, “ela vai realizar o que Oswald de Andrade queria: o matriarcado de Pindorama”. O relato emocionou o cantor e compositor Otto. “Se a gente não se emocionar, não levanta”, disse o músico pernambucano, de olhos marejados. “O mais importante para quem faz arte é que a população tenha mais subsídio.”

“De igual para igual”

“A nossa batalha é a batalha para que a construção da democracia no Brasil se consolide”, resumiu a filósofa Marilena Chauí – que denunciou os panfletos apócrifos que circulam em igrejas paulistas e que mostram Dilma a favor do aborto e do casamento entre homossexuais. Segundo a filósofa, os materiais são “obscenos tanto politicamente como religiosamente por ser contra a liberdade de crença e a laicidade do Estado”.

Chico Buarque dominou a timidez para discursar em defesa de Dilma. “Venho aqui reiterar meu apoio entusiasmado à campanha da Dilma – a essa mulher de fibra, que já passou por tudo e não tem medo de nada. Vai herdar um governo que não corteja os poderosos de sempre. O Brasil é um país que é ouvido em toda parte porque fala de igual para igual com todos. Não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai. Por isso, é respeitado e querido mundo afora, como nunca antes na história deste país”, afirmou Chico.

O ex-ministro Marcio Thomaz Bastos levou um manifesto dos advogados. Ganhou um beijo de Dilma. Já o escritor Fernando Morais bateu nas privatizações feitas pelo PSDB. “Estou com a Dilma porque sou brasileiro e quero o Brasil nas mãos dos brasileiros. Eu sou contra a privatização canibal que esses tucanos fizeram e sei o mal que o José Serra pode fazer para o Brasil.”

O filósofo Leonardo Boff disse que o PSDB faz políticas ricas para os ricos e políticas pobres para os pobres. “A esperança venceu o medo. Agora, a verdade vai vencer a mentira”, declarou Boff, comparando as eleições presidenciais de 2002 e 2010. “A alternativa a Dilma é obscurantismo, a repressão, o caminho do fascismo”, pontuou o sociólogo Emir Sader, referindo-se à coligação de José Serra.

Também estavam lá o cartunista Ziraldo, os atores Hugo Carvana, Osmar Prado e Paulo Betti, as cantoras Alcione, Elba Ramalho e Lia de Itamaracá, os cantores Wagner Tiso, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Diogo Nogueira, o músico Yamandu Costa, o produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto, os diretores de teatro como Aderbal Freire-Filho e Domingos de Oliveira, entre outras personalidades artísticas.

Do meio político, marcaram presença o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o candidato a vice-presidente Michel Temer, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, entre outros. “O Rio é um lugar sem preconceitos, onde as vanguardas são recebidas de braços abertos pelo Cristo Redentor”, afirmou Sérgio Cabral.

Semanas para entender aquele “você”

Num contundente discurso, Dilma reconheceu nos artistas e intelectuais presentes as músicas e os livros que marcaram sua vida. “Somos a soma de gerações que vem sonhando o Brasil, como Oscar Niemeyer, sonhando de décadas mais antigas. Eu comecei a sonhar nos anos 60. Era o sonho que o Brasil tinha de mudar, não podia ser de extrema desigualdade.”

Ela recordou ter escutado Apesar de você, de Chico Buarque, quando estava na prisão. “A gente não entendeu direito quem era ‘você’”, disse Dilma, arrancando risos da plateia e do próprio compositor. “Levamos alguns dias, algumas semanas, para perceber quem era esse ‘você’...”. A música de Chico critica, de forma alegórica, a ditadura militar que estava em vigor no Brasil – e contra a qual Dilma lutou.

A candidata falou do orgulho que sente até das derrotas que sofreu. “Quem perde ganha uma grande capacidade de lutar e resistir. Disso uma geração não pode abrir mão”, afirmou Dilma. “Tenho muito orgulho das minhas derrotas, que fizeram parte da luta correta.”

Dilma evitou ataques diretos a Serra, mas não deixou de alfinetar a gestão Fernando Henrique Cardoso e o PSDB. “Recebemos o país de joelhos diante do Fundo Monetário Internacional”, disparou. “Tínhamos recebido também, misteriosamente, um país onde, depois de vender R$ 100 bilhões do patrimônio, a dívida tinha dobrado – o maior ‘milagre’ da gestão financeira dos tucanos.”

Não ser os EUA da América do Sul

Segundo Dilma, a transformação vivida pelo Brasil nos últimos oito anos quebrou o tabu segundo o qual era impossível crescer e distribuir renda. “Mudamos a trajetória deste país. Não foram mudanças pontuais. Hoje, o Estado dá subsídio direto para a população. Faz isso na casa própria e na luz elétrica”, afirmou ela, lembrando que 28 milhões de pessoas saíram da pobreza no governo Lula. 

“O meu compromisso é erradicar a pobreza no Brasil. Ninguém respeita quem deixa uma parte de seu povo na miséria”, agregou. “Não queremos ser os Estados Unidos da América do Sul, onde uma grande parte da população negra está na cadeia e uma parte da população branca pobre mora em trailer e não tem acesso às condições fundamentais de sobrevivência digna.”

A petista se lembrou de Marina Silva ao citar dados a respeito da redução do desmatamento na Amazônia e no cerrado. “Temos que ter orgulho de todas as políticas de meio ambiente implantadas no Brasil, inclusive pela ministra Marina, pelo ministro [Carlos] Minc”. Minc também estava presente no encontro.

Dilma aproveitou o assunto para abordar a questão do pré-sal. “O petróleo que nós extrairmos do pré-sal é para exportar, é para garantir que haja riqueza suficiente no Brasil”, afirmou a candidata. “Manter o modelo anterior (de FHC e Serra) é privatizar o petróleo: botar o pré-sal – que é a maior riqueza de petróleo descoberta nos últimos anos – de ‘mão beijada’ para empresas privadas internacionais. É por isso que a bancada do PSDB votou contra o modelo de partilha”, afirmou.

O público que ficou do lado de fora do teatro permaneceu até o fim do evento para aplaudir a candidata de perto. Mesmo sob chuva, o grupo gritou “Olê, olê, olê, olá / Dilma, Dilma” na saída da presidenciável . Dilma, emocionada, recebeu beijos e abraços no trajeto do palco até o carro, diante da multidão que a acompanhava. A atividade deu um ânimo imensurável à sua candidatura.

Fonte: Da Redação, com agências

Após baixarias tucanas, Dilma cresce e 

abre 12 pontos sobre Serra

 

A vantagem de Dilma Rousseff sobre José Serra no segundo turno da corrida presidencial cresceu quatro pontos percentuais em apenas seis dias – o que deixa a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando mais próxima da vitória na eleição de 31 de outubro. É o que aponta pesquisa Vox Populi/iGdivulgada na manhã desta terça-feira (19). 



Por André Cintra


Segundo o instituto, Dilma tem 51% das intenções de votos para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – seu principal apoiador. Já Serra, à frente de uma das campanhas mais sujas no Brasil desde as últimas décadas, caiu para 39%. Em relação ao Vox Populi de 13 de outubro, a petista cresceu três pontos percentuais, enquanto o tucano caiu um – ela tinha 48%, contra 40% de Serra.

Pretendem anular ou votar em branco 6% dos entrevistados – mesmo patamar da última pesquisa. O índice de eleitores indecisos, no entanto, caiu de 6% para 4%. A margem de erro estimada pelo instituto é baixíssima – apenas 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.

Nos chamados votos válidos (que excluem brancos, nulos e indecisos), a dianteira de Dilma fica mais evidente. A presidenciável – que tinha oito pontos à frente Serra (54% a 46%) na semana passada – agora lidera mais folgadamente: 57% a 43%. 

Segundo o Vox Populi, é no Nordeste e no Sudeste que o desempenho de Dilma justifica a diferença cada vez mais sólida sobre Serra. Entre os nordestinos, a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando é a preferida de impressionantes 65%, ao passo que Serra amarga 25%. 

Esse trunfo exigiria que a candidatura demo-tucana compensasse a votação nos maiores colégios eleitorais do Brasil, concentrados no Sudeste. Nessa região, porém, Dilma também ampliou a vantagem e lidera a disputa – por 47% contra 40%. O consolo de Serra está no Sul, onde ele segue à frente de Dilma, com 50% – ela aparece com 41%.

Aborto e renda

A pesquisa Vox Populi mostra que boa parte do eleitorado reagiu negativamente à baixaria da campanha Serra. Com a imposição de temas como o aborto na pauta eleitoral, quem mais se beneficiou foi Dilma – que reduziu sua desvantagem no eleitorado evangélico (42% a 44%) e consolidou sua vantagem entre os católicos praticantes (54% a 37%) e não praticantes (55% a 37%). O eleitorado declaradamente ateu também prefere a petista – 49% a 36%.

Candidato das elites, Serra só lidera o pleito – e, ainda assim, na margem de erro (44% a 42%) – na faixa do eleitorado que ganha mais de cinco salários mínimos e nos entrevistados com nível superior (47% a 40%). Dilma, em contrapartida, massacra o tucano por 61% a 31% entre os eleitores que recebem não mais que um mínimo. Vence também (55% a 38%) no segmento do eleitorado com até a 4ª série do ensino fundamental.

Dilma tem voto mais convicto

O levantamento do Vox Populi ouviu 3 mil eleitores de 15 a 17 de outubro e foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o número 36.193/10. Devido ao período de sondagem, a pesquisa não capta os efeitos do debate monótono entre Dilma e Serra promovido no domingo pela Rede TV! e da excelente entrevista de Dilma na segunda-feira ao Jornal Nacional.

De qualquer maneira, há um dado na pesquisa que aponta a cristalização da preferência do eleitorado. É que, segundo o Vox Populi, 89% dos que eleitores que declararam voto em algum candidato já se definiram de maneira irreversível. Apenas 9% admitem mudar de preferência. A boa notícia é que os eleitores de Dilma são os mais convictos – 93% dos dilmistas declaram que seu voto está consolidado. Já no eleitorado de Serra, esse índice é de 89%.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


A ceia facista

Aprendi ao longo de minha vida que os valores cristãos precisamser respeitados em todas suas dimensões, assim como para além da liberdade de culto religioso reside o direito constituído de cada cidadão neste país como um instrumento de emancipação da maturidade espiritual na sua liberdade de escolha.  O que choca é saber que em período eleitoral pastores como da Igreja Quadrangular usaram o momento supostamente sagrado da Santa Ceia de seus fiéis para passar vídeos de caráter puramente político e apócrifo buscando influenciar seus fiéis e eleitores, incutindo-lhes terrorismo eleitoral em relação à candidata a presidência Dilma Rousseff como aconteceu na Igreja Quadrangular do Bairro Saic e em outras igrejas na cidade de Chapecó. 

Do ponto de vista jurídico um ato criminoso de coerção eleitoral, do ponto de vista Cristão um ato de terrorismo com a fé e os valores religiosos, do ponto de vista doutrinário uma violência ao evangelho, e do ponto de vista social uma profunda falta de respeito à fé dos seguidores. Minha mãe chocada me relatou o fato, profundamente decepcionada com a igreja a qual professa sua fé e serve a mais de 30 anos, por entender que naquele momento tão esperado da ceia sentiu sua fé violentada diante de um pastor despreparado, revestido de um cristo que exclui, que não é o crucificado mas o que crucifica, querendo servir  o pão virtual mofado e o falso vinho envenenado de mentiras aos seus fiéis. Resta a pergunta aos respeitados pastores da citada denominação religiosa se isso foi orientação da própria igreja ou iniciativa pessoal dos interesses iluminados de seu presbítero mal preparado. Assim como não faltam perguntas à atitude de bispos diretamente ligados a reacionária Cúria romana que assumiram para si o caráter de juízes em causa própria de uma instituição milenar que ao longo de séculos serve a eucaristia do suposto amor em certos momentos, regado ao sangue daqueles que ousaram contrariar suas verdades fabricadas em outros tempos. 

Vejamos o caso dos Bispos da Diocese de Guarulhos em especial o Bispo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini que mandaou confeccionar milhões de panfletos apócrifos contra a candidata Dilma e todos os candidatos da coligação. No mínimo um ato de terrorismo contra os seus fiéis, uma atitude violenta a democracia, a decretação da falência da ética social e dos valores cristãos de fiéis que depositam a moeda daviúva, para sustentar uma igreja de pequenos burgueses que vivem às custa da fé de seus seguidores. Para além destas repugnantes atitudes ficam perguntas aprisionadas no tempo, inaceitáveis a mim ex-seminarista; como os problemas tão antigos e tão pertinentes na instituição católica sobre as questões de pedofilia, homossexualismo,quebra do celibato, prestação de contas das arrecadações. Fatos que até hoje nenhum bispo se elevou e muito menos a CNBB para fazer materiais repudiando atitudes e atos criminosos de padres e bispos acusados de tais atos dentro da instituição. 

Atitudes tão contraditórias de casos de aborto forçado pelo lado de vitimas dos moralistas mais imorais, que dos altares e púlpito gritam um evangelho falido e violentado pelas suas próprias contradições, que combatem o homossexualismo para esconder o que vivem dentro da instituição, que pregam contra a infidelidade mas também tem sido agentes desta realidade. Assim bem como, muitos pastores que vivem as custa das desgraças da vida moderna, onde milhares de pessoas mergulhadas em suas frustrações e vazios existenciais buscam um alento para almas feridas, e se deparam com oportunistas de plantão que se apresentam com representantes de Cristo.

Aos que exercem com seriedade a vocação de pregadores que se reserve as desculpas e esperanças de vindouras e ternas bem aventuranças de um pecador como eu. E aos que tem feito da fé dos seus seguidores instrumento de suas ambições e contradições que se grite nosso lamento de repudio. Pois é inadmissível que possamos continuar silenciados diante de tantas injustiças e violência aos valores cristãos dentro destas instituições. Aos católicos fica a sugestão de Thomas de Aquino na Suma Teológica “ ... para se evitar um mal maior é licito que se cometa um menor”, neste caso o mal menor é que seja varrido para fora da instituição este lixo moralista e contraditório enquanto é tempo, pois esta mais que na hora de muitos padres e bispos entrarem no confessionário e confessar aos fiéis seus profundos atos de pecado, isso para não adiantar a necessidade urgente de sentarem no banco dos réus e serem julgado pelos seus crimes civis, pois se o código de direito canônico eles conhecem, talvez ainda falta conhecerem o Código de direito penal.

Do contrário poderá acabar valendo a máxima de Voltaire de que: “o mundo só será melhor o dia em que o ultimo sacerdote canalha for enforcado nas vísceras do ultimo Episcoporum omisso”. Que seja virada esta mesa eucarística onde tem servido ao invés do pão, laminas do ódio e no cálice do vinho vinagre que envenena. Pois ser doutrinário demagogo aparenta ser fácil ante a dificuldade de se encontrar como cristão. Se Cristo voltasse hoje muitos padres, Bispos e Pastores fugiriam para o inferno, e as igrejas deles se tornariam um cartão postal de Sodoma e Gomorra.

Neuri A²
Filósofo Existencialista

A santíssima trindade dos homens de bem

 

Gilson Caroni *
 

 A canalhice eleitoral também pode ser cruel e humilhante, quando adiciona à degradação do corpo político a desordem das idéias. Às vezes, para sorte dos náufragos, o processo é lento, de se medir em anos. Outras vezes, tem a perversão da rapidez e produz em suas vítimas súbita metamorfose. Esta velhice, a mais sofrida para quem dela padece e a mais chocante para quem a vê, abateu-se sobre a candidatura Serra.

 

A versão global-carismática da desmodernização brasileira parece não conhecer limites. Na disputa política, o “iluminismo tucano"  tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. Os dois fenômenos, o da fé mercantilizada e o da política dessecularizada,  tornaram-se imbricados, um aprendendo a usar os recursos do outro para alavancar os seus projetos que guardam inequívoca afinidade eletiva. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".

Se acrescentarmos ao quadro dantesco a Justiça Eleitoral usada como instrumento de poder, veremos o quanto está ameaçada a legitimidade da representação popular, sem a qual não existe democracia. Estaríamos assistindo à implantação no país de uma justiça de gabinete, considerada pelo pensamento jurídico mundial a forma mais infame de  prepotência principesca? Este é o projeto demotucano? Oremos todos.

A temperatura da campanha, agitada com os debates entre os candidatos e a demonização do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), nos obriga a retroceder no tempo para lembrar ao eleitor de classe média a tessitura do retrocesso em andamento. É interessante retornar a 2001, para aquilatarmos alguns dados e falas esquecidas.

Há nove anos, Márcio Pochmann, fazia uma precisa radiografia do desemprego e da precarização do trabalho, que assolava a economia brasileira(*). O autor apresentava quais os principais elementos que asseguravam a (triste) presença do Brasil no pódio, como um dos campeões do desemprego em escala mundial. Em suas palavras: “Em 1999, por exemplo, o Brasil ocupou o terceiro lugar no mundo em desemprego aberto, representando 5,61% do total do desemprego mundial,  apesar de contribuir com 3,12% na PEA global. Em contrapartida, no ano de 1986, a colocação do Brasil no ranking mundial foi a décima terceira, com participaçãó de 2,75% e representação de 1,68% do desempenho mundial".

O economista alertava que o perfil ocupacional do trabalhador brasileiro o deixava exposto aos efeitos deletérios da globalização, decorrentes da liberalização comercial e da desregulamentação do mercado de trabalho, sem constrangimento por parte das políticas macroeconômicas e sociais nacionais. Para quem acredita que Lula nada mais fez senão dar continuidade ao governo FHC, é legítimo indagar: sobre que bases em que está assentada esta crença?

O descontentamento com a crise energética influía negativamente na avaliação do governo FHC, de acordo com pesquisa  do Instituto Vox Populi, feita em junho de 2001. O percentual de ruim e péssimo saltava de 34 para 42%. A taxa de ótimo/bom refluía de 22% para 17%. Os entrevistados apontavam como piores áreas do governo: a saúde (29%), a energia elétrica (23%) e a segurança (17%). Ou seja, a gestão do “melhor ministro da Saúde que o país já teve", como alardeia a propaganda tucana, era a que apresentava a pior avaliação. Os tempos eram duros para o “homem de bem" dos púlpitos do Opus Dei.
Em 2002, aliados e estrategistas dos principais candidatos à Presidência acreditavam que o fechamento de um acordo com o FMI aliviaria o clima da campanha eleitoral por trazer mais estabilidade à economia e afastar a "argentinização" do Brasil.

O candidato do PSDB, José Serra, pretendia faturar o momento, apresentando-se como o único capaz de repetir o feito de fechar, se necessário, um novo acordo.  Seu raciocínio era contestado por outro ”homem de bem". O presidente do PPS, senador Roberto Freire, conhecido como “líder do governo na oposição", reagia com ironia aos prognósticos do tucano.

“Isso é uma besteira, algo risível. Esse acordo está sendo fechado para corrigir os equívocos da equipe econômica, totalmente subordinada ao FMI. Porque reduziram o estrago, agora querem virar os salvadores da pátria".

Freire, como se sabe, viria a apoiar Alckmin em 2006 e está na coligação tucana em 2010. Sua trajetória, como político de esquerda, é conhecida. Desde os tempos do velho PCB, o oportunismo açoita-o em direção da direita, em nome de evitar a vitória da direita pior. Sempre aderiu ao blablablá de combater o "inimigo de dentro"- o que, na linguagem cristalina da política, significa descolar uns empreguinhos no governo. E, quem sabe, um dinheirinho para a campanha. Esta sempre foi sua interpretação sobre o conceito gramsciano de "guerra de posição"

O DEM completa a tríade da santidade oposicionista. Nunca foi capaz de matricular-se num curso intensivo sobre como fazer campanhas eleitorais sem recursos do Orçamento da União, que fosse só na base do palanque, aqui entendido como discurso de identificação com a sociedade. Para tal, precisaria arrumar um projeto de país, coisa que jamais passou pela cabeça do seu ex-presidente, Jorge Bornhausen, conhecido pelo apelido de “Alemão", por conta do temperamento gélido e da ascendência genética.

Serra, Freire, Borhausen. Eis a santíssima trindade. Por ela, as redações rezam em editoriais e colunas: “dai-me sempre guarida, tende de mim piedade" O Estado laico não pode dizer amém.
* Poichman, Márcio. O Emprego na Globalização. SP, Boitempo, 2001

* É professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

Porque não sou um cristão

 

Carlos Pompe *
 

Em meio ao debate em que os dois postulantes à Presidência da República que ficaram para o segundo turno, Dilma e Serra, digladiam-se para mostrar quem é mais compromissado com os dogmas religiosos, um momento de reflexão e paz de espírito. Transcrevo trecho da palestra proferida por Bertrand Russell em 6 de março de 1927 em Londres, conforme reproduzida, com dois exemplos, no romance Indignação, do norte-americano Philip Roth.

 

“Primeiro, explicando por que não tem a menor validade o argumento da causa primeira, ele (Russell) diz: ‘Se tudo precisa ter uma causa, então Deus precisa ter uma causa. Se é possível existir alguma coisa sem uma causa, tanto pode ser o mundo quanto Deus’. Segundo, quanto ao argumento do desígnio, ele diz: ‘Você acha que, se recebesse o dom da onipotência e da onisciência, além de milhões de anos para aperfeiçoar o mundo, não seria capaz de produzir nada melhor do que a Ku Klux Klan ou os fascistas?’. Ele também discute os defeitos dos ensinamentos de Cristo tal como aparecem nos evangelhos, observando que, do ponto de vista histórico, é bastante duvidoso que Jesus Cristo tenha realmente existido. Para ele, o maior defeito na estrutura moral de Jesus é sua crença na existência do inferno. Russell diz ‘não sinto que ninguém que seja profundamente humano pode acreditar na punição eterna’, e acusa Jesus de demonstrar uma fúria vingativa para com as pessoas que não davam atenção a suas pregações. Ele discute com absoluta franqueza como as igrejas atrasaram o progresso humano e como, por sua insistência no que resolveram chamar de moralidade, infligiram sofrimento imerecido e desnecessário a todo tipo de gente.

 A religião, segundo ele, baseia-se predominantemente no medo – medo do misterioso, medo da derrota e medo da morte. O medo, para Bertrand Russell, é o pai da crueldade, e por isso não surpreende que a crueldade e a religião tenham caminhado de mãos dadas ao longo dos séculos. Devemos conquistar o mundo pela inteligência, diz Russell, e não nos deixando escravizar pelo terror que vem de vivermos nele. Toda a concepção de Deus, ele conclui, é indigna de homens livres. Esses são os pensamentos de um vencedor do Prêmio Nobel, renomado por suas contribuições à filosofia e por seu domínio da lógica e da teoria do conhecimento, com os quais estou de pleno acordo”.

Aqui termino a citação. Russell queria conquistar o mundo pela inteligência. Antes dele, Marx e seus seguidores defendiam o conhecimento profundo da realidade para melhor nela atuar e transformá-la. Mas voltemos à campanha eleitoral. O estado laico não está sendo defendido por nenhum dos que disputam eleitores para a Presidência em 31 de outubro. Dilma conta com meu voto, apesar vergar-se de forma temerária a cristãos reacionários de várias seitas. Ela representa um projeto de país melhor do que o do seu opositor.

Uma vitória de Serra (deus nos livre! Bata na madeira 3 vezes! Vade retro!) afastaria ainda mais o Brasil da perspectiva socialista.

Indignemo-nos juntos no twitter: @carlopo

* Jornalista e curioso do mundo.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

sábado, 16 de outubro de 2010


      Serra causa tumulto em igreja e é desmascarado por padre       


Terminou em tumulto uma missa neste sábado (16) na Basílica de São Francisco das Chagas, no município de Canindé (CE), que fez parte da agenda de compromissos da campanha eleitoral do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra.


No final da celebração, o padre disse que eram mentirosos os panfletos que circulavam na igreja afirmando que a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff, era a favor do aborto e tinha envolvimento com a organização insurgente colombiana Farc.

O padre disse que aquelas mensagens estavam sendo atribuídas à igreja, mas que ela não autorizava esse tipo de publicação em seu nome.

O senador em fim de mandato Tasso Jereissati (PSDB-CE), fragorosamente derrotado nas eleições de 3 de outubro, se exaltou e afirmou que era um “padre petista” como aquele que estava “causando problemas à igreja”. 

Foi mais um acesso de raiva e coronelismo do tucano rejeitado nas urnas pelo povo cearense.

Alguns partidários do tucano também se exaltaram e o padre saiu escoltado por seguranças. 

O panfleto não assinado que circulou na igreja falava em três “grandes motivos para não votar em Dilma”. O texto acusa a candidata de “ter se envolvido com as Farc”, de ser “favorável ao aborto” e de envolvimento em “casos de corrupção” na Casa Civil.

Durante a missa, a chegada de Serra e seus apoiadores causou tumulto. O padre pediu que Serra e seus seguidores não atrapalhassem o objetivo principal da cerimônia religiosa.

Fonte: Com agências

             Dilma e Lula em SP: "O amor vai derrotar o ódio"               


O presidente Lula fez na noite desta sexta-feira (15) um contundente discurso em repúdio aos ataques promovidos pelo PSDB de José Serra contra a candidatura de Dilma Rousseff. No comício em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, Lula chamou de "vergonhosa" a campanha de José Serra. Segundo o presidente, os adversários repetem o preconceito usado nas outras eleições para tentar “abusar da boa fé do povo”



“É uma vergonha o que eles estão fazendo na campanha. Mentindo e difamando. Que nós precisamos dizer a eles é que nós já conhecemos essa história. Não é a primeira vez que somos candidatos. Não é a primeira vez que nós vemos o preconceito contra a mulher. Isso é histórico e crônico aqui em São Paulo”, disse Lula.

Dilma, por sua vez, afirmou que o medo e o ódio propagados nestas eleições serão derrotados com amor. Em 2002, na primeira eleição do presidente Lula, a esperança venceu o medo. Agora é a vez do amor derrotar o ódio. "Eles querem usar o ódio, que é um sentimento irmão do medo. Casaram o ódio com o medo e querem que a gente não enxergue o que está em questão. Vamos derrotá-los com amor e esperança pelo Brasil", disse, diante de um público de milhares de pessoas.

“A opção entre um país da esperança e do amor, e o país do ódio e do medo é o que está em questão no dia 31 de outubro. Por isso, quero dizer que, com a força de vocês, se Deus quiser, eu serei a primeira presidenta da República”, completou Dilma, pedindo o voto dos eleitores da Zona Leste.

O presidente Lula e sua candidata alertaram para as promessas feitas apenas em época de eleição, lembrando que seu governo, em oito anos, fez mais pelos pobres que a elite em todos os períodos em que governou o Brasil.

“Eleição é época de promessas fartas. Estão prometendo até aumentar o salário mínimo. Mas governaram esse país a vida inteira e não aumentaram. Estão falando em dar até décimo terceiro para o Bolsa Família. Eu e Dilma, que passamos oito anos para fazer o Brasil subir ladeira acima, não podemos permitir que o Brasil desça serra abaixo”, advertiu Lula. 

Pré-sal

Lula citou ainda os pedágios cobrados nas estradas paulistas, que chamou de “assalto ao bolso do povo de São Paulo”. Dilma chamou atenção para a possibilidade de privatização do petróleo do pré-sal por seu adversário.

“Nós apostamos nos trabalhadores da Petrobras e descobrimos o pré-sal, aquela riqueza que está lá no fundo do mar. Aí vem o principal assessor do meu adversário e diz que o governo Lula está errado, que nós temos de privatizar o pré-sal. Querem privatizar o pré-sal para entregar para as empresas internacionais e levarem essa riqueza para o exterior. Isso nós não vamos deixar”, disse a candidata.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

   Garcia diz por que tema das privatizações incomodam Serra            


No primeiro debate televisivo do segundo turno desta campanha eleitoral, José Serra mostrou-se incomodado quando o tema das privatizações foi colocado por Dilma Rousseff. Serra quis dar ao debate da questão um significado eleitoreiro, talvez pensando que seja mais um "trololó" da esquerda, como gosta tanto de dizer.



Por Marco Aurélio Garcia*, na Folha de S.Paulo



Não é assim. Quando a sociedade brasileira é convocada para decidir os destinos do país nos próximos anos, nada mais natural que o papel do Estado em nosso projeto nacional de desenvolvimento seja devidamente debatido.

A questão das privatizações emergiu no governo Collor de Mello, dormitou no interregno Itamar Franco e ganhou força durante o período FHC.

Correspondeu a período marcado não só pela "débâcle" dos regimes comunistas europeus e pela deriva social-democrata como pelo aparente êxito da proposta neoliberal que vicejava na Inglaterra de Thatcher e no Chile de Pinochet.

As teses sobre a diminuição do papel do Estado -quando não da necessidade do Estado mínimo- que acabaram por bater, ainda que tardiamente, nas costas brasileiras refletiam um otimismo desenfreado sobre o papel dos mercados na regulação econômica e financeira. Elas espelhavam também o grande fascínio exercido pela "globalização" produtiva, mas sobretudo financeira, em curso.

Ao considerar, de certa forma, irrelevantes a produção e os mercados nacionais, elas acabavam por minimizar o papel desempenhado pelos Estados nacionais.

Os governantes teriam de ser apenas gerentes de políticas mundialmente acordadas pelos grandes centros econômicos. Ficariam relegados a replicar orientações macroeconômicas de fora, que viabilizassem novo desenho geoeconômico e, evidentemente, geopolítico.

FHC não hesitou em proclamar o advento de um "novo Renascimento" mundial, ainda que fosse obrigado a reconhecer que alguns milhões de brasileiros iriam ficar obrigatoriamente fora deste suposto ciclo de prosperidade.

Complementando o ajuste que aqui e lá fora foi praticado, trataram de liberar o Estado de pesados fardos -as estatais-, que supostamente o impediam de cumprir suas funções. Ficava a dúvida sobre quais seriam essas "funções".

Não por acaso usou-se na propaganda a favor das privatizações a imagem de um elefante em um local fechado. As estatais não passavam de um trambolho que impedia o desenvolvimento do país.
No altar dessas crenças foram sacrificadas importantes empresas nacionais. Os cerca de US$ 100 bilhões conseguidos no processo de privatização comandado pelo ministro José Serra se esfumaram.

O país aumentou consideravelmente sua dívida interna e se tornou muito mais vulnerável internacionalmente, como ficou claro quando as crises mexicana, asiática e russa levaram o Brasil sucessivamente à beira do abismo.

Perversidade maior desse processo foi o uso de vultuosos recursos do BNDES para financiar as empresas estrangeiras que entraram nas privatizações. Resumindo a originalidade brasileira: privatizou-se com dinheiro do Estado brasileiro.

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em 2008, no início da grande crise econômica mundial, o presidente Lula afirmou ter chegado a "hora da política", a hora do Estado. Os meses que se seguiram deram a essa fala toda a sua significação.

Por ter barrado as privatizações, fortalecido as estatais e dado a elas um papel estratégico no desenvolvimento nacional, o Brasil pôde enfrentar, como poucos países, a tempestade financeira que se abateu sobre o mundo.

Os bancos públicos, a Petrobras e as estatais do setor elétrico foram fundamentais nesse processo.
Portanto, não estamos diante de um debate que opõe dinossauros a modernos. O que está em jogo é o interesse nacional.

*Marco Aurélio Garcia é assessor especial de política externa da Presidência da República e coordenador do programa de governo de Dilma Rousseff (PT). Foi secretário de Cultura do município de São Paulo (gestão Marta Suplicy).



         Marilena Chaui: Serra é uma ameaça à democracia            



Em entrevista gravada anteontem, em São Paulo, a filósofa Marilena Chaui fala sobre as eleições deste ano e explica por que o projeto dos tucanos é um retrocesso. Segundo ela, o candidato José Serra representa uma ameaça às conquistas sociais e econômicas alcançadas pelo governo Lula. Marilena avalia que os ambientalistas devem estar atentos no segundo turno porque Serra teve votação maior em regiões de desmatamento e do agronegócio.



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Religiosos divulgam no Rio de Janeiro 

manifesto em apoio a Dilma

 

Encabeçado por sete bispos, entre eles dom Thomas Balduíno, bispo emérito de Goiás Velho (GO) e presidente honorário da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e d. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Felix do Araguaia (MT), foi divulgado hoje um manifesto de "cristãos e cristãs evangélicos e católicos em favor da vida e da vida em abundância", que contava no início da tarde com mais de 300 adesões de religiosos e fiéis. 

 

O texto será entregue a Dilma Rousseff (PT) na segunda-feira, no Rio, na mesma cerimônia em que a candidata à Presidência receberá apoio de intelectuais e artistas.

Os adeptos rechaçam que "se use da fé para condenar alguma candidatura" e dizem que fazem a declaração de voto "como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais".

No manifesto, eles deixam claro que "para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra (José Serra, presidenciável pelo PSDB)".

O documento recebeu o apoio dos bispos Demétrio Valentini (Jales, SP); Luiz Eccel (Caçador, SC); Antônio Possamai, bispo emérito de Rondônia; Xavier Gilles e Sebastião Lima Duarte, bispo emérito e bispo diocesano de Viana (MA). Também apoiam Dilma dezenas de padres e religiosos católicos como Frei Betto, pastores evangélicos, o monge da Comunidade Zen Budista (SP) Joshin, o teólogo Leonardo Boff, o antropólogo Otávio Velho e a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Victoria Benevides.

Dívida social

O manifesto faz referência velada a casos de pedofilia nas igrejas para afastar a exigência de candidatos comprometidos com religiões. Os signatários do manifesto ressaltam: "Sabemos de pessoas que se dizem religiosas e que cometem atrocidades contra crianças e, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo. Não nos interessa se tal candidato(a) é religioso ou não."

O documento também dialoga com eleitores de Marina Silva, do PV, lembrando que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano, como propôs Marina, "só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido". Para eles, Dilma representa este projeto "iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula".

Diálogo


Embora admitam terem "críticas a alguns aspectos e políticas do governo atual que Dilma promete continuar", os signatários destacam saber a diferença entre "ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir".

"Neste sentido, tanto no governo federal, como nos Estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido", afirma o texto.

Fonte: Agência Estado

Luis Nassif: A psicologia de massa do fascismo à brasileira

 

Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro. O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial.

por Luis Nassif, em seu blog

 

Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências.

Em outros países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.

Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.

À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados.

Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.

Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.

O fascismo à brasileira

Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.

Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma.

Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.

Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações.

Minhas filhas menores freqüentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.

Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.

No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, é captar as reações dos funcionários ao debate da Band.

A construção do ódio

Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.

Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.

Que país sairá dessas eleições?, até desanima imaginar.

Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.

Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia