quinta-feira, 9 de setembro de 2010


        Haddad diz que desafio é levar idoso morador do     

                              campo à escola                                          


Atrair uma população idosa e moradora do campo para retornar às salas de aula é o principal desafio para reduzir as taxas de analfabetismo no país, avaliou o ministro da Educação, Fernando Haddad.


Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE) de 2009, divulgada nesta quarta-feira, 9, o Brasil tem atualmente 14 milhões de analfabetos, o que representa 9,7% da população acima de 15 anos.

De acordo com Haddad, nas áreas urbanas, na população entre 15 e 49 anos, a taxa de analfabetismo é inferior a 4%. Ele ressaltou ainda que a idade média do analfabeto no Brasil é de 56 anos. “É uma população dispersa pelo território e economicamente ativa. São pessoas que só teriam a noite ou o fim de semana para estudar. Não é uma tarefa qualquer.”

Em 2000, o Brasil assinou acordo internacional com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) comprometendo-se a reduzir em 50% a taxa de analfabetismo até 2015. Isso significa chegar ao patamar de 6,7% em seis anos. As últimas edições da Pnad mostraram que a queda tem sido lenta. De 2007 para 2008 foi de 0,1% e de 2008 para 2009, de 0,3%.

Na avaliação do ministro, será necessário um “esforço adicional” para atingir essas metas. Segundo ele, é preciso continuar apostando na colaboração com municípios para chegar até essa população. “Acredito que o próximo censo [do IBGE] será uma grande instrumento para promover as alterações necessárias para acelerar o passo”, afirmou. De acordo com ele, o censo trará um diagnóstico mais preciso do problema, permitindo o trabalho com prefeituras e regiões onde as taxas são mais altas.

Fonte: Agência Brasil



      Analfabetismo funcional cai durante governo Lula        


De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, divulgada nesta quarta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de analfabetismo funcional no Brasil tem caído desde 2004.


Naquele ano, segundo o IBGE, o país tinha 24,4% de analfabetos funcionais. Em 2008, o total era de 21%. Em comparação com 2009, a taxa caiu 0,7 pontos percentuais. Um em cada cinco brasileiros (20,3%) é analfabeto funcional.

É considerada analfabeta funcional a pessoa com 15 ou mais anos de idade e com menos de quatro anos de estudo completo. Em geral, ele lê e escreve frases simples, mas não consegue, por exemplo, interpretar textos.

Segundo a pesquisa, o problema é maior na região Nordeste, na qual a taxa de analfabetismo funcional chega a 30,8%. Na região Sudeste, onde esse índice é menor, a taxa ainda supera os 15%.

Analfabetismo total

A taxa de analfabetismo no Brasil entre pessoas com 15 anos ou mais caiu 0,3 pontos percentuais entre 2008 e o ano passado, de acordo com a Pnad. O índice saiu de 10% há dois anos para 9,7% em 2009. Segundo o órgão, o isso representa 14,1 milhões de analfabetos – em 2008, eram 14,2 milhões.

De acordo com o IBGE, a maioria dos analfabetos (92,6%) está concentrada no grupo com mais de 25 anos de idade. No Nordeste, a taxa de analfabetismo entre a população com 50 anos ou mais chega a 40,1%, enquanto que no Sul, esse número é de 12,2%. 

Da redação, com agências



Fonte: http://www.vermelho.org.br

    Pesquisa do IBGE revela diferenças entre governos        

                                 Lula e FHC                                            


O Brasil melhorou ao longo dos últimos anos. Isto transparece na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também constata a persistência de problemas como o analfabetismo, trabalho infantil (embora em queda) e domicílios sem acesso a rede de esgoto, entre outros.


A população brasileira cresceu 1% e totalizou 191,8 milhões de pessoas em 2009. É um contingente numeroso, o quinto maior do mundo, que hoje vive uma situação econômica um pouco mais confortável e promissora do que nos anos 1990, conforme revelam as estatísticas do IBGE.

Em ascensão

O rendimento médio mensal real de todas as fontes – incluindo os programas de transferência de renda – das pessoas com 10 anos ou mais de idade subiu 2,3% entre 2008 e 2009, pulando de R$ 1.064,00 para R$ 1.088,00, completando a quinta alta seguida desde 2004. 

A renda domiciliar média mensal real cresceu 1,5%, passando de R$ 2.055,00 em 2008 para R$ 2.085,00 no ano passado. No acumulado desde 2004, o rendimento domiciliar acumulou 19,3% de alta. O índice de Gini, que mede a desigualdade social, caiu entre 2008 e 2009 para os domicílios particulares permanentes com rendimento de qualquer fonte. Neste caso, o indicador passou de 0,514 em 2008 para 0,509 no ano passado – quanto mais perto de zero, menor é a desigualdade.

Herança neoliberal

A renda mensal do trabalhador cresceu pelo quinto ano consecutivo. Todavia, ainda não recuperou os níveis da década de 1990. Em 2009, a renda média cresceu 2,2% e chegou a R$ 1.106. Já entre 2004 a 2009, a renda teve expansão de 20%. Mas o recorde ainda é o de 1996, que não considerava as regiões rurais da região Norte, quando o rendimento médio do trabalhador chegava a R$ 1.144. Na mesma comparação entre 2009 e 1996 --excluindo as áreas rurais--, a renda média no ano passado subiria para R$ 1.111. 

De 1997 a 2004, o rendimento do trabalhador manteve queda constante, e a perda acumulada chegou a 18,1%, fechando 2004 em R$ 926 - o menor valor foi apontado em 1992, primeiro ano da série, com R$ 799. Os trabalhadores do Nordeste tiveram renda média de R$ 734 em 2009, a menor entre as regiões do país. No Centro-Oeste, os trabalhadores receberam R$ 1.309 médios, a maior do país. 

Tais números refletem com fidelidade o buraco que o neoliberalismo deixou no bolso da classe trabalhadora. Foi uma herança perversa. Os governos FHC se notabilizaram pelo desemprego em massa, o arrocho dos salários e a progressiva precarização das relações trabalhistas.

Desigualdade e analfabetismo

Apesar da ligeira redução do índice de Gini, a desigualdade permaneceu alta no país. Os 10% da população ocupada com os rendimentos mais elevados concentraram 42,5% do total da renda do trabalho. Já os 10% com renda mais baixa foram responsáveis por apenas 1,2% das remunerações. 

Outro problema que persiste aparentemente intocado é o analfabetismo, velha vergonha nacional. Em pleno século XXI, o Brasil ainda possui 14,1 milhões de analfabetos, o que corresponde a 9,7% da população com 15 anos ou mais de idade. Na comparação com 2008, houve queda de 1%. Naquele ano, a taxa de analfabetismo era de 10%. De 2004 a 2009, a taxa recuou apenas 1,8 p.p. (ponto percentual). 

A distribuição regional do analfabetismo reflete as desigualdades nacionais. No Nordeste, 18,7% da população é analfabeta, ante 19,4% em 2008 e 22,4% em 2005. No Norte, os analfabetos representam 10,6% da população; no Centro-Oeste, significam 8%, e 5,7% no Sudeste. No Sul, temos a menor proporção: 5,5%. 

Escolaridade melhora

O analfabetismo é maior entre os mais velhos, o que não deixa de sinalizar certo avanço. Do total de pessoas sem estudo, 92,6% têm 25 anos ou mais. Entre as pessoas com 50 anos ou mais, 21% não sabem ler e escrever. De 40 a 49 anos, são 9,3% de analfabetos. Na avaliação dos indivíduos de 15 a 17 anos, 1,5% são analfabetos. Entre a população de 18 a 24 anos, essa proporção chega a 2,1%. 

O nível de escolaridade da população melhorou. Do total da população com mais de 25 anos de idade, 10,6% tem nível superior completo, ante 8,1% em 2004. Entre essa parcela da população, 12,9% não têm instrução --contra 15,7% em 2004. Outros 36,9% têm o ensino fundamental incompleto, e 8,8% finalizaram o ensino fundamental. Já 23% da população têm o ensino médio completo. 

Mercado de trabalho

É notável o progresso realizado no mercado de trabalho, que explica o aumento da renda do trabalho. No ano passado, apesar da crise mundial, 483 mil trabalhadores foram formalizados, o que significou alta de 1,5% em relação a 2008. Ao todo, 32,4 milhões de empregados tinham carteira assinada em 2009, 59,6% do total, excluídos os trabalhadores domésticos, outros 28,2% não tinham carteira assinada, e 12,2% eram militares e funcionários públicos. O número é recorde. Na época de FHC mais de 50% dos empregados não tinham carteira assinada. 

Se comparado a 2004, o contingente de pessoas empregadas com carteira cresceu 26,6%. No mesmo período, o total de trabalhadores aumentou 16,7%. A Pnad mostra ainda que 53,5% dos trabalhadores contribuíam para a previdência em 2009. Cinco anos antes, essa proporção era de 46,4%. 

Crianças e adolescentes

O número de crianças e adolescentes que trabalham no país vem caindo nos últimos anos, mas no ano passado ainda havia 4,2 milhões de trabalhadores brasileiros com idade entre cinco e 17 anos, o que significa nível de ocupação de 9,8% do total das pessoas nessa faixa etária. Em 2008, esse número era de 4,4 milhões (10,2% do total).

Segundo dados históricos da Pnad, desde 1995, o percentual de crianças ocupadas entre cinco a nove anos caiu de 3,2% para 0,8% do total. Já entre os trabalhadores de 10 a 14 anos, o percentual desceu de 18,7% para 6,9%. Dos adolescentes de 15 a 17 anos, a média caiu de 44% para 27,4%.

Domésticos

O IBGE identificou 7,2 milhões de trabalhadores domésticos no ano passado, acréscimo de 9% frente a 2008. Ao mesmo tempo, o número de trabalhadores da categoria, com carteira assinada, apresentou expansão de 12,4%, ou 221 mil empregados a mais. De 2004 a 2009, houve aumento de 11,9% no contingente de trabalhadores domésticos. Em igual período, avançou 20% o total de empregados domésticos com carteira. 

O contraste entre as realizações do governo Lula e a herança neoliberal do tucano FHC salta aos olhos. Mas a persistência de antigos problemas, como o analfabetismo e a dimensão arrepiante da desigualdade, indica será preciso avançar muito mais para construir uma nação mais justa, próspera e solidária.

Da redação, com agências 


Brasil dobra o número de internautas em cinco anos

Com a estreia de 12 milhões de brasileiros na internet entre 2008 e 2009, o País se consolida como um dos que mais usa a grande rede mundial de computadores no mundo, tendo mais do que dobrado o total de usuários entre nos últimos cinco anos. 


De 2005 a 2009, o aumento foi de 112,9% e assim o Brasil passou de 31,9 milhões de internautas para 67,9 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (8).

No ano passado o Brasil tinha 67,9 milhões de usuários de Internet, contra 55,9 milhões em 2008. Segundo o IBGE, 41,7% da população estava conectada em 2009, acima dos 34,8% no ano anterior.

De 2005 a 2009, o salto no número de usuários de Internet no país foi de 112,9%, de acordo com o IBGE. Em 2005, eram 31,9 milhões de pessoas com 10 anos ou mais acessando à rede mundial de computadores.

As regiões mais pobres do Brasil – Norte e Nordeste– apresentaram os maiores aumentos de usuários nos últimos anos. O salto no total de internautas na região Nordeste foi de 213,9% e na Norte de 171,2%.

“O percentual nas regiões mais pobres subiu em função do barateamento do serviço e do seu acesso, bem como o barateamento do próprio computador no Brasil”, disse a pesquisadora do IBGE Maria Lúcia Vieira. “O aumento do rendimento tem impacto em todos os acessos a bens também.”

Ainda assim, enquanto no Sudeste 48,1% da população possui acesso à rede, no Nordeste o patamar é de 30,2% e no Norte estava em 34,3% no ano passado.

Segundo o IBGE, o percentual de domicílios com computadores no Brasil passou de 23,8 em 2008 para 27,4 em 2009. Em 2004, apenas 12,2% das residências brasileiras tinham PCs.

O acesso à Internet é mais frequente entre os mais jovens, de acordo com a PNAD, mas os adultos estão aderindo cada vez mais à tecnologia. Nas faixas etárias de 10 a 14 anos, o percentual de acesso era de 58,8% ; entre 15 e 17 anos subiu de 62,9 para 71,1%; e de 18 e 19 anos aumentou de 59,7% para 68,7%.

Apenas 15,2% da população na faixa de 50 anos ou mais usava Internet em 2009, de acordo com a PNAD. “O percentual é menor , mas é um pessoal que está se atualizando. Essa é um ferramenta fundamental para quem está no mercado de trabalho”, observou a pesquisadora do IBGE.

Mais velhos

Outra característica do avanço do acesso à internet no Brasil é o cronológioco. Pessoas com idade acima de 50 anos estão usando cada vez mais a internet de acordo com o Pnad. Pouco mais de 6,2 milhões de pessoas nessa faixa de idade (15,2% do total de internautas) acessaram a rede mundial de computadores no ano passado, um aumento de 148,3% entre 2005 e 2009. 

"Esse é um processo que se estende para todas as faixas etárias, inclusive de idade mais elevada. Com 50 anos ou mais, há uma parcela de gente que está no mercado de trabalho, precisando lidar com essa ferramenta" explicou o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.

De acordo com a Pnad, 67,9 milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade declararam ter acessado a internet no ano passado, 12 milhões a mais que em 2008. Entre 2005 e 2009, o crescimento do número de pessoas que usaram a rede foi de 112,9%.

Os moradores das regiões Sudeste (48,1%) e Centro-Oeste (47,2%) foram os que mais usaram a internet. Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual de internautas foi menor (34,3% e 30,2% respectivamente), embora o número de usuários tenha crescido 213,9% na Região Norte e 171,9% na Região Nordeste entre 2005 e 2009.

De acordo com a nota técnica de apresentação da pesquisa, "as regiões Norte e Nordeste apresentaram as menores proporções nos três anos analisados [2005, 2008 e 2009]. Entretanto, foram também as que registraram maior aumento proporcional no contingente de usuários".

Mulheres

As mulheres avançaram mais que os homens com relação aos acessos, especialmente nas faixas etárias de 30 a 39 anos – 28,2% das mulheres contra 24,8% dos homens; de 40 a 49 anos – 31,9% contra 21,8%; e no grupo de 50 anos ou mais de idade – 46,1% contra 35,5%.

Em relação aos número de microcomputadores, a redução da carga tributária sobre equipamentos de informática de uso pessoal tem influenciado na consistente ampliação do percentual de domicílios com computadores. Em 2009, 35% dos domicílios investigados em todo o país tinham microcomputador, frente a 31,2% em 2008, e 27,4% também tinham acesso à internet contra 23,8% em 2008. A região Sudeste se manteve acima da média nacional, com 43,7%. A região Norte tem 13,2% de seus domicílios com computador e a Nordeste, 14,4%.

A Pnad 2009 investigou 399.387 pessoas em 153.837 domicílios por todo o país a respeito de temas como população, migração, educação, trabalho, família, domicílios e rendimento, tendo setembro como mês de referência.

Da redação, com agências


Fonte: http://www.vermelho.org.br

                     O “Zé” dá mais um tiro no pé                                  

Messias Pontes *

O pior cego é aquele que não quer ver. E é justamente isto que está acontecendo com o candidato da oposição conservadora de direita (PSDB, DEMO, PPS e o maior deles, a grande mídia conservadora, venal e golpista), José Serra, ou simplesmente o “Zé”. Todo mundo está vendo que a campanha dele está dando errado desde o início, mas ele insiste no erro.



Depois do fracasso da tática eleitoral do pós-Lula, passou a usar a mentira como principal arma de campanha. Não dando certo, passou a atacar insanamente a sua principal opositora, Dilma Rousseff (PT, PMDB, PCdoB, PSB, PRB, PR, PDT. PSC, PTC e PTN) com calúnias, injúrias e difamações. 

Sempre com o apoio do maior partido de oposição, nos últimos 15 dias o “Zé” acusa, sem prova nenhuma, que a Dilma e o PT são os responsáveis pela quebra do sigilo fiscal de tucanos e da sua filha Verônica, a ex-sócia do mega-guabiru Daniel Dantas. Apesar da certeza da fragorosa derrota, mesmo assim o “Zé” ainda alimenta a esperança de poder virar o jogo e levar a eleição para o segundo turno.

Como um afogado que busca qualquer coisa para agarrar, o candidato demotucano não percebe que quanto mais ele se bate, mais vai para o fundo. A insistência na questão da quebra de sigilo fiscal chega a ser irracional, tanto que ele usa dois terços do seu tempo no rádio e na TV falando sobre o assunto, e o pouco tempo que resta ele usa mentindo, afirmando ser da lavra dele, sem ser, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, os genéricos e outros programas.

Quando o “Zé” anuncia o que vai fazer como presidente ninguém acredita, pois tudo o que diz soa falso como uma nota de três reais, dada a perda crescente de credibilidade. Ele está apelando pra tudo, pois não se conforma perder a última oportunidade de sentar na cadeira mais cobiçada do País. O desespero é maior na medida em que a distância entre ele e Dilma ultrapassa os 30 pontos percentuais. Ademais, foi abandonado pelos próprios correligionários que fogem dele como o diabo foge da cruz.

Os jornalões como a Folha, o Globo, o Estadão e a panfletária Veja, todos a serviço do “Zé”, continuam ocupando os espaços mais nobres, notadamente a capa, para demonizar Dilma e o seu partido, acusando, sem provas e omitindo a verdade. Os telejornais da Globo, então, estão dando verdadeiras aulas de antijornalismo. Daí ver a sua audiência despencar.

Para se ter uma pequena ideia do ódio das famíglias Marinho, Frias e Mesquita, vejamos as manchetes de 1ª página do último sábado:

Globo – Contador estava no PT quando acessou sigilo da filha de Serra; 

Folha – Dado sigiloso da filha de Serra foi obtido por filiado ao PT; 

Estadão – Dilma parou de subir, Serra de cair.

A cantilena desses jornalões não para e se repete todo dia sem o menor pudor. Ontem os três jornalões estamparam na 1ª página essas manchetes:

Globo – TER desmente PT e diz que contador não foi desfiliado;

Folha – TER desmonta a versão do PT sobre falso procurador; 

Estadão – Serra diz que Lula fez deboche com quebra de sigilo na Receita.

As manchetes do Estadão chegam a ser mais mentirosas que as demais. Dilma continua subindo e Serra caindo. Nos últimos sete dias, de acordo com o Vox Populi, Dilma subiu de 51 para 56 pontos percentuais, ao passo que o “Zé” caiu de 25 para 21pp. Portanto a diferença, em uma semana, pró Dilma, aumentou nove pontos.

O último fiozinho de esperança do “Zé” é uma armação do complexo Globo, Folha, Estadão e Veja às vésperas da eleição com um factóide surpreendente: “Foi a Dilma quem planejou a morte da Eliza Samudio com o goleiro Bruno”. Ou então o Jornal Nacional apresentar os pais do soldado Mário Kozel dizendo ter provas que foi a Dilma que o matou em frente ao quartel do II Exército. Ou ainda a Folha sair com a manchete: Campanha da Dilma é financiada com dinheiro da cocaína da Bolívia. A Globo e a CBN vão repetir esse “furo” a cada meia hora como fez em 2006 com o dinheiro do falso dossiê dos aloprados.

Um dos grandes pecados dessa gente é menosprezar a inteligência do povo. Houve quebra de sigilo de centenas de pessoas, mas o “Zé” e sua mídia dizem que foi só dos tucanos e da filha dele. Até o momento nenhum órgão de imprensa apresentou uma única prova, mostrando pelo menos uma evidência, com dados concretos. O caso é semelhante ao grampo da conversa do ministro Gilmar Mendes (ou Gilmar Dantas, conforme Ricardo Noblat) com o senador Demóstenes Torres (DEMO-GO) denunciado com alarde pela Veja, cujo áudio nunca apareceu.

Aqui no Ceará, a oposição ao governador Cid Gomes tem repetido o mesmo erro do “Zé”, desperdiçando o seu tempo na propaganda eleitoral no rádio e televisão com críticas ao Governador e ao seu governo. Em certo sentido, a hipocrisia aqui chega a ser até superior à do “Zé”, pois quem participou do atual governo até final de março e sempre o elogiou, inclusive defendendo a sua continuidade, agora, raivosamente, o demoniza.

Contudo, o povo percebe essas incoerências e tem dado o troco. Basta ver as pesquisas de todos os institutos. A Dilma, em nível nacional, e o Cid Gomes, no Ceará, estão iguais a clara de ovo: quanto mais batem, mas eles crescem. E o “Zé” em queda livre.

É mais um tiro no pé.



* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Reforma Psiquiátrica propõe reinserção de pacientes na sociedade 

Em todo o Brasil cerca de 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum tipo de atendimento em saúde mental. Calcula-se que 6% deste total tenha transtornos mentais bem estabelecidos e 3% tenha transtornos mentais graves e persistentes. Segundo a Associação de Psiquiatria as doenças mais comuns dessa área estão relacionadas à depressão, ansiedade e aos transtornos de ajustamentos.





Os distúrbios mentais ou comportamentais também atingem mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 60% dos países desenvolvem políticas públicas específicas para o tratamento desses transtornos. 

A trajetória das políticas públicas para portadores de transtornos mentais no Brasil caminha entre a exclusão histórica e o processo de reinserção desses pacientes na sociedade, através da construção de uma rede de serviços comprometida com a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.

Em 2001, a aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) iniciou um novo processo no atendimento dos pacientes. A nova lei instituiu a substituição do atendimento em hospitais psiquiátricos – que em muitos casos tinham características asilares – por serviços abertos e de base comunitária.

A rede substitutiva inclui a criação de Centros de Atendimentos Psicossociais (Caps), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nafs), residências terapêuticas e ampliação no número de leitos psiquiátricos em hospitais gerais.

A lei regulamenta os direitos do portador de transtornos mentais, veta a internação em instituições psiquiátricas com característica de asilo e cria programas que propõem um tratamento humanizado.

Para o médico José Luis Guedes, que acompanhou o processo de luta anti-manicomial no Brasil, um dos grandes avanços da lei é não incentivar a banalização das internações. “A grande maioria das pessoas desospitalizadas não voltam à condição de internados porque na verdade nunca necessitaram de internação”.

Ele diz que apesar de a implantação do novo sistema ainda estar “arranhando”, o retorno do antigo modelo de instituições psiquiátricas seria um retrocesso. “Precisamos transformar teorias em práticas, o que significa novos investimentos”.

Para dar continuidade aos tratamentos de pacientes que ficaram internados por mais de dois anos em hospitais psiquiátricos, também foi criado o programa De Volta para Casa.

A reforma também é considerada a mais avançada da América Latina, segundo a OMS e se destaca, fundamentalmente, por assegurar os direitos humanos dos portadores de transtornos.




Críticas




Nove anos após o processo de implantação da lei, as mudanças e benefícios no atendimento aos pacientes começam a se consolidar, mas a rede substitutiva ainda é considerada por muitos especialistas inferior à demanda.

Recentemente o Cremesp avaliou 85 Caps do estado de São Paulo. Segundo o psiquiatra e diretor do Cremesp, Mauro Aranha – que liderou a pesquisa –, ainda é preciso melhorar o funcionamento interno dos centros e sua conexão com os outros equipamentos da rede de saúde. “O que vimos é que, na prática, precisa melhorar. O desenho estrutural é bom, mas o funcionamento não é”.

Outra questão levantada por especialistas diz respeito aos radicalismos presentes na aplicação da legislação. “Alguns radicais da reforma psiquiátrica acham que tudo deve ser resolvido no Caps. Isso, a meu ver, é um grande equívoco porque o Caps é um equipamento de saúde mental que tem uma identidade de reabilitação psicossocial e não foi criado para tratar todas as fases do transtorno mental” explica o psiquiatra.




Tratamento desigual




A implantação efetiva da lei também esbarra na desigualdade da distribuição dos investimentos com saúde pública no país. Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2009, o governo brasileiro destinou R$ 1,4 bilhão à saúde mental.

Em todo o país há 564 residências terapêuticas, que abrigam 3.062 moradores – que perderam seus vínculos familiares e 1.513 Caps. Mas especialistas ponderam que a distribuição desses equipamentos em todo o território nacional não é satisfatória. 

O Amazonas, por exemplo, com 3 milhões de habitantes, tem apenas quatro centros. Dos 27 estados brasileiros, só a Paraíba e Sergipe têm Caps suficientes para atender ao parâmetro de uma unidade para cada 100 mil habitantes.

As residências terapêuticas, segundo dados do Ministério da Saúde referentes a maio deste ano, ainda não foram implantadas em oito unidades federativas: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Rondônia, Roraima e Tocantins. No Pará, o serviço ainda não está disponível, mas duas unidades estão em fase de implantação.




Hospitais psiquiátricos




A nova lei determina que a internação, em qualquer uma de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares forem esgotados. Nestes nove anos, foram fechados 17.536 leitos em hospitais psiquiátricos.

Paralelamente ao fechamento dos leitos, a reforma prevê a abertura de vagas em hospitais gerais – onde as pessoas com transtornos são atendidas em momentos de crise e não ficam internadas por longos períodos.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) critica que o fechamento dos leitos em hospitais psiquiátricos não foi proporcional à oferta de tratamento na rede substitutiva – o que deixou centenas de pacientes desamparados.

A ABP defende uma espécie de “modelo intermediário” que contemple o atendimento nos Caps, residências terapêuticas, criação de leitos em hospitais gerais e manutenção de instituições psiquiátricas de referência.

Mariana Viel, com informações Agência Brasil
          Altamiro Borges: “Cala boca, Willian Waack”            


Um vazamento de áudio, na quinta-feira passada (26), expôs a postura arrogante do âncora do Jornal da Globo, que vai ao ar no final da noite. No momento em que a Dilma Rousseff rebatia as acusações levianas sobre a quebra de sigilo fiscal de dirigentes tucanos, Willian Waack deixou escapar a frase: “Manda calar a boca”. Diante da difusão do vídeo pela internet, somente agora a TV Globo emitiu uma nota pedindo desculpas aos telespectadores pela “falha técnica”.



Por Altamiro Borges


Segundo o sítio Comunique-se, a poderosa emissora garante que Willian Waack não se referiu à presidenciável, mas apenas pediu silêncio à equipe, já que o barulho “prejudicava a concentração dos apresentadores”. Mesmo assim, a lacônica nota tenta enterrar o constrangedor episódio: “Aos telespectadores, a TV Globo pede desculpas pela falha”. Nem o pedido de desculpa nem, muito menos, a estranha justificava devem convencer os que acompanham o trabalho deste jornalista.

Servidor do Instituto Millenium

Willian Waack nunca escondeu a sua oposição frontal ao governo Lula. Com seus comentários e suas caretas, ele sempre procura desqualificar as iniciativas do atual governo, em especial às que se referem à política externa e aos métodos democráticos de diálogo com os movimentos sociais. Seus alvos são as “amizades” de Lula com “ditadores populistas”, como Hugo Chávez, Cristina Kirchner e Evo Morales, e a sua “conivência” como movimentos “fora da lei”, como o MST.

No seminário do Instituto Millenium, em março passado, ele foi um dos mestres de cerimônia do convescote dos barões da mídia e ficou visivelmente empolgado com os incontáveis ataques ao “autoritarismo do governo Lula”. Na ocasião, a direita midiática procurou unificar sua pauta para a campanha presidencial e deixou explícito que concentraria todo o seu fogo contra a candidata Dilma Rousseff. Willian Waack foi uma das estrelas desta conspiração direitista e golpista.

Entrevista ou provocação policialesca

Mesmo após o lamentável episódio do vazamento do áudio, o apresentador segue caninamente as orientações traçadas no Millenium. No Jornal da Globo de ontem, que iniciou uma nova série de entrevistas com os presidenciáveis, ele se postou como um torturador diante da ex-ministra, no mesmo tom provocador do seu coleguinha Willian Bonner. Não fez nenhuma pergunta sobre as propostas da candidata ou sobre temas de relevo para a sociedade. Tentou, apenas, desgastá-la.

Como observou o blogueiro Luis Nassif, a entrevista procurou explorar factoides, insistindo nas especulações sobre quebra de sigilo fiscal, fatiamento do futuro ministério, influência de José Dirceu e outras bravatas demotucanas. “Surpreendente, porque Waack é dos mais preparados jornalistas da televisão. Se descesse do pedestal para discutir conceitos com a candidata, poderia ter proporcionado aos telespectadores um dos momentos altos do jornalismo nessa campanha”. 

Momento de revolta do âncora

Mas não dá mais para esperar “jornalismo sério” de Willian Waack. Seus compromissos hoje são outros. O vazamento do vídeo simplesmente pode ter expressado um momento de ira do âncora da TV Globo, indignado com o definhamento da candidatura do demo-tucano José Serra e com crescimento de Dilma Rousseff. Afinal, os telespectadores não seguem mais as suas opiniões e as suas caretas. Na prática, a sociedade está mandando um recado: “Cala boca, Willian Waack”.


 É possivel uma ressonância magnética do aborto no Brasil? 


Fatima Oliveira *

Ressonância magnética é exame de imagem, como a abreugrafia (lembra?), a radiografia, a ultra-sonografia, a tomografia... A ressonância é imagem de última geração que capta e reproduz, tipo foto de grande resolução, o interior do corpo, evidenciando "lesões" mínimas com margem de segurança grande e valiosa para o diagnóstico, orientando com maior precisão a prevenção e o tratamento.




Em 2010, tive o conforto mental de ler dados de duas pesquisas iluminadoras do fazer política pelos direitos reprodutivos, área minada e sob ataque de antiaborcionistas. Falo da Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), patrocinada pelo Ministério da Saúde, e da tese de doutorado da cardiologista Pai Ching Yu: "Registro nacional de operações não cardíacas: aspectos clínicos, cirúrgicos, epidemiológicos e econômicos" (InCor, USP), apelidada de "pesquisa do InCor". Ambas obtiveram repercussão midiática de vulto.

A PNA não é sobre o aborto, mas sobre mulheres que fizeram aborto; conforme seus coordenadores - profª. drª. Debora Diniz e o prof. dr. Marcelo Medeiros, da UnB -, cobriu o Brasil urbano, entrevistando mulheres alfabetizadas de 18 a 39 anos: "...uma mulher em cada cinco, aos 40 anos, fez aborto. Ou seja, 5 milhões e 300 mil mulheres. Metade usou algum medicamento; e a outra metade foi internada pra finalizar o aborto". A tese da drª. Pai Ching Yu, com dados do DataSUS, revelou que "entre 1995 e 2007 a curetagem pós-aborto foi a cirurgia mais realizada pelo SUS: 3,1 milhões de registros, contra 1,8 milhão de cirurgias de correção de hérnia". 

Os méritos dos dados revelados são inegáveis e, sobretudo, desnudam que desconhecíamos muito do contexto em que as mulheres abortam e como abortam, comprovando um argumento dito zilhões de vezes por feministas: o desejo de ter filhos ou não se equivale! As mulheres abortam porque precisam e aqui o fazem entre o pecado e o crime, praticando desobediência civil, arriscando a saúde e a vida! 

A PNA gerou várias tentativas de demonstrar "quem é essa mulher que aborta no Brasil". Os perfis eram imprecisos, pela falta do "quesito cor" (classificação do IBGE) - item obrigatório de identificação pessoal, como escolaridade, idade, classe social -, conforme exige a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos): um pré-requisito para a cientificidade e eticidade da pesquisa, por possibilitar evidenciar de que adoece e morre cada segmento populacional segundo cor (VI. Protocolo de Pesquisa, VI.3). 

Inconformada, me perguntei: o quesito cor não foi coletado ou não foi analisado? Contatei a coordenação da PNA e o Ministério da Saúde. A resposta: "A PNA incluiu dados ‘sobre raça’ (grifo meu) em seu desenho metodológico. Os resultados divulgados correspondem a resultados parciais da fase quantitativa. Os dados sobre raça serão oportunamente divulgados". Me basta que haja "quesito cor". A tese da drª. Pai Ching Yu foi defendida em 2010 sem o "quesito cor". A USP não desconhece a Resolução 196/96. E por que não a respeita?

Há indagações que causam comichão. O que o governo fará com os dados? Presidenciáveis não deram um pio sobre eles. Aspiram passar batido. Urge exigir que se manifestem sobre tão relevante tema da saúde pública e instar a TV Globo a abordá-lo no debate de 30 de setembro. É o que faço agora como cidadã. É insuficiente dialogar apenas com as "instituições amortecedoras do sofrimento", pois as sofredoras também votam.



* Médica e escritora. É do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução e do Conselho da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe. Indicada ao Prêmio Nobel da paz 2005.



Fonte: http://www.vermelho.org.br

sábado, 28 de agosto de 2010


                Ibope: "O Brasil já tem uma presidente.             

                            É Dilma Rousseff"                                   

Há exatamente um ano, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não faria o sucessor, apesar da alta popularidade. Na ocasião, o responsável por um dos mais tradicionais institutos de pesquisas do País assegurava que o presidente não conseguiria transferir seu prestígio pessoal para um “poste”, como tratava a ex-ministra Dilma Rousseff.


Agora, a um mês das eleições e respaldado por números apresentados em pesquisas diárias, Montenegro faz um mea-culpa. “Errei e peço desculpas. Na vida, às vezes, você se engana”, afirmou, em entrevista aos repórteres Octávio Costa e Sérgio Pardellas, da IstoÉ. “O Brasil já tem uma presidente. É Dilma Rousseff.” 

Segundo Montenegro, a ex-ministra da Casa Civil vem se conduzindo de forma convincente e confirma, na prática, o que o presidente disse sobre ela na entrevista concedida à IstoÉ na primeira semana de agosto: “Lula acertou. Dilma é um animal político. Está mostrando muito mais capacidade do que os adversários.”

O tucano José Serra, na opinião do presidente do Ibope, faz uma campanha sem novidade, velha e antiga. “O PSDB está perdido”, assegura. Neste fim de semana, o Ibope vai divulgar uma nova pesquisa, que confirmará a categórica vantagem da petista. “Fazemos pesquisas diárias. E Dilma não para de crescer. Abriu 20 pontos em Minas, onde Serra já esteve na frente. Empatou em São Paulo, mas ali também vai passar. Essa eleição acabou”, conclui Montenegro.

Fonte: http://www.vermelho.org.br

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

              LOBO Continua a mesma, mas o pais mudou ...              



Reproduzo artigo de Idelber Avelar, publicado no sítio da Revista Fórum:

William Bonner e Fátima Bernardes com certeza não terão percebido a ironia involuntária, mas os grotescos espetáculos das entrevistas (agressiva e mal educada) com Dilma Rousseff e (subserviente e omissa) com José Serra marcaram a “maioridade”, por assim dizer, o vigésimo-primeiro aniversário da manipulação mãe de todas, a fabricação de outro debate Lula x Collor (diferente do debate que aconteceu) nas salas de edição de vídeo das Organizações Globo em 1989. O show de grosseria com Dilma e o show de subserviência com Serra foram indicação de que tudo continua o mesmo na Globo, mas tudo mudou no mundo que a rodeia. O seu poder de moldar a realidade nem de longe é o mesmo.

Aqui, como em qualquer outro campo, não convém ceder ao otimismo exagerado. De todos os conglomerados máfio-midiáticos do país, a Globo é o única que mantém inegável capilaridade nacional e poderes de fogo e de barganha. Não é absurdo supor que ela foi a principal causadora da ida das eleições de 2006 para o segundo turno, com as bombásticas fotos ilegalmente obtidas de um delegado da Polícia Federal, cuja exibição exigiu que o Jornal Nacional ignorasse o maior acidente aéreo da história do Brasil.

Mas de 1989 a 2006 a 2010 o país cumpriu um ciclo, amadureceu e não é absurdo supor também que, para a maioria dos telespectadores da entrevista com Dilma Rousseff, tenha sido William Bonner quem “pagou o mico”, pareceu sem argumentos, desequilibrado e anti-jornalístico. Dilma, que havia conseguido no debate da Band um 0 x 0 que já havia estado, para ela, de bom tamanho, deu um salto no JN: educada e ao mesmo tempo firme (para lidar com tantas interrupções), amparada nos números, sabendo diferenciar fatos de factoides, a candidata marcou—e acho que pouca gente comentou isso—uma data histórica para a mulher brasileira na política.

Foi o dia em que uma candidata a presidente enfrentou ao vivo a oposição do conglomerado midiático, temperado com sexismo, respondeu à altura e deixou o atacante dando vexame, ao ponto de que a co-âncora tenha tido que lhe dar um cala a boca, com um gesto que nitidamente dizia deixe que eu a interrompo agora, você está fazendo papelão.

O fato dos co-âncoras serem um casal (o casal da TV brasileira) acrescentava um delicioso toque de ironia ao momento. Se essa não foi uma noite histórica na luta contra o sexismo na política, não sei o que foi. Portanto, ao se criticar a Globo e notar o vexame de Bonner, não há que se perder de vista o que disse NPTO no Twitter: De qualquer maneira, para quem viu 89, ver agora o JN com os caras ao vivo, sem edição, é um progresso imenso. A Globo não mudou nada mas, no mundo ao seu redor, esse “progresso imenso” fez com que o embate desta vez se desse em condições muito mais favoráveis. O jogo está longe de ter terminado, mas as trapalhadas da candidatura Serra são tais que já há indícios (não no JN, claro, mas na GloboNews) de que a própria Globo está pronta para desembarcar. É claro que, se há uma coisa que a história recente ensina, é que é sempre bom estar atento e forte.
 
Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com - VISITE (Vale a pena)

Allende, Che e a luta por uma América Latina livre e solidária

 
Leandro Alves *
 

Se estivessem vivos Salvador Allende e Ernesto Che Guevara completariam, no próximo mês, cento e dois e oitenta e dois anos respectivamente. Resgatar a história desses dois ícones da vida política latino-americana não é apenas falar do passado baseado em algum romantismo saudosista. Falar do Companheiro Presidente e do Comandante Che é falar de resistência popular, de combatividade, de ousadia, de amor à vida, de justiça social, enfim, é falar da luta pelo socialismo.

 

O companheiro Presidente
Em 26 de junho de 1908, nascia, no Chile, Salvador Allende. Foi líder estudantil, um dos fundadores do Partido Socialista Chileno, Deputado, Ministro da Saúde, Senador, perdeu três eleições, 1952, 1958 e 1964 até eleger-se Presidente do Chile em 1970 pela Unidade Popular.

A característica mais importante na sua vida política foi a busca pela unidade da esquerda chilena, que tinha como principais partidos o Partido Socialista e o Partido Comunista. Allende entendia que esse era o primeiro passo para a conquista do Poder Político e a construção do socialismo – que em sua opinião passava pela via institucional. Essa posição ficou conhecida como a “via chilena para o socialismo”.

O guerrilheiro humanista

Em 14 de junho de 1928, nascia, na Argentina, Ernesto Che Guevara. Em 1953 conheceu Raul e Fidel Castro, em 1956 desembarcava em Cuba junto com o exército rebelde. Depois da vitória, Che torna-se o segundo homem mais importante de Cuba. Che passou de Guerrilheiro Internacionalista a Ministro cubano. Uma de suas características mais importantes era sua convicção humanitária. Tinha um espírito inquieto e nutria um intenso repudio pela exploração capitalista. Esse foi um dos principais motivos que levou Che a deixar Cuba e fosse “construir” guerrilhas.

Che acreditava ser possível exportar o modelo cubano para todo o mundo. Depois da revolução cubana Che realizou mais três expedições guerrilheiras, em 1964, na Argentina, onde seu grupo foi descoberto e a maioria morta ou capturada. A segunda, em 1965, no antigo Congo Belga, onde não obteve sucesso novamente, e em 1966, na Bolívia, não só não obteve êxito, como acabou capturado e covardemente assassinado.

Transição ou Ruptura, não faz diferença

Allende dedicou-se a construção de uma grande frente que abrisse caminho dentro da legalidade, através de reformas democrático-populares, para o socialismo em seu país. Durante seu governo nacionalizou as minas de cobre, principal riqueza chilena, estatizou as minas de carvão e os serviços de telefonia, aumentou a intervenção nos bancos, fez a reforma agrária. O problema, é que Allende esperava – por confiança numa trajetória de institucionalidade sem rupturas que existia no Chile - que as elites assistiriam inertes enquanto as reformas fossem realizadas. A vida mostrou que ele estava errado.

Che, por sua vez, defendeu e praticou a revolta armada como forma de tomada de poder e a construção do socialismo. Para a América Latina defendia a guerra de guerrilha, como modelo universal. Para Che se uma vanguarda armada se instalasse no campo e conquistasse o apoio dos camponeses poderia derrotar qualquer exército. Chegou a dizer que “não seria necessário esperar que ocorressem as condições gerais objetivas” para a tomada do poder.

Um dos ensinamentos que devemos extrair dessas duas histórias é que as elites não aceitam perder poder, não importa a forma. Não importava se um tentou construir o socialismo a partir de um processo de transição dentro dos marcos da legalidade e o outro buscasse o socialismo através da luta armada. Para as elites não havia diferença entre eles, ambos representavam perigo e deveriam ser aniquilados. O ensinamento a ser tirado de seus exemploes é que devemos estar preparados para todas as formas de lutas.

O imperialismo a espreita

O sistema capitalista apresenta sinais de fadiga e instabilidade. Suas crises se apresentam cada vez mais seguidas e duradouras. A história já mostrou que em momentos de crise as elites preferem apelar para seus setores mais atrasados e sanguinários a perderem dinheiro e poder tal como aconteceu no Chile e outros países da América Latina que foram vítimas de ditaduras patrocinadas pelos EUA.

Para os que acham que estou exagerando lembro que em abril de 2008 foi reativada a 4ª Frota dos Estados Unidos. A 4ª Frota é voltada para operações na América Latina. Conforme matéria no Le Monde Dipomatique Brasil (edição de junho/2008) a 4ª Frota “É um poder ao qual nenhum país latino-americano tem forças para se opor”. Sem falar na 2ª e 6ª Frotas (Mediterrâneo), 3ª Frota (norte e leste do Pacífico), 5ª Frota (Golfo Pérsico), 7ª Frota (Oceano Índico e Oeste do Pacífico). Quem acha que esse aparato militar foi feito para fazer turismo pelos mares do planeta está redondamente enganado.

Exemplo de unidade e combatividade

Na atualidade os exemplos de unidade política e combatividade na luta, representado por Allende e Che continuam vigentes. Na atual quadra da luta política suas condutas ganham sentido estratégico tornando-se fundamental para os rumos da humanidade. Os lutadores sociais têm na atuação destes dois defensores do socialismo um grande referencial político. O humanismo socialista de Che e a defesa da justiça e inclusão social por Allende não morreram com eles. São bandeiras dos militantes sindicais, estudantis, comunitários, feministas, enfim, de todos que buscam uma sociedade verdadeiramente humana e igualitária.

As tarefas que se apresentam para a humanidade neste momento histórico exigem dos lutadores sociais unidade e combatividade. Precisamos amadurecer e entender que a luta política é complexa e precisa de unidade entre os setores avançados da sociedade, tal como defendia Allende. A divisão da esquerda só serve às elites. A combatividade é fundamental para que os lutadores sociais não se acomodem com as “comodidades” da institucionalidade e continuem lutando por uma sociedade justa e igualitária para todos, como nos ensinou Che.

Ensinamentos e continuidade

A trajetória desses dois lutadores nos ensina que não podemos copiar modelos e que devemos construir nossos caminhos a partir de nossa realidade político-social. Importante ressaltar, pois história desses dois lutadores mostra que não podemos subestimar as forças políticas contrarias aos ideais humanitários.

Allende e Che seguiram caminhos diferentes ao longo de suas vidas, mas compartilhavam dos mesmos ideais humanitários e socialistas. A dedicação que tiveram para a construção de uma sociedade socialista é exemplo para todas as gerações. Mais que homenageá-los devemos honrar sua história continuando sua luta.

Lutemos por uma América Latina livre e solidária!

* Leandro Alves é Servidor do Poder Judiciário Gaúcho, ex-assessor Sindical, ex-assessor Parlamentar. E-mail: leandroalvesrs@hotmail.com
 
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

Cidadania infanto-juvenil e a dignidade humana

 

Leandro Alves *
 

Recentemente foi sancionada pelo Presidente da República a lei que proíbe a punição corporal em crianças e adolescentes. A sociedade iniciou um intenso debate acerca do tema, onde vários tipos de objeções foram levantadas, dentre elas a de que o Estado estaria interferindo na esfera privada, proibindo os pais de educar seus filhos. Entendo estar ocorrendo um equivoco neste debate, para um melhor enfrentamento desse assunto é necessário um olhar mais acurado do tema.


Nossa constituição tem como pilar do Estado de Direito a dignidade da pessoa humana. Numa sociedade desigual, esse princípio trás uma carga simbólica muito importante, porquanto aponta um rumo de inclusão social, onde o Estado deve garantir condições para que essa igualdade saia do plano formal e adquira alcance material, ou seja, saia do papel e passe para a vida dos seres humanos.

Com esse objetivo a sociedade vem se mobilizando e pressionando o parlamento para que se criem leis que visem trazer dignidade ao ser humano, sejam no plano de consumo – como o CDC -, seja no plano das relações entre homens e mulheres – como a lei Maria da Penha -, são formas que a sociedade buscou para dar condições de efetividade para o princípio da dignidade humana. É nesse sentido que a lei que proíbe punição corporal em crianças e adolescente deve ser entendida, mas não é o que ocorre. E por que será? Por que há pessoas que se opõem à proibição de que crianças e adolescentes sejam punidas fisicamente. Não gozariam eles do status de seres humanos? Seriam propriedades de seus pais?

A sociedade vem evoluindo, lentamente é verdade, mas estamos andando rumo a uma sociedade mais humana. Há pouco mais de cinquenta anos a desigualdade entre homens e mulheres era algo tolerado pela sociedade. Fruto de uma cultura machista que entendia a mulher como propriedade do marido. Rompemos com esse preconceito, não plenamente, pois ainda há diferenças entre homens e mulheres – basta que vejamos como o mercado de trabalho remunera a mão de obra masculina e a feminina.

Não é possível que seja tolerado que um pai ou uma mãe – lembro que a lei não se restringe a eles, mas também escolas, creches, etc. – espanquem seu filho com o argumento de que está educando-o. Não falo isso apenas do ponto de vista meramente teórico, pois sou pai solteiro de uma menina de 13 anos e nunca apliquei castigo físico para educá-la. Não precisamos espancar um filho para conquistar seu respeito.

Infelizmente não é novidade que existe um número gigantesco de famílias desestruturadas, onde uma conjugação de fatores como, desemprego, alcoolismos, miséria, entre outros, criam situações inadequadas para um lar. Não é por acaso que a maioria dos abusos infantis acontecem dentro de casa, enfim, a família já não é mais o porto seguro de uma criança e de um adolescente.

O Estado deve garantir condições para que crianças e adolescentes cresçam num ambiente que possibilite seu desenvolvimento sadio física e mentalmente. A cidadania infanto-juvenil deve ser vista como um elemento fundamental para a efetivação do princípio da dignidade humana e se para isso acontecer é necessária a intervenção do Estado – que seja bem vinda.

* Leandro Alves é Servidor do Poder Judiciário Gaúcho, ex-assessor Sindical, ex-assessor Parlamentar. E-mail: leandroalvesrs@hotmail.com
 
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

Dilma deve liquidar a fatura no primeiro turno

 

Messias Pontes *
 

Continua dando tudo errado para o candidato demo-tucano José Serra na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula Silva. Para se ter uma idéia, até mesmo os colonistas emplumados como Josias de Souza (Folha de São Paulo) e Ricardo Noblat (Globo), após a pesquisa Datafolha (Dataserra ou Datafraude?) , semana passada, jogaram a toalha e já admitem a vitória da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) ainda no primeiro turno. Agora, com a divulgação das pesquisas do Ibope e Vox Populi, eles estão conscientes que só uma hecatombe política faria o quadro favorável à candidata petista ser revertido.

As forças conservadoras de direita apostaram alto nos debates e entrevistas televisivas para reverter a situação, acreditando na boa performance de Serra e no fracasso de Dilma. Nem mesmo o antijornalismo do casal 45 global favoreceu o seu candidato. Pelo contrário, quem assistiu às entrevistas durante o Jornal Nacional percebeu a parcialidade de William Bonner e Fátima Bernardes, que acabou favorecendo a adversária.

Como verdadeiros carrascos, tentaram massacrar Dilma e impedir que ela falasse; procuraram usar a candidata verde Marina Silva para atacar o Governo e o PT, mas foram incompetentes para isso; e passaram 12 minutos levantando a bola para Serra cortar. Há quem diga, com ironia, que o casal deverá ser contratado para a seleção brasileira de volei que está carente de bons levantadores.

Era a última cartada para evitar que o candidato do mercado e das oligarquias chegasse ao horário eleitoral obrigatório no rádio e TV em desvantagem. Mas, uma vez mais, deram com os burros n’água. Dilma chega com dos dígitos de vantagem, ou seja, com 11 pontos percentuais, segundo o Ibope, e 13 pp, de acordo com o Vox Populi. O casal 45 deve estar lamentando profundamente não só ter passado um atestado de incompetência, e subserviência ao patrão, mas principalmente a perda da pouca credibilidade que ainda tinha.

Agora resta a última esperança: o milagre da reversão do quadro desfavorável durante os 45 dias da propaganda no rádio TV. Mas como conseguir isto se o tempo da petista é bem maior que o de Serra e este não tem discurso? Ele vai se comportar como bom mocinho, mesmo usando as forças do atraso e sua mídia conservadora, venal e golpista a seu favor jogando sujo como sempre. Contudo a totalidade do eleitorado vai saber que a Dilma é a candidata do Lula, e isto vai alavancar mais ainda a candidatura dela. Com isso, os financiadores de campanha, que a cada pesquisa se escondem mais, passarão bem longe do ninho tucano.

Para desespero do demotucanato, a maioria do eleitorado declara votar no(a) candidato(a) do presidente Lula. E uma parcela considerável desse eleitorado ainda não sabe que Dilma é a candidata do Presidente. Lula é o Presidente melhor avaliado em toda a história republicana. Somente quatro em cada 100 brasileiros consideram o seu governo ruim ou péssimo. Lula vai participar dos programas de Dilma, dizer que ela é a sua candidata e pedir voto para ela.

Durante os 45 dias da campanha no rádio e TV a esmagadora maioria dos eleitores que querem a continuidade vai poder comparar os dois projetos em disputa: a continuidade com avanços ou o retrocesso. Dilma representa o primeiro projeto, e Serra o segundo.

Nesse período vai ser mostrado, com números e fatos, os avanços dos últimos sete anos, com a economia bombando, o desemprego despencando, o brasileiro perdendo o complexo de vira-latas, o Brasil está deixando de ser coadjuvante a passando a ser protagonista no concerto das nações, sendo respeitado em todo o mundo.

Por outro lado, os governos tucanos foram marcados pelo autoritarismo e pela repressão aos movimentos sociais, notadamente aos sindicatos. O demotucanato é sinônimo privatização, de desmonte do Estado, de desnacionalização da economia brasileira, de desemprego e de achatamento salarial. Isto sem falar do alinhamento automático ao imperialismo norteamericano. Enfim, de retrocesso. Os oito anos do desgoverno tucano-pefelista (1995 a 2002) representaram uma das maiores tragédias vividas pelos brasileiros, notadamente pelos trabalhadores do campo e da cidade.

De nada vai adiantar Serra ordenar os seus paus-mandados a bater na candidata do Presidente. O efeito vai ser contrário, como aliás já está sendo. É o efeito bumerangue. A exemplo de Lula, Dilma é como clara de ovo: quando mais batem, mas ela cresce. Não tem jeito. A fatura deve ser liquidada em 3 de outubro.

Como dizia o saudoso comunicador e forrozeiro Guajará Cialdini, quando o pau nasce torto, até a cinza é de banda.
* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.
 
Fonte:http://www.vermelho.org.br/coluna

domingo, 1 de agosto de 2010

                 Frei Betto: Congresso absolve MST                   


O MST jamais desviou dinheiro público para realizar ocupações de terra — eis a conclusão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito(CPMI), integrada por deputados federais e senadores, instaurada para apurar se havia fundamento nas acusações, orquestradas pelos senhores do latifúndio, de que os movimentos comprometidos com a reforma agrária se apoderaram de recursos oficiais. 

Por Frei Betto


Em oito meses, foram convocadas 13 audiências públicas. As contas de dezenas de cooperativas de agricultores e associações de apoio à reforma agrária foram exaustivamente vasculhadas. Nada foi apurado. Segundo o relator, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), “foi uma CPMI desnecessária”. 

Não tão desnecessária assim, pois provou, oficialmente, que as denúncias da bancada ruralista no Congresso são infundadas. E constatou-se que entidades e movimentos voltados à reforma fundiária desenvolvem sério trabalho de aperfeiçoamento da agricultura familiar e qualificação técnica dos agricultores. 
O que os denunciantes buscavam era reaquecer a velha política — descartada pelo governo Lula — de criminalizar os movimentos sociais brasileiros. Esse tipo de terrorismo tupiniquim a história de nosso país conhece bem: Monteiro Lobato foi preso por propagar que havia petróleo no Brasil (o que prejudicou os interesses norte-americanos); foram chamados de comunistas os que defendiam a criação da Petrobras; e, de terroristas, os que lutavam contra a ditadura e pela redemocratização do país. 
A comissão parlamentar significou, para quem insistiu em instaurá-la, um tiro saído pela culatra. Ficou claro para deputados e senadores bem intencionados que é preciso votar, o quanto antes, o projeto de lei que prevê a desapropriação de propriedades rurais que utilizam trabalho escravo em suas terras. E resolver, o quanto antes, a questão dos índices de produtividade da terra. 
A investigação trouxe à luz não a suposta bandidagem do MST e congêneres, como acusavam os senhores do latifúndio, e sim a importância desses movimentos no atendimento à população sem terra. Eles cuidam da organização de acampamentos e assentamentos e, assim, evitam a migração que reforça, nas cidades, o cinturão de favelas e o contingente de famílias e pessoas desamparadas, sujeitas ao trabalho informal, ao alcoolismo, às drogas, à criminalidade. 
Segundo Jilmar Tatto, os inimigos da reforma agrária “fizeram toda uma carga, um discurso muito raivoso, colocaram dúvidas em relação ao desvio de recursos públicos e perceberam que a montanha tinha parido um rato. Porque não havia desvio nenhum. As entidades e o governo abriram todas as suas contas. Foram transparentes e, em nenhum momento, conseguiu-se identificar um centavo de desvio de recurso público. Foram desmoralizados (os denunciantes), e resolveram se ausentar dos trabalhos da CPMI. (...) Foi um trabalho produtivo, no sentido de deixar claro que não houve desvio de recurso público para fazer ocupação de terras no Brasil. O que houve foi a oposição fazendo uma carga muito grande contra o governo e o MST”. 
Os parlamentares sensíveis à questão social no Brasil se convenceram, graças ao trabalho da comissão, de que é preciso aumentar os recursos para a agricultura familiar; garantir que a legislação trabalhista seja aplicada na zona rural; e incentivar sempre mais os plantios alternativos e os alimentos orgânicos, sobre cuja qualidade nutricional não paira a desconfiança que pesa sobre os transgênicos. E, sobretudo, intensificar a reforma agrária no país, desapropriando, como exige a Constituição, as terras improdutivas. 
Dados recentes mostram que, no Brasil, se ocupam 3 milhões de hectares com a lavoura de arroz e 4,3 milhões com feijão. Segundo o geógrafo Ricardo Alvarez, se compararmos com os 851 milhões de hectares que formam este colosso chamado Brasil veremos que as cifras são raquíticas. Apenas 0,85% do território nacional está ocupado com o cereal e a leguminosa. Um aumento de apenas 20% na área plantada significaria passar de 7,3 para 8,7 milhões de hectares, com forte impacto na alimentação do povo brasileiro. 
Para Alvarez, o aumento da produção levaria à queda de preços, ruim para o produtor, bom para os consumidores. Caberia, então, ao governo implantar uma política de ampliação da produção de alimentos, garantir preços mínimos, forçar a ocupação da terra, combater o latifúndio, gerar empregos no campo e atacar a fome. Ação muito mais eficiente, graças aos 20% de acréscimo na área plantada, do que o assistencialismo alimentar. 
O latifúndio ocupa, hoje, mais de 20 milhões de hectares com soja. No início dos anos 1990, o número beirava os 11,5 milhões. A cana-de-açúcar foi de 4,2 para 6,5 milhões de hectares no mesmo período. Arroz e feijão sofreram redução da área plantada. Hoje o brasileiro consome mais massas do que a tradicional combinação de arroz e feijão, de grande valor nutritivo. 
Alvarez conclui: “Não faltam terras no Brasil, faltam políticas de distribuição delas. Não faltam empregos, falta vontade de enfrentar a terra improdutiva. Não falta comida, falta direcionar a produção para atender as necessidades básicas de nossa população”.

Fonte: http://www.vermelho.org.b