quarta-feira, 9 de junho de 2010

A história de célia e bona barcia: ousar lutar, ousar filmar*

João Carlos Bona Garcia foi fundador do Partido Operário Comunista (POC) de Passo Fundo - RS, originado a partir da Política Operária (POLOP), no final da década de 1960.

 

Em 1970, membros do POC passaram a ação conjunta com organizações da guerrilha urbana. Neste contexto, militantes criaram a Unidade de Combate "Manoel Raimundo Soares" (UC/MRS),  homenagem ao sargento que apareceu morto em agosto de 1966, próximo a Ilha das Flores, boiando com os pés e mãos amarradas, após ter sido preso em março, panfleteando contra a Ditadura.

A UC/MRS passou a executar ações armadas com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), onde já militava Bona, como a tentativa de seqüestro de Curtis Carly Cutter, cônsul norte-americano em Porto Alegre, em 4 de abril de 1970. Dois dias antes, Irgeu João Menegon, Reinholdo Amadeu Klement, Bona Garcia e Luiz Carlos Dametto expropriaram um Volks do Banco do Brasil que transportava 65.000 cruzeiros da Companhia Ultragás, empresa presidida por Albert Boilesen, colaborador ativo da Operação Bandeirantes (OBAN).

Para Bona Garcia, a “tentativa de sequestro foi a causa do extermínio das organizações de luta armada no Rio Grande do Sul”, seguindo-se o uso sistemático da repressão. Bona foi preso em abril de 1970, em Porto Alegre, sendo levado para a DOPS, com sessões de tortura. Depois de um mês, foi destinado ao Presídio Central e para a Ilha do Presídio da Ilha.

Em 13 de janeiro de 1971, Bona Garcia foi um dos 70 presos políticos trocados pelo Embaixador da Suíça, Giovanni Enrico Bucher, sequestrado pela VPR, numa operação de Carlos Lamarca e de Devanir José de Carvalho, do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT). Banidos do Brasil, o grupo dos 70 foi para Santiago do Chile, durante o governo socialista de Salvador Allende.

Do Chile, Bona Garcia escreveu carta a Célia, a quem conhecera aos 15 anos, iniciando o namoro pouco depois de ela mudar de Restinga Seca, a terra do pintor Iberê Camargo, para Passo Fundo, em 1966. Célia foi para o Chile, em junho de 1971. No Chile, o nascimento do filho Rodrigo, em 1973. Porém, depois de uma viagem a Argélia para uma reunião da VPR, aconteceu o Golpe de 11 de setembro. A saída do Chile era inevitável. Seu cunhado Leopoldo conseguir a ida de um padre ao Chile, que retirou Célia e Rodrigo. Após, Bona conseguiu uma entrada cinematográfica na Embaixada da Argentina, com a Buenos Aires.

Na Argentina, surgiu a ideia do exílio na Argélia com a ajuda de Miguel Arraes. Lá, o nascimento de Luciano. Posteriormente, no final de 1974, a França e em seguida a atuação no Comitê Brasileiro pela Anistia, com “gente do MDB, do PC, do PCdoB, do PCBR, da VAR, da ALN, trotskistas, até de um  novo movimento criado no exterior , o OMO”, antes da volta ao Brasil e a Passo Fundo, em 1979. Depois disso, como disse em Verás que um filho teu não foge à luta, o retorno à política, a sua parte para o “fortalecimento da democracia”.

Esta trajetória pode ser vista no filme Em teu nome, de Paulo Nascimento. O diretor e roteirista ganhou o kikito de melhor direção no 37º Festival de Gramado, em 2009.

Filmado no Brasil, na França, no Marrocos e no Chile, Em teu nome aborda a transformação pessoal de militantes e exilados políticos, a primeira grande película sobre a resistência à Ditadura no Rio Grande do Sul.

As licenças poéticas do excepcional roteiro não tiram o fundo histórico em que a obra se inspirou. Com um engajado humanismo, traz à tela uma versão ousadamente filmada, um extraordinário momento do cinema político rio-grandense.

Paulo Nascimento abre os arquivos da memória contra o esquecimento, disputa por uma verdade reivindicada na poesia de Thiago de Mello, poeta que Recebeu o Grupo dos 70, no Chile: “Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras”.

* Este artigo foi publicado em versão ampliada, com o título “Ousar lutar, ousar filmar”, no Caderno Mix – Ideias, do Diário de Santa Maria, edição de 29.30/05/2010, p. 10-11.
** Professor Adjunto do Departamento de História da UFSM, Doutor em História Social do Trabalho.

Fontes:
- BONA GARCIA, João Carlos; POSENATO, Júlio. Verás que um filho teu não foge à luta. Porto Alegre: Posenato Artes e Cultura, 1989.
- Em teu nome. Direção: Paulo Nascimento. Ficção, Brasil, 2009, 100', Accorde Filmes.
- MELLO, Thiago de. Os estatutos do homem (Ato Institucional Permanente). Poema.


Diorge Konrad
Doutor em História Social do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Professor Adjunto de História do Brasil e de Teoria da História do Departamento de História da UFSM - RS
 Site:  http://www.vermelho.org.br/coluna

Nunca está só quem não tem boas memórias para recordar

Em 2009, pessoas que moravam sozinhas eram 30% na Inglaterra; 25% nos EUA (em Nova York, chegavam a 50%); e 11% no Brasil. NO ENTANTO, SOLTEIROS SERIAM MAIS PROPENSOS A DOENÇAS

 

Uma tendência a partir da década de 80 nos países de cultura europeia é a moradia unipessoal, hoje um fenômeno social mundial. Argumenta-se que o aumento da expectativa de vida criou condições para que uma população com mais pessoas idosas morasse sozinha. Depois virou um estilo de vida de jovens que conseguiam se sustentar, fora de suas casas de origem, demolindo o mito de que morar só é um sofrimento.

Em 2009, a taxa de pessoas que moravam sozinhas era de 30% na Inglaterra; 25% nos Estados Unidos, mas em Nova York chegava a 50,6%; e de 11% no Brasil, onde a maioria das pessoas que moram sozinhas é de pessoas mais velhas - cerca de 40% com mais de 60 anos. Na cultura brasileira, um homem morar sozinho não é tão estranho quanto uma mulher. Se para o homem é uma opção, para a mulher é "encalhe", daí o estigma de mal-amada e enjeitada que ficou no caritó. Lembra da música: "Oi, bota pó, Vitalina tire o pó, moça velha não sai mais do caritó"? Era a imagem do inferno!

Eu morria de medo de ficar no caritó, explicado na crônica "Vitalinas", por Rachel de Queiroz: "Caritó é a pequena prateleira no alto da parede, ou nicho nas casas de taipa, onde as mulheres escondem, fora do alcance das crianças, o carretel de linha, o pente, o pedaço de fumo e o cachimbo. Vitalina, conforme a popularizou a cantiga, é a solteirona, a moça velha que se enfeita - bota pó e tira pó -, mas não encontra marido. E assim a Vitalina que ficou no caritó é como quem diz que ficou na prateleira, sem uso, esquecida, guardada intacta" ("O Cruzeiro", 19.9.1959).

Dados científicos atuais demonstram que o caritó, como significado de solteirice, adoece é os homens! Recente estudo da Universidade de Cornell (EUA) constatou que pessoas idosas que moram sozinhas, sem vínculos com a família e nem com amigos, são propensas a doenças físicas e mentais. Barbara Bartlein, autora de "Why Did I Marry You Anyway?", diz que tudo indica que os homens se beneficiam mais do casamento do que as mulheres, embora a expectativa de vida das mulheres seja maior no mundo.

A taxa de mortalidade de solteiros é 250% mais elevada, por todas as causas de morte, do que a dos casados; os solteiros consomem bebidas alcoólicas duas vezes mais que os casados; e que no caso de câncer os casados tendem a ter melhores taxas de recuperação.

Pesquisa da Universidade de Tel Aviv (Israel, 2010), com mais de 10 mil funcionários públicos israelenses, acompanhados por 34 anos, comparando solteiros com casados na década de 60, concluiu que homens que relataram serem felizes no casamento correm menos risco de acidente vascular cerebral fatal do que os solteiros e os infelizes no casamento, que apresentaram 64% mais chances de um "derrame fatal".

Estudo da Universidade de Otago (Nova Zelândia, 2010), com mais de 34 mil pessoas de 15 países, concluiu que "o fim de um casamento, seja pelo divórcio ou por morte do cônjuge, está associado a um aumento nos riscos de distúrbios de saúde mental, com as mulheres sendo mais propensas a abusar de drogas - incluindo álcool e medicamentos -, e os homens a se tornarem depressivos; e que homens casados correm menos riscos de problemas com ansiedade e depressão do que os solteiros".

Morar só é o mesmo que viver em solidão? Solidão é sinônimo de sofrimento? Por entender que quem tem memórias prazerosas para recordar nunca está só, vejo a solidão como um estado mental, prazeroso ou não, que independe de companhia presencial.
Fatima Oliveira *
Médica e escritora. É do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução e do Conselho da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe. Indicada ao Prêmio Nobel da paz 2005. 
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

 Livro: "Luta, Substantivo Feminino."

O livro traz a história de mulheres torturadas e mortas na ditadura Militar

 

Com relatos como o da jornalista Rose Nogueira, torturada durante o regime militar, o livro "Luta, Substantivo Feminino." A publicação reúne ainda os perfis de 45 mulheres assassinadas e desaparecidas por agentes da ditadura militar no Brasil (1964-1985).

 

Pelo relato de Rose, tem-se uma ideia do que as mulheres sofreram no período. "No meio desse terror, levaram-me para a carceragem, onde um enfermeiro preparava uma injeção. Lutei como podia, joguei a latinha da seringa no chão, mas um outro segurou-me e o enfermeiro aplicou a injeção na minha coxa. O torturador zombava: ‘Esse leitinho o nenê não vai ter mais’. ‘E se não melhorar, vai para o barranco, porque aqui ninguém fica doente.’ Esse foi o começo da pior parte. Passaram a ameaçar buscar meu filho. ‘Vamos quebrar a perna’, dizia um. ‘Queimar com cigarro’, dizia outro.”

Essas são as frases da jornalista que constam no livro, cujo lançamento teve a participação dos ministros Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, no auditório da Pontífica Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

"Este livro é o que chamo de terceiro filho do Direito à Memória e à Verdade, lançado pelo presidente Lula, em 2007. Há muitos enfoques a serem completados sobre a ditadura militar e o da mulher era um deles", disse Vanucchi.

Para Nilcéia, o livro é "mais um elemento para deixar o passado vivo e , assim, construirmos um presente e um futuro sem temores". "A impressão que tenho lendo os livros de história é que este país foi construído apenas pelos homens. Este livro resgata a contribuição das mulheres para reconquistar a liberdade e na reconstrução da democracia brasileira", completou a ministra.

Com tiragem inicial de 2,5 mil exemplares, a publicação reúne os perfis de 45 mulheres assassinadas e desaparecidas por agentes da ditadura militar no Brasil (1964-1985), cujos casos foram julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos em 15 anos de atividade. A obra ainda traz informações sobre as circunstâncias em que essas mortes e desaparecimentos ocorreram.

Em praticamente todos os casos relatados, as vítimas morreram em decorrência das torturas, foram executadas ou passaram a ter seu destino desconhecido por seus familiares e amigos. Para não deixar que tais horrores caiam no esquecimento e contribuir para a elucidação desse terrível episódio de nossa história, o livro Luta, substantivo feminino apresenta também depoimentos corajosos de 27 mulheres que sobreviveram às torturas.

No seu discurso, Vannuchi comentou que, apesar de ter sido barbaramente torturada no período militar, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ficou de fora do livro para "evitar qualquer comentário de que a publicação tenha conotações políticas". No auditório da PUC, o ministro pronunciou o nome de algumas das sobreviventes cujos depoimentos estão no livro e todas foram aplaudidas de pé pelos estudantes.

"Estou muito feliz em ver que a geração de vocês vê a ditadura com um olhar de história, e não carrega as duras marcas que a minha geração tem, e está aqui hoje, prestigiando o evento", disse Vannuchi.

A secretária de Políticas das Mulheres disse ainda que tinha a "esperança renovada toda vez que venho à uma universidade e vejo a juventude comprometida com o futuro".

A estudante do quinto ano de direito da PUC, Graziela Santos, foi ao evento e disse que há muito tempo não via o auditório lotado como hoje no lançamento do livro. "Semana passada, teve um evento internacional com apenas dez pessoas", disse. A aluna, que está estudando a questão da tortura sob a orientação de um professor de direitos humanos, comentou que acha importante a publicação de livros como este. "Os torturadores sempre vão existir, é por isso que precisamos nos fortalecer como um Estado democrático de Direito".
Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

Minas Gerais: unidade pró Dilma, problemas para Serra

 
Minas Gerais foi cenário, nesta terça feira (dia 6) de dois acontecimentos reveladores dos rumos da campanha presidencial faltando apenas um mês para a abertura oficial da caça ao voto (que ocorrerá em 6 de julho).

Em Belo Horizonte, o PT, o PMDB e os partidos da base do governo anunciaram a unidade em torno da candidatura do peemedebista Hélio Costa para o governo do Estado, com o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) para o Senado, e a possibilidade do ex-ministro Patrus Ananias para vice-governador.

Em Montes Claros, no norte do Estado, o candidato da oposição, o tucano José Serra, tentou exibir uma esquálida musculatura em visita à cidade, com o ex-governador Aécio Neves a tiracolo.

A festa em Belo Horizonte encerra um período de negociações que se acentuaram em maio e culminaram na unidade da base lulista para ganhar o governo estadual e fortalecer Dilma Rousseff entre os mineiros. Base formada pelas forças que governam, hoje, com o presidente Lula e que, com certeza, continuarão no Palácio do Planalto com Dilma. Seu núcleo é formado pelo conjunto das forças democráticas, progressistas e nacionalistas, articuladas em torno do programa de mudanças que a pré-candidata sintetizou na expressão “avançar, avançar e avançar”, bandeira que mobiliza corações e mentes dos brasileiros. E é a viga mestra da coesão para um novo período presidencial e para o protagonismo dos trabalhadores e do movimento social para garantir a continuidade e o avanço nas mudanças.

A chapa anunciada em Minas resultou de um caminho árduo em que a ala petista partidária da candidatura própria ao governo do Estado precisou ser convencida da unidade em torno de Hélio Costa. Os embates, naturais na construção de caminhos comuns entre forças políticas aliadas mas diversas, como o PT e o PMDB, foram (e são) explorados pela mídia ligada ao tucanato, que insiste em intrigas para minimizar a unidade que fortalece o campo lulista em Minas.

Eles não tem outro caminho. O epicentro das enormes dificuldades que o oposicionista José Serra enfrenta está justamente no estado que foi governado por Aécio Neves. A primeira delas foi o fim do sonho de ter o neto de Tancredo Neves como vice de Serra, que os tucanos consideravam fundamental para fortalecer sua pré-candidatura.

Quando ficou claro que Aécio não seria a "mão do gato" nessa empreitada, a lista dos problemas de José Serra escalou uma montanha (mineira?), e os próprios comentaristas tucanos na mídia falam em tensão na campanha oposicionista, onde teria se instalado uma crise de confiança entre os cardeais emplumados.

O encontro de Montes Claros, que a mídia tentou apresentar com cores festivas, escondia um tacape. Quem "não estiver com Serra sai do PSDB", ameaçou o ex-governador Aécio Neves, ecoando a realidade adversa de que o bloco demotucano perdeu o apoio de um terço dos prefeitos que controla. Minas tem 853 municípios, dos quais 256 tem prefeitos do PSDB, do DEM e do PPS. Destes, 79 apoiam Dilma Rousseff ou estão indecisos. Aécio vai recuperar seu apoio a José Serra com ameaças? Reconstruir a unidade pela força? Não parece possível.

A unidade alcançada em torno de Dilma é mais sólida, apesar dos percalços. Foi o próprio Fernando Pimentel que anunciou, via internet, o acerto em torno da candidatura peemedebista de Hélio Costa. "Prevalece o acordo nacional PMDB-PT. Agora é unidade na campanha e energia pra ganhar em Minas e no Brasil", afirmou. O pré-candidato peemedebista seguiu o mesmo tom ao reconhecer que, unidos, PT e PMDB podem ganhar o governo mineiro. "Separadamente, lamentavelmente, não haveria muitas condições de vitória", disse Hélio Costa.

E a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), que saudou o anúncio declarando que esta fase está superada, apontou o que há ainda por fazer: "completar a chapa majoritária incorporando o conjunto dos partidos que integram a base".
 
Fonte: http://www.vermelho.org.br/editorial

Pega, ladrão!

Dilma cresce 5 pontos e Serra cai 3 entre abril e maio, diz Ibope

 

Esta tem sido a forma como nossa mídia divulga os resultados das pesquisas nos últimos tempos. Ela dá ao eleitor/leitor certa medida da tendência do momento entre os candidatos. Uma chamada como“Dilma empata com Serra”, poderia ser a alternativa à idéia de movimento. No entanto, os principais jornais do país coincidentemente preferiram algo como “Continua o empate entre Serra e Dilma”. Essa forma passa a ideia que nada mudou e que, consequentemente, os resultados dos esforços de campanha dos dois candidatos são absolutamente iguais. No caso de Serra, facilitado pelos 75% usados na propaganda partidária do DEM(o) veiculada em rede nacional, no período.

A troca, que forneceu “argumentos” aos “especialistas/analistas”, da Folha, Estadão, O Globo e Veja, partiu de equivocada comparação dos dados do Ibope com os resultados de recente pesquisa do Datafolha. Equivocada em dois sentidos. Primeiro, porque aproxima no tempo uma e outra pesquisa, o que tende a mostrar resultados próximos. Segundo, porque cada instituto de pesquisas utiliza critérios técnicos de amostragem e de consolidação próprios, o que muitas vezes mostra resultados diferentes. Mas, as distorções provocadas pela forma de divulgação das pesquisas não param por aí.

Sobre a tendência dos candidatos nas diversas regiões do País, os jornalões preferem mostrar, estaticamente, a situação dos candidatos. Assim, Serra está à frente da petista no Sudeste e no Sul, enquanto Dilma supera o tucano nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Essa forma, não mostra que a candidatura Dilma cresceu, em relação à ultima pesquisa Ibope, nas cinco regiões brasileiras. Nem diz que Serra caiu em todas elas. Tentativas de manipulação? Coincidência? No entanto, os últimos resultados do Vox Populi, desta segunda-feira (07), desmoralizam a tese do congelamento. O instituto mostra a candidata governista ultrapassando o patamar de 40 pontos. Serra cai a 35. A informação é do Radar-On-line¹, da revista Veja

Deputado tucano monta fábrica de dossiê contra PMDB

Esta manchete poderia perfeitamente substituir aquela que nossos zelosos jornalões unanimemente divulgaram neste fim de semana. Pensando em favorecer Serra, puxaram a ponta de um pavio que pode até detonar a candidatura tucana. É que o grupo do deputado tucano, delegado licenciado, Marcelo Itagiba, do PSDB-RJ, conforme divulgado no Correio Braziliense², montou em 2002 uma usina de arapongagem a serviço do então ministro José Serra. Dinheiro grosso (R$ 1,8 milhão) do Ministério da Saúde. Este mesmo grupo, depois de bisbilhotar Aécio, Dilma e Ciro Gomes, segundo o jornalista Amaury Ribeiro Júnior³, está, hoje, levantando dossiês contra eminências do PMDB, partido que vai indicar o vice na chapa de Dilma Rousseff.

A entrevista que Amaury deu à Folha de São Paulo4, desta segunda-feira, mostra outra má notícia para a campanha de oposição: não passa de um irresponsável factóide a denúncia tucana de que o comando da campanha de Dilma encomendou um dossiê contra Serra. A senha do factóide foi o desencontro das declarações do ex-delegado Onésimo de Sousa e do ex-sargento Idalberto Matias de Araújo à revista Veja e ao jornal O Estado de S. Paulo. Antigo participante da usina de dossiês de Itagiba, Onésimo se ofereceu a Luiz Lanzetta para bisbilhotar o trabalho do ex-companheiro Itagiba contra o PMDB. Lanzetta é dono da empresa que contrata mão-de-obra para a campanha de Dilma.

O ansioso bate-cabeça dos jornais levou o candidato tucano a responsabilizar Dilma por “produzir um novo dossiê anti-tucano”. Interpelado judicialmente pela direção do PT sobre a irresponsável acusação, Serra já adiantou (Folha de São Paulo desta terça-feira) sua resposta: “quem tem que dar explicação é a candidata”. Simples, não? Razões ao jornalista Luiz Carlos Azenha: “Serra bate a carteira e grita: pega ladrão!”

Sidnei Liberal

Médico, membro da Direção do PCdoB – DFFonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

 Fidel Castro: No limiar da tragédia

Desde o dia 26 de março, nem Obama nem o Presidente da Coreia do Sul têm podido explicar o que realmente aconteceu com o navio insígnia da Marinha de Guerra sul-coreana - o moderníssimo caça-submarino Cheonan, que participava de uma manobra com a Armada dos Estados Unidos ao oeste da Península da Coreia, próximo aos limites das duas Repúblicas -, deixando 46 mortos e dezenas de feridos.

         Por Fidel Castro, em Portal Cuba        

 
O embaraçoso para o império é que seu aliado conheça, de fontes fidedignas, que o navio foi afundado pelos Estados Unidos. Não existe maneira de eludir esse fato que os acompanhará como uma sombra.

Em outra parte do mundo, as circunstâncias se ajustam igualmente a fatos muito mais perigosos que os do Leste da Ásia e que não podem deixar de acontecer sem que a superpotência imperial consiga formas de evitá-los.

Israel não se absteria de ativar e usar, com total independência, o considerável poder nuclear criado nesse país pelos Estados Unidos. Pensar de outra maneira é ignorar a realidade.

Outro assunto muito grave é que as Nações Unidas tampouco têm alguma maneira de mudar o curso dos acontecimentos e muito em breve os ultra-reacionários que governam Israel se chocarão com a indomável resistência do Irã, uma nação de mais de 70 milhões de habitantes e de conhecidas tradições religiosas que não aceitará as ameaças insolentes de nenhum adversário.

Em duas palavras: o Irã não cederá perante as ameaças de Israel.

Os habitantes do mundo, logicamente, desfrutam cada vez mais dos grandes acontecimentos esportivos, aqueles relacionados com o divertimento, a cultura e outros que ocupam seus limitados espaços de lazer, no meio dos deveres que lhes ocupam grande parte de seu tempo dedicado aos afazeres cotidianos.

Nos próximos dias, o Campeonato Mundial de Futebol que acontecerá na África do Sul lhes arrebatará todas as horas livres de seu tempo. Com crescente emoção, acompanharão as vicissitudes das personagens mais conhecidas. Observarão cada passo de Maradona e não deixarão de lembrar o instante do espetacular gol que decidiu a vitória da Argentina num dos clássicos.

Novamente outro argentino vem surgindo espetacularmente, de estatura baixa, mas veloz, que aparece como raio e, com as pernas ou a cabeça, dispara a bola à velocidade insólita. Seu sobrenome: Messi, de origem italiana, já é bem conhecido e mencionado por todos os fanáticos.

A imaginação deles é levada até o delírio quando chegam as imagens dos numerosos estádios onde ocorrerão as competições. Os projetistas e arquitetos criaram obras jamais sonhadas pelo público.

Aos governos que sempre estão reunidos para cumprir as obrigações que a nova época impôs sobre seus ombros, o tempo é curto para conhecerem a imensa quantidade de notícias que a televisão, o rádio e a imprensa escrita divulgam constantemente.

Quase tudo depende exclusivamente da informação que recebem dos seus assessores. Alguns dos mais poderosos e importantes Chefes de Estado, que tomam as decisões fundamentais, costumam usar os telefones celulares para se comunicar diariamente entre eles várias vezes.

Um número crescente de milhões de pessoas no mundo vive apegado a esses pequenos aparelhos sem que ninguém saiba qual o efeito que terão na saúde humana. Dilui-se a inveja que deveríamos sentir por não ter desfrutado dessas possibilidades em nossa época, que se afasta pela sua vez velozmente em muito poucos anos e quase sem dar-nos conta.

Ontem, em meio à voragem, foi publicado que possivelmente hoje Conselho da Segurança das Nações Unidas poderia votar uma resolução pendente para decidir se é imposta uma quarta rodada de sanções ao Irā, por negar-se a parar o enriquecimento do urânio.

O irônico desta situação é que se fosse Israel, os Estados Unidos da América e seus aliados mais próximos diriam logo que Israel não assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e vetariam a resolução.

No entanto, se o Irã é acusado simplesmente de produzir urânio enriquecido até 20%, é solicitada imediatamente a aplicação de sanções econômicas para asfixiá-lo e é óbvio que Israel atuaria como sempre, com fanatismo fascista, igual como fizeram com os soldados das tropas de elite lançados de helicópteros, em horas da madrugada, sobre os que viajavam na flotilha solidária, que transportava alimentos para a população sitiada em Gaza, matando várias pessoas e ferindo dezenas que foram depois presas juntamente com os tripulantes das embarcações.

Logicamente tentarão destruir as instalações onde o Irã enriquece uma parte do urânio que produz. Também é lógico que o Irã não se conformará com esse tratamento desigual.

As conseqüências dos enredos imperiais dos Estados Unidos poderiam ser catastróficas e afetariam a todos os habitantes do planeta, ainda mais do que todas as crises econômicas juntas.

Fidel Castro
8 de Junho de 2010

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Crise, eleições e partidos

Em meio a um extraordinário vendaval financeiro internacional o Brasil resiste, demonstra vigor econômico e mantém uma perspectiva de crescimento de mais de 6% do seu PIB ainda este ano, exatamente o ano em que a crise atinge a Europa em cheio como uma bomba.

Mas é preciso que o País adote medidas de precaução em relação ao nebuloso cenário mundial. Um quadro de grandes instabilidades econômicas e uma perigosa sucessão de conflitos geopolíticos provocados pela resistência, que se amplia, de vários povos à diplomacia de porrete dos Estados Unidos da América.

A política externa dos EUA mais parece com as atitudes de uma pessoa em crise e descompensada, seguida de perto pelas recentes e violentas agressões do seu aliado incondicional no Oriente Médio, o Estado de Israel. Como se não bastassem os episódios do navio afundado entre as Coréias, a preparação midiática de um ataque anunciado contra o Irã.

Ora, esse cenário não é brincadeira porque mistura tensão militar com econômica em altas proporções e que são suficientes para concluirmos que há no ar cheiro de nitroglicerina pura.

É nesse contexto que o Brasil deve adotar todas as medidas cautelares necessárias a fim de proteger o crescimento econômico tendo como um dos seus pilares o substancial mercado interno, um dos responsáveis fundamentais para que a nação venha atravessando a tempestade em pleno ritmo de economia vitoriosa.

E como não há economia sem subordinação às orientações políticas, a opinião pública nacional, vale dizer, os eleitores brasileiros, estão muito bem atentos ao grau de responsabilidade e competência do governo Lula.

Porque o País e a sua administração estão sendo submetidos a duras provas de resistência e vêm se conduzindo com êxito inquestionável.

A resistência do presidente da República em implementar, no auge da crise, medidas recessivas cobradas pela grande mídia global, semelhantes àquelas implementadas por todos os dois governos FHC, mostrou-se acertada.

E não apenas justas, mas estrategicamente distintas e antagônicas, como políticas econômicas, da linha neoliberal de FHC, e do seu candidato o senhor José Serra.

No andar dessa carruagem será praticamente inevitável o crescimento da senhora Dilma Rousseff como também o declínio do candidato tucano. A outra questão é que não há a menor dúvida sobre o caráter plebiscitário destas eleições. Assim como o futuro incerto de alguns partidos.

Eduardo Bomfim * * Advogado, Secretário de Cultura de Maceió - AL

Fonte: http://www.vermelho.org.br