Há muito tempo que
analiso o comportamento das pessoas, de modo mais intenso e
expressivo os que vivem por perto. Quanta contradição! ...quanta avareza por detrás do egocentrismo medíocre estupefato da
pequenez camuflada na banca vazia das próprias ilusões. Quantos
revolucionários na contra mão da história, aparelhando interesses
e violentando instrumentos democráticos e libertadores da classe
trabalhadora! Quantos camaradas iludidos com o 'status quo' miserável
dos que muito falam e pouco fazem, dos que cegam a justiça com os
olhos obesos dos próprios interesses!
Quantos amigos
professores frustrados com a vida de sala de aula, desestruturados na
vida pessoal, feridos na luta ideológica e mergulhado no stress do
dia seguinte. Quantos sindicalistas medíocres vendendo na feira do
fisiologismo a falsa imagem de defensores dos trabalhadores.
Argonautas diários das redes sociais de relacionamento, fetichismo,
sexo e perdição. Traindo os trabalhadores, rasgando a ética
ideológica e a um só tempo violentando a dignidade de si mesmo e da
própria família.
Quantas 'carolas'
conhecidas falando de “Deus”, distribuindo o pão amassado
pelas mãos que apertam e desvelam as calosas contradições.
Repartem este pão 'amassado' com a língua cortante, e 'assado' na boca
como um 'forno do inferno' aquecido pelo calor diário das
incessantes fofocas, a ser ingerido aos drinques de intromissão na vida alheia. Pão servido diariamente como ritual sagrado e
degradado pelo fio condutor das patotas que alimentam a vida diária
pelas mentiras e lorotas.
Quantos 'cientistas'
dos causos de roda, pintando a imagem de gênio da história,
filósofo de hora e artista sem arte. Santa ausência da lucidez
naqueles que comungam da estupidez diária da própria invalidez.
Amigos distante e conhecidos de perto, mas que formam a negação da
negação dos necessários exercícios diários de uma receita de
humildade, com recheados flocos de honestidade a ser servido na farta
mesa de nossa negada realidade. Retrato explicito de que estudar
precisa ser o latejante sintoma da dor na carne, imune a qualquer
fármaco e imensurável por qualquer método qualitativo de notas
(médias) obtidas, mas sim pelo acumulo que permanece de claro
conhecimento, sintoma cada vez mais raro da lucidez.
Quantos de vós tem se
colocado em marcha na direção da vitória sobre as próprias
limitações? Quantos de vós tem lutado para vencer os vícios
malditos acarretados pela posição social, estrutural e financeira?
Quantos de vós tem lutado para controlar o ego nojento exposto no
palco ridículo de vossas fragilidades. Quantos de vós tem marcado
encontro com a dona lucidez? É hora sim de vocês romperem as
algemas que os aprisionam no silogismos peripatético de suas
próprias contradições. Para que ao atravessarem a encruzilhada da
realidade não sejam engolidos pela sombra da história e envenenados
na epistêmica mesa do tempo.
Quanto a mim? ...
louvado seja minha tamanha pequenez. Pois aos que se encaixarem neste
interim dialógico realista fica o exposto. Porque neste areópago
onde vivo nunca se precisou tanto de uma visita a trilha dos velhos
princípios da ética, da moralidade e da coerência. Porque não são
poucos os que precisam de 'piqueniques' recheados de boa conduta; …
de 'acampamentos' de honestidade; … de 'excursões' a procura da
lucidez perdida. Estamos precisando de uma revoada de novos valores;
… de um banho de cultura; um tornado de honestidade; uma avalanche
de transparência; uma tsunami de coerência. Só assim se abre a
possibilidade de reciclar o 'Lixo da Estupidez', transformando-o em
um 'Luxo da Lucidez'. É um desafio …
Neuri Adilio Alves
Filósofo - Humano - Observador