segunda-feira, 28 de junho de 2010
Deputado federal há 20 anos, ex-ministro de Lula e ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo, 54, enfrenta a saraivada de críticas ao relatório – apontado como explicitamente favorável aos ruralistas – com uma alternância de serenidade e irritação. Explica pausadamente os pontos mais importantes, garante que analisa todas as sugestões de mudança e tenta conter o duelo raivoso entre ambientalistas e ruralistas. "As pessoas estão interpretando o relatório como interpretam Dom Casmurro, se Capitu traiu ou não traiu Bentinho, se vai ou não vai haver desmatamento."
A seguir, confira íntegra da entrevista ao Correio Braziliense:
Condenação do Cristo marxista
Gilson Caroni *
Nas páginas do “Evangelho segundo Jesus Cristo”, a grande heresia não está no fato de o personagem pedir perdão pelos pecados de Deus. O que o Vaticano não pode perdoar é a denúncia corajosa a um cristianismo imperial e colonialista.
Que estranhos desígnios inspiraram o "L'Osservatore
Romano" a atacar,em editorial, o escritor José Saramago, falecido
recentemente na Espanha? Chamá-lo de populista extremista, que se
referia "com comodidade a um Deus no qual jamais acreditou por
considerar-se todo poderoso e onisciente" não revela apenas uma atitude
fria e inflexível com um humanista ateu. Vai além. Reforça apreensões
em relação aos objetivos políticos do Vaticano e suas consequências
éticas.
Se a eleição do cardeal Ratzinger como supremo pontífice da Igreja Católica constituiu um acontecimento cuja gravidade poucos subestimaram, a superação integrista das contradições do Concílio Vaticano II já se delineava claramente no pontificado de seu antecessor, João Paulo II, quando as bases sociais da Teologia da Libertação foram firmemente atacadas.
Em 1983, ao visitar a América Central, suas homilias mantiveram fina sintonia com o projeto do governo Reagan para a região. Em Manágua, o papa não apenas não correspondeu às expectativas do povo nicaraguense de condenação clara às agressões incentivadas pelo imperialismo estadunidense, como também deu ênfase ao que mais dividia o governo sandinista e a hierarquia eclesiástica, à época: o da fidelidade dos sacerdotes e religiosas à igreja e à exigência de não participarem na responsabilidade da gestão governamental. Uma declaração de guerra aos partidários de um cristianismo progressista. Reafirmação classista de uma instituição multissecular.
Na Guatemala, um dos países em que a repressão dos governos militares fez mais vítimas entre os religiosos, João Paulo II não só visitou o presidente Ríos Montt, conhecido por ordenar massacres contra a oposição, como permitiu que o general lhe pedisse o afastamento de sacerdotes da política. Nos discursos papais não houve qualquer protesto contra fuzilamentos sistemáticos; apenas menções genéricas a Direitos Humanos. O Cristo do Vaticano, ao contrário do de Saramago, não deu ouvido a comunidades indígenas e camponesas tratadas como estrangeiras em seus próprios países.
Embora saiba muito bem que estão implícitas, na violência que se expande, a questão do poder, dos interesses econômicos nacionais e internacionais, além das considerações geopolíticas, o Jesus do "L'Osservatore" ignora que a promessa anunciada só se efetivará provocando uma transformação radical da condição social do homem. No livro de Saramago, Jesus, filho de José e amante de Madalena, vive a Paixão dos novos sujeitos. Seu sacrifício é a labuta das populações negras, o sofrimento das índias e o sangue camponês que jorra nos latifúndios.
A coexistência de um papado ultra-reacionário com governos de extrema-direita, como foi o de Bush, implica uma luta mundial de idéias que, não duvidem, será muito intensa. A crítica a uma religião de mercado, que exige o sacrifício de vidas humanas e o aniquilamento de natureza é a batalha da esquerda de nosso tempo.
Nessa guerra, ao contrário do que afirma o Vaticano, o Cristo de Saramago é aliado fundamental. Nas páginas do "Evangelho segundo Jesus Cristo", a grande heresia não está no fato de o personagem pedir perdão pelos pecados de Deus. O que o Vaticano não pode perdoar é a denúncia corajosa a um cristianismo imperial e colonialista. Um sistema de crenças que, para validar a opressão, necessita de uma metafísica negativa sobre os homens e sua história.
Saramago provocou a ira da cúpula da Igreja Católica ao reafirmar a modernidade e os valores de igualdade e liberdade. Foi isso que seu Cristo Marxista proclamou. Não de maneira idílica, mas de forma dialética, como reafirmação de vidas que devem transcender a si mesmas, eliminando práticas e relações que geram opressão e miséria.
Se a eleição do cardeal Ratzinger como supremo pontífice da Igreja Católica constituiu um acontecimento cuja gravidade poucos subestimaram, a superação integrista das contradições do Concílio Vaticano II já se delineava claramente no pontificado de seu antecessor, João Paulo II, quando as bases sociais da Teologia da Libertação foram firmemente atacadas.
Em 1983, ao visitar a América Central, suas homilias mantiveram fina sintonia com o projeto do governo Reagan para a região. Em Manágua, o papa não apenas não correspondeu às expectativas do povo nicaraguense de condenação clara às agressões incentivadas pelo imperialismo estadunidense, como também deu ênfase ao que mais dividia o governo sandinista e a hierarquia eclesiástica, à época: o da fidelidade dos sacerdotes e religiosas à igreja e à exigência de não participarem na responsabilidade da gestão governamental. Uma declaração de guerra aos partidários de um cristianismo progressista. Reafirmação classista de uma instituição multissecular.
Na Guatemala, um dos países em que a repressão dos governos militares fez mais vítimas entre os religiosos, João Paulo II não só visitou o presidente Ríos Montt, conhecido por ordenar massacres contra a oposição, como permitiu que o general lhe pedisse o afastamento de sacerdotes da política. Nos discursos papais não houve qualquer protesto contra fuzilamentos sistemáticos; apenas menções genéricas a Direitos Humanos. O Cristo do Vaticano, ao contrário do de Saramago, não deu ouvido a comunidades indígenas e camponesas tratadas como estrangeiras em seus próprios países.
Embora saiba muito bem que estão implícitas, na violência que se expande, a questão do poder, dos interesses econômicos nacionais e internacionais, além das considerações geopolíticas, o Jesus do "L'Osservatore" ignora que a promessa anunciada só se efetivará provocando uma transformação radical da condição social do homem. No livro de Saramago, Jesus, filho de José e amante de Madalena, vive a Paixão dos novos sujeitos. Seu sacrifício é a labuta das populações negras, o sofrimento das índias e o sangue camponês que jorra nos latifúndios.
A coexistência de um papado ultra-reacionário com governos de extrema-direita, como foi o de Bush, implica uma luta mundial de idéias que, não duvidem, será muito intensa. A crítica a uma religião de mercado, que exige o sacrifício de vidas humanas e o aniquilamento de natureza é a batalha da esquerda de nosso tempo.
Nessa guerra, ao contrário do que afirma o Vaticano, o Cristo de Saramago é aliado fundamental. Nas páginas do "Evangelho segundo Jesus Cristo", a grande heresia não está no fato de o personagem pedir perdão pelos pecados de Deus. O que o Vaticano não pode perdoar é a denúncia corajosa a um cristianismo imperial e colonialista. Um sistema de crenças que, para validar a opressão, necessita de uma metafísica negativa sobre os homens e sua história.
Saramago provocou a ira da cúpula da Igreja Católica ao reafirmar a modernidade e os valores de igualdade e liberdade. Foi isso que seu Cristo Marxista proclamou. Não de maneira idílica, mas de forma dialética, como reafirmação de vidas que devem transcender a si mesmas, eliminando práticas e relações que geram opressão e miséria.
* É professor de Sociologia das
Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista
da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil
Fonte: http://www.vermelho.org.br
Fonte: http://www.vermelho.org.br
sábado, 26 de junho de 2010
Ciência festeja criação da vida e Vaticano estrebucha
Carlos Pompe *Pesquisadores anunciaram, dia 20 de maio, a criação da primeira célula controlada por um genoma sintético. Um êxito que poderá levar à produção de micro-organismos especialmente criados para desempenhar funções específicas, como secretar biocombustíveis, retirar poluentes da atmosfera ou produzir vacinas. O resultado assustou os criacionistas e sua principal organização mundial, a Igreja Católica e Apostólica Romana.
Cultura de células sintéticas, por microscópio eletrônico |
J. Craig Venter, que chefiou o programa privado de sequenciamento do
genoma humano e liderou a atual pesquisa, anunciou: "Esta é a primeira
célula sintética já feita, e nós a chamamos de sintética porque ela é
totalmente derivada de um cromossomo sintético, feito com quatro
garrafas de produtos químicos e um sintetizador, a partir de informação
em nosso computador. Esta passa a ser uma ferramenta muito importante
para tentar projetar o que queremos que a biologia faça". Nos planos dos
autores está a produção de algas capazes de capturar dióxido de carbono
e transformá-lo em novos combustíveis. Eles também estudam meios de
acelerar a produção de vacinas.
A equipe de Venter sintetizou o genoma da bactéria M. mycoides, acrescentando a ele uma "marca d'água" para distingui-lo da versão natural. A marca d'água inclui os nomes de coautores e colaboradores do estudo, um endereço na internet, um e-mail e três citações, incluindo uma de James Joyce e uma do físico Richard Feynman: "O que sou incapaz de construir, sou incapaz de compreender". Tudo codificado em DNA.
Como as máquinas atuais apenas conseguem montar sequências curtas de DNA, os cientistas inseriram os fragmentos em leveduras, cujas enzimas reparadores de DNA "amarraram" as sequências. Eles então transferiram as sequências de tamanho médio para a bactéria E. coli e de volta para a levedura. Depois de três rodadas de montagem, havia um genoma de mais de um milhão de bases pronto.
Os pesquisadores pretendem, agora, construir genomas originais, e não de meras cópias do que já existe na natureza. Venter reconheceu que com a tecnologia do DNA sintético poderão ser criados agentes causadores de doenças. Mas a técnica representa "um aumento linear na capacidade de fazer o mal e um aumento exponencial na capacidade de fazer o bem".
Pego com as batinas nas mãos diante de mais esta refutação da necessidade de um ser superior para criar o mundo e a vida, as autoridades do Vaticano consideraram, no órgão oficial da Igreja, L'Osservatore Romano, a célula sintética um "resultado interessante", mas destacou que "deve ter regras, como tudo o que toca o coração da vida". Ora, foi exatamente usando as regras da natureza que os cientistas chegaram ao resultado exitoso de sua experiência.
Sem argumentos para contrapor ao irrefutável, o monsenhor Rino Fisichella, considerado autoridade em bioética pelo Vaticano, tratou de mudar de assunto: “Pensamos, acima de tudo, no significado que deve ser dado à vida". Então, tá.
Numa sociedade dividida e em permanente luta de classes, a utilização da ciência pode ser feita para o avanço social ou utilizada em crimes contra a humanidade. O avanço do conhecimento atômico propiciou a invenção de inúmeras máquinas a serviço da medicina, e também possibilitou aos Estados Unidos lançarem duas bombas atômicas contra o Japão, na primeira metade do século passado.
No entanto, a cada avanço científico é reafirmado o poder do conhecimento humano e o obsoletismo das crendices que obstaculizam o domínio sobre a natureza e que são utilizadas para manter as massas dóceis e submissas aos seus opressores. Como poetou Cecília Meireles:
A equipe de Venter sintetizou o genoma da bactéria M. mycoides, acrescentando a ele uma "marca d'água" para distingui-lo da versão natural. A marca d'água inclui os nomes de coautores e colaboradores do estudo, um endereço na internet, um e-mail e três citações, incluindo uma de James Joyce e uma do físico Richard Feynman: "O que sou incapaz de construir, sou incapaz de compreender". Tudo codificado em DNA.
Como as máquinas atuais apenas conseguem montar sequências curtas de DNA, os cientistas inseriram os fragmentos em leveduras, cujas enzimas reparadores de DNA "amarraram" as sequências. Eles então transferiram as sequências de tamanho médio para a bactéria E. coli e de volta para a levedura. Depois de três rodadas de montagem, havia um genoma de mais de um milhão de bases pronto.
Os pesquisadores pretendem, agora, construir genomas originais, e não de meras cópias do que já existe na natureza. Venter reconheceu que com a tecnologia do DNA sintético poderão ser criados agentes causadores de doenças. Mas a técnica representa "um aumento linear na capacidade de fazer o mal e um aumento exponencial na capacidade de fazer o bem".
Pego com as batinas nas mãos diante de mais esta refutação da necessidade de um ser superior para criar o mundo e a vida, as autoridades do Vaticano consideraram, no órgão oficial da Igreja, L'Osservatore Romano, a célula sintética um "resultado interessante", mas destacou que "deve ter regras, como tudo o que toca o coração da vida". Ora, foi exatamente usando as regras da natureza que os cientistas chegaram ao resultado exitoso de sua experiência.
Sem argumentos para contrapor ao irrefutável, o monsenhor Rino Fisichella, considerado autoridade em bioética pelo Vaticano, tratou de mudar de assunto: “Pensamos, acima de tudo, no significado que deve ser dado à vida". Então, tá.
Numa sociedade dividida e em permanente luta de classes, a utilização da ciência pode ser feita para o avanço social ou utilizada em crimes contra a humanidade. O avanço do conhecimento atômico propiciou a invenção de inúmeras máquinas a serviço da medicina, e também possibilitou aos Estados Unidos lançarem duas bombas atômicas contra o Japão, na primeira metade do século passado.
No entanto, a cada avanço científico é reafirmado o poder do conhecimento humano e o obsoletismo das crendices que obstaculizam o domínio sobre a natureza e que são utilizadas para manter as massas dóceis e submissas aos seus opressores. Como poetou Cecília Meireles:
Pelos caminhos do mundo
nenhum destino se perde:
há os grandes sonhos dos homens,
E a surda força dos vermes.
* Jornalista e curioso do mundo.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna
O pensamento vivo de José Saramago
Carlos Pompe *
Deixou de
bater, dia 18 de junho, o coração do escritor, pensador, jornalista e
político (filiado e, por um período, dirigente do Partido Comunista
Português) José Saramago. Grande leitor e admirador da obra de Karl
Marx, atuava também como um militante ateísta, combatendo o pensamento
religioso. Perseguido pelo governo português e pela Igreja Católica,
criticado por sionistas e obscurantistas de toda a sorte, dizia ter a
“pele dura” para aguentar – e responder – os ataques que sofria. Um
pouco de seu pensamento:
"Eu sou um comunista hormonal, meu corpo contém hormônios que fazem
crescer minha barba e outros que me tornam um comunista. Mudar, para
quê? Eu ficaria envergonhado, eu não quero me tornar outra pessoa". (ao
repórter da BBC Alfonso Daniels, junho de 2009).
“Você sabe, eu nunca escondi minhas convicções. Sou comunista e por
isso sou tratado como inimigo da democracia. Pelo contrário, eu quero é
salvar a democracia e para isso é preciso criticar esse simulacro de
democracia em que vivemos. As democracias ocidentais são fachadas
políticas do poder econômico. Fachadas com cores, bandeiras, discursos
intermináveis sobre a democracia.” “Foi o poder econômico que enfiou nas
consciências que o mercado deve agir de mãos livres e, assim fazendo,
levou à conclusão de que o pleno emprego é um obstáculo”. (entrevista a
Didier Jacob, Le Nouvel Observateur, novembro de 2006)
"Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu
neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca
se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo
intelectual desta pessoa."
“Deus não existe fora da cabeça das pessoas que nele creem.
Pessoalmente, não tenho nenhuma conta a ajustar com uma entidade que
durante a eternidade anterior ao aparecimento do universo nada tinha
feito (pelo menos não consta) e que depois decidiu sumir-se não se sabe
para onde. O cérebro humano é um grande criador de absurdos. E Deus é o
maior deles”.
“Caim (sua última publicação) é um livro escrito contra toda e
qualquer religião. Ao longo da História, as religiões, todas elas, sem
exceção, fizeram à humanidade mais mal que bem. Todos o sabemos, mas
não extraímos daí a conclusão óbvia: acabar com elas. Não será
possível, mas ao menos tentêmo-lo. Pela análise, pela crítica
implacável. A liberdade do ser humano assim o exige”.
(entrevista a Ubiratan Brasil, O Estado de São Paulo, outubro de 2009)
“O poder de cada um de nós limita-se na esfera política a tirar um
governo de que não gosta e colocar outro de que talvez venha a gostar.
Mas as grandes decisões são tomadas em outra esfera. E todos sabemos
qual é: as grandes relações financeiras internacionais.” (Folha de S.
Paulo, 2008)
"Estamos afundados na merda do mundo e não se pode ser otimista. O
otimista, ou é estúpido, ou insensível ou milionário". (dezembro de
2008, na apresentação em Madri de "As pequenas memórias").
“Hoje, existe uma espécie de menosprezo por essa coisa tão simples
que antes era falar com propriedade. Quando eu era trabalhador, sempre
tinhas as ferramentas limpas e em bom estado. Não conheço uma
ferramenta mais rica e capaz que o idioma. E isso significa que se deve
ser elegante na dicção. Falar bem é um sinal de pensar bem”.
(entrevista coletiva no lançamento do As pequenas memórias, 2006)
“Uma vez que foi dito e do dito se fez escrito para valer e dar fé”.
(História do cerco de Lisboa, 1989)
“... cada um de nós é, acima de tudo, filho das suas obras, daquilo
que vai fazendo durante o tempo que cá anda”. (Crônica Retrato de
antepassados, in Os apontamentos, 1976)
“... aos jornais e demais meios de comunicação sociais pela
facilidade com que passam dos aplausos do capitólio às precipitações da
rocha tarpeia, como se eles não fossem uma parte activa na preparação
do desastre”. (Ensaio sobre a lucidez, 2004)
“Eu digo de outra maneira aquilo que a minha avó disse, já devia
estar farta de viver, e disse: o mundo é tão bonito e eu tenho tanta
pena de morrer”. (frase dita ao cineasta Fernando Meirelles, que
adaptou “Ensaio sobre a cegueira” para o cinema)
_______________Persigamos as ideias imortais, juntos, no Twitter: http://twitter.com/Carlopo
* Jornalista e curioso do mundo.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna
Porta-aviões Harry S. Truman, um dos que navegam pelo Canal de
Suez
Fidel Castro: Como gostaria de estar enganado
Em mais um artigo de sua série de reflexões, Fidel Castro analisa as ações belicistas dos Estados Unidos, que parecem passar despercebidas por boa parte da população entretida com os jogos da Copa do Mundo. “Haveria de se perguntar quantos, em contrapartida, tomaram conhecimento que desde o dia 20 de junho, navios militares norte-americanos (...) navegam pelas costas iranianas através do canal de Suez”, escreve. Acompanhe a íntegra a seguir.
Quando estas linhas tiverem sido publicadas no
jornal Granma desta sexta-feira, o dia 26 de Julho – data em que
sempre recordamos com orgulho a honra de termos resistido aos ataques do
império – estará distante, apesar de faltarem apenas 32 dias.
Os que determinam cada passo do pior inimigo da humanidade – o imperialismo dos Estados Unidos, uma mescla de mesquinhos interesses materiais, desprezo e subestimação às demais pessoas que habitam o planeta – o calcularam com precisão matemática. Na reflexão do dia 16 de junho, escrevi: “A cada jogo da Copa do Mundo, as diabólicas notícias vão deslizando pouco a pouco, de modo que ninguém se ocupe delas”.
O famoso evento esportivo entrou em seus momentos mais emocionantes. Durante 14 dias, as equipes integradas pelos melhores futebolistas de 32 países estiveram competindo para avançar até a fase de oitavas de final; depois virão sucessivamente as fases de quartas de final, semifinais e o final do evento. O fanatismo esportivo cresce incessantemente, envolvendo talvez centenas de milhares de pessoas em todo o planeta.
Haveria de se perguntar quantos, em contrapartida, tomaram conhecimento que desde o dia 20 de junho, navios militares norte-americanos – incluídos o porta-aviões Harry S. Truman, escoltado por um ou mais submarinos nucleares e outros submarinos de guerra com foguetes e canhões mais potentes que os dos velhos encouraçados utilizados na última guerra mundial entre 1939 e 1945 – navegam pelas costas iranianas através do canal de Suez.
Junto às forças navais ianques, avançam submarinos militares israelenses, com armamento igualmente sofisticado para inspecionar qualquer embarcação que parta para exportar e importar produtos comerciais necessário ao funcionamento da economia iraniana.
O Conselho de Segurança da ONU, por proposta dos Estados Unidos e com o apoio da Grã-Bretanha, França e Alemanha, aprovou uma dura resolução que não foi vetada por nenhum dos cinco países que ostentam esse direito. Outra resolução, mais dura, foi aprovada por acordo do Senado dos Estados Unidos. Posteriormente, uma terceira e, todavia mais dura, foi aprovada pelos países da Comunidade Europeia. Tudo isso ocorreu antes do dia 20 de junho, o que motivou uma viagem urgente do presidente francês Nicolas Sarkozy à Rússia, segundo o noticiário, para encontrar-se com o chefe de Estado desse poderoso país, Dmitri Medvédev, na esperança de negociar com o Irã e evitar o pior.
Agora, trata-se de calcular quando as forças navais dos EUA e de Israel se colocarão frente às costas do Irã e se unirão ali aos porta-aviões e demais submarinos militares norte-americanos que montam guarda nessa região.
O pior é que, assim como os Estados Unidos, Israel – seu gendarme no Oriente Médio – possui moderníssimos aviões de ataque e sofisticadas armas nucleares fornecidos pelos EUA, o que os converteu na sexta potência nuclear do planeta por seu poder de fogo entre as oito reconhecidas como tais, grupo que inclui ainda a Índia e o Paquistão.
O xá do Irã havia sido derrocado pelo aiatolá Ruhollah Komeini em 1979 sem usar uma arma. Os Estados Unidos impuseram a guerra àquela nação com o emprego de armas químicas, cujos componentes forneceu ao Iraque junto com a informação requerida por suas unidades de combate e que foram empregadas por estas contra os Guardiões da Revolução. Cuba o conhece porque era então, como explicado outras vezes, presidente do Movimento de Países Não Alinhados. Sabemos bem os estragos que causou em sua população. Mahmoud Ahmadinejad, hoje chefe de Estado do Irã, foi chefe do sexto exército dos Guardiões da Revolução e chefe do Corpo de Guardiões nas províncias ocidentais do país, que tiveram peso fundamental naquela guerra.
Hoje, em 2010, tanto os EUA como Israel, depois de 31 anos, subestimam milhares de homens das Forças Armadas do Irã e sua capacidade de combate por terra e as forças aéreas, marítimas e terrestres dos Guardiões da Revolução.
A estas se somam os 20 milhões de homens e mulheres, entre 12 e 60 anos, escolhidos e treinados sistematicamente por suas diversas instituições armadas entre os 70 milhões de pessoas que habitam o país.
O governo dos Estados Unidos elaborou um plano para levar a cabo um movimento político que, apoiando-se no consumismo capitalista, que dividiria os iranianos e derrotaria o regime. Tal esperança é inócua. É risível pensar que com os navios de guerra estadunidenses, unidos aos israelenses, despertem as simpatias de apenas um cidadão iraniano.
Acreditava inicialmente, ao analisar a atual situação, que a contenda começaria pela península da Coreia, e ali estaria o detonador da segunda guerra coreana que, por sua vez, daria lugar imediatamente à segunda guerra que os EUA imporiam ao Irã. Agora, a realidade muda as coisas em sentido inverso: a do Irã desatará de imediato a da Coreia.
A administração central da Coreia do Norte, que foi acusada de afundar o navio Cheonan e sabe que o mesmo foi afundado por uma mina que os serviços de inteligência ianques conseguiram colocar no casco desse navio, não esperariam um segundo para agir tão logo se iniciasse um ataque ao Irã.
É muito justo que os fanáticos pelo futebol desfrutem como desejarem das competições da Copa do Mundo. Cumpro apenas o dever de exortar nosso povo, pensando, sobretudo, em nossa juventude, cheia de vida e esperanças, e especialmente em nossas maravilhosas crianças, para que os fatos não nos surpreendam absolutamente desprevenidos.
Dói-me pensar em tantos sonhos concebidos pelos seres humanos e as assombrosas criações feitas em poucos milhares de anos. Quando os sonhos mais revolucionários estão reunidos e a pátria se recupera firmemente, como eu gostaria de estar equivocado!
Os que determinam cada passo do pior inimigo da humanidade – o imperialismo dos Estados Unidos, uma mescla de mesquinhos interesses materiais, desprezo e subestimação às demais pessoas que habitam o planeta – o calcularam com precisão matemática. Na reflexão do dia 16 de junho, escrevi: “A cada jogo da Copa do Mundo, as diabólicas notícias vão deslizando pouco a pouco, de modo que ninguém se ocupe delas”.
O famoso evento esportivo entrou em seus momentos mais emocionantes. Durante 14 dias, as equipes integradas pelos melhores futebolistas de 32 países estiveram competindo para avançar até a fase de oitavas de final; depois virão sucessivamente as fases de quartas de final, semifinais e o final do evento. O fanatismo esportivo cresce incessantemente, envolvendo talvez centenas de milhares de pessoas em todo o planeta.
Haveria de se perguntar quantos, em contrapartida, tomaram conhecimento que desde o dia 20 de junho, navios militares norte-americanos – incluídos o porta-aviões Harry S. Truman, escoltado por um ou mais submarinos nucleares e outros submarinos de guerra com foguetes e canhões mais potentes que os dos velhos encouraçados utilizados na última guerra mundial entre 1939 e 1945 – navegam pelas costas iranianas através do canal de Suez.
Junto às forças navais ianques, avançam submarinos militares israelenses, com armamento igualmente sofisticado para inspecionar qualquer embarcação que parta para exportar e importar produtos comerciais necessário ao funcionamento da economia iraniana.
O Conselho de Segurança da ONU, por proposta dos Estados Unidos e com o apoio da Grã-Bretanha, França e Alemanha, aprovou uma dura resolução que não foi vetada por nenhum dos cinco países que ostentam esse direito. Outra resolução, mais dura, foi aprovada por acordo do Senado dos Estados Unidos. Posteriormente, uma terceira e, todavia mais dura, foi aprovada pelos países da Comunidade Europeia. Tudo isso ocorreu antes do dia 20 de junho, o que motivou uma viagem urgente do presidente francês Nicolas Sarkozy à Rússia, segundo o noticiário, para encontrar-se com o chefe de Estado desse poderoso país, Dmitri Medvédev, na esperança de negociar com o Irã e evitar o pior.
Agora, trata-se de calcular quando as forças navais dos EUA e de Israel se colocarão frente às costas do Irã e se unirão ali aos porta-aviões e demais submarinos militares norte-americanos que montam guarda nessa região.
O pior é que, assim como os Estados Unidos, Israel – seu gendarme no Oriente Médio – possui moderníssimos aviões de ataque e sofisticadas armas nucleares fornecidos pelos EUA, o que os converteu na sexta potência nuclear do planeta por seu poder de fogo entre as oito reconhecidas como tais, grupo que inclui ainda a Índia e o Paquistão.
O xá do Irã havia sido derrocado pelo aiatolá Ruhollah Komeini em 1979 sem usar uma arma. Os Estados Unidos impuseram a guerra àquela nação com o emprego de armas químicas, cujos componentes forneceu ao Iraque junto com a informação requerida por suas unidades de combate e que foram empregadas por estas contra os Guardiões da Revolução. Cuba o conhece porque era então, como explicado outras vezes, presidente do Movimento de Países Não Alinhados. Sabemos bem os estragos que causou em sua população. Mahmoud Ahmadinejad, hoje chefe de Estado do Irã, foi chefe do sexto exército dos Guardiões da Revolução e chefe do Corpo de Guardiões nas províncias ocidentais do país, que tiveram peso fundamental naquela guerra.
Hoje, em 2010, tanto os EUA como Israel, depois de 31 anos, subestimam milhares de homens das Forças Armadas do Irã e sua capacidade de combate por terra e as forças aéreas, marítimas e terrestres dos Guardiões da Revolução.
A estas se somam os 20 milhões de homens e mulheres, entre 12 e 60 anos, escolhidos e treinados sistematicamente por suas diversas instituições armadas entre os 70 milhões de pessoas que habitam o país.
O governo dos Estados Unidos elaborou um plano para levar a cabo um movimento político que, apoiando-se no consumismo capitalista, que dividiria os iranianos e derrotaria o regime. Tal esperança é inócua. É risível pensar que com os navios de guerra estadunidenses, unidos aos israelenses, despertem as simpatias de apenas um cidadão iraniano.
Acreditava inicialmente, ao analisar a atual situação, que a contenda começaria pela península da Coreia, e ali estaria o detonador da segunda guerra coreana que, por sua vez, daria lugar imediatamente à segunda guerra que os EUA imporiam ao Irã. Agora, a realidade muda as coisas em sentido inverso: a do Irã desatará de imediato a da Coreia.
A administração central da Coreia do Norte, que foi acusada de afundar o navio Cheonan e sabe que o mesmo foi afundado por uma mina que os serviços de inteligência ianques conseguiram colocar no casco desse navio, não esperariam um segundo para agir tão logo se iniciasse um ataque ao Irã.
É muito justo que os fanáticos pelo futebol desfrutem como desejarem das competições da Copa do Mundo. Cumpro apenas o dever de exortar nosso povo, pensando, sobretudo, em nossa juventude, cheia de vida e esperanças, e especialmente em nossas maravilhosas crianças, para que os fatos não nos surpreendam absolutamente desprevenidos.
Dói-me pensar em tantos sonhos concebidos pelos seres humanos e as assombrosas criações feitas em poucos milhares de anos. Quando os sonhos mais revolucionários estão reunidos e a pátria se recupera firmemente, como eu gostaria de estar equivocado!
Fonte: Reflexões de Fidel, no site Cuba Debate, com tradução do Vermelho
André Tokarski é o novo presidente da UJS
Cerca
de 2 mil jovens participaram de quatro dias de debates, atos políticos e
atividades culturais na capital baiana
Terminou em Salvador, em clima de torcida pelo Brasil, o 15° Congresso Nacional da UJS. Os cerca de 2 mil jovens, de todos os estados brasileiros, que mais tarde se reunirão para a despedida assistindo ao jogo da seleção brasileira contra a Costa do Marfim, estiveram devidamente uniformizados de verde e amarelo, na parte da manhã, para a plenária final. Foram decididas as resoluções da entidade para os próximos dois anos e houve a eleição da nova diretoria. O goiano André Tokarski, de 26 anos, foi eleito novo presidente da UJS, um dos mais jovens da história da entidade.
Tokarski admite que presidir a UJS é a maior responsabilidade de sua vida. Porém, sente-se seguro ao contar com a construção diária, de toda a militância, para o sucesso dessa gestão. “Chegamos nesse Congresso com mais de 100 mil filiados e representações em todos os estados, o que dá um pouco da dimensão do nosso alcance com a Juventude Brasileira”, declarou. Leia mais abaixo uma entrevista completa com o novo presidente da UJS.
O Congresso, que teve início na quinta-feira (17) foi marcado pela oficialização do apoio da UJS à candidatura de Dilma Roussef nas eleições presidenciais 2010. Também tiveram destaque os debates do Seminário Nacional Juventude, Participação e Políticas Públicas, realizado pelo Centro de Estudos e Memória da Juventude em parceria com a UJS. O encontro em Salvador teve também a presença de jovens estrangeiros representando juventudes socialistas de cinco outros países: Portugal, Grécia, Venezuela, Sudão e Argentina. Os estrangeiros falaram aos congressistas, durante a plenária final, saudando a UJS.
Resoluções
No campo das políticas para a Juventude, os congressistas defenderam que a Secretaria Nacional de Juventude, criada a partir da mobilização das entidades, ganhe status de Ministério da Juventude. Preocupada na questão do emprego e oportunidade para os jovens, a UJS aprovou a resolução de pressionar o pode público pelo cumprimento da lei de estágio.
Para educação, a UJS propôs mudanças no ensino médio para valorizarem o caráter politécnico e humanista, através de uma estrutura esportiva e cultural. A entidade também cobrou a implementação efetiva da lei 10639, que determina o ensino da história da África e manifestações afro-brasileiras nas escolas. Em relação aos movimentos sociais, os jovens pediram a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia e decidiram por uma participação ainda mais forte da UJS no movimento LGBT.
No campo internacional, a UJS manifestou sua solidariedade ao Haiti e defendeu uma ação prolongada do Brasil no país nos campos educacionais e de combate à pobreza. Foi também manifestado repúdio ao recente ataque de Israel a um comboio humanitário que se dirigia à Faixa de Gaza. Outras resoluções aprovadas foram o desenvolvimento de uma campanha pela internet banda larga no Brasil e a participação efetiva da juventude na realização das propostas do Plano Decenal da Terceira Conferência de Esporte.
Entrevista com o novo presidente da UJS André Tokarski:
Como você se sente, pessoalmente tendo a responsabilidade de dirigir a União da Juventude Socialista?
Essa é a maior responsabilidade da minha vida, mas sei que, nesse momento, a minha eleição não é o mais importante para a UJS. Não é a direção que define essa entidade, e sim o conjunto da militância na luta do dia a dia. Sei que precisaremos ter muita consciência em nossas ações porque, atualmente, cria-se sempre uma grande expectativa sobre o posicionamento da UJS nas questões nacionais e muita repercussão com as suas mobilizações. Temos uma interlocução em que levamos nossas reivindicações ao presidente da república, ministros, governadores. Isso gera muita responsabilidade e eu espero contribuir da melhor forma para que a UJS cresça ainda mais.
Terminou em Salvador, em clima de torcida pelo Brasil, o 15° Congresso Nacional da UJS. Os cerca de 2 mil jovens, de todos os estados brasileiros, que mais tarde se reunirão para a despedida assistindo ao jogo da seleção brasileira contra a Costa do Marfim, estiveram devidamente uniformizados de verde e amarelo, na parte da manhã, para a plenária final. Foram decididas as resoluções da entidade para os próximos dois anos e houve a eleição da nova diretoria. O goiano André Tokarski, de 26 anos, foi eleito novo presidente da UJS, um dos mais jovens da história da entidade.
Tokarski admite que presidir a UJS é a maior responsabilidade de sua vida. Porém, sente-se seguro ao contar com a construção diária, de toda a militância, para o sucesso dessa gestão. “Chegamos nesse Congresso com mais de 100 mil filiados e representações em todos os estados, o que dá um pouco da dimensão do nosso alcance com a Juventude Brasileira”, declarou. Leia mais abaixo uma entrevista completa com o novo presidente da UJS.
O Congresso, que teve início na quinta-feira (17) foi marcado pela oficialização do apoio da UJS à candidatura de Dilma Roussef nas eleições presidenciais 2010. Também tiveram destaque os debates do Seminário Nacional Juventude, Participação e Políticas Públicas, realizado pelo Centro de Estudos e Memória da Juventude em parceria com a UJS. O encontro em Salvador teve também a presença de jovens estrangeiros representando juventudes socialistas de cinco outros países: Portugal, Grécia, Venezuela, Sudão e Argentina. Os estrangeiros falaram aos congressistas, durante a plenária final, saudando a UJS.
Resoluções
No campo das políticas para a Juventude, os congressistas defenderam que a Secretaria Nacional de Juventude, criada a partir da mobilização das entidades, ganhe status de Ministério da Juventude. Preocupada na questão do emprego e oportunidade para os jovens, a UJS aprovou a resolução de pressionar o pode público pelo cumprimento da lei de estágio.
Para educação, a UJS propôs mudanças no ensino médio para valorizarem o caráter politécnico e humanista, através de uma estrutura esportiva e cultural. A entidade também cobrou a implementação efetiva da lei 10639, que determina o ensino da história da África e manifestações afro-brasileiras nas escolas. Em relação aos movimentos sociais, os jovens pediram a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia e decidiram por uma participação ainda mais forte da UJS no movimento LGBT.
No campo internacional, a UJS manifestou sua solidariedade ao Haiti e defendeu uma ação prolongada do Brasil no país nos campos educacionais e de combate à pobreza. Foi também manifestado repúdio ao recente ataque de Israel a um comboio humanitário que se dirigia à Faixa de Gaza. Outras resoluções aprovadas foram o desenvolvimento de uma campanha pela internet banda larga no Brasil e a participação efetiva da juventude na realização das propostas do Plano Decenal da Terceira Conferência de Esporte.
Emoção e Despedidas
Durante a plenária final, também
foi realizada uma homenagem aos militantes que, após anos de
participação, deixam a UJS nesse 15 Congresso, entre eles, o presidente
Marcelo Gavião, que encerrou sua gestão. Ele fez questão de realizar um
pequeno pronunciamento de agradecimento aos companheiros: “Esse momento
sempre emociona muito quem sai e também a quem fica. Não é exagero
dizer, mas vejo aqui entre os companheiros que encerram sua
participação, pessoas que dedicaram, pelo menos metade de suas vidas à
construção da UJS”, disse.Entrevista com o novo presidente da UJS André Tokarski:
Como você se sente, pessoalmente tendo a responsabilidade de dirigir a União da Juventude Socialista?
Essa é a maior responsabilidade da minha vida, mas sei que, nesse momento, a minha eleição não é o mais importante para a UJS. Não é a direção que define essa entidade, e sim o conjunto da militância na luta do dia a dia. Sei que precisaremos ter muita consciência em nossas ações porque, atualmente, cria-se sempre uma grande expectativa sobre o posicionamento da UJS nas questões nacionais e muita repercussão com as suas mobilizações. Temos uma interlocução em que levamos nossas reivindicações ao presidente da república, ministros, governadores. Isso gera muita responsabilidade e eu espero contribuir da melhor forma para que a UJS cresça ainda mais.
Qual a sua trajetória nos
movimentos de juventude?
Comecei no movimento secundarista
em 1997, com 13 anos, quando fui a meu primeiro encontro estudantil, o
congresso da UBES. Depois disso, me engajei no grêmio da escola, me
filiei à UJS e me juntei à União Municipal de Estudantes Secundaristas
(UMES) de Goiânia, da qual acabei sendo presidente. Ingressei na
Universidade Federal de Goiânia (UFG) e lá me formei como bacharel em
Direito. Durante a universidade, participei do Centro Acadêmico do Curso
e fui presidente da União Estadual de Estudantes de Goiás (UEE-MG). Fui
também diretor jurídico da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Qual é, na sua opinião, o saldo do 15° Congresso da UJS?
Foi
um Congresso muito importante. O tema principal “Para ser muito mais
Brasil” remete a um momento de muito otimismo do país. Na nossa história
recente, nunca tivemos tantas oportunidades de o Brasil dar certo em
diversas áreas, incluindo-se aí a realização da Copa do Mundo e das
Olimpíadas. Nós temos hoje 50 milhões de jovens no país e as resoluções
desse Congresso estão muito relacionadas à mobilização desse grupo. É
impossível, atualmente, que qualquer processo importante do país não
passe pela juventude.
Quais deliberações foram importantes nesse sentido?
Destaco
as resoluções que tivemos em defesa dos 50% do fundo social do pré-sal
para a educação e em defesa do marco regulatório para as políticas
públicas de juventude. Desde a década de 80, o jovem era visto como um
problema social, depois houve um avanço para tratá-lo como um sujeito de
direitos. Agora, nós defendemos que o jovem seja entendido como um
verdadeiro protagonista nas questões nacionais. Infelizmente, ainda há
muito preconceito com os jovens que são vistos como menos capazes.
Precisamos mudar esse quadro.
Como será a participação da UJS na campanha da Dilma para
presidência da República?
O ato de apoio à candidatura da
Dilma demonstrou o prestígio da nossa instituição e a força que ela pode
ter em um momento tão crucial como esse das eleições. Todos os nossos
anseios, discussões, projetos dependem totalmente do resultado das
eleições de 2010. Eu acredito que esse ano teremos um dos maiores
desafios da história da UJS, comparado somente a momentos como o Fora
Collor em 1992 e a eleição de Lula. Isso porque corremos o risco de pôr a
perder uma série de conquistas dos movimentos sociais e dos jovens. O
outro candidato é algo como um exterminador do futuro da juventude. Por
isso, vamos com tudo para a campanha da Dilma, com a força e as
propostas da UJS para a juventude, educação e tantos outros temas
debatidos neste 15° Congresso.
Houve uma polêmica, durante a votação das propostas na
plenária final, sobre a questão da legalização das drogas. Qual o saldo
desse debate?
Primeiro, é importante dizer que a mesa de
debate sobre as drogas foi uma das mais concorridas e qualificadas deste
Congresso da UJS. Nosso objetivo é ampliar a discussão em torno do tema
não apenas da legalização da maconha, mas sobre as drogas como um todo.
Este problema, claro, diz respeito a toda a sociedade, mas,
principalmente, aos jovens. Haviam três resoluções em votações. Uma
dizia que a UJS deveria lutar pela descriminalização da Maconha, outra
falava sobre a Legalização. A proposta aprovada, no entanto, foi a de
realização no primeiro semestre do ano que vem de um seminário para
ampliar o debate sobre o tema. A resolução da UJS avança no sentido da
nossa entidade cobrar do Estado e da sociedade um debate sem hipocrisia.
Vamos realizar este seminário e de lá sairemos com um proposta mais
elaborada sobre este assunto. Assim é a UJS, existe a diversidade,
debate, constrói e unifica.
Como a UJS se encaixa nesse novo perfil de juventudes do
século XXI
Toda a diversidade que pôde ser vista neste
Congresso consolida, um processo de trabalho que a UJS construiu com
suas frentes de trabalho, como o Hip Hop e LGBT. Isso reflete também a
diversidade que é a juventude brasileira, que se organiza de maneiras
diferentes, mas sempre com a consciência politica. Chegamos nesse
Congresso com mais de 100 mil filiados e representações em todos os
estados, o que dá um pouco da dimensão do nosso alcance com a Juventude
Brasileira. Além disso, ampliamos a possibilidade de contato em novos
canais como a internet. É muito importante citar a criação da Rede UJS,
uma rede social online que já conta com 50 mil participantes e através
da qual podemos expandir a nossa luta. É importante lembrar também que
esse Congresso foi transmitido ao vivo, pela internet, com um alcance
maior para os companheiros que não puderam estar presentes e para todos
outros jovens que venham a conhecer as ideias e propostas da UJS.
Rafael
Minoro e Artênius Daniel www.ujs.org.br
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