quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Luiz Gama: Quanto vale um homem?

 
No tempo da escravidão, o valor era medido pela capacidade de produção do trabalhador escravizado. No capitalismo, pela força de trabalho, do assalariado. Para a história, o valor de cada ser humano, tem medida no legado que se deixa para as gerações vindouras. Luiz Gama foi imprescindível na luta travada contra a escravidão no Brasil no período imperial. Sua obra, sua história e sua devoção à causa libertária estão relatadas em duas biografias recém-lançadas.

Por Marcos Aurélio Ruy*

A professora de antropologia Lilia Schwarcz faz uma comparação entre as trajetórias de Luiz Gama e do escritor Lima Barreto, que também superou adversidades que pareciam intransponíveis, para se transformar num dos maiores escritores brasileiros. “É duro não ser branco no Brasil. A capacidade mental dos negros é discutida a priori e a dos brancos a posteriori”, disse Lima Barreto dando uma definição clara do racismo brasileiro.

Como explica Schwarcz Gama “escancarou faces da discriminação” e usou de todas as armas de que dispunha para libertar escravos, como advogado, jornalista e escritor. Ambos se afirmaram como negros e denunciaram as mazelas do racismo.

Ela adverte ser muito difícil biografar Luiz Gama pela carência de fontes. O principal documento para sua contar a sua vida foi uma carta que escreveu para o amigo Lúcio de Mendonça, que, diz o seu biógrafo Luiz Carlos Santos, “embora seja, em última instância, uma carta de um amigo para outro, ganhou dimensão de epopéia por ter sido escrita dois anos antes da morte de Gama e oito antes da abolição, e por relatar fatos que só o autor poderia constatar.”

Polêmicas a parte, os dois livros trazem à tona a importância desse homem que dedicou seus 52 anos de vida a causa da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Venceu o racismo, a escravidão, a perseguição política e tornou-se “o negro mais importante do século XIX”, nas palavras de Miguel Reale Júnior.

Os livros

Recentemente foram lançados dois livros sobre a vida deste lutador. O Advogado dos Escravos: Luiz Gama, de Nelson Câmara, apresenta petições de Gama para libertação dos negros com base nas leis existentes contra o tráfico de escravos e a luta incessante para que o maior número possível de escravos conseguisse juntar dinheiro para comprar sua carta de alforria, por mais paradoxal que possa parecer o escravo comprar a sua liberdade.

O livro “traz o travo amargo da memória de nossa terra injusta, mas ao mesmo tempo reconforta pelo exemplo edificante do biografado, cujas petições podem ser lidas para auferir ânimo na luta contra todas as injustiças que ainda nos assolam”, afirma Reale Júnior.

O livro Luiz Gama, de Luiz Carlos Santos, valoriza a trajetória do “precursor do Abolicionismo” à sua atuação como abolicionista e intelectual importante para a formação do pensamento libertário e de lutas dos movimentos negros futuros. “Enxergando além de seu tempo, Gama não separou o social do racial e combateu tanto a escravidão quanto a monarquia”, afirma Santos, como “defensor dos ideais republicanos, não os separava de sua obstinada luta contra escravatura”, diz.

Nelson Câmara explicita que “suas intervenções nos encontros políticos sempre procuravam articular a luta pela emancipação política do Brasil e a imediata abolição do trabalho escravo”. Luiz Gama foi voz incessante “pelo fim imediato da escravidão e da própria monarquia, sem nenhuma concessão de prazo para a propalada transição do trabalho servil para o trabalho livre”, conclui Santos.

A vida

Nascido em 21 de junho de 1830, Luiz Gonzaga Pinto da Gama era filho da revolucionária ex-escrava Luiza Mahin e de um fidalgo português. Sua Mãe participou da Revolta dos Malês em 1835 e da Sabinada em 1937, movimentos importantes de insurreição contra a escravidão, na Bahia. Luiza Mahin “era revolucionária natural, sempre com o objetivo de libertar sua raça dos grilhões da escravidão”, acentua Câmara e complementa “foi um destacado elemento de conspiração entre os negros oprimidos. Sua casa na Bahia tornou-se um dos fortes redutos de chefes de chefes da revolta de 1835. Ninguém sabe que fim levou e seu nome permaneceu na história e na lenda como um grande símbolo do valor da mulher negra no Brasil.”

Como advogado, sem diploma, Gama libertou mais de 500 escravos, gratuitamente. Também foi um “jornalista nato, de grandes recursos intelectuais, pena vibrante, estilo combativo e satírico, destemido, sempre fiel ao fato e à notícia como convém ao verdadeiro profissional de imprensa”, diz Câmara, “mas sem deixar de ministrar sua opinião política e filosófica”, explica. O advogado utilizava como expediente publicar anúncios em jornais de seu trabalho para quem desejasse ser livre e não tivesse como pagar por isso.

Como poeta, Gama deixou em suas Primeiras Trovas Burlescas poesias com temas sociais e de maneira irônica mostrava as mazelas dos poderosos da época. No poema Quem Sou Eu? A veia do advogado falou mais alto: “Não tolero o magistrado,/Que do bico descuidado,/Vende a lei, trai a justiça/- Faz a todos injustiça -/Com rigor deprime o pobre,/Presta abrigo ao rico, ao nobre,/E só acha horrendo crime/No mendigo, que deprime.”

Paulo Fanchetti afirma que “a obra poética de Luiz Gama é pequena, e o que há nela de melhor são os poemas que satirizam os costumes, as modas e, principalmente, os vícios de classe”.

Vendido como escravo pelo próprio pai para pagar dívida de jogo aos 10 anos de idade, Luiz Gama resistiu e foi fundo na sua vontade de viver e derrotar o que submetia a si e à sua classe, defendendo a libertação dos escravos e a República como possibilidades de superação da tragédia do escravismo e do atraso do Império.

Aos 17 conseguiu libertar-se, fugindo da escravidão e alfabetizando-se para tonar-se voz fundamental na história dos negros brasileiros por sua emancipação social e política. Ele “usava a imprensa para pugnar pela liberdade incondicional, denunciava a escravidão como fator de degradação do ser humano e da sociedade”, acentua Câmara para mostrar o lado jornalista do homem que era a própria encarnação da luta abolicionista no país.

O homem

Quando quis ser bacharel pela Faculdade Direito, “a mocidade estudantil recusou seu ingresso pela condição de negro em plena escravidão”, conta Nelson Câmara. Mas isso não abateu o jovem ex-escravo, que conquistou o direito de advogar, mesmo sem diploma. “Não possuía pergaminhos, porque a inteligência repele os diplomas como Deus repele a escravidão”, escreveu Gama no artigo intitulado Pela Última Vez, em 1869, após ter sido demitido por motivação política de cargo público.

“A polêmica funcionou como ótima propaganda antiescravista e em favor da República. Luiz Gama afirmava que sua causa era a liberdade dos escravos, e que o governo cometera um ato arbitrário ao demiti-lo, pois sua atuação era inteiramente legal, baseada nas lei vigentes”, explica Câmara.

O “advogado dos escravos” soube usar sua demissão para atrair a atenção para a luta por igualdade racial. Gama “transformou-se na figura central da luta contra a escravidão”, afirma Santos. “Amo o pobre, deixo o rico”, esse verso dele ilustra bem eu pensamento a respeito da luta travada no império contra a escravidão. “

Para o coração não há códigos: e se a piedade humana e a caridade cristã se devem enclausurar no peito de cada um, sem se manifestar por atos, em verdade vos digo aqui, afrontando a lei, que todo escravo que assassina o seu senhor pratica um ato de legítima defesa”, disse Gama num auto de defesa de um escravo.

“Luiz Gama foi personagem do século XIX, que viveu em um dos maiores centros escravocratas do país, a então província de São Paulo, em pleno desenvolvimento da riqueza do café”, diz Câmara. Mesmo assim “tornou-se símbolo nacional de resistência negra ao escravismo, de liderança libertária, de democrática luta pela abolição e o fim da Monarquia. Luta nos campos político, jornalístico e jurídico, no enfretamento direto à sociedade dominante”, conclui.

A luta

Também se filiou ao Partido Liberal Republicano em São Paulo e levou sua luta aos tribunais, às redações de jornais e à literatura. Notam-se as dificuldades que esse homem enfrentou em sua vida e as asperezas que o aguardavam. A vida não apresentava facilidades para “quem advogava em favor dos desvalidos contra o peso dos interesses econômicos e contra o preconceito de muitos juízes formados na mentalidade escravagista.”

Sendo que Gama foi o principal divisor de águas do partido em que era “mantida uma luta surda entre os radicais abolicionistas e conservadores escravocratas no seio do Partido Republicano”, diz Câmara. Gama foi o principal divisor de águas do partido em que era “mantida uma luta surda entre os radicais abolicionistas e conservadores escravocratas no seio do Partido Republicano”, diz Câmara.

Era uma luta inconciliável mesmo porque, para Luiz Gama - como disse ao tomar conhecimento do linchamento de quatro negros que mataram o filho de seu senhor - “escravo que mata senhor, seja em que circunstância for, mata em legítima defesa”. Luiz Gama “tornou-se maçom e, nessa sociedade, alargou espaços, libertando homens e realizando planos”, conta Santos. Para ele nas condições dadas, “a caridade é um poderoso elemento de civilização e regeneração social”.

Nelson Câmara destaca também a luta dos caifazes liderados por Antônio Bento, “um movimento revolucionário-guerrilheiro, completamente à margem da lei, impacientemente para alcançar o fim da escravidão”.

Para Lilia Schwarcz “o abolicionismo não foi exclusivamente legal. Existiram grupos como os ‘caifazes’, que, liderados por Antônio Bento, promoviam e incentivavam a fuga direta de cativos. Esse grupo ficou famoso por ter organizado um quilombo (chamado Jabaquara) nas imediações do porto de Santos.” Com o auxílio dos ferroviários, emergentes na época, os caifazes libertavam e transportavam os libertos para Santos.

Antônio Bento liderou o movimento com “caminhos e métodos mais radicais, revolucionários mesmos, para dar fim à escravidão. Curioso é que, em sua pregação, utilizava a fé católica para demonstrar a contradição, comparando os martírios dos escravos aos de Cristo”, afirma Câmara.

Como Antônio Bento, Luiz Gama lutou em várias frentes, na legalidade ou fora dela, como ressalta Câmara. O combate à escravidão não se deu somente pela via da legalidade. Existiram em toda nossa história diversos movimentos de contraposição à opressão escravista. Nomes importantes como o casal Zumbi e Dandara dos Palmares ficaram para a história e transformaram-se em grandes heróis das lutas populares deste país. Luiz Gama está entre eles.

A luta desenvolvida por Luiz Gama foi sumamente importante para o propósito da igualdade na sociedade brasileira. Proposta válida ainda hoje, pois o preconceito racial ainda é forte em nosso contexto. “Luiz Gama lutava simultaneamente em várias frentes, na legalidade ou fora dela”, diz Câmara e afirma: “era a missão de sua vida”.

E, provavelmente por suas propostas avançadas e radicais, chegou a ser taxado, em 1864, de agente da Primeira Internacional Socialista (a Associação Internacional dos Trabalhadores, fundada e dirigida por Karl Marx), acontecimentos que “respingaram na América escravocrata”, afirma Santos.

Justamente porque Gama foi “o primeiro a compreender a abolição como passo final para a República, unindo logicamente os dois princípios num mesmo anseio de redenção humana e nacional”, afirma Câmara.

E porque como diz Raul Pompéia, Luiz Gama recebia “constantemente em casa aquele mundo de gente faminta de liberdade, uns escravos humildes, esfarrapados, implorando libertação, como quem esmola: outros mostrando as mãos inflamadas e sangrentas das pancadas que lhe dera um bárbaro senhor: outros... inúmeros... (...) Toda essa clientela miserável saia satisfeita, levando este uma consolação, aquele uma promessa, um outro a liberdade, alguns dinheiro, alguns um conselho fortificante...”

Para inglês ver

Por precisar de mercados consumidores, a grande potência do século XIX, Inglaterra, passou a combater o escravismo. O trabalho do advogado defensor dos negros baseava-se em um tratado entre Portugal e Inglaterra, que proibiu o tráfico de escravos nas colônias portuguesas. E também na lei de 7 de novembro de 1831, que proibia a importação de africanos.

Já em 1839 era autorizada a apreensão de navios negreiros pelos ingleses e em 1845 os navios brasileiros eram submetidos á jurisdição britânica. A Lei Eusébio de Queiroz, de 4 de setembro de 1850, proibia definitivamente a importação de africanos. Foi quando surgiu a expressão “para inglês ver”, pois essas leis eram normalmente burladas.

Com o endurecimento dos ingleses e a luta intensa travada internamente pelos abolicionistas, “surgiu novo e imundo ‘tráfico interno’, ou seja, de escravos do Nordeste, onde a lavoura canavieira estava decadente, para utilizá-los nas províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo; primeiramente na lavoura canavieira, depois na cafeeira”, explica Câmara.

Outro conflito de Luiz Gama com a elite escravista ocorreu quando houve a Convenção de Itu (1873), na qual muitos fazendeiros aderiram à República sem mencionar o fim do escravismo. Nela “os republicanos de São Paulo, na maioria fazendeiros recusaram-se, para grande irritação e escândalo do abolicionista Luiz Gama, a incluir a abolição em seu programa, alegando que era assunto dos partidos monárquicos”, diz José Murilo Carvalho.

Gama manteve seus propósitos e seguiu libertando escravos e exigindo o cumprimento das leis. Influenciou a iniciativa da Lei do Ventre Livre e depois utilizou também em seus trabalhos a dos Sexagenários. Mesmo compreendendo as limitações dessas leis. Era a “autoridade moral e intelectual de um negro ex-escravo, que se nivelava a mais alta inteligência jurídica do país”, afirma Câmara.

A morte

No artigo Pela Última Vez, Gama diz que “enquanto os sábios e os aristocratas zombam prazenteiros a miséria do povo, os ricos banqueiros capitalizam o sangue e o suor do escravo... Aguardo o dia solene da regeneração nacional, que há de vir; e se já não viver o velho mestre, espera depô-lo com os louros da liberdade sobre o túmulo que encerrar as suas cinzas.” Parecia profetizar acontecimentos futuros.

Luiz Gama morreu em 24 de agosto de 1882, por causa de seu diabetes. Morreu pobre, mas deixou como legado para as gerações futuras sua determinação e abnegação à causa libertária e de construção da identidade nacional calcada na formação do povo brasileiro.

Deixou uma carta a seu único filho dizendo que “diz a tua mãe... que não se atemorize da extrema pobreza que lhe lego, porque a miséria é o mais brilhante apanágio da virtude. Tu evita a amizade e as relações dos grandes homens; eles são como o oceano que se aproxima das costas para corroer os penedos...” Por isso para Luiz Carlos Santos “retratar Luiz Gama é descobrir como a ousada presença negra no serviço público ajudou a desmontar e a denunciar a quem a justiça do estado imperial efetivamente servia.”

A importância de Gama para a história do Brasil e para as lutas futuras dos movimentos negros é demonstrada em seu féretro em 25 de agosto de 1882, no qual compareceram cerca de 3 mil pessoas, na capital paulista, que na época contava com aproximadamente 40 mil habitantes, ou seja, 7,5% da população. Em comparação com a São Paulo atual, esse número equivaleria a mais ou menos 1 milhão de pessoas no enterro do “advogado dos escravos”.

Na parede da casa onde Gama nasceu em Salvador está afixado: “nasceu livre Luiz Gonzaga Pinto da Gama. Filho de Luiza Mahin, nagô de nação. Escravizado aos 10 aos pelo pai, seguiu para São Paulo. Ali se libertou analfabeto aos 17 anos, autor literato aos 29, encontrou na advocacia o caminho que o levaria às culminâncias da fama. Considerado o maior orador de seu tempo... Sua vida exemplar tornou-o um símbolo de cultura capaz de orgulhar país da mais alta civilização.”

A vida segue em frente

Estudar a vida e a obra de Luiz Gama é importante para a compreensão da consolidação do processo abolicionista no segundo reinado brasileiro e as lutas pela República e pela igualdade racial num país que tem o preconceito de raças profundamente enraizado em sua história escravocrata, principalmente em sua elite, que vira as costas pra o país e se espelha na vida da elite européia ou norte-americana.

A luta desenvolvida por Gama contra a escravidão é a mesma atualidade contra o racismo no Brasil. A defesa da cotas nos bancos escolares e no mercado de trabalho são peças fundamentais para atingirmos a igualdade. “O combate à desigualdade racial exige mais que políticas sociais e precisa ser acelerada por políticas afirmativas que tratem os desiguais de forma desigual para que, no final, a igualdade seja alcançada’, diz José Carlos Ruy.

Afinal um homem vale a sua luta, a sua vida, sua história. É o que fica para a posteridade, é a demonstração de generosidade e solidariedade humana e nesses quesitos todos, Luiz Gama é praticamente imbatível. Um homem também se vale pelo que faz ou pelo que deixa de fazer. Como disse Pitágoras “o homem é a medida de todas as coisas – das que são enquanto (e porque) são, e das que não são (e porque) enquanto não são”. Salve Luiz Gama, um grande herói brasileiro.

*Marcos Aurélio Ruy é jornalista

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

Poeta Ferreira Gullar recebe hoje Prêmio Camões 2010

 

O poeta Ferreira Gullar recebe, nesta quinta (16), do Ministério da Cultura, em solenidade às 17h, no auditório da Biblioteca Nacional, no centro do Rio, o Prêmio Camões 2010. Gullar, que completou 80 anos na sexta-feira (10), vai receber 100 mil euros como premiação pelo conjunto de sua obra. O presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, vai representar o ministro da Cultura, Juca Ferreira, na cerimônia.

 

Instituído em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões é concedido anualmente a autores que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa.

A escolha de Ferreira Gullar ocorreu em maio, por um júri que se reuniu no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Considerado um dos mais importantes poetas brasileiros, o maranhense Ferreira Gullar (pseudônimo de José Ribamar Ferreira) é também crítico de arte e ensaísta e foi um dos fundadores do movimento neoconcretista. Tem mais de 15 livros de poesia publicados, entre eles A Luta Corporal, Poema Sujo e Em Alguma Parte Alguma, lançado este ano.

O primeiro escritor brasileiro a receber o prêmio foi o também poeta João Cabral de Melo Neto, em 1990. Desde então, mais sete autores nacionais foram agraciados com o Camões, que também premiou escritores de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde.

Fonte: Agência Brasil

Israel realiza novos bombardeios criminosos na Faixa de Gaza

A aviação israelense bombardeou nesta quinta-feira (16) a Faixa de Gaza, na segunda incursão armada sobre a região em apenas 24 horas, que já deixou como saldo um palestino morto e outros dois feridos.

Testemunhas palestinas informaram que os aviões de combate de Tel Aviv dispararam contra um depósito de ferramentas agrícolas no norte da Faixa de Gaza e uma área deserta en Rafah, a localidade fronteiriça com o Egito onde há numerosos túneis subterrâneos.

Por seu lado, porta-vozes militares sionistas justificaram a agressão alegando que se tratava de supostas fábricas e depósitos de armas para a resistência, em particular para el grupo islâmico Hamas.

Os ataques desta quinta-feira, segundo Israel, foram em resposta ao lançamento de nove foguetes contra colônias judias em Naqab, Ashoul e Ashkelon nas últimas 24 horas por milícias do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) o por outros grupos palestinos.

Mas fontes médicas em Gaza denunciaram que se tratou da segunda onda de bombardeios em menos de 12 horas contra a região, pois na quarta-feira (15) à noite um palestino trabalhador de um túnel morreu e outros dois sofreram lesões.

Os aviões dispararam na quarta-feira contra túneis clandestinos em Rafah, com o pretexto de impedir o contrabando de armas para o Hamas, embora essas passagens subterrâneas sejam usadas basicamente para a entrada de mercadorias que são escassas por causa do bloqueio israelense.

De fato, os residentes na região informam que os bombardeios não só geram temor entre civis indefesos, mas que também prejudica o comércio informal baseado na entrada de mercadorias contrabandeadas do Egito.

Na terça-feira outros três palestinos, um deles de 91 anos, morreram depois que forças terrestres israelenses dispararam contra um grupo de pastores no centro de Gaza, perto de Juhor Ad-Dik, a leste dol acampamento de refugiados de Al-Bureij.

Um dia depois , o comando militar sionista foi obrigado a reconhcer que as três vítimas fatais eram civis inocentes. Ao todo, até esta data, 16 de setembro, os ataques israelenses contra Gaza deixaram um saldo de seis mortos e oito feridos.

Com informações de Prensa Latina

Tempestade cigana e outros pesadelos franceses 

 

O tema das expulsões da França das comunidades de gitanos originários da Romênia e Bulgária se convirteu nas últimas semanas em uma pesadelo para o governo, obstinado em manter sua política.

Embora seja previsível que a Comissão Europeia (CE), o braço executivo da União Europeia (UE), suavize o ambiente no Conselho Extraordinário dos 27 países membros em Bruxelas, a tempestade está em desenvolvimento e se tornou um dos problemas mais complexos para Paris resolver.

A inflexibilidade do presidente francês, Nicolás Sarkozy, em uma estratégia fundamentada em "assuntos de segurança" para “frear a imigração ilegal", recebeu a oposição internacional em todos os níveis.

Mas Sarkozy virou as costas às críticas de escritórios especializados das Nações Unidas, do Vaticano, de Organizações Não Governamentais e até do próprio Parlamento Europeo (PE).

O clima de desqualificações cresceu e às vozes internas da igreja católica, de grupos de defesa dos direitos humanos e intelectuais, se somaram as do líder da Revolução cubana, Fidel Castro, y da própria CE.A comisária europeia Viviane Reding lançou duras críticas à França pela questão cigana e, mesmo tendo voltado atrás em algumas declarações, deixou claro sua insatisfação com a atitude francesa.

Pior ainda. Quando Sarkozy e seus principaies colaboradores indicavam que nenhum de seus vizinhos ou aliados pôs em questão sua postura, uma fonte do departamento de Estado norte-americano também deplorou a expulsão de ciganos.

Por sua parte, o presidente da Bulgária, Gueorgui Parvanov, também se manifestou contra o projeto da administração francesa e rechaçou o "tom imperativo" com que París pretende dar conselhos a Sófía neste caso."Conhecemos muito bem os problemas relacionados com la etnia romani (ciganos).

É algo acumulado ao longo de vários anos que não se pode resolver de um só golpe e provavelmente serão necessários vários anos mais para sua solução. Mas não com voz voz imperativa", afirmou. Parvanov acrescentou que se entre os ciganos há pessoas que violaram a lei, a informação deve ser tornada pública, "mas em nenhum momento se deve culpar uma pessoa por sua origem".

A Alemania, se por um lado lamentou o discurso da comissária Reding, crispou ainda mais o ambiente ao reiterar que o direito à livre circulação no seio da UE é incondicional e não é permitida nenhuma discriminação contra minorias.

Com o cenário do conflito transferido para Bruxelas por algumas horas, a administração de Sarkozy enfrenta uma verdadeira batalha campal no país, diante da forte oposição da esquerda e dos sindicatos às reformas da lei de aposentadorias. A convocação de outra greve geral para o dia 23 de setembro e o anunciado boicote dos parlamentares socialistas e comunistas às sessões da Asambleia Nacional tornam ainda mais tensa a situação política da França.

Com informações de Prensa Latina

A gente não quer só comida

Mazé Leite *

Nestes dias finais de campanha eleitoral, em que a realidade da eleição da primeira presidenta do Brasil – Dilma Roussef – se torna a cada dia mais presente, a gente aproveita este momento para lançar algumas sementes que podem tornar nosso futuro mais colorido. A gente quer falar aos candidatos progressistas.

A gente? A gente é artista, a gente é essa gente que faz arte, que é também agente de transformação: trans-Forma-Ação. A gente pega o mundo, a gente age: a gente pinta, a gente canta, a gente dança, a gente ensaia, a gente treina, a gente declama, a gente escreve, porque “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e Arte”*! A gente está espalhado pelo Brasil a fora, Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão; Pernambuco, Goiás, Rio, Bahia. A gente mora nos confins do Tocantins, habita as beiras dos pantanais. A gente se espalha pelos pampas, pelas praias, entre as serras, até dentro do mato. A gente é moreno, a gente é misturado, a gente borda e pinta. A gente é torrado de sol, banhado de mar, ou pálido de garoa. A gente habita morros e condomínios, a gente se mistura nas areias cariocas ou nas paulistas avenidas. A gente é nordestino, sulista, nortista, a gente é brasileiro. A gente é artista. A gente faz cultura. A gente quer falar!

- A gente quer o direito de pintar, de desenhar, de esculpir e DE EXPOR em TODAS as galerias e museus do Brasil, com todas as nossas cores, nossos quadros, nossas tintas, nossos estilos!

- A gente quer exposições de arte em TODO o Brasil, festivais, concursos, competições de arte. A gente quer mais museus, a gente quer mais galerias, mais pinacotecas. A gente quer democratizar o direito de fruição das artes para TODOS. A gente não quer continuar sendo expurgado do mercado pelo mercado. A gente quer que o Estado brasileiro incentive TODAS as formas de manifestação artística, todas as estéticas. A gente grita: “fora o pensamento único onde predomina o conceitual e a abstração. Arte é mais!”

- A gente quer financiamento do Estado para que surjam mais ateliês de arte, mais galerias, mais espaços artísticos, mais exposições.

- A gente quer democratizar as mostras de arte vindas do exterior para todos os Estados brasileiros, para que todo o Brasil possa ver as grandes obras dos grandes mestres de fora.

- A gente tem música na alma, a gente quer compor, a gente quer tocar, a gente quer cantar toda a música possível para TODA a multidão de brasileiros, se tivermos milhares de espaços pelo Brasil a fora. A gente quer cantar em grupo, em banda, ou sozinho.

- A gente quer trocar, a gente quer mostrar, a gente quer intercambiar nossas diferentes formas e expressões artísticas, em múltiplos encontros, seminários, conferências, congressos, convescotes, autos, seja o que for que junte gente. E junte a gente.

- A gente quer meios de reprodução para a arte que permita a todos o acesso à arte. A gente quer que todos os brasileiros tenham direito ao direito fundamental de todos de ter acesso a toda forma de arte, de poder se enriquecer espiritualmente com a arte.

- A gente quer suplantar a forma de cultura de massa, imposta pela tv, que homogenisa tudo. A homogeneidade é um crime contra a diversidade cultural da humanidade e do povo brasileiro. A gente não é só um, a gente é multidão, a gente é arco-íris.

- A gente não quer só ouvir no rádio música estrangeira, a gente quer usar todos os espaços para todos os artistas brasileiros, de norte a sul, sem predominâncias regionais. A gente é gente em todo o Brasil.
- A gente quer banda larga para todos, para todos os artistas populares, para todos os pontos de cultura, para todas as tribos cidadãs.

- A gente quer mais aulas de História da Arte, a gente quer mais aula de Arte, a gente quer mais arte nas escolas públicas e privadas. A gente quer escolas de qualidade, a gente quer professores bem pagos, bem formados, empenhados.

- A gente quer mais bibliotecas, amplo acesso aos livros, livros a preços populares, livrarias populares para todo lado, feiras de livro, concursos literários, incentivo à prosa, incentivo à poesia.

- A gente quer teatros, salas de encenação, incentivo aos existentes e à criação de novos grupos de teatro, com formação de atores e diretores. A gente quer balé, a gente quer dançar, a gente quer sambar, a gente quer rir. A gente, que é palhaço, a gente quer circo, a gente quer praça, a gente quer trapézio, a gente quer lona, a gente quer público, e gente pra rir ainda mais.

- A gente quer fazer e ler poesia, quer mostrar nossos versos, nossas rimas, nossos livros. A gente quer publicar nossos livros de prosa e poesia.

- A gente quer fotografar, filmar, fazer roteiro, a gente quer fazer cinema. A gente quer mais espaço para o cinema brasileiro, um cinema criativo, não simples imitação de padrões impostos. A gente quer que funcione o sistema de distribuição dos nossos filmes.

- A gente quer preservar nossa memória cultural: nosso folclore, nossas festas, nossos reizados, nossos blocos, nosso samba, nosso bumba-boi, nossas violas, nossas rezas, nossos cantos, nossas danças, nossos cordéis, nossos terreiros, nossas toadas, nossas emboladas, nossos sanfoneiros, nossos repentes, nossos raps, nossos artesãos, nossos bonecos, nossas caretas, nossas máscaras, nossos carnavais, nossas feijoadas, nossa cachaça, nossos trajes, nossas bombachas, nossas galinhadas, nossos forrós, nossos são joãos, nossos jogos de futebol, nossas gravuras, nossa pinturas, nossas folias, nossas alegorias, nossas alegrias!

Para fazer um país rico, próspero, há que se voltar com todos os olhos para a vida cultural brasileira e permitir a este povo criativo que surja com suas cores, com seu canto, com sua raça, com sua graça. Pois o ser humano sempre quererá ser maior do que é, sempre se voltará contra as próprias limitações, sempre terá o anseio de tudo querer e tudo poder.

Avançamos muito, enquanto Brasil no governo do presidente Lula, mas podemos ir ainda mais longe. Podemos suplantar todas as incertezas quanto ao dia de amanhã que rondou sempre a gente brasileira, criando um novo país em que todo o povo também tenha tempo, disposição e desejo de se por em contato mais íntimo com a Arte, em todas as suas formas de manifestação.

Pois o ser humano “sempre necessitará da arte para se familiarizar com a sua própria vida e com aquela parte do real que a sua imaginação lhe diz ainda não ter sido devassada.” (Ernst Fischer)
 
A gente quer a vida como a vida quer*!

* trechos da música Comida, composição de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito. 


* Artista plástica, membro do Atelier de Arte Realista de Maurício Takiguthi, designer gráfica. Graduanda em Letras pela FFLCH-USP. Membro da coordenação da Seção Paulista da Fundação Maurício Grabois.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

Europa é sacudida por greves contra reforma da aposentadoria

 

A direita francesa, liderada pelo presidente Nicolas Sarkosy, conseguiu aprovar nesta quarta-feira (15) numa tumultuada sessão da Câmara Baixa do Parlamento em Paris, por 329 votos a favor e 233 contra, a antipopular reforma da Previdência que tem como elemento central o aumento da idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos.


A questão ainda não está resolvida, uma vez que o texto será examinado em outubro pelo Senado. Pelo projeto, o aumento da idade mínima será realizado gradualmente - quatro meses por ano a partir de 1° de julho de 2011 para a geração nascida em 1951, a primeira que será afetada, até atingir 62 anos para todos em 2018.

Rejeitada por ampla maioria da sociedade, a reforma, que havia recebido cerca de 600 emendas, também eleva o limite de idade para ter direito à aposentadoria integral de 65 para 67 anos no caso das pessoas que não atingiram o tempo de contribuição exigido. Em outra reforma da Previdência realizada em 2003, o governo francês já havia aumentado o tempo de contribuição, também de forma gradual. Atualmente ele é de 40,5 anos. Em 2011, passará a 41 anos e atingirá 41,5 anos em 2020.

Tensão

A sessão de votação da reforma na Câmara dos Deputados foi iniciada na semana passada e retomada só nesta terça-feira, mas a sessão, que atravessou a madrugada, foi tensa e precisou ser interrompida. A oposição tentou protelar a votação, mas acabou sendo atropelada pela direita.

No dia 7 de setembro uma greve contra a reforma da Previdência sacudiu a França e envolveu 2,7 milhões de pessoas, de acordo com os sindicatos. Os trabalhadores convocaram nova paralisação para o dia 23 deste mês. A reação à ofensiva da direita contra o chamado Estado de Bem Estar Social (Ebes), construído no rastro da 2ª Guerra na Europa, é forte também em outros países.

Greve na Espanha

As centrais sindicais da Espanha marcaram uma greve geral para o próximo dia 29 com o objetivo de fazer o governo espanhol voltar atrás na sua proposta de modificar as leis que regem as relações trabalhistas. A França tem greve geral marcada para o dia 23.

Na França e na Espanha, os trabalhadores e os intelectuais se unem para fazer com que os dois governos alterem seus projetos trabalhistas. Na Espanha, o professor Antônio Baylos, colunista do Sul21, lidera um movimento que convoca as entidades e atores sociais compromissados com o Estado Democrático de Direito a se unirem para assegurar as garantias fundamentais à prevalência da vida saúdavel e à dignidade da pessoa humana.

O jurista da Universidade Castilla de La Mancha ressalta que a reforma trabalhista realizada pelo governo espanhol não tem nada a ver com a recuperação econômica. Para Baylos, a reforma tem um outro objetivo: reduzir custos, facilitar e subsidiar a demissão do trabalhador, dificultando e comprometendo o controle judicial.

Terceirização

O professor Baylos alerta que a nova política trabalhista espanhola interrompe o sistema de negociação coletiva por setor ao permitir que a negociação não ocorra em empresas que alegarem dificuldades econômicas. Vai permitir, assim, impulsionar a terceirização do trabalho, através do emprego temporário em vários setores, principalmente naqueles mais sensíveis ao risco como a construção civil, Vai, também, liberalizar as administrações públicas e agências privadas de emprego.

O jurista Antônio Baylos lembra ainda que este tipo de política é muito familiar na Europa, principalmente durante os anos 90 do século passado quando aconteceu uma redução dos direitos e garantias dos trabalhadores. Desde lá a luta contra a perda dos direitos trabalhistas é contínua.

Mercado ditatorial

A Europa vive ainda uma crise econômica. Espanha, Grécia e Portugal, dizem especialistas, estão prontos para uma crise de grandes proporções. Em Portugal, por exemplo, o governo estuda a retirada de vários benefícios até o final deste ano. O professor Baylos diz que a regra neolibral imposta pelo Fundo Monetário Internacional para países nesta situação, não resolve. Tem, apenas, causado sofrimento, desigualdade e desespero.

Ele afirma: “sabemos muito bem o que significa a ditadura do chamado ‘mercado’ sobre a vontade do povo, o descrédito e os mecanismos de controle democrático do poder político e econômico”. E ressalta que “somente a revitalização e o fortalecimento democrático do poder político para dominar a economia e diminuir a desigualdade econômica da dominação social e cultura imposta pelo poder privado nas relações sociais e de trabalho, tem permitido uma recuperação significativa das aldeias em que estes processos democráticos foram construídos”.

Ele completa: “o fortalecimento dos direitos sociais, concebidos como direitos humanos devem ser protegidos e garantidos numa base prioritária à oportunidade de ganho e de lucro, passando a mão para além da recuperação econômica e um crescimento razoável e sustentável de nossas economias”.

A greve geral

Com o relato de todas estas condições impostas pela lei trabalhista que o governo espanhol trabalha para implantar, os sindicatos e os agentes sociais estão convocando a greve geral para o dia 29 de setembro, quando também estão previstas manifestações em toda a Europa em defesa dos direitos conquistados pela classe trabalhadora.

O professor Baylos apoia o chamamento de paralisação total no país. Por sua longa experiência, Baylos lembra que devem ser abandonadas estas políticas de reforma que promovem a desigualdade social e diminuem os direitos dos trabalhadores espanhóis.

Solidariedade

Ele considera importante e justa a chamada da Confederação Europeia de Sindicatos para a mobilização dos diferentes países europeus contra a política da Comissão Europeia, que procura uma saída para a crise neoliberal. Para Baylos, é um compromisso de todos manifestar-se cidadã e democraticamente para obrigar o governo espanhol a abandonar a política de reforma trabalhista, globalmente recessiva e injusta socialmente.

O professor Antônio Baylos enviou a diversos setores do Brasil e outros países latino-americano um manifesto solicitando apoio à greve geral espanhola, por meio de um abaixo-assinado, que deve ser enviado a Espanha até o dia 20 de setembro. Baylos lembra a importância da participação – neste protesto – de instituições e associações de advogados e juízes, de universidades e de observadores sociais. A Associação Latino-americana de Advogados Trabalhistas (Alal) já deu seu apoio ao manifesto, institulado Não ao Retrocesso Social.

Da redação, com informações das agências e do jornalista gaúcho Jorge Seadi


Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010


         Dependência juvenil ao celular já é similar à do         

                                      uso de drogas                                            


Quem tem smartphones como BlackBerry e iPhone sabe como é difícil resistir a duas tentações acopladas em um mesmo produto: o telefone e o computador. Aos poucos, os brasileiros repetem o que já acontece em países desenvolvidos: trocam o convívio real com pessoas em bares, restaurantes, reuniões de trabalho, salas de aula e até festas pelo contato virtual em celulares, nos quais podem ler e-mails, entrar em sites, mandar torpedos.


Quem está de fora geralmente reclama, com razão. Psicólogos e cientistas alertam para o novo fenômeno de massa, a escravidão virtual. E, não por acaso, esses usuários estão começando a ser chamados de “Geração CrackBerry”, numa alusão à droga crack e ao smartphone mais vendido no mundo, o BlackBerry.

O empresário carioca Marcelo Magalhães, 32 anos, sabe o que é isso. Ele tem um iPhone e um BlackBerry. Magalhães mal acorda e confere suas mensagens. Claudia Mello, 37 anos, promoter no Rio de Janeiro, até já desenvolveu uma estratégia: em lugares públicos, foge para o banheiro para atualizar sua caixa de entrada em paz. “Fico nervosa com aquele vermelhinho de e-mail piscando”, diz, referindo-se à luz vermelha que avisa a chegada de uma nova mensagem. Uma nova pesquisa da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, comprovou a dependência desse equipamento. Dos jovens entrevistados, 69% disseram ser mais provável esquecer a carteira do que o celular, 75% já tinham adormecido com o iPhone na cama, 71% disseram já ter usado o aparelho para evitar fazer contato visual e 36% admitiram que ouviram reclamações pelo uso excessivo do smartphone. Um estudo de 2006 da Rutgers University, de Nova Jersey, revelou que um terço dos usuários de BlackBerry mostrava sinais de vício similares aos de alcoólatras.

Criados para otimizar o tempo e diminuir a dependência de um escritório fixo, os smartphones são símbolo de uma era em que “fazer-tudo-ao-mesmo-tempo-agora” é necessário para dar conta das muitas obrigações pessoais e profissionais. Mas o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas de São Paulo, alerta para o fato de que o cérebro precisa de momentos de relaxamento. “A superestimulação pode gerar um quadro semelhante ao de estresse”, diz ele. Engana-se quem pensa que joguinhos, Twitter e sites de relacionamento configuram descanso. Nada disso relaxa, diz Abreu, que compara o fascínio pelo cigarro das gerações passadas ao vício em celulares atualmente.

Os smartphones ainda não são utilizados em massa no Brasil, mas em apenas um ano as vendas cresceram 69,2%, segundo dados da consultoria Gartner. As amigas Maria Eduarda Souza, 20 anos, Jessica Resnick, 19, e Giovanna Nadruz, 20, trocam mensagens entre si durante as aulas na faculdade. Jessica usa seu smartphone como despertador, passa-tempo, computador etc. “É viciante mesmo”, admite. O estudante Roberto Neto, 20 anos, não acredita que vá ficar dependente de seu BlackBerry como seu amigo Bernardo Zerkowski, da mesma idade, que “surta” sem seu iPhone. “Tenho o aparelho há dois anos e hoje não me adaptaria a um celular normal”, diz Bernardo. Quem estiver em dúvida sobre quão grave é seu caso, pode baixar o aplicativo I Love BlackBerry, que calcula quantas horas o usuário deste aparelho gasta com ele. E descobrir se pertence à “Geração CrackBerry.”

Fonte: IstoÉ

www.vermelho.org.br

        Haddad diz que desafio é levar idoso morador do     

                              campo à escola                                          


Atrair uma população idosa e moradora do campo para retornar às salas de aula é o principal desafio para reduzir as taxas de analfabetismo no país, avaliou o ministro da Educação, Fernando Haddad.


Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE) de 2009, divulgada nesta quarta-feira, 9, o Brasil tem atualmente 14 milhões de analfabetos, o que representa 9,7% da população acima de 15 anos.

De acordo com Haddad, nas áreas urbanas, na população entre 15 e 49 anos, a taxa de analfabetismo é inferior a 4%. Ele ressaltou ainda que a idade média do analfabeto no Brasil é de 56 anos. “É uma população dispersa pelo território e economicamente ativa. São pessoas que só teriam a noite ou o fim de semana para estudar. Não é uma tarefa qualquer.”

Em 2000, o Brasil assinou acordo internacional com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) comprometendo-se a reduzir em 50% a taxa de analfabetismo até 2015. Isso significa chegar ao patamar de 6,7% em seis anos. As últimas edições da Pnad mostraram que a queda tem sido lenta. De 2007 para 2008 foi de 0,1% e de 2008 para 2009, de 0,3%.

Na avaliação do ministro, será necessário um “esforço adicional” para atingir essas metas. Segundo ele, é preciso continuar apostando na colaboração com municípios para chegar até essa população. “Acredito que o próximo censo [do IBGE] será uma grande instrumento para promover as alterações necessárias para acelerar o passo”, afirmou. De acordo com ele, o censo trará um diagnóstico mais preciso do problema, permitindo o trabalho com prefeituras e regiões onde as taxas são mais altas.

Fonte: Agência Brasil



      Analfabetismo funcional cai durante governo Lula        


De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, divulgada nesta quarta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de analfabetismo funcional no Brasil tem caído desde 2004.


Naquele ano, segundo o IBGE, o país tinha 24,4% de analfabetos funcionais. Em 2008, o total era de 21%. Em comparação com 2009, a taxa caiu 0,7 pontos percentuais. Um em cada cinco brasileiros (20,3%) é analfabeto funcional.

É considerada analfabeta funcional a pessoa com 15 ou mais anos de idade e com menos de quatro anos de estudo completo. Em geral, ele lê e escreve frases simples, mas não consegue, por exemplo, interpretar textos.

Segundo a pesquisa, o problema é maior na região Nordeste, na qual a taxa de analfabetismo funcional chega a 30,8%. Na região Sudeste, onde esse índice é menor, a taxa ainda supera os 15%.

Analfabetismo total

A taxa de analfabetismo no Brasil entre pessoas com 15 anos ou mais caiu 0,3 pontos percentuais entre 2008 e o ano passado, de acordo com a Pnad. O índice saiu de 10% há dois anos para 9,7% em 2009. Segundo o órgão, o isso representa 14,1 milhões de analfabetos – em 2008, eram 14,2 milhões.

De acordo com o IBGE, a maioria dos analfabetos (92,6%) está concentrada no grupo com mais de 25 anos de idade. No Nordeste, a taxa de analfabetismo entre a população com 50 anos ou mais chega a 40,1%, enquanto que no Sul, esse número é de 12,2%. 

Da redação, com agências



Fonte: http://www.vermelho.org.br

    Pesquisa do IBGE revela diferenças entre governos        

                                 Lula e FHC                                            


O Brasil melhorou ao longo dos últimos anos. Isto transparece na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também constata a persistência de problemas como o analfabetismo, trabalho infantil (embora em queda) e domicílios sem acesso a rede de esgoto, entre outros.


A população brasileira cresceu 1% e totalizou 191,8 milhões de pessoas em 2009. É um contingente numeroso, o quinto maior do mundo, que hoje vive uma situação econômica um pouco mais confortável e promissora do que nos anos 1990, conforme revelam as estatísticas do IBGE.

Em ascensão

O rendimento médio mensal real de todas as fontes – incluindo os programas de transferência de renda – das pessoas com 10 anos ou mais de idade subiu 2,3% entre 2008 e 2009, pulando de R$ 1.064,00 para R$ 1.088,00, completando a quinta alta seguida desde 2004. 

A renda domiciliar média mensal real cresceu 1,5%, passando de R$ 2.055,00 em 2008 para R$ 2.085,00 no ano passado. No acumulado desde 2004, o rendimento domiciliar acumulou 19,3% de alta. O índice de Gini, que mede a desigualdade social, caiu entre 2008 e 2009 para os domicílios particulares permanentes com rendimento de qualquer fonte. Neste caso, o indicador passou de 0,514 em 2008 para 0,509 no ano passado – quanto mais perto de zero, menor é a desigualdade.

Herança neoliberal

A renda mensal do trabalhador cresceu pelo quinto ano consecutivo. Todavia, ainda não recuperou os níveis da década de 1990. Em 2009, a renda média cresceu 2,2% e chegou a R$ 1.106. Já entre 2004 a 2009, a renda teve expansão de 20%. Mas o recorde ainda é o de 1996, que não considerava as regiões rurais da região Norte, quando o rendimento médio do trabalhador chegava a R$ 1.144. Na mesma comparação entre 2009 e 1996 --excluindo as áreas rurais--, a renda média no ano passado subiria para R$ 1.111. 

De 1997 a 2004, o rendimento do trabalhador manteve queda constante, e a perda acumulada chegou a 18,1%, fechando 2004 em R$ 926 - o menor valor foi apontado em 1992, primeiro ano da série, com R$ 799. Os trabalhadores do Nordeste tiveram renda média de R$ 734 em 2009, a menor entre as regiões do país. No Centro-Oeste, os trabalhadores receberam R$ 1.309 médios, a maior do país. 

Tais números refletem com fidelidade o buraco que o neoliberalismo deixou no bolso da classe trabalhadora. Foi uma herança perversa. Os governos FHC se notabilizaram pelo desemprego em massa, o arrocho dos salários e a progressiva precarização das relações trabalhistas.

Desigualdade e analfabetismo

Apesar da ligeira redução do índice de Gini, a desigualdade permaneceu alta no país. Os 10% da população ocupada com os rendimentos mais elevados concentraram 42,5% do total da renda do trabalho. Já os 10% com renda mais baixa foram responsáveis por apenas 1,2% das remunerações. 

Outro problema que persiste aparentemente intocado é o analfabetismo, velha vergonha nacional. Em pleno século XXI, o Brasil ainda possui 14,1 milhões de analfabetos, o que corresponde a 9,7% da população com 15 anos ou mais de idade. Na comparação com 2008, houve queda de 1%. Naquele ano, a taxa de analfabetismo era de 10%. De 2004 a 2009, a taxa recuou apenas 1,8 p.p. (ponto percentual). 

A distribuição regional do analfabetismo reflete as desigualdades nacionais. No Nordeste, 18,7% da população é analfabeta, ante 19,4% em 2008 e 22,4% em 2005. No Norte, os analfabetos representam 10,6% da população; no Centro-Oeste, significam 8%, e 5,7% no Sudeste. No Sul, temos a menor proporção: 5,5%. 

Escolaridade melhora

O analfabetismo é maior entre os mais velhos, o que não deixa de sinalizar certo avanço. Do total de pessoas sem estudo, 92,6% têm 25 anos ou mais. Entre as pessoas com 50 anos ou mais, 21% não sabem ler e escrever. De 40 a 49 anos, são 9,3% de analfabetos. Na avaliação dos indivíduos de 15 a 17 anos, 1,5% são analfabetos. Entre a população de 18 a 24 anos, essa proporção chega a 2,1%. 

O nível de escolaridade da população melhorou. Do total da população com mais de 25 anos de idade, 10,6% tem nível superior completo, ante 8,1% em 2004. Entre essa parcela da população, 12,9% não têm instrução --contra 15,7% em 2004. Outros 36,9% têm o ensino fundamental incompleto, e 8,8% finalizaram o ensino fundamental. Já 23% da população têm o ensino médio completo. 

Mercado de trabalho

É notável o progresso realizado no mercado de trabalho, que explica o aumento da renda do trabalho. No ano passado, apesar da crise mundial, 483 mil trabalhadores foram formalizados, o que significou alta de 1,5% em relação a 2008. Ao todo, 32,4 milhões de empregados tinham carteira assinada em 2009, 59,6% do total, excluídos os trabalhadores domésticos, outros 28,2% não tinham carteira assinada, e 12,2% eram militares e funcionários públicos. O número é recorde. Na época de FHC mais de 50% dos empregados não tinham carteira assinada. 

Se comparado a 2004, o contingente de pessoas empregadas com carteira cresceu 26,6%. No mesmo período, o total de trabalhadores aumentou 16,7%. A Pnad mostra ainda que 53,5% dos trabalhadores contribuíam para a previdência em 2009. Cinco anos antes, essa proporção era de 46,4%. 

Crianças e adolescentes

O número de crianças e adolescentes que trabalham no país vem caindo nos últimos anos, mas no ano passado ainda havia 4,2 milhões de trabalhadores brasileiros com idade entre cinco e 17 anos, o que significa nível de ocupação de 9,8% do total das pessoas nessa faixa etária. Em 2008, esse número era de 4,4 milhões (10,2% do total).

Segundo dados históricos da Pnad, desde 1995, o percentual de crianças ocupadas entre cinco a nove anos caiu de 3,2% para 0,8% do total. Já entre os trabalhadores de 10 a 14 anos, o percentual desceu de 18,7% para 6,9%. Dos adolescentes de 15 a 17 anos, a média caiu de 44% para 27,4%.

Domésticos

O IBGE identificou 7,2 milhões de trabalhadores domésticos no ano passado, acréscimo de 9% frente a 2008. Ao mesmo tempo, o número de trabalhadores da categoria, com carteira assinada, apresentou expansão de 12,4%, ou 221 mil empregados a mais. De 2004 a 2009, houve aumento de 11,9% no contingente de trabalhadores domésticos. Em igual período, avançou 20% o total de empregados domésticos com carteira. 

O contraste entre as realizações do governo Lula e a herança neoliberal do tucano FHC salta aos olhos. Mas a persistência de antigos problemas, como o analfabetismo e a dimensão arrepiante da desigualdade, indica será preciso avançar muito mais para construir uma nação mais justa, próspera e solidária.

Da redação, com agências 


Brasil dobra o número de internautas em cinco anos

Com a estreia de 12 milhões de brasileiros na internet entre 2008 e 2009, o País se consolida como um dos que mais usa a grande rede mundial de computadores no mundo, tendo mais do que dobrado o total de usuários entre nos últimos cinco anos. 


De 2005 a 2009, o aumento foi de 112,9% e assim o Brasil passou de 31,9 milhões de internautas para 67,9 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (8).

No ano passado o Brasil tinha 67,9 milhões de usuários de Internet, contra 55,9 milhões em 2008. Segundo o IBGE, 41,7% da população estava conectada em 2009, acima dos 34,8% no ano anterior.

De 2005 a 2009, o salto no número de usuários de Internet no país foi de 112,9%, de acordo com o IBGE. Em 2005, eram 31,9 milhões de pessoas com 10 anos ou mais acessando à rede mundial de computadores.

As regiões mais pobres do Brasil – Norte e Nordeste– apresentaram os maiores aumentos de usuários nos últimos anos. O salto no total de internautas na região Nordeste foi de 213,9% e na Norte de 171,2%.

“O percentual nas regiões mais pobres subiu em função do barateamento do serviço e do seu acesso, bem como o barateamento do próprio computador no Brasil”, disse a pesquisadora do IBGE Maria Lúcia Vieira. “O aumento do rendimento tem impacto em todos os acessos a bens também.”

Ainda assim, enquanto no Sudeste 48,1% da população possui acesso à rede, no Nordeste o patamar é de 30,2% e no Norte estava em 34,3% no ano passado.

Segundo o IBGE, o percentual de domicílios com computadores no Brasil passou de 23,8 em 2008 para 27,4 em 2009. Em 2004, apenas 12,2% das residências brasileiras tinham PCs.

O acesso à Internet é mais frequente entre os mais jovens, de acordo com a PNAD, mas os adultos estão aderindo cada vez mais à tecnologia. Nas faixas etárias de 10 a 14 anos, o percentual de acesso era de 58,8% ; entre 15 e 17 anos subiu de 62,9 para 71,1%; e de 18 e 19 anos aumentou de 59,7% para 68,7%.

Apenas 15,2% da população na faixa de 50 anos ou mais usava Internet em 2009, de acordo com a PNAD. “O percentual é menor , mas é um pessoal que está se atualizando. Essa é um ferramenta fundamental para quem está no mercado de trabalho”, observou a pesquisadora do IBGE.

Mais velhos

Outra característica do avanço do acesso à internet no Brasil é o cronológioco. Pessoas com idade acima de 50 anos estão usando cada vez mais a internet de acordo com o Pnad. Pouco mais de 6,2 milhões de pessoas nessa faixa de idade (15,2% do total de internautas) acessaram a rede mundial de computadores no ano passado, um aumento de 148,3% entre 2005 e 2009. 

"Esse é um processo que se estende para todas as faixas etárias, inclusive de idade mais elevada. Com 50 anos ou mais, há uma parcela de gente que está no mercado de trabalho, precisando lidar com essa ferramenta" explicou o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.

De acordo com a Pnad, 67,9 milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade declararam ter acessado a internet no ano passado, 12 milhões a mais que em 2008. Entre 2005 e 2009, o crescimento do número de pessoas que usaram a rede foi de 112,9%.

Os moradores das regiões Sudeste (48,1%) e Centro-Oeste (47,2%) foram os que mais usaram a internet. Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual de internautas foi menor (34,3% e 30,2% respectivamente), embora o número de usuários tenha crescido 213,9% na Região Norte e 171,9% na Região Nordeste entre 2005 e 2009.

De acordo com a nota técnica de apresentação da pesquisa, "as regiões Norte e Nordeste apresentaram as menores proporções nos três anos analisados [2005, 2008 e 2009]. Entretanto, foram também as que registraram maior aumento proporcional no contingente de usuários".

Mulheres

As mulheres avançaram mais que os homens com relação aos acessos, especialmente nas faixas etárias de 30 a 39 anos – 28,2% das mulheres contra 24,8% dos homens; de 40 a 49 anos – 31,9% contra 21,8%; e no grupo de 50 anos ou mais de idade – 46,1% contra 35,5%.

Em relação aos número de microcomputadores, a redução da carga tributária sobre equipamentos de informática de uso pessoal tem influenciado na consistente ampliação do percentual de domicílios com computadores. Em 2009, 35% dos domicílios investigados em todo o país tinham microcomputador, frente a 31,2% em 2008, e 27,4% também tinham acesso à internet contra 23,8% em 2008. A região Sudeste se manteve acima da média nacional, com 43,7%. A região Norte tem 13,2% de seus domicílios com computador e a Nordeste, 14,4%.

A Pnad 2009 investigou 399.387 pessoas em 153.837 domicílios por todo o país a respeito de temas como população, migração, educação, trabalho, família, domicílios e rendimento, tendo setembro como mês de referência.

Da redação, com agências


Fonte: http://www.vermelho.org.br

                     O “Zé” dá mais um tiro no pé                                  

Messias Pontes *

O pior cego é aquele que não quer ver. E é justamente isto que está acontecendo com o candidato da oposição conservadora de direita (PSDB, DEMO, PPS e o maior deles, a grande mídia conservadora, venal e golpista), José Serra, ou simplesmente o “Zé”. Todo mundo está vendo que a campanha dele está dando errado desde o início, mas ele insiste no erro.



Depois do fracasso da tática eleitoral do pós-Lula, passou a usar a mentira como principal arma de campanha. Não dando certo, passou a atacar insanamente a sua principal opositora, Dilma Rousseff (PT, PMDB, PCdoB, PSB, PRB, PR, PDT. PSC, PTC e PTN) com calúnias, injúrias e difamações. 

Sempre com o apoio do maior partido de oposição, nos últimos 15 dias o “Zé” acusa, sem prova nenhuma, que a Dilma e o PT são os responsáveis pela quebra do sigilo fiscal de tucanos e da sua filha Verônica, a ex-sócia do mega-guabiru Daniel Dantas. Apesar da certeza da fragorosa derrota, mesmo assim o “Zé” ainda alimenta a esperança de poder virar o jogo e levar a eleição para o segundo turno.

Como um afogado que busca qualquer coisa para agarrar, o candidato demotucano não percebe que quanto mais ele se bate, mais vai para o fundo. A insistência na questão da quebra de sigilo fiscal chega a ser irracional, tanto que ele usa dois terços do seu tempo no rádio e na TV falando sobre o assunto, e o pouco tempo que resta ele usa mentindo, afirmando ser da lavra dele, sem ser, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, os genéricos e outros programas.

Quando o “Zé” anuncia o que vai fazer como presidente ninguém acredita, pois tudo o que diz soa falso como uma nota de três reais, dada a perda crescente de credibilidade. Ele está apelando pra tudo, pois não se conforma perder a última oportunidade de sentar na cadeira mais cobiçada do País. O desespero é maior na medida em que a distância entre ele e Dilma ultrapassa os 30 pontos percentuais. Ademais, foi abandonado pelos próprios correligionários que fogem dele como o diabo foge da cruz.

Os jornalões como a Folha, o Globo, o Estadão e a panfletária Veja, todos a serviço do “Zé”, continuam ocupando os espaços mais nobres, notadamente a capa, para demonizar Dilma e o seu partido, acusando, sem provas e omitindo a verdade. Os telejornais da Globo, então, estão dando verdadeiras aulas de antijornalismo. Daí ver a sua audiência despencar.

Para se ter uma pequena ideia do ódio das famíglias Marinho, Frias e Mesquita, vejamos as manchetes de 1ª página do último sábado:

Globo – Contador estava no PT quando acessou sigilo da filha de Serra; 

Folha – Dado sigiloso da filha de Serra foi obtido por filiado ao PT; 

Estadão – Dilma parou de subir, Serra de cair.

A cantilena desses jornalões não para e se repete todo dia sem o menor pudor. Ontem os três jornalões estamparam na 1ª página essas manchetes:

Globo – TER desmente PT e diz que contador não foi desfiliado;

Folha – TER desmonta a versão do PT sobre falso procurador; 

Estadão – Serra diz que Lula fez deboche com quebra de sigilo na Receita.

As manchetes do Estadão chegam a ser mais mentirosas que as demais. Dilma continua subindo e Serra caindo. Nos últimos sete dias, de acordo com o Vox Populi, Dilma subiu de 51 para 56 pontos percentuais, ao passo que o “Zé” caiu de 25 para 21pp. Portanto a diferença, em uma semana, pró Dilma, aumentou nove pontos.

O último fiozinho de esperança do “Zé” é uma armação do complexo Globo, Folha, Estadão e Veja às vésperas da eleição com um factóide surpreendente: “Foi a Dilma quem planejou a morte da Eliza Samudio com o goleiro Bruno”. Ou então o Jornal Nacional apresentar os pais do soldado Mário Kozel dizendo ter provas que foi a Dilma que o matou em frente ao quartel do II Exército. Ou ainda a Folha sair com a manchete: Campanha da Dilma é financiada com dinheiro da cocaína da Bolívia. A Globo e a CBN vão repetir esse “furo” a cada meia hora como fez em 2006 com o dinheiro do falso dossiê dos aloprados.

Um dos grandes pecados dessa gente é menosprezar a inteligência do povo. Houve quebra de sigilo de centenas de pessoas, mas o “Zé” e sua mídia dizem que foi só dos tucanos e da filha dele. Até o momento nenhum órgão de imprensa apresentou uma única prova, mostrando pelo menos uma evidência, com dados concretos. O caso é semelhante ao grampo da conversa do ministro Gilmar Mendes (ou Gilmar Dantas, conforme Ricardo Noblat) com o senador Demóstenes Torres (DEMO-GO) denunciado com alarde pela Veja, cujo áudio nunca apareceu.

Aqui no Ceará, a oposição ao governador Cid Gomes tem repetido o mesmo erro do “Zé”, desperdiçando o seu tempo na propaganda eleitoral no rádio e televisão com críticas ao Governador e ao seu governo. Em certo sentido, a hipocrisia aqui chega a ser até superior à do “Zé”, pois quem participou do atual governo até final de março e sempre o elogiou, inclusive defendendo a sua continuidade, agora, raivosamente, o demoniza.

Contudo, o povo percebe essas incoerências e tem dado o troco. Basta ver as pesquisas de todos os institutos. A Dilma, em nível nacional, e o Cid Gomes, no Ceará, estão iguais a clara de ovo: quanto mais batem, mas eles crescem. E o “Zé” em queda livre.

É mais um tiro no pé.



* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Reforma Psiquiátrica propõe reinserção de pacientes na sociedade 

Em todo o Brasil cerca de 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum tipo de atendimento em saúde mental. Calcula-se que 6% deste total tenha transtornos mentais bem estabelecidos e 3% tenha transtornos mentais graves e persistentes. Segundo a Associação de Psiquiatria as doenças mais comuns dessa área estão relacionadas à depressão, ansiedade e aos transtornos de ajustamentos.





Os distúrbios mentais ou comportamentais também atingem mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 60% dos países desenvolvem políticas públicas específicas para o tratamento desses transtornos. 

A trajetória das políticas públicas para portadores de transtornos mentais no Brasil caminha entre a exclusão histórica e o processo de reinserção desses pacientes na sociedade, através da construção de uma rede de serviços comprometida com a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.

Em 2001, a aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) iniciou um novo processo no atendimento dos pacientes. A nova lei instituiu a substituição do atendimento em hospitais psiquiátricos – que em muitos casos tinham características asilares – por serviços abertos e de base comunitária.

A rede substitutiva inclui a criação de Centros de Atendimentos Psicossociais (Caps), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nafs), residências terapêuticas e ampliação no número de leitos psiquiátricos em hospitais gerais.

A lei regulamenta os direitos do portador de transtornos mentais, veta a internação em instituições psiquiátricas com característica de asilo e cria programas que propõem um tratamento humanizado.

Para o médico José Luis Guedes, que acompanhou o processo de luta anti-manicomial no Brasil, um dos grandes avanços da lei é não incentivar a banalização das internações. “A grande maioria das pessoas desospitalizadas não voltam à condição de internados porque na verdade nunca necessitaram de internação”.

Ele diz que apesar de a implantação do novo sistema ainda estar “arranhando”, o retorno do antigo modelo de instituições psiquiátricas seria um retrocesso. “Precisamos transformar teorias em práticas, o que significa novos investimentos”.

Para dar continuidade aos tratamentos de pacientes que ficaram internados por mais de dois anos em hospitais psiquiátricos, também foi criado o programa De Volta para Casa.

A reforma também é considerada a mais avançada da América Latina, segundo a OMS e se destaca, fundamentalmente, por assegurar os direitos humanos dos portadores de transtornos.




Críticas




Nove anos após o processo de implantação da lei, as mudanças e benefícios no atendimento aos pacientes começam a se consolidar, mas a rede substitutiva ainda é considerada por muitos especialistas inferior à demanda.

Recentemente o Cremesp avaliou 85 Caps do estado de São Paulo. Segundo o psiquiatra e diretor do Cremesp, Mauro Aranha – que liderou a pesquisa –, ainda é preciso melhorar o funcionamento interno dos centros e sua conexão com os outros equipamentos da rede de saúde. “O que vimos é que, na prática, precisa melhorar. O desenho estrutural é bom, mas o funcionamento não é”.

Outra questão levantada por especialistas diz respeito aos radicalismos presentes na aplicação da legislação. “Alguns radicais da reforma psiquiátrica acham que tudo deve ser resolvido no Caps. Isso, a meu ver, é um grande equívoco porque o Caps é um equipamento de saúde mental que tem uma identidade de reabilitação psicossocial e não foi criado para tratar todas as fases do transtorno mental” explica o psiquiatra.




Tratamento desigual




A implantação efetiva da lei também esbarra na desigualdade da distribuição dos investimentos com saúde pública no país. Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2009, o governo brasileiro destinou R$ 1,4 bilhão à saúde mental.

Em todo o país há 564 residências terapêuticas, que abrigam 3.062 moradores – que perderam seus vínculos familiares e 1.513 Caps. Mas especialistas ponderam que a distribuição desses equipamentos em todo o território nacional não é satisfatória. 

O Amazonas, por exemplo, com 3 milhões de habitantes, tem apenas quatro centros. Dos 27 estados brasileiros, só a Paraíba e Sergipe têm Caps suficientes para atender ao parâmetro de uma unidade para cada 100 mil habitantes.

As residências terapêuticas, segundo dados do Ministério da Saúde referentes a maio deste ano, ainda não foram implantadas em oito unidades federativas: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Rondônia, Roraima e Tocantins. No Pará, o serviço ainda não está disponível, mas duas unidades estão em fase de implantação.




Hospitais psiquiátricos




A nova lei determina que a internação, em qualquer uma de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares forem esgotados. Nestes nove anos, foram fechados 17.536 leitos em hospitais psiquiátricos.

Paralelamente ao fechamento dos leitos, a reforma prevê a abertura de vagas em hospitais gerais – onde as pessoas com transtornos são atendidas em momentos de crise e não ficam internadas por longos períodos.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) critica que o fechamento dos leitos em hospitais psiquiátricos não foi proporcional à oferta de tratamento na rede substitutiva – o que deixou centenas de pacientes desamparados.

A ABP defende uma espécie de “modelo intermediário” que contemple o atendimento nos Caps, residências terapêuticas, criação de leitos em hospitais gerais e manutenção de instituições psiquiátricas de referência.

Mariana Viel, com informações Agência Brasil
          Altamiro Borges: “Cala boca, Willian Waack”            


Um vazamento de áudio, na quinta-feira passada (26), expôs a postura arrogante do âncora do Jornal da Globo, que vai ao ar no final da noite. No momento em que a Dilma Rousseff rebatia as acusações levianas sobre a quebra de sigilo fiscal de dirigentes tucanos, Willian Waack deixou escapar a frase: “Manda calar a boca”. Diante da difusão do vídeo pela internet, somente agora a TV Globo emitiu uma nota pedindo desculpas aos telespectadores pela “falha técnica”.



Por Altamiro Borges


Segundo o sítio Comunique-se, a poderosa emissora garante que Willian Waack não se referiu à presidenciável, mas apenas pediu silêncio à equipe, já que o barulho “prejudicava a concentração dos apresentadores”. Mesmo assim, a lacônica nota tenta enterrar o constrangedor episódio: “Aos telespectadores, a TV Globo pede desculpas pela falha”. Nem o pedido de desculpa nem, muito menos, a estranha justificava devem convencer os que acompanham o trabalho deste jornalista.

Servidor do Instituto Millenium

Willian Waack nunca escondeu a sua oposição frontal ao governo Lula. Com seus comentários e suas caretas, ele sempre procura desqualificar as iniciativas do atual governo, em especial às que se referem à política externa e aos métodos democráticos de diálogo com os movimentos sociais. Seus alvos são as “amizades” de Lula com “ditadores populistas”, como Hugo Chávez, Cristina Kirchner e Evo Morales, e a sua “conivência” como movimentos “fora da lei”, como o MST.

No seminário do Instituto Millenium, em março passado, ele foi um dos mestres de cerimônia do convescote dos barões da mídia e ficou visivelmente empolgado com os incontáveis ataques ao “autoritarismo do governo Lula”. Na ocasião, a direita midiática procurou unificar sua pauta para a campanha presidencial e deixou explícito que concentraria todo o seu fogo contra a candidata Dilma Rousseff. Willian Waack foi uma das estrelas desta conspiração direitista e golpista.

Entrevista ou provocação policialesca

Mesmo após o lamentável episódio do vazamento do áudio, o apresentador segue caninamente as orientações traçadas no Millenium. No Jornal da Globo de ontem, que iniciou uma nova série de entrevistas com os presidenciáveis, ele se postou como um torturador diante da ex-ministra, no mesmo tom provocador do seu coleguinha Willian Bonner. Não fez nenhuma pergunta sobre as propostas da candidata ou sobre temas de relevo para a sociedade. Tentou, apenas, desgastá-la.

Como observou o blogueiro Luis Nassif, a entrevista procurou explorar factoides, insistindo nas especulações sobre quebra de sigilo fiscal, fatiamento do futuro ministério, influência de José Dirceu e outras bravatas demotucanas. “Surpreendente, porque Waack é dos mais preparados jornalistas da televisão. Se descesse do pedestal para discutir conceitos com a candidata, poderia ter proporcionado aos telespectadores um dos momentos altos do jornalismo nessa campanha”. 

Momento de revolta do âncora

Mas não dá mais para esperar “jornalismo sério” de Willian Waack. Seus compromissos hoje são outros. O vazamento do vídeo simplesmente pode ter expressado um momento de ira do âncora da TV Globo, indignado com o definhamento da candidatura do demo-tucano José Serra e com crescimento de Dilma Rousseff. Afinal, os telespectadores não seguem mais as suas opiniões e as suas caretas. Na prática, a sociedade está mandando um recado: “Cala boca, Willian Waack”.