sexta-feira, 5 de abril de 2013

Leitura e Depressão

"Estar deprimido é estar comprimido por uma visão desumana de si mesmo e dos outros."

Dos problemas psíquicos que afligem o ser humano deste século a depressão é o mais freqüente. Dados disponíveis indicam que, hoje, 15% da população mundial sofre de depressão, e há suposições de que 30% de todos os habitantes do planeta têm ou terão pelo menos uma vez na vida um período depressivo. 

Afora os casos comprovadamente biológicos e até hereditários, nem todos os deprimidos o são por esses motivos. A depressão seria, para muitas pessoas saudáveis, um problema filosófico, ético e estético, um "cansaço de ser si mesmo", para usar a expressão de Alain Ehrenberg, autor da hipótese de que o fenômeno depressivo deve-se muitas vezes a frustrações existenciais mal assimiladas, frustrações estas como não conseguir comprar um carro, ter sido reprovado num exame, sentir-se inútil, perder a capacidade de fazer amigos, carregar culpas anos a fio, deixar de ver a beleza da vida etc. 

A solidão, o desamor, a desconfiança, o medo, o ressentimento são poderosos causadores de depressão, "doença" que nenhum antidepressivo pode resolver. Numa sociedade regida pelo individualismo de massa, em que todos se sentem coletivamente sozinhos, amontoados nos prédios, elevadores, ônibus, ruas e shoppings, nada mais lógico do que cair na depressão, cansar-se de si mesmo e da vida. 

Sem subestimar as razões estritamente físico-químicas que atuam sobre nossos corpos e almas, em muitos casos as nossas patologias psíquicas nascem da pura insuficiência de humanidade. Do puro desinteresse por valores humanizadores. O remédio, aqui, não é químico, é metafísico. E literário. 

Estar deprimido é estar comprimido por uma visão desumana de si mesmo e dos outros. Falta-nos reservas de liberdade e de criatividade para não apenas suportar a vida, mas recriá-la; não apenas suportar-nos a nós mesmos, mas superar-nos. 

O grande Prozac da vida (mesmo que precisemos tomá-lo, sob receita médica) é o abrir-se para a vida no que ela tem de mais estimulante. O ser humano, por mais doido que seja, é sempre um ex-cêntrico, um ser que se realiza quando foge do seu centro, do seu umbigo, e se projeta amorosa e inteligentemente para o mundo. O narcisismo poderia ajudar a entender alguns diagnósticos de supostas depressões. 

Lígia Fagundes Teles disse uma vez que se no país houvesse mais livrarias haveria menos farmácias. Esta hipérbole tem algo, ou muito, de verdade. 

Se incentivássemos mais a reflexão ética, a sensibilidade poética, a compreensão filosófica, talvez precisássemos menos de remédios.

Gabriel Perissé, Professor, Escritor e Palestrante
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Pós-doutor em Filosofia e História da Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), autor de vários livros acerca da Educação!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

FRANCISCO DE ASSIS E FRANCISCO DE ROMA


Por Leonardo Boff , 29/03/2013

"(...) Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ociental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra."

Desde que assumiu o nome de Francisco, o bispo de Roma eleito e, por isso, Papa, faz-se inevitável a comparação entre os dois Franciscos, o de Assis e o de Roma. Ademais, o Francisco de Roma explicitamente se remeteu ao Francisco de Assis. Evidentemente não se trata de mimetismo, mas de constatar pontos de inspiração que nos indicarão o estilo que o Francisco de Roma quer conferir à direção da Igreja universal.

Há um ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruinas”. Giotto o representou bem, mostrando Francisco suportando nos ombros o pesado edifício da Igreja.

Nós vivemos também grave crise por causa dos escândalos, internos à própria instituição eclesiástica. Ouviu-se o clamor universal (“a voz do povo é a voz de Deus”): “reparem a Igreja que se encontra em ruinas em sua moralidade e em sua credibilidade”. Foi então que se confiou a um cardeal da periferia do mundo, Bergoglio, de Buenos Aires, a missão de, como Papa, restaurar a Igreja à luz de Francisco de Assis.

No tempo de São Francisco de Assis triunfava o Papa Inoccêncio III (1198-1216) que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses explícitos de “dominium mundi”, da dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em 1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu o caminho de pobreza de Francisco de Assis. A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o que Jesus queria.

Francisco viveu a antítese do projeto imperial de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e hansenianos e no meio da natureza, vivendo uma irmandade cósmica com todos os seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baixo mas sem romper com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.

Estimo que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma. Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais e palacianos de todas a Igreja. Mas não se precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.

Outro ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obra para os pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia mas pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América Latina e, em geral, o mundo inteiro.

O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos? Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente em vários escritos a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.

Francisco de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio. É uma questão de justiça.

Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ociental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, à diferença de Bento XVI, expressão da razão intelectual, é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.

Leonardo Boff é Filósofo, Teólogo, Conferencista/Palestrante e autor de mais de 60 livro s entre eles a Obra: Francisco de Assis: ternura e vigor, Vozes 1999.


Fonte do texto:

quinta-feira, 28 de março de 2013

TROTE PARA CALOUROS UNIVERSITÁRIOS É PERVERSÃO

"(...) toda forma de Trote a Calouros é uma manifestação primeva de barbarismo e Perversão, e todo proponente é por conseguinte um PERVERSO também." 

Independente do modo como é aplicado este atentado a dignidade humana nominalizado de 'TROTE DE CALOURO' é uma perversão violenta de 'mentes doentes' e má intencionadas. Independente do modo como ele possa ser aplicado, tanto no mascarado estilo 'Solidário da Benevolência Forçada'; assim bem como, pela mais vil da 'Exposição Humilhante' do calouro nos mais diferentes meios de ridicularizar sua presença na universidade é perversão das bárbaras sim! 

Nada justifica a atitude dos que se dizem veteranos em coisificar seus pares que iniciam por merecimento e capacidade sua etapa na formação superior! Toda universidade que se preza deve combater severamente qualquer uma destas formas de agressão a quem quer que seja o individuo. 

Estudante não tem que ser castigado, mas sim reverenciado pela atitude de coragem de seguir em frente, pela ternura de seus sonhos, pela entrega necessária para subir acima das adversidades de nosso tempo e cumprir as fundamentais etapas da formação Humana, Profissional, Cultural e de Emancipação Social de uma nação! 

Vou citar aqui apenas um exemplo de como é perigoso tentar 'coisificar' o jovem desconhecido que vai iniciar a vida acadêmica tentando lhes expor a humilhação pública. É o caso de um jovem cidadão que conheci em Curitiba no ano de 1998 aprovado em um curso concorrido do vestibular com média de 37 alunos por vaga. Este calouro de origem humilde durante as primeiras semanas de aula, diante das promessas e ameaças do "Trote" dos veteranos nesta grande universidade da capital paranaense frequentou as aulas 'armado' (preparado pra matar). Só não fez bobagem porque consegui convencer os sedentos veteranos 'idiotas' organizadores do trote que preparavam a ação kamikaze. 

É necessário ressaltar que um cidadão armado nunca estará bem intencionado com uma atitude desta, com certeza. De modo que também os prepotentes veteranos com suas mentes doentias também não estavam, ao fazerem os calouros tomar banho em uma 'piscina de barro' na Praça Carlos Gomes no centro de Curitiba. Se não bastasse isso, após o ritual de passagem no barro seguia-se para semáforo pedir dinheiro entre os carros enquanto os perversos se deleitavam diante de tamanha humilhação! 

Se universidade não é o lugar onde podemos revolucionar avanços culturais, o ambiente onde podemos ir lapidando nosso modo de ver, julgar e amadurecer. O espaço que nos propicia contribuir com as necessárias mudanças que tange a nossa própria existência enquanto ser social e o mundo a nossa volta, com certeza ela se desviou do seu propósito primeiro. 

É inadmissível que um estudante que conhece o regimento interno de uma universidade, os limites de seus direitos, a clareza seus deveres e assim mesmo de forma desafiadora viole o contrato social de bem estar a serviço de seus egocêntricos interesses ou de um seleto grupo. Estudante que age assim deve ser punido severamente, pois a delinquência na vida social é fruto destas atitudes de rompimento com as normas sejam elas de ordem restritiva a universidade ou de toda coletividade. 

Neste inicio de ano muitos veteranos ainda estão sob a ressaca de suas orgias de perversões punitivas para como os seus novos colegas, assim bem como, muitos calouros devem estar chagados pelo sentimento da humilhação, mesmo quando não reveladas publicamente mas no intimo a ferida sangra. E enquanto se fecham estas fissuras abertas que dividem a alegria da conquista de ter chegado ali e o impacto humilhante da recepção em descompasso com o propósito deve se abrir sim o leque da discussão permanente se necessário sobre estas atitudes marginais a vida acadêmica. 

E a nós os telespectadores quase inertes desses rituais de passagens, requintados na sua grande maioria de barbarismo, só nos resta ficar esperançoso de que o 'Homo Sapiens/Sapiens' que nos caracteriza e nos diferencia de todas as demais espécies possa dentro do ambiente universitário justificar nas atitudes e ações este diferencial qualitativo. 

Mas que sejam atitudes maduras dicotomizadas do desnecessário agir do Homo Passio/Pathos, retirado em seu egocentrismo narcísico, sádico, animalesco. Trote Solidário, Trote Cidadão, Trote Benevolente, não passam de figuras de linguagem e piada social. Trote é crime e tem que se denunciado! Porque ainda prefiro reafirma que toda forma de Trote a Calouros é uma manifestação primeva de barbarismo e Perversão, e todo proponente é por conseguinte um PERVERSO também. De modo que toda mente 'Perversa' é a um só tempo uma ameça a integridade física, a dignidade humana e a vida social. 

Professor 
Neuri Adilio Alves

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Por Daniel Duarte


"(...) a importância da filosofia na educação básica vai muito além da mera instrumentalização do pensar, do refletir ou do criticar."

A filosofia como um conhecimento histórico de mais de dois mil anos, por si só já tem importância pela bagagem cultural e epistemológica que desenvolveu ao longo deste período.
É inegável a contribuição de filósofos como Aristóteles, Platão, Descartes, Rousseau, Kant, Hegel, Marx, Gramsci, e outros que com suas reflexões e suas teses ajudaram e ajudam a sociedade ocidental a seguir seu desenvolvimento. 

No que se refere ao ensino de filosofia na educação básica, esta disciplina tem diversas possibilidades de contribuir para um melhor desenvolvimento da mesma. Muitas são as atribuições dadas ao ensino de filosofia e a sua importância na educação básica, alguns defendem que a filosofia é importante, pois ensina a pensar, ajuda a desenvolver o senso critico, ajuda na reflexão e que é importante para o exercício da cidadania, etc... 

Menciono aqui apenas os pontos considerados positivos, mas, certamente existem raciocínios contrários que divergem da importância da filosofia na educação básica.
Estes pontos positivos por vezes podem gerar nos professores de filosofia certa sensação de superioridade da filosofia sobre outras disciplinas, ou então causar certa desconfiança sobre as reais possibilidades de a filosofia dar conta de tamanha responsabilidade. 

Embora concorde em parte com estas afirmações, vou fazer algumas considerações que julgo pertinentes. 

Se “todos são filósofos” como se refere Gramsci, penso que a primeira hipótese que a filosofia ensina a pensar não se confirma, justamente porque acredito que ninguém ensina ninguém a pensar, e se isto fosse possível não seria privilegio apenas da filosofia, pois qualquer disciplina se bem ministrada, com professores qualificados e que saibam contextualizar o objeto de estudo com a cotidianidade, poderia “ensinar a pensar”. Portanto, todas as disciplinas tem esta capacidade. 

Ajudar a desenvolver o senso crítico e a reflexão e incentivar o exercício da cidadania, deveria ser tarefa de todas as disciplinas da educação básica, porém, talvez por incapacidade ou por acomodação na maioria das vezes este árduo trabalho fica como exclusividade das ciências humanas, sobretudo da filosofia e da sociologia. 

Afinal qual a importância da filosofia na educação básica? Penso que a filosofia junto com outras disciplinas, através de um trabalho interdisciplinar pode sim dar conta destas atribuições a ela referida, porém, penso que a importância maior da filosofia esteja na fundamentação teórica de tais conceitos. O que é o pensar? Qual a diferença do simples pensar para o pensamento filosófico? O que é a reflexão ou atitude reflexiva? O que é cidadania?

A filosofia tem importância quando se preocupa em fundamentar as proposições, ou seja, através de uma investigação seria e também de um método rigoroso de busca do conhecimento, busca explicitar o porquê do por que. Se não realizar tal tarefa a filosofia corre o risco de tornar a critica pela critica, o simples pensar por pensar, o refletir por refletir. 

De nada adianta exigir dos adolescentes determinados comportamentos, determinadas atitudes em relação à ética, politica, cidadania, se não leva-los a conhecer a fundo os conceitos e as proposições de tais temas. 

Ao fazer este movimento de busca radical dos princípios, a filosofia se diferencia das demais disciplinas, pois se for bem trabalhada com professores habilitados ela pode ser capaz de ultrapassar o questionamento superficial e vir a se tornar um conhecimento útil. 

Portanto, a importância da filosofia na educação básica vai muito além da mera instrumentalização do pensar, do refletir ou do criticar. A filosofia deve desvelar a gênese dos conceitos para que estes possam ser compreendidos na sua totalidade, e ao serem compreendidos possam ajudar na formação integral dos estudantes da educação básica. 

Daniel Duarte 
Professor de Filosofia e Sociologia. 

Fonte: 
http://boletimodiad.blogspot.com.br/2013/03/a-importancia-da-filosofia-na-educacao.html 

PASSOS DO ATRASO

Por, Jeferson Ávila


"(...) deputado e pastor Marcos Feliciano, você não me representa, pois, o seu cristianismo certamente não é o mesmo que o meu, que acolhe as pessoas, que respeita os diferentes e que esteve a frente das lutas pela redemocratização do nosso país."

A Câmara dos deputados tem nos revelado um triste cenário. Em tempos que poderíamos avançar nas políticas de afirmação dos direitos e da democracia, estamos dando lugar ao atraso e ao retrocesso. O pior de tudo é que grande parte da população está assistindo de braços cruzados. E vou além. Pergunto, os nossos vereadores se abstiveram deste debate? Infelizmente os legislativos também estão contaminando com o vírus da intolerância e do extremismo religioso. 

Não vejo problema algum em um pastor ser eleito para um cargo legislativo ou até mesmo presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (CDHM), desde que seja um líder religioso identificado com a garantia dos direitos humanos e da dignidade das minorias estigmatizadas, o que não é o caso do pastor Marcos Feliciano, um inimigo público e declarado das minorias.

Seus discursos racistas, homofóbicos e sexistas, estimulam a violação da dignidade humana de grupos historicamente perseguidos. O pior de tudo é que ele se utiliza das escrituras sagradas - uma interpretação insana, distorcida e racista da Bíblia -, para justificar suas posições preconceituosas e atrasadas.

Não, não foram esse os ensinamentos cristãos que recebi de meus pais, e que certamente foram responsáveis pela minha formação ética e cidadão. Por isso deputado e pastor Marcos Feliciano, você não me representa, pois, o seu cristianismo certamente não é o mesmo que o meu, que acolhe as pessoas, que respeita os diferentes e que esteve a frente das lutas pela redemocratização do nosso país. 

Ter Marcos Feliciano na CDHM é uma estúpida contradição. 

Mas, onde estão os nossos deputados, vereadores e lideranças para publicamente expressarem seu repúdio? Em tempos de acordos políticos, grande parte deles preferem assistir de braços cruzados, ou será que comungam dessas mesmas ideias? Lutar ainda vale a pena. 

Jornalista, Jeferson Ávila

terça-feira, 26 de março de 2013

PACTO DA EDUCAÇÃO OU IMPACTO DA NEGAÇÃO?


"Colombo não é um governo é uma réplica da inoperância, de irresponsabilidade como Silveira, ele é um fantoche produzido e alimentado pela mídia, pela federação das indústrias do estado, pela inconsciência do povo, pela incompetência do voto."

Assim poderíamos iniciar como advogados do diabo nosso descontentamento contra o Governo Colombo e sua trupe de malabares da mentira e contradição! Afinal o filho pródigo do ex Governador Luiz Henrique, tem acumulado junto a sua incompetência provada nas ações, o legado apodrecido das políticas emergentes de caráter puramente eleitoreiro de seu antecessor. Vejamos pelo estado quanto investimento em recapeamento de rodovias e acesso a municípios com superfaturamento na pavimentação 'casca de ovo' como ocorreu na BR 282 toda recapeada recentemente e se deteriorando vergonhosamente em muitos trechos da região oeste por exemplo.

Este pacto das rodovias não passa de mais pacto pelo acumulo ilícito do dinheiro público a ser dividido entre empreiteiras afilhadas do governo e afinadas com as falcatruas de trocas de favores na prestação de serviços. É o toma lá, da cá no jogo de cartas marcadas, e o 'onus' repassado ao cidadão, formando a lógica perversa dos roedores da máquina pública. Enquanto nós contribuintes continuamos transitando a deriva no abandono desqualificado da prestação de serviços, quando deveríamos ser contemplado de forma qualitativa e quantitativamente nas politicas públicas em conformidade com o que o estado 'usurpa' sob o nome de arrecadação do contribuinte.

Vejamos o midiático e escandaloso caso de deterioração da Escola Estadual Bom Pastor em Chapecó inaugurada em 2010, outra prova irrevogável de negação verdade. Um problema velado antes mesmo de sua forçada inauguração vetada pelo corpo de bombeiro tendo em vista irregularidades na obra e falta de habite-se da prefeitura. E agora eis que os problemas se levantam como prova concreta de que aquela pressa eleitoral de Luiz Henrique, Paulo Bauer, do ex prefeito de Chapecó e toda trupe de canalhas para acelerar o processo do término do “gaiolão escolar” superfaturado era enganar o povo. Com objetivo único a concentração de votos em Chapecó e pela Região Oeste como aconteceu na eleição dos dois aloprados ao senado federal com grande votação em Chapecó e o um pilantra sofista a deputado federal!

Não podemos esquecer que também a Udesc da cidade de Pinhalzinho inaugurada em 2005, pouco tempo após a 'Inauguração' apresentou inúmeros problemas com infiltração, chuva dentro da salas de aula, rachaduras no prédio, pintura comprometida entre outros e ai a pergunta de sempre: Porque edificações como a Escola Bom Pastor e a Udesc com avantajados investimentos poderiam apresentar sérios problemas meses depois de sua inauguração?

A pergunta que todo cidadão catarinense deve ainda se fazer é quantas obras além das citadas foram/são superfaturadas em Santa Catarina em troca de caixa dois pra eleição existe. E que hoje começam a apresentar os limites da engenharia do cagaço, dos materiais de baixo custo (superfaturados), das empreiteiras negando culpa, dos engenheiros propondo remendos e dos sujos empresários fazendo o lobismo por novas licitações e acordos na calada da noite. 

Enquanto isso nossos filhos, nós também os filhos adotados do estado continuamos segurando guarda-chuva nas salas de aula, guinchando veículos quebrados nas rodovias e morrendo na fila dos hospitais pelo abandono nas políticas da saúde pública. E enquanto isso o governo Colombo requentando a cartilha de seu antecessor e falando em pacto para todo o estado.

Colombo não é um governo é uma réplica da inoperância, de irresponsabilidade como Silveira, ele é um fantoche produzido e alimentado pela mídia, pela federação das indústrias do estado, pela inconsciência do povo, pela incompetência do voto. É uma falácia midiática a serviço dos interesses de grupo. Ele é uma massa clonada dos seus antecessores, desde de o aportar do navegador genovês Cristóvão trazendo seu sobrenome as nossas terras, ao acampamento do atual Colombo na ilha catarinense como agente público, saqueador de nossa confiança, roedor do aparelho do estado, dos direitos do povo. É sim, a mais imperfeita das mentiras eleitorais já produzidas, por que nem a isso tem autenticidade própria, dependendo até dos cartilhas ineficazes e requentadas de seus antecessores para governar, ele é a continuação de nossos erros. Mas ainda assim Colombo na soma geral não é culpado sabe porque:

… aquele buraco na rodovia;
… aquela rachadura no prédio da escola,
… aquelas goteira na escola, universidade,
… aquela falta de vagas nas escolas;
… aquela escola abandonada;
… aquele parco salário dos professores;
… aquela fila nos hospitais do estado;
aquela... aquela… aquela... 

... É CULPA DO VOTO INCONSEQUENTE!!! Agora Ele assume o “Pacto da Negação” de sua ineficácia e seus eleitores negam que um dia o apoiaram! Está tudo empatado, em 2014 teremos a prorrogação vamos ver o resultado final!

Neuri Adilio Alves
Filósofo Professor/Pesquisador

A ESTÉTICA E O LÚDICO

"(...) tanto a estética como o lúdico, nos tiram do mundo prosaico, racional-utilitário, para nos colocar num segundo estado, tanto de ressonância de empatia, de harmonia, como de fervor, de comunicação, de exaltação."

“O Estado estético é um segundo estado de felicidade, graça, emoção, gozo, felicidade. A estética é aqui concebida não somente como um caráter próprio das obras de arte mas também a partir do sentido original do termo aisthètikos de aisthanesthai, ‘sentir’. 

É uma emoção, um sentimento de beleza, de admiração, de verdade, e no paroxismo, de sublime; ele nasce não somente dos espetáculos ou das artes, evidentemente aqueles da música, do canto, da dança, mas também dos odores, perfumes, gosto dos alimentos ou bebidas, e ele nasce do espetáculo da natureza, do encantamento diante do oceano, da montanha, do sol nascente. 

Ele pode também nascer das obras, que inicialmente não tinham nenhum objetivo estético, como os antigos moinhos de vento ou as antigas locomotivas a carvão. Também, os objetos mais técnicos, como o automóvel e o avião podem se tornar carregados de estética.

A estética e o lúdico tem como traço comum ser sua própria finalidade, aí subentendido quando eles comportam finalidades utilitárias. 

A estética e a consumação tem por traço comum atingir o segundo estado, que pode se tornar soberano. 

A estética e o imaginário tem uma parte comum: a estética alimenta o imaginário e é em parte, alimentado pelo imaginário (epopéias, romances, poesias, esculturas, etc.) 

A estética e a poesia vivida tem em comum o encantamento que pode proporcionar um e outro.

O mundo contemporâneo presenciou o desenvolvimento de um vasto setor estético feito para alimentar nossos psiquismos, nossas almas. O romance ocupou um lugar considerável no século XIX, seguido no século XX pelo filme e pelas seriados de televisão. 

A estética contemporânea cobre uma vasta gama, que vai do mundo imaginário dos romances e os filmes, aos espetáculos, às festas, às viagens turísticas para visitar monumentos e paisagens, e comportam mais de mil pequenos prazeres da vida, mil pequenas delicias gastronômicas e enológicas, mil pequenas gotas de divertimento no quotidiano dos costumes. (...)

Em todos os casos, tanto a estética como o lúdico, nos tiram do mundo prosaico, racional-utilitário, para nos colocar num segundo estado, tanto de ressonância de empatia, de harmonia, como de fervor, de comunicação, de exaltação. Ela nos coloca num estado de graça, onde nosso ser e o mundo são um e outro mutuamente transfigurados, o que podemos denominar de estado poético.”

Edgar Morin;
O Método 5. A humanidade da humanidade. A identidade humana.Paris, nov. 2001, Éditions du Seuil. Tradução livre de Nurimar Falci, São Paulo, 2001. 

http://www.edgarmorin.org.br/index.php

sábado, 23 de março de 2013

LINGUAGEM CORPORAL! Sera?

"O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa!" (Eduardo Galeano)

Algumas coisas até me convencem em toda literatura das ciência humanas, aplicadas ou meramente interpretadas. Mas a grande parte tenho quase certeza de que não passa de masturbação mental. Falo isso sem restrição, e universalizo ao direito de cada um se manifestar dentro de sua área. 

Confesso! ... é inegável que o legado de Simund Freud, Carl Jung, Lacan entre outros foi e ainda será imprescindível para a vida acadêmica (eu disse vida acadêmica) porque para fora dela existe um abismo que não cabe mais nas paginas de um livro. 

Por isso, sem reciclar nosso modo de ver e 'reinterpretar' o mundo e suas relações no todo, passamos a viver das orgias seculares do apenas dito e aceitável nas páginas literárias da ciência aplicada ou comum das esferas acadêmicas. 

Ciência aplicada vai pra o museu, filosofia (como modo de rever o mundo) nunca vai pro museu, porque ela é sempre atual. Tão atual como a necessidade de dizer que um dos exemplos clássicos do senso introspectivo comum (simplista-ridículo-imperfeito-errôneo) são as entrevista de seleção de emprego proporcionados por empresas. 

Digo isso porque geralmente o método é um 'profissional' da personalidade tentando traçar um perfil, gélido sobre um individuo que nunca viu pela frente apenas pelo modo como se expressa de forma verbal ou corporal.Todos os testes vocacionais são ineficientes, todas as interpretações aparentes de um individuo são insuficiente, tanto no contato visual como na sua singularidade personal. 

Até um filósofo se abrir um consultório apenas pra pensar poderá receber da própria família um encaminhamento para um psicólogo, um psiquiatra e possivelmente destes um atestado de insanidade mental. Porque aos olhos de muitos ficar em silêncio para pensar pode significar o corpo estar falando algo. Neste caso até pensar é perigoso! O Corpo fala, ou a literatura fala por ele?


Neuri Adilio Alves
Professor de Filosofia