sexta-feira, 11 de setembro de 2009

10 de Setembro de 2009 - 18h43

Assembléia gaúcha abre processo de impeachment contra Yeda

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado estadual Ivar Pavan (PT), aceitou nesta quinta-feira (10) o pedido de impeachment contra a governadora Yeda Crusius (PSDB). Segundo Pavan, a decisão foi baseada em informações extraídas de sindicâncias internas do governo gaúcho, da Polícia Federal, e do Ministério Público Federal, que move ação de improbidade administrativa contra Yeda e mais oito pessoas.

O processo de impeachment aberto contra a governadora é o segundo da história do Brasil, afirma nota divulgada pela Agência de Notícias do Legislativo gaúcho. O primeiro foi o do ex-presidente Fernando Collor de Mello, ocorrido em 1992. O pedido de impeachment foi apresentado pelo Fórum dos Servidores Públicos do Estado, no último dia 9 de julho. O Fórum é composto por dez entidades: Sindicaixa, Ugeirm/Sindicato, Simpe, Sindiágua, Semapi, Sindsepe, Sindjus, Sindet, Federação dos Bancários do RS e CPERS/Sindicato.

Segundo o presidente da Assembléia Legislativa, o pedido está baseado em “26 fortes indícios de improbidade administrativa encontrados em diversas fontes”.

No dia 18 de agosto, Ivar Pavan formou uma comissão técnica para analisar o pedido encaminhado pelo Fórum de Servidores. Há uma semana, Pavan reuniu-se com a juíza Simone Barbisan Fortes, da 3ª Vara Federal de Santa Maria , quando obteve acesso à íntegra das denúncias contidas na ação encaminhada pelo Ministério Público Federal, relativa ao desvio de R$ 44 milhões dos cofres do Detran-RS. Após a análise dos documentos, o parlamentar decidiu encaminhar o pedido ao Plenário da Casa, para leitura e publicação no Diário da Assembléia, o que ocorrerá no dia 14 de setembro. Segundo informou o procurador do Legislativo, Fernando Ferreira, será formada uma comissão composta por 36 deputados (dois terços da Casa), respeitada a proporcionalidade de cada partido e com assento garantido a todas as bancadas.

Esta comissão escolherá um relator e um presidente que coordenarão a análise do processo. A base de apoio do governo Yeda terá maioria nesta comissão. Os proponentes do pedido, no entanto, anunciam que pretendem intensificar a mobilização em defesa da investigação das denúncias que embasam o processo de impeachment.

Para a presidente do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS/Sindicato), Rejane de Oliveira, “a Assembléia Legislativa terá que cumprir com o seu papel que é o de buscar respostas para a sociedade gaúcha”. Segundo ela, “o pedido foi embasado em fatos de concretos, em provas e acontecimentos”. “Portanto, achamos que o encaminhamento está tendo o rigor necessário de quem quer resolver o problema que o Rio Grande do Sul está sofrendo”, acrescentou.

Yeda sabia de tudo, diz Lair

Cumprindo o que havia prometido para hoje, a deputada gaúcha Stela Farias (PT), que preside a CPI que investiga o governo Yeda, leu trechos do depoimento prestado por Lair Ferst ao Ministério Público Federal no dia 23 de janeiro deste ano, cujo conteúdo foi liberado pela juíza Simone Barbisan Fortes aos membros da CPI e não se encontra sob sigilo de Justiça.

Ao ser questionado pelos promotores, Lair diz que a troca da Fatec pela Fundae como prestadora de serviços ao Detran - e que deu origem a uma reorganização no esquema criminoso montado a partir da autarquia - foi autorizada pessoalmente por Yeda Crusius em uma reunião da qual participaram a governadora, Carlos Crusius, Delson Martini, Walna Meneses, Daniel Andrade e Chico Fraga.

Lair também revela que Yeda Crusius tanto sabia que ele seria excluído do esquema com a mudança de fundações, que pediu que ele ficasse tranquilo, pois seu caso seria resolvido, o que não aconteceu. “Me senti traído”, confessou aos promotores.

Lair ainda contou que, ao constatar que tinha sido deixado de fora da planilha da propina, foi reclamar com Chico Fraga, que lhe mandou reclamar para Yeda.

-Foi ela quem determinou os percentuais e não há nada pra ti, garantiu Chico Fraga.

Segundo Lair Ferst, Yeda Crusius sabia que empresas da sua família tinham sido contratadas pela Fatec como sistemistas, que conversou com a governadora sobre a situação e que Chico Fraga, quando anunciou que a substituição da Fatec pela Fundae foi explícito em afirmar que “falava em nome da governadora”.


Fonte: Blog RS Urgente / Marco Weissheimer