sábado, 16 de outubro de 2010


   Garcia diz por que tema das privatizações incomodam Serra            


No primeiro debate televisivo do segundo turno desta campanha eleitoral, José Serra mostrou-se incomodado quando o tema das privatizações foi colocado por Dilma Rousseff. Serra quis dar ao debate da questão um significado eleitoreiro, talvez pensando que seja mais um "trololó" da esquerda, como gosta tanto de dizer.



Por Marco Aurélio Garcia*, na Folha de S.Paulo



Não é assim. Quando a sociedade brasileira é convocada para decidir os destinos do país nos próximos anos, nada mais natural que o papel do Estado em nosso projeto nacional de desenvolvimento seja devidamente debatido.

A questão das privatizações emergiu no governo Collor de Mello, dormitou no interregno Itamar Franco e ganhou força durante o período FHC.

Correspondeu a período marcado não só pela "débâcle" dos regimes comunistas europeus e pela deriva social-democrata como pelo aparente êxito da proposta neoliberal que vicejava na Inglaterra de Thatcher e no Chile de Pinochet.

As teses sobre a diminuição do papel do Estado -quando não da necessidade do Estado mínimo- que acabaram por bater, ainda que tardiamente, nas costas brasileiras refletiam um otimismo desenfreado sobre o papel dos mercados na regulação econômica e financeira. Elas espelhavam também o grande fascínio exercido pela "globalização" produtiva, mas sobretudo financeira, em curso.

Ao considerar, de certa forma, irrelevantes a produção e os mercados nacionais, elas acabavam por minimizar o papel desempenhado pelos Estados nacionais.

Os governantes teriam de ser apenas gerentes de políticas mundialmente acordadas pelos grandes centros econômicos. Ficariam relegados a replicar orientações macroeconômicas de fora, que viabilizassem novo desenho geoeconômico e, evidentemente, geopolítico.

FHC não hesitou em proclamar o advento de um "novo Renascimento" mundial, ainda que fosse obrigado a reconhecer que alguns milhões de brasileiros iriam ficar obrigatoriamente fora deste suposto ciclo de prosperidade.

Complementando o ajuste que aqui e lá fora foi praticado, trataram de liberar o Estado de pesados fardos -as estatais-, que supostamente o impediam de cumprir suas funções. Ficava a dúvida sobre quais seriam essas "funções".

Não por acaso usou-se na propaganda a favor das privatizações a imagem de um elefante em um local fechado. As estatais não passavam de um trambolho que impedia o desenvolvimento do país.
No altar dessas crenças foram sacrificadas importantes empresas nacionais. Os cerca de US$ 100 bilhões conseguidos no processo de privatização comandado pelo ministro José Serra se esfumaram.

O país aumentou consideravelmente sua dívida interna e se tornou muito mais vulnerável internacionalmente, como ficou claro quando as crises mexicana, asiática e russa levaram o Brasil sucessivamente à beira do abismo.

Perversidade maior desse processo foi o uso de vultuosos recursos do BNDES para financiar as empresas estrangeiras que entraram nas privatizações. Resumindo a originalidade brasileira: privatizou-se com dinheiro do Estado brasileiro.

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em 2008, no início da grande crise econômica mundial, o presidente Lula afirmou ter chegado a "hora da política", a hora do Estado. Os meses que se seguiram deram a essa fala toda a sua significação.

Por ter barrado as privatizações, fortalecido as estatais e dado a elas um papel estratégico no desenvolvimento nacional, o Brasil pôde enfrentar, como poucos países, a tempestade financeira que se abateu sobre o mundo.

Os bancos públicos, a Petrobras e as estatais do setor elétrico foram fundamentais nesse processo.
Portanto, não estamos diante de um debate que opõe dinossauros a modernos. O que está em jogo é o interesse nacional.

*Marco Aurélio Garcia é assessor especial de política externa da Presidência da República e coordenador do programa de governo de Dilma Rousseff (PT). Foi secretário de Cultura do município de São Paulo (gestão Marta Suplicy).



         Marilena Chaui: Serra é uma ameaça à democracia            



Em entrevista gravada anteontem, em São Paulo, a filósofa Marilena Chaui fala sobre as eleições deste ano e explica por que o projeto dos tucanos é um retrocesso. Segundo ela, o candidato José Serra representa uma ameaça às conquistas sociais e econômicas alcançadas pelo governo Lula. Marilena avalia que os ambientalistas devem estar atentos no segundo turno porque Serra teve votação maior em regiões de desmatamento e do agronegócio.



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Religiosos divulgam no Rio de Janeiro 

manifesto em apoio a Dilma

 

Encabeçado por sete bispos, entre eles dom Thomas Balduíno, bispo emérito de Goiás Velho (GO) e presidente honorário da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e d. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Felix do Araguaia (MT), foi divulgado hoje um manifesto de "cristãos e cristãs evangélicos e católicos em favor da vida e da vida em abundância", que contava no início da tarde com mais de 300 adesões de religiosos e fiéis. 

 

O texto será entregue a Dilma Rousseff (PT) na segunda-feira, no Rio, na mesma cerimônia em que a candidata à Presidência receberá apoio de intelectuais e artistas.

Os adeptos rechaçam que "se use da fé para condenar alguma candidatura" e dizem que fazem a declaração de voto "como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais".

No manifesto, eles deixam claro que "para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra (José Serra, presidenciável pelo PSDB)".

O documento recebeu o apoio dos bispos Demétrio Valentini (Jales, SP); Luiz Eccel (Caçador, SC); Antônio Possamai, bispo emérito de Rondônia; Xavier Gilles e Sebastião Lima Duarte, bispo emérito e bispo diocesano de Viana (MA). Também apoiam Dilma dezenas de padres e religiosos católicos como Frei Betto, pastores evangélicos, o monge da Comunidade Zen Budista (SP) Joshin, o teólogo Leonardo Boff, o antropólogo Otávio Velho e a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Victoria Benevides.

Dívida social

O manifesto faz referência velada a casos de pedofilia nas igrejas para afastar a exigência de candidatos comprometidos com religiões. Os signatários do manifesto ressaltam: "Sabemos de pessoas que se dizem religiosas e que cometem atrocidades contra crianças e, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo. Não nos interessa se tal candidato(a) é religioso ou não."

O documento também dialoga com eleitores de Marina Silva, do PV, lembrando que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano, como propôs Marina, "só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido". Para eles, Dilma representa este projeto "iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula".

Diálogo


Embora admitam terem "críticas a alguns aspectos e políticas do governo atual que Dilma promete continuar", os signatários destacam saber a diferença entre "ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir".

"Neste sentido, tanto no governo federal, como nos Estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido", afirma o texto.

Fonte: Agência Estado

Luis Nassif: A psicologia de massa do fascismo à brasileira

 

Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro. O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial.

por Luis Nassif, em seu blog

 

Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências.

Em outros países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.

Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.

À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados.

Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.

Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.

O fascismo à brasileira

Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.

Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma.

Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.

Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações.

Minhas filhas menores freqüentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.

Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.

No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, é captar as reações dos funcionários ao debate da Band.

A construção do ódio

Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.

Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.

Que país sairá dessas eleições?, até desanima imaginar.

Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.

Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

Coligação de Serra quer censurar TV Record

 

A vice-procuradora-geral Eleitoral, Sandra Cureau, enviou nesta quinta-feira (14) parecer favorável à aplicação de multa à TV Record por ter veiculaod reportagem supostamente favorável à candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff.

A reportagem mostrava as regiões da cidade de São Paulo onde Dilma e Serra saíram vitoriosos.
O parecer da vice-procuradora-geral Eleitoral atende pedido feito pela coligação do candidato do PSDB José Serra, que alegou que a emissora fez propaganda a favor de Dilma Rousseff, ao mostrar que esta venceu nos bairros mais pobres.

Em declarações à Folha de S.Paulo, a direção da TV Record afirma que o pedido de multa “parece uma tentativa de censura e cerceamento da liberdade de imprensa”.

O caso será analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Se condenada a emissora poderá ser obrigada a pagar multa que varia de R$20 mil a R$100 mil.

Com informações da Folha de S.Paulo

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

A elite vive um surto de demofobia

Odair Rodrigues *
 

Sabemos que existe em S. Paulo uma corrente separatista que prefere a ocupação extrangeira à evolução do Brasil (…). Oswald de Andrade e Pagu – O Homem do Povo, n° 1, março 1931

 

As empresas de versões de notícias do eixo Rio-SP e seus repetidores, atualmente conhecidos como PIG, atuam como se vivêssemos em uma ditadura ou na Inquisição.

As manchetes dos veículos de comunicação pertencentes às famí(g)lias frias, marinho, civita e mesquita ora se assemelham aos textos contidos nos temidos Atos Institucionais da ditadura militar, ora parecem com os processos liderados por Torquemada, o mais temido inquisidor do Santo Ofício.
Ainda que o candidato José Serra, pautado pela imprensa golpista, venha assumindo um caráter de grande inquisidor e perseguidor de demônios, não é isso que está em jogo; é a democracia que está ameaçada.
Há vários indícios de que uma possível vitória da coligação demotucana significaria o fim da liberdade de expressão, a perseguição de jornalistas, intelectuais, blogueiros, artistas e de lideranças do movimento popular.

Engana-nos o mal com aparências de bem – Pe. António Vieira

A demissão da articulista Maria Rita Kehl pelo Estadão, por criticar o preconceito da elite contra as classes D e E; a demissão do jornalista Heródoto Barbeiro pela tv Cultura, depois de questionar Serra sobre os pedágios; a censura do blog Falha de São Paulo pelo jornal Folha de São Paulo; a indisfarçada parcialidade do jornalismo da Globo; a censura das pesquisas eleitorais e do Blog do Esmael, pelo governador eleito no Paraná, o tucano Beto Richa são alguns dos vários os exemplos de atentados contra a liberdade de expressão e de opinião. Ao mesmo tempo, atribuem ao governo Lula o que eles praticam.

Demofobia

Um surto de demofobia, medo da democracia, é o momento pela qual passa a elite do país. Uma elite que prefere se ajoelhar ao poderio estrangeiro a ter que dividir o poder político e as riquezas com o povo brasileiro.

A comparação entre os 8 anos de privataria de FHC/Serra/neoliberais e os 8 anos de soberania nacional de Lula/Dilma/povo é que devem pautar o segundo turno. Seguir a agenda teocrática proposta pelo neo-inquisidor Serra e os fundamentalistas do golpismo da Folha, Estadão, Veja, Globo é entrar em uma guerra cuja a primeira vítima será o debate político e depois o desenvolvimento soberano do Brasil.
Para que Serra fique bem longe da possibilidade de ser presidente há necessidade de confrontá-lo com suas promessas não cumpridas quando prefeito e governador. A responsabilidade sobre as enchentes, o sucateamento do metrô, a privatização da saúde paulista, a possibilidade de diminuição de vagas na USP, a precariedade da educação, a desorganização da segurança e, principalmente, sua falta de diálogo com a sociedade.

Duas cenas não podem ser esquecidas para nos lembrar da política destrutiva dos tucanos: a ocupação das refinarias por tanques do exército e a venda (doação) da Vale do Rio Doce.

Repressão e privataria, são esses os legados de FHC/Serra. É nas ruas, nas escolas, universidades, fábricas que precisamos divulgá-lo para lançar luzes à ao obscurantismo propagado pelo jornalismo canalha e pela direita fundamentalista representado pelos demotucanos.

A internet é um poderoso instrumento nesse momento, o contato pessoal ainda é a melhor maneira de convencimento.
http://www.youtube.com/watch?v=kgTgdd41N4w
http://www.youtube.com/watch?v=lKBjqVrPqnE
http://www.youtube.com/watch?v=yZaWuuGpVhA
http://www.youtube.com/watch?v=deUf8An9Q1o&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=LCKghoTX_Nw&feature=fvst
http://www.youtube.com/watch?v=6ca-MDozx3E&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=GfZR69mZaF4

* É professor de língua e literatura no Estado do Paraná, web cronista, poeta, e militante da Unegro e do PCdoB.  Autor do blog Ruminemos: http://ruminemos.blogspot.com
 
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

O “Zé” vai entrar pra história pela lata do lixo (II)

Messias Pontes *
 

O candidato das forças do atraso à Presidência da República, o demotucano José Serra, ou simplesmente o “Zé”, definitivamente perdeu o rumo e mais parece uma biruta de aeroporto. No debate do último domingo, na Record, ele jogou a toalha e reconheceu a derrota quando afirmou, nas suas considerações finais, que a única coisa que tinha a apresentar aos brasileiros era o seu currículo. Foi aí que ele se perdeu.


Se a única coisa que tem a apresentar é o seu currículo, então não tem nada para oferecer. Isto porque ele não tem mais currículo. Este ele o jogou na latrina e deu descarga, não tendo mais retorno.

Renegando todo o seu passado ao se aliar com o que há de mais retrógrado neste País, o “Zé” termina sua carreira política melancolicamente, abandonado até pelos aliados que agora o escondem, e até pela grande mídia conservadora, venal e golpista que o trocou pela Marina Silva, do PV, que deixou de ser jurássica, “eco-chata”. A verde agora é a queridinha dessa mídia, pois não questiona as mentiras da Veja, as omissões da Globo dos fatos mais importantes, e o golpismo da Folha e do Estadão. Ela está em lua de mel com o GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão).

Mas resta um consolo para o “Zé” Traíra. A extrema direita continua apostando na sua eleição e tem usado as 24 horas do dia, sete dias da semana, enviando mensagens apelativas, mentirosas, injuriosas para milhões de emails. No Ceará, o “Zé” Traíra tem como principal cabo eleitoral o “Grupo Guararapes”, uma organização de extrema direita composta por um punhado de coroneis e generais de pijama e meia dúzia de civis viúvas da ditadura militar, que, como ele, defende democracia sem povo.

Depois de demonizar a candidata das forças democráticas, populares e progressistas, Dilma Rousseff, os generais de pijama enchem a bola do “Zé” e chegam a afirmar que ele foi o “melhor ministro do governo FHC”, e saem com essa pérola: “Já, (sic) o Serra é apoiado pelas legendas dos partidos que defendem o pluripartidarismo e adotam, nos seus ideários estatutários, a Democracia Representativa do Estado de Direito”.

Dizem ainda os generais de pijama de extrema direita que “Serra, (sic) jamais tentou impor pelas armas o seu socialismo e galgou pela eleição a representação popular, com expressiva votação, consecutivamente, sem interrupção, a Deputado Federal Constituinte, Deputado Federal, Prefeito e Governador de São Paulo...”

Em todos os inoportunos emails que enchem as caixas postais dos internautas, os generais de pijama deixam transparecer que ainda vivem na época da guerra fria e que a famigerada lei de segurança nacional ainda está em vigor. Perderam o bonde da história e, mais que isso, o senso do ridículo. Eles sempre defenderam e continuam defendendo uma democracia sem povo. Preferem o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo, como dizia o general ditador João Baptista Figueiredo, de triste memória.

Quando o “Zé” trocou o cheiro do povo pelo perfume das dondocas da Daslu, que passou a criminalizar os movimentos sociais, que passou a defender o golpismo da sua mídia, que pretendeu cassar a candidatura de Dilma Rousseff levando a disputa para o tapetão, depois de difundir desbragadas mentiras e caluniar contra a sua principal opositora, e de se juntar à extrema direita, de bater às portas dos quartéis para dizer que o que motivou o golpe de abril de 1964 era fichinha com relação ao que acontece hoje, quando assumiu de vez a defesa do imperialismo e demonstrou sua posição fascista contra Cuba, a Bolívia, a Venezuela e até à Palestina, ele tirou a máscara. Não é à toa que, do Oiapoque ao Chuí ele está sendo chamado de “Zé” Traíra.

Fazendo coro com a grande mídia conservadora, venal e golpista, o “Zé” Traíra não consegue esconder a sua adesão à canalha neo-udenista. Ele repete o que vem dizendo o Coisa Ruim (FHC, verdadeiro cadáver político insepulto): “a democracia está ameaçada”. E para tanto mobilizou meia dúzia de intelectuais e ex-ministros tucanos para um ato na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, para acusar o presidente Lula e seu governo de autoritário.

Mas a resposta veio a jato. Um grupo de mais de 60 juristas, entre eles Dalmo de Abreu Dallari, professor emérito da USP, divulgou ontem a Carta Aberta em Defesa de Lula, onde é enfatizada que os valores democráticos consagrados na Constituição da República de 1988 foram preservados e consolidados pelo atual governo.

Os juristas democráticos lembram que o presidente Lula não se deixou seduzir pela popularidade, com 80% de aprovação popular. Poderia ter tentado casuisticamente alterar a Constituição para buscar um novo mandato, como fez o Coisa Ruim que comprou deputados e senadores, num dos maiores escândalos de corrupção jamais visto.

Agora os golpistas tentam levar a eleição para o segundo turno manipulando pesquisas. Ontem, o Datafolha (Dataserra, Datafalha) divulgou “pesquisa” garantindo o segundo turno. A Globo deu a maior ênfase em seus telejornais. Mas o Vox Populi, também ontem, mostrou números bem diferentes: Dilma 49%, Serra 25% e Marina 12%, demais candidatos 1%. Portanto uma diferença de 11 pontos percentuais em favor da candidata petista. Os brasileiros não permitirão o retrocesso.

O “Zé” Traíra pirou de vez. O desespero é tamanho que o levou a prometer o que sempre combateu: salário mínimo de R$ 600,00, reajuste de 10% aos aposentados e 13º aos beneficiários do bolsa-família.

Por tudo isso, e muito mais, é que ele vai entrar pra história pela lata do lixo. Triste fim!

* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna