quinta-feira, 22 de julho de 2010

Alejandro Nadal: A caminho da Grande Depressão?

A crise global não dá sinais de se resolver. Os sobressaltos nos mercados financeiros e as más notícias nos setores reais da economia indicam que as coisas poderiam piorar. Alguns analistas já se questionam abertamente se o mundo se encaminha para uma réplica da Grande Depressão dos anos 30.


Por Alejandro Nadal, no Informação Alternativa

Não é uma questão alarmista. A realidade é que as raízes desta crise são muito profundas e encontram-se na própria essência das economias capitalistas. O vulcão que entrou em erupção em 2008 é a parte visível de um desastre que tem vindo a ser cozinhado desde há mais de 30 anos.

Convém recordar alguns traços da evolução da economia estadunidense para compreender que a recuperação vai requerer algo mais que um simples estímulo fiscal. As lições são importantes para todo o mundo.

Nos Estados Unidos, a crise atual não se originou pura e simplesmente no mercado das hipotecas lixo. As origens encontram-se na compressão salarial desde os anos 70. Esse fenômeno pôs fim à chamada fase dourada do capitalismo (1945-1975) marcada por taxas de crescimento sustentado, por remunerações em alta e uma redução notória na desigualdade social. Em contrapartida, a partir dos anos 70, o crescimento reduziu-se, a massa salarial caiu e a desigualdade aumentou.

A única forma de manter níveis adequados de procura agregada foi através do endividamento que começou a crescer desmedidamente nos anos 70. Esse processo culminou com o desenfreado crescimento de passivos do setor privado nos últimos 15 anos nos Estados Unidos. Hoje, o panorama não é nada tranquilizador.

Um estudo recente revela que, em média, a contribuição do endividamento para a procura agregada nesse país durante a década passada atingiu 15 por cento anuais e culminou em 1998 com 22 por cento. Ou seja, quase uma quarta parte da procura agregada nos Estados Unidos foi financiada com dívida em 1998. Em contraste, na década de 20, a dívida só financiou 8,7 por cento da procura agregada, em média.

O descalabro atual é ainda mais preocupante. Nos últimos 30 meses, a descida no nível de endividamento é de 42 por cento. Isto é, o desendividamento tem contribuição negativa para a procura agregada, muito superior ao que aconteceu entre 1929 e 1931 (queda de 12,5 por cento pelo desendividamento).

E esse ritmo de desendividamento não parece estar a diminuir nestes dias. A única coisa que pôde mitigar esse brutal processo de contracção da procura agregada foi o estímulo fiscal que agora está a esgotar-se.

Neste contexto, o apelo à redução do déficit fiscal no comunicado final do G-20 de Toronto é uma estupidez. Desde 1970, nem a procura, nem o emprego cresceram nos Estados Unidos sem a ajuda de uma procura agregada impulsionada pelo endividamento.

Enquanto os assalariados tratavam de compensar o estrangulamento salarial e a perda de poder de compra com mais dívida, o grande capital deslocou as suas operações para países com baixos custos salariais. O processo culminou com o traslado de centenas de milhares de empregos para a China.

Em três décadas, o mundo foi testemunha do desmantelamento do tecido industrial nos Estados Unidos. Alguns consideram que se tratou de um processo associado à evolução normal de uma economia capitalista. Mas a verdade é que as grandes companhias multinacionais que beneficiaram com o translado das suas operações manufatureiras para a China não se desindustrializaram, simplesmente mudaram de domicílio.

Nos Estados Unidos ficaram os que pensam que o melhor desse país é a sua capacidade de fazer inovações financeiras. Um resultado deste processo foi o desequilíbrio mundial entre os maiores países superavitários (China) e deficitários (Estados Unidos). Em boa medida, a incapacidade da economia estadunidense para gerar empregos deve-se precisamente ao desmantelamento do tecido industrial ao longo dos últimos 25 anos.

No Congresso, em Washington, quase ninguém quer outro pacote de estímulo para a economia estadunidense. Por isso, muitos agora pensam que haverá uma recaída e o gráfico da recessão terá a forma de um W. Mas outros pensam que poderia ter a forma de um L muito, mas muito alongado. Isto é, a economia dos Estados Unidos permaneceria no colapso vários anos.

Face a esta paisagem, o G-20 pronunciou-se por manter e aprofundar o modelo econômico neoliberal no mundo. Como se o único futuro possível fosse o mesmo laboratório de onde saiu a crise atual.

Deveriam ler o último capítulo da Teoria Geral de Keynes, em especial a passagem na qual adverte que talvez o único meio de manter o pleno emprego e diminuir a desigualdade será através da socialização do investimento. Mas, com a breca, tudo isto era proibido pensá-lo no pequeno estado policial em que o Canadá transformou a sede do G-20.

Fonte:http://www.vermelho.org.br/noticia

Responsabilidade social

Zillah Branco *

 

A sociedade capitalista imputava a quem tinha alguma parcela de poder, a responsabilidade pelos que dele dependiam, o que dava, em contrapartida, direitos de proprietário da mão de obra disponível. Esta era uma herança medieval favorável aos antigos senhores de terras que eram donos da população residente, que nada tinha de seu, e usava a força de trabalho na produção, em funções de defesa e construção de infra-estrutura. Era uma responsabilidade teórica e mal definia alguns deveres na manutenção das condições de vida dos servos. Com a Revolução Industrial, já no século XIX, os legisladores começaram a isentar de qualquer responsabilidade social os grandes empresários que não estavam ligados à terra como os antigos “senhores”, mas que contratavam assalariados com quem não tinham laços de dependência relativos à vida privada de cada um. Eram contratados, dispensados, substituídos como peças do mecanismo de produção.

Os benefícios de moradia e alguma estrutura de uso social eram construídos como “generosidade da empresa” que cobrava aluguéis e vendia produtos de consumo descontando nos salários. A construção de casas para as famílias de trabalhadores e o fornecimento de água, caminhos e produtos necessários à sobrevivência e à produção cumpria uma função de gestão e publicidade empresarial (que não era reconhecida pela classe empresarial e seus aliados no poder) e condicionava a dependência dos moradores que cumpriam as ordens patronais prendendo-os ao lugar e às dívidas contraídas desde o primeiro dia de contrato.

Quando as Associações Sindicais começam a defender os direitos mínimos de sobrevivência e de pagamento por horas trabalhadas, os legisladores introduziram diferenças nos conceitos jurídicos de modo a denunciar como “conspiração” as defesas sociais contra os interesses da “empresa” considerada como entidade indispensável à produção de interesse nacional. A produção tinha importância (teórica) para o país (e real interesse social e político da classe mandante) e a população devia colaborar para o seu crescimento e não podia defender direitos pessoais. Esta fórmula transformava a empresa na personagem fundamental sem referir que, na verdade, o interesse defendido era pessoal, do proprietário. Consideravam os crimes contra a propriedade, mas não contra as pessoas (pobres, é claro). Até hoje esta anomalia, do ponto de vista da sociedade humana, persiste como uma peia na democracia pelos desleixos jurídicos.

Para o sistema capitalista, a transformação de empresas e instituições em personagens e sujeitos da história, permitiu que o ser humano dominado perdesse essa característica (de sujeito que produz as transformações) e que os mandantes passassem a lideres e dirigentes por terem o poder de decidir o rumo a ser tomado pela empresa. O “valor” atribuído às pessoas/objetos depende dos produtos (em que participa com a sua mais-valia e o que consome através do mercado) e, assim, é estimulada a capacidade e eficiência pessoal, friamente, contabilmente, sem incorporar o valor humano e menos ainda o valor social do coletivo. No outro extremo da sociedade o valor também é pessoal, correspondendo aos recursos financeiros de que dispõe ou o poder político que move as finanças. O valor da produção é relacionado ao crescimento da riqueza e não ao desenvolvimento da sociedade. Os Estados Unidos radicalizaram estes conceitos a ponto de 70% do seu Produto Interno Bruto corresponder ao consumo de quaisquer produtos.

Hoje no Brasil transformado por 8 anos de democracia (apesar das dificuldade herdadas e das oposições políticas) são discutidas as causas sociais dos problemas humanos mais difíceis de serem ultrapassados, como a violência, a criminalidade, as desordens mentais estimulados pelos desequilíbrios sócio-econômicos e começa-se a mencionar a responsabilidade social dos empresários e dirigentes que constituem a elite cujo poder compete com o dos representantes eleitos pela população. Até mesmo a mídia vê-se obrigada a promover debates e, vez por outra, aparecem estudiosos a sério das questões sociais que introduzem interessantes análises. No dia 14/7 o programa da TV Globo, “entre aspas”, surpreendeu os expectadores com uma discussão lúcida sobre a faladoria que a mídia tem alimentado em torno do crime bárbaro em que está implicado o goleiro Bruno.

O psiquiatra Pedro Forbes e o consultor para assuntos de futebol José Carlos Brumoro contestaram a posição habitual divulgada pela TV que aponta como causa da má formação mental de um jovem com talento reconhecido nacionalmente, a família ou as carências sócio-econômicas na infância. Atribuem, sim, aos agentes empresariais que deram ou acompanharam a formação profissional sem cuidar do caráter e dos impulsos descontrolados do jovem que, como tantos outros, saiu da miséria e de uma condição de vida marginal para ser lançado como milionário que tudo pode na sociedade desregrada onde os valores éticos são considerados caretice e muitos dos heróis são ambiciosos sem escrúpulos. Reclamam a responsabilidade de quem conduz a formação da juventude.

Cabe uma pausa para perguntar quem deve ser responsabilizado por esta selva que engole uma juventude desavisada. A família? O sistema escolar? O Estado ? Os serviços sociais e de segurança? Mas a sociedade tem outras fontes de poder que atuam impunemente: as Igrejas, os Partidos, a Mídia, os Editores, as Grandes Empresas, as Corporações Profissionais etc, etc. Na verdade, todos os que participam na vida social são responsáveis (por isso estamos empenhados em levar os trabalhadores e suas famílias, todo o povo, a participarem ativamente nesta sociedade).

Voltando ao tema discutido através da “Globo”, foi explicado pelo psiquiatra P.Forbes que neste trajeto de vida em que é promovido, sem preparo ético, um jovem pobre a um ídolo milionário que “tudo pode”, há uma quebra da identidade que o deixa a mercê de qualquer influência . E Brumoro explica que hoje os dirigentes do futebol não são, como antes, profissionais, mas sim “colaboradores” financeiros. Cuidam apenas da gestão empresarial eficiente para alcançar sucesso.

E fica a pergunta: que exemplo ético ou moral poderá dar alguém que lida com as finanças visando lucros e crescimento econômico, se não tem qualquer vínculo com as questões humanas da formação do jovem que segue uma carreira profissional? Que ambiente cerca o jovem milionário (inclusive nos clubes e nas várias empresas que o envolvem como mais um objeto em promoção) onde ninguém diz “não” ao ídolo, todos o mimam e bajulam, e alguns aproveitam para introduzir os seus produtos que circulam nos antros do crime organizado? Nada mudou na sociedade capitalista desde a Revolução Industrial quando uns são mandantes da elite e os outros são objetos de produzir riqueza.

Mas, o jovem ídolo caído é um cidadão maior de idade, e deve responder pelos seus atos criminosos mesmo que muita gente que prega a educação seja co-responsável pela sua formação defeituosa. A responsabilidade social só é atribuída aos que não têm poder.
* Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Inpe revela queda de 47% no desmatamento da Amazônia

 

Há apenas dois meses do período de coleta de dados da taxa anual de desmatamento, o ritmo de abate de árvores na Amazônia indica queda de 47%. O número é maior do que os 42% do porcentual recorde de queda da devastação da floresta, registrado pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no ano passado.

 

A indicação de nova queda aparece nos dados acumulados durante dez meses — entre agosto de 2009 e maio de 2010 — pelo Deter, o sistema de detecção do desmatamento em tempo real. Divulgado também pelo Inpe, o Deter é usado para orientar a ação de fiscais no combate à devastação da Amazônia.

O sistema Deter já captou desde agosto passado o corte de 1.567 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica. Essa área é superior à cidade de São Paulo. Mas conta apenas uma parte da história do que acontece na região.

Mais rápido e menos preciso, o Deter não capta desmatamentos em áreas com menos de 50 hectares (meio quilômetro quadrado). Vem daí a principal diferença entre o sistema de detecção do desmatamento em tempo real e o Prodes, que mede a taxa oficial, divulgada ao final de cada ano.

No ano passado, o Prodes mediu redução recorde de 42% no ritmo do desmatamento. A área abatida foi a menor desde o início da série histórica do Inpe, em 1988. Entre agosto de 2008 e julho de 2009 foram devastados 7.464 quilômetros quadrados de floresta, ou cerca de 5 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

No ano anterior, a Amazônia havia perdido quase 13 mil quilômetros quadrados de floresta. Essa queda recorde foi registrada depois de um ano de interrupção num período de queda do abate de árvores, e deve-se sobretudo do aumento de fiscalização e de medidas como o corte de crédito aos desmatadores e o embargo da produção em áreas de abate ilegal de árvores.

Piores anos

De acordo com dados dos satélites do Inpe, os piores anos para a floresta foram 1995, 2004 e 2003, com mais de 25 mil quilômetros quadrados devastados em cada um desses anos.

A nova taxa oficial de desmatamento ainda depende das medições dos satélites nos meses de junho e julho, que tradicionalmente apresentam ritmo acelerado de corte de árvores.

O período mais complicado na preservação da floresta começa com o fim das chuvas na região e segue até outubro. Em maio, o Inpe registrou 11,4% de desmatamento a menos do que no mesmo mês do ano passado, dado de contribuiu para a queda de 47% acumulada desde agosto de 2009.

Queda significativa

A exploração ilegal de madeira no Brasil caiu até 75% na última década, segundo estudo do instituto britânico Chatham House. A redução da exploração ilegal teve reflexo direto no contrabando da matéria-prima. A importação de madeira ilegal pelos principais países consumidores caiu pelo menos 30%, segundo o levantamento.

Os pesquisadores analisaram a cadeia produtiva da madeira ilegal em cinco países tropicais detentores de florestas (Brasil, Indonésia, Camarões, Malásia e Gana), em países consumidores (Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França e Holanda) e na China e no Vietnã, que processam a madeira e fornecem produtos para o mundo industrializado.

Segundo a Chatham House, o desmatamento ilegal na Amazônia caiu 75% na última década, principalmente nos últimos cinco anos, quando o governo intensificou o combate às derrubadas na região e modernizou o sistema de transporte e comércio de madeira, com o Documento de Origem Florestal (DOF).

Falhas apontadas

O relatório elogia o sistema brasileiro de monitoramento de florestas e cita o aumento no número de operações policiais na Amazônia para combater o desmate.

No entanto, os pesquisadores ainda apontam falhas no cumprimento das sanções aplicadas nas infrações ocorridas na floresta amazônica, onde a derrubada ilegal ainda representa de 35% a 70% de todo o desmatamento.

"As penas nem sempre são aplicadas. No Brasil, por exemplo, apenas 2,5% das multas são recolhidas", acrescenta o texto.

Da redação, com agências


Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

Nova York expulsa professor que viajou a Cuba com alunos

A Prefeitura de Nova York decidiu expulsar do sistema público de ensino da cidade um professor de um instituto de Manhattan que organizou uma viagem a Cuba em 2007 com seus alunos, em desobediência à vetusta proibição que o país mantém contra seus cidadãos, proibidos de visitarem a Ilha.

 

A agência municipal que supervisiona as escolas de Nova York decidiu, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (21), que Nathan Turner, um professor de história que lecionava no instituto de ensino médio Beacon, no bairro do Upper West Side, nunca mais poderá trabalhar como professor na cidade.

A prefeitura local afirma alega que Turner teria sido o único responsável por fazer com que alguns alunos desse instituto nova-iorquino quebrassem as leis federais que proíbem todos os cidadãos americanos de viajarem à ilha caribenha a partir do território americano.

As autoridades municipais retiram qualquer responsabilidade da direção da escola e acusam Turner pela viagem, ao mesmo tempo que açodadamente descrevem o professor como um "comunista que tinha de ver Fidel Castro mais uma vez antes que morresse".

Turner, que reuniu 30 estudantes e administrou a viagem mediante uma organização religiosa de Nova York, já tinha conseguido viajar para Cuba anteriormente com alunos de Beacon em 2000, 2001, 2003 e 2005, com o consentimento do centro e do Departamento de Educação do Estado de Nova York.

As viagens de estudos entre os Estados Unidos e Cuba são permitidas para alunos em idade universitária, mas o instituto Beacon conseguiu enviar em várias ocasiões seus alunos para Cuba, entre os que em 2005 se encontrava a enteada do agora governador de Nova York, David Paterson, segundo detalha o The New York Times.

Turner foi obrigado a deixar seu trabalho no instituto Beacon em 2008 e se mudou para Nova Orleans, onde dirige um projeto comunitário.

Da redação, com agências


Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

Astrônomos detectam estrela gigantesca

Um corpo estelar duas vezes maior que os detectados até hoje foi enocntrado por astrônomos, quem consideram que o astro terá vida efêmera. Trata-se da estrela gigante R136a1, que tem massa equivalente a 250 vezes a do nosso Sol e é milhões de vezes mais luminosa, segundo descrição dos autores do estudo da Universidade britânica de Sheffield.

 

Este tipo de corpo estelare perdura por apenas alguns milhões de anos, antes de implodir, explicou Paul Crowther, o cientista principal.

As estrelas podem pertencer a dois conjuntos, os de massa pequena , como nosso Sol e os de grande massa, que chegam a no máximo um por cento na quantidade de estrelas existentes no Universo, assinalou o especialista. O R136a1 é um exemplo de um super peso pesado, exemplificou.

As estrelas de tamanho normal ao apagar-se transformam-se em anãs brancas, enquanto as de massa gigante podem formar buracos negros e estrelas de neutron, destacou.

"Levamos algum tempo para chegar a esta conclusão. Achava-se que esse corpo era grande, mas em realidade é enorme", agregou o especialista de Sheffield.

Uma estrela gigante é uma estrela com uma raio e uma luminosidade maior que uma estrela igual de seqüência principal com a mesma temperatura superficial . As que superam a luminosidade das gigantes se denominam supergigantes e hipergigantes.

Fonte: Prensa Latina

Estudantes apresentam propostas para as eleições deste ano

 

A União Nacional dos Estudantes (UNE) divulgou nesta terça-feira (20) – através do Portal EstudanteNet – um documento com as plataformas políticas dos estudantes para as eleições deste ano.

 

O documento intitulado “Projeto UNE pelo Brasil” foi elaborado através das propostas discutidas durante o 58º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da UNE – realizado entre os dias 22 e 25 de abril, no Rio de Janeiro. O evento reuniu mais de 500 lideranças estudantis de todo o país.

"Aprovamos um amplo documento construído com propostas discutidas entre as principais lideranças estudantis de todo o país. Aqui estão as nossas reivindicações, o que acreditamos serem avanços, e o que queremos avançar ainda mais. Vamos apresentar aos presidenciáveis e queremos o compromisso deles com nossas pautas. Esse é o papel da UNE. Exigir que a educação, o esporte, a cultura e muitas outras pautas que envolvam os jovens brasileiros tenham prioridade nessas eleições", explica o presidente da entidade, Augusto Chagas.

Propostas

O documento traça linhas estratégicas para o desenvolvimento do país na visão dos estudantes. Tais como mais educação, mais direitos à juventude, mais cultura, soberania internacional, mais democracia e direitos sociais.

“O Projeto Brasil é muito importante para marcar o posicionamento dos estudantes brasileiros com relação aos rumos que o Brasil deve tomar”, afirma o segundo vice-presidente da UNE, Bruno da Mata.

As propostas tratam, entre outros pontos, da aplicação de 50% do Fundo Social do Pré-sal para Educação, desenvolvimento sustentável com geração de empregos e distribuição de renda, defesa da diversidade cultural, do território nacional, pela democratização da comunicação, além de mais direitos para as mulheres e minorias.

Além do discurso

"Fundamental é fazer com que o projeto dos estudantes brasileiros seja construído através de mobilizações, debates e lutas dentro de cada universidade e nas ruas, apenas dessa maneira conquistaremos a universidade e a sociedade que queremos", pontua o primeiro vice-presidente da UNE, Sandino Patriota.

O Projeto UNE pelo Brasil – conduzido pelo movimento estudantil – afirma ainda que não serão aceitas políticas de retrocesso – com o retorno às privatizações, ao estado mínimo e às políticas de destruição da educação.

O objetivo da UNE é mobilizar a rede estudantil por todo o país na defesa do povo brasileiro e de sua soberania. A entidade – não declara apoio a nenhum a nenhum candidato à Presidência da República – pretende fazer a entrega formal do documento a todos os presidenciáveis.

Da Redação, com informações Portal EstudanteNet

Não são tempos de Barbosa Lima e Castelinho

Sidnei Liberal *

Entramos numa fase de campanha política em que a ordem é bater. Se não tiver como bater, há de se inventar, criar, repetir, requentar. Ainda não conseguimos atravessar o período em que o governo Lula foi invadido por um tal “denuncismo”, travestido de jornalismo investigativo. Irresponsável, politiqueiro, sem porteira, como diria Veríssimo, o pai.


É o que revelam tantos textos pseudojornalísticos, prenhes de “denunciou”, “teria elaborado”, “teria causado”, “foi acusada”, “escândalo”. Quase sempre de fonte suspeita, adversária. Interesses subreptícios, beirando o explícito. São palavras, intenções e ações que não resistem ao menor crivo do jornalismo sério.

O jornalismo sério, para informação da nova geração, é uma prática dos tempos de Barbosa Lima Sobrinho, de Carlos Castelo Branco. Hoje, anêmica, em baixa na bolsa midiática global.

É temerário, pois, auferir credibilidade passiva, acrítica, ao que está ou esteve na rede, nas revistas, jornais, ou foi divulgado por rádio e/ou televisão. Pior ainda os “repassando”, textos que circulam na internet, geralmente de má qualidade e pior credibilidade, no mais das vezes, apócrifos. Como se sabe, textos primários são impressos em papel. E papel tudo aceita. É por isso que o Jornalista tem o cacoete profissional, qual um cheque lista de aeronauta, de não escrever um texto que não responda a maioria das perguntas: quem? o que? quando? onde? e por que? O leitor crítico também busca estas respostas em suas leituras.

O leitor acrítico, não. Ele lê/ouve seu Jabor, Mainardi, Casoy, Cantanhêde, confiando que seus textos não possam ter a menor intenção de distorcer a realidade dos fatos. Não desconfia que cada fato pode ter mais de uma versão, cada uma ditada pelo interesse de quem a escreve e divulga. Ele não percebe que são muitas as armas do convencimento, seja uma aura de santidade, de falsa inquietação moral, seja uma contundência verbal ou a beleza plástica pela qual o texto se apresenta. A acriticidade da leitura e os textos sem o viés profissional têm dominado o panorama político brasileiro desde o “escândalo” do “mensalão”, quando, como dizia Nelson Rodrigues, “os idiotas perderam a modéstia”.

E por que o denuncismo? Nada como práticas deletérias antigas serem expostas em novo tempo e contexto para tentar, como foi largamente feito, desestabilizar a reeleição de um governo que não teve origem na elite e, ao mesmo tempo, teve a ousadia de tentar recuperar parte do que foi surrupiado dos pobres pela burguesia. A burguesia fede, dizia Cazuza. E é mesquinha e vingativa, diríamos. Ela não suporta ver um governo “analfabeto” ousar conduzir sua política exterior com soberania e responsabilidade em relação ao grande capital, aos donos da geopolítica internacional. Um governo que desafiou o usual adesismo automático de antes ao expansionismo do tio Sam.

A grande possibilidade de vitória da candidatura identificada com o atual governo, por um lado, e a defesa de interesses contrariados da nossa elite, personificados na candidatura tucana, por outro, têm produzido frenético retorno da onda denuncista. A grande maioria da imprensa nacional, comprometida com o retorno tucano, começa a mostrar suas ferramentas de fazer tramoia. Desta vez, com maior dose do que o presidente Lula chama de jogo rasteiro. Comprova-o a grosseria, a falta de respeito e o preconceito com que um grande jornal de circulação nacional, a Folha de S. Paulo, pôde estampar, em página nobre do jornal, a candidata Dilma caracterizada de prostituta.

Mais: Fabricação de boatos, dossiês fantasmas, câmaras e teclados atentos a qualquer escorregão. Episódios retirados do contexto e ressaltados como desqualificador da candidata. Como exemplo de tramóia, uma legítima contratação de assessoria jurídica para acompanhamento do processo eleitoral, como o fazem todos os candidatos. A mídia transforma o fato em artimanha da candidatura petista “para burlar” a legislação eleitoral.

No caso dos dossiês, a condenação pode ser pelo fato de ter sido (supostamente ou não) elaborado, vazado, comprado, ou, de outro lado, pelo seu conteúdo. Depende de quem pode ser atingido. Foi por essa tramoia que não mais soubemos o que aconteceu com o caso de mais de 1000 ambulâncias superfaturadas por uma máfia que se instalou no Ministério da Saúde de Serra. Quando o conteúdo supostamente atinge o lado da “base de sustentação”, não interessa discutir a elaboração, o “vazamento”, a compra do dossiê. Discute-se o conteúdo.

Se o assunto é um suposto esquema irregular de financiamento de campanha comandado pelo vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge e, de quebra, uma milionária usina de arapongagem supostamente financiada pelo Ministério da Saúde para bisbilhotar futuros adversários presidenciáveis do candidato Serra, dá-se preferência à criação de uma suposta oferta de um “dossiê” correspondente ao comitê político do lado oposto. Um dos jornais assume a tramoia e forma-se uma retumbante onda em toda a mídia. Não são tempos de Barbosa Lima e Castelinho.
* Médico, membro da Direção do PCdoB – DF

Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna