sábado, 16 de outubro de 2010


             Dilma e Lula em SP: "O amor vai derrotar o ódio"               


O presidente Lula fez na noite desta sexta-feira (15) um contundente discurso em repúdio aos ataques promovidos pelo PSDB de José Serra contra a candidatura de Dilma Rousseff. No comício em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, Lula chamou de "vergonhosa" a campanha de José Serra. Segundo o presidente, os adversários repetem o preconceito usado nas outras eleições para tentar “abusar da boa fé do povo”



“É uma vergonha o que eles estão fazendo na campanha. Mentindo e difamando. Que nós precisamos dizer a eles é que nós já conhecemos essa história. Não é a primeira vez que somos candidatos. Não é a primeira vez que nós vemos o preconceito contra a mulher. Isso é histórico e crônico aqui em São Paulo”, disse Lula.

Dilma, por sua vez, afirmou que o medo e o ódio propagados nestas eleições serão derrotados com amor. Em 2002, na primeira eleição do presidente Lula, a esperança venceu o medo. Agora é a vez do amor derrotar o ódio. "Eles querem usar o ódio, que é um sentimento irmão do medo. Casaram o ódio com o medo e querem que a gente não enxergue o que está em questão. Vamos derrotá-los com amor e esperança pelo Brasil", disse, diante de um público de milhares de pessoas.

“A opção entre um país da esperança e do amor, e o país do ódio e do medo é o que está em questão no dia 31 de outubro. Por isso, quero dizer que, com a força de vocês, se Deus quiser, eu serei a primeira presidenta da República”, completou Dilma, pedindo o voto dos eleitores da Zona Leste.

O presidente Lula e sua candidata alertaram para as promessas feitas apenas em época de eleição, lembrando que seu governo, em oito anos, fez mais pelos pobres que a elite em todos os períodos em que governou o Brasil.

“Eleição é época de promessas fartas. Estão prometendo até aumentar o salário mínimo. Mas governaram esse país a vida inteira e não aumentaram. Estão falando em dar até décimo terceiro para o Bolsa Família. Eu e Dilma, que passamos oito anos para fazer o Brasil subir ladeira acima, não podemos permitir que o Brasil desça serra abaixo”, advertiu Lula. 

Pré-sal

Lula citou ainda os pedágios cobrados nas estradas paulistas, que chamou de “assalto ao bolso do povo de São Paulo”. Dilma chamou atenção para a possibilidade de privatização do petróleo do pré-sal por seu adversário.

“Nós apostamos nos trabalhadores da Petrobras e descobrimos o pré-sal, aquela riqueza que está lá no fundo do mar. Aí vem o principal assessor do meu adversário e diz que o governo Lula está errado, que nós temos de privatizar o pré-sal. Querem privatizar o pré-sal para entregar para as empresas internacionais e levarem essa riqueza para o exterior. Isso nós não vamos deixar”, disse a candidata.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

   Garcia diz por que tema das privatizações incomodam Serra            


No primeiro debate televisivo do segundo turno desta campanha eleitoral, José Serra mostrou-se incomodado quando o tema das privatizações foi colocado por Dilma Rousseff. Serra quis dar ao debate da questão um significado eleitoreiro, talvez pensando que seja mais um "trololó" da esquerda, como gosta tanto de dizer.



Por Marco Aurélio Garcia*, na Folha de S.Paulo



Não é assim. Quando a sociedade brasileira é convocada para decidir os destinos do país nos próximos anos, nada mais natural que o papel do Estado em nosso projeto nacional de desenvolvimento seja devidamente debatido.

A questão das privatizações emergiu no governo Collor de Mello, dormitou no interregno Itamar Franco e ganhou força durante o período FHC.

Correspondeu a período marcado não só pela "débâcle" dos regimes comunistas europeus e pela deriva social-democrata como pelo aparente êxito da proposta neoliberal que vicejava na Inglaterra de Thatcher e no Chile de Pinochet.

As teses sobre a diminuição do papel do Estado -quando não da necessidade do Estado mínimo- que acabaram por bater, ainda que tardiamente, nas costas brasileiras refletiam um otimismo desenfreado sobre o papel dos mercados na regulação econômica e financeira. Elas espelhavam também o grande fascínio exercido pela "globalização" produtiva, mas sobretudo financeira, em curso.

Ao considerar, de certa forma, irrelevantes a produção e os mercados nacionais, elas acabavam por minimizar o papel desempenhado pelos Estados nacionais.

Os governantes teriam de ser apenas gerentes de políticas mundialmente acordadas pelos grandes centros econômicos. Ficariam relegados a replicar orientações macroeconômicas de fora, que viabilizassem novo desenho geoeconômico e, evidentemente, geopolítico.

FHC não hesitou em proclamar o advento de um "novo Renascimento" mundial, ainda que fosse obrigado a reconhecer que alguns milhões de brasileiros iriam ficar obrigatoriamente fora deste suposto ciclo de prosperidade.

Complementando o ajuste que aqui e lá fora foi praticado, trataram de liberar o Estado de pesados fardos -as estatais-, que supostamente o impediam de cumprir suas funções. Ficava a dúvida sobre quais seriam essas "funções".

Não por acaso usou-se na propaganda a favor das privatizações a imagem de um elefante em um local fechado. As estatais não passavam de um trambolho que impedia o desenvolvimento do país.
No altar dessas crenças foram sacrificadas importantes empresas nacionais. Os cerca de US$ 100 bilhões conseguidos no processo de privatização comandado pelo ministro José Serra se esfumaram.

O país aumentou consideravelmente sua dívida interna e se tornou muito mais vulnerável internacionalmente, como ficou claro quando as crises mexicana, asiática e russa levaram o Brasil sucessivamente à beira do abismo.

Perversidade maior desse processo foi o uso de vultuosos recursos do BNDES para financiar as empresas estrangeiras que entraram nas privatizações. Resumindo a originalidade brasileira: privatizou-se com dinheiro do Estado brasileiro.

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em 2008, no início da grande crise econômica mundial, o presidente Lula afirmou ter chegado a "hora da política", a hora do Estado. Os meses que se seguiram deram a essa fala toda a sua significação.

Por ter barrado as privatizações, fortalecido as estatais e dado a elas um papel estratégico no desenvolvimento nacional, o Brasil pôde enfrentar, como poucos países, a tempestade financeira que se abateu sobre o mundo.

Os bancos públicos, a Petrobras e as estatais do setor elétrico foram fundamentais nesse processo.
Portanto, não estamos diante de um debate que opõe dinossauros a modernos. O que está em jogo é o interesse nacional.

*Marco Aurélio Garcia é assessor especial de política externa da Presidência da República e coordenador do programa de governo de Dilma Rousseff (PT). Foi secretário de Cultura do município de São Paulo (gestão Marta Suplicy).



         Marilena Chaui: Serra é uma ameaça à democracia            



Em entrevista gravada anteontem, em São Paulo, a filósofa Marilena Chaui fala sobre as eleições deste ano e explica por que o projeto dos tucanos é um retrocesso. Segundo ela, o candidato José Serra representa uma ameaça às conquistas sociais e econômicas alcançadas pelo governo Lula. Marilena avalia que os ambientalistas devem estar atentos no segundo turno porque Serra teve votação maior em regiões de desmatamento e do agronegócio.



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Religiosos divulgam no Rio de Janeiro 

manifesto em apoio a Dilma

 

Encabeçado por sete bispos, entre eles dom Thomas Balduíno, bispo emérito de Goiás Velho (GO) e presidente honorário da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e d. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Felix do Araguaia (MT), foi divulgado hoje um manifesto de "cristãos e cristãs evangélicos e católicos em favor da vida e da vida em abundância", que contava no início da tarde com mais de 300 adesões de religiosos e fiéis. 

 

O texto será entregue a Dilma Rousseff (PT) na segunda-feira, no Rio, na mesma cerimônia em que a candidata à Presidência receberá apoio de intelectuais e artistas.

Os adeptos rechaçam que "se use da fé para condenar alguma candidatura" e dizem que fazem a declaração de voto "como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais".

No manifesto, eles deixam claro que "para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra (José Serra, presidenciável pelo PSDB)".

O documento recebeu o apoio dos bispos Demétrio Valentini (Jales, SP); Luiz Eccel (Caçador, SC); Antônio Possamai, bispo emérito de Rondônia; Xavier Gilles e Sebastião Lima Duarte, bispo emérito e bispo diocesano de Viana (MA). Também apoiam Dilma dezenas de padres e religiosos católicos como Frei Betto, pastores evangélicos, o monge da Comunidade Zen Budista (SP) Joshin, o teólogo Leonardo Boff, o antropólogo Otávio Velho e a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Victoria Benevides.

Dívida social

O manifesto faz referência velada a casos de pedofilia nas igrejas para afastar a exigência de candidatos comprometidos com religiões. Os signatários do manifesto ressaltam: "Sabemos de pessoas que se dizem religiosas e que cometem atrocidades contra crianças e, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo. Não nos interessa se tal candidato(a) é religioso ou não."

O documento também dialoga com eleitores de Marina Silva, do PV, lembrando que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano, como propôs Marina, "só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido". Para eles, Dilma representa este projeto "iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula".

Diálogo


Embora admitam terem "críticas a alguns aspectos e políticas do governo atual que Dilma promete continuar", os signatários destacam saber a diferença entre "ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir".

"Neste sentido, tanto no governo federal, como nos Estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido", afirma o texto.

Fonte: Agência Estado

Luis Nassif: A psicologia de massa do fascismo à brasileira

 

Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro. O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial.

por Luis Nassif, em seu blog

 

Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências.

Em outros países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.

Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.

À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados.

Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.

Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.

O fascismo à brasileira

Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.

Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma.

Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.

Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações.

Minhas filhas menores freqüentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.

Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.

No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, é captar as reações dos funcionários ao debate da Band.

A construção do ódio

Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.

Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.

Que país sairá dessas eleições?, até desanima imaginar.

Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.

Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

Coligação de Serra quer censurar TV Record

 

A vice-procuradora-geral Eleitoral, Sandra Cureau, enviou nesta quinta-feira (14) parecer favorável à aplicação de multa à TV Record por ter veiculaod reportagem supostamente favorável à candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff.

A reportagem mostrava as regiões da cidade de São Paulo onde Dilma e Serra saíram vitoriosos.
O parecer da vice-procuradora-geral Eleitoral atende pedido feito pela coligação do candidato do PSDB José Serra, que alegou que a emissora fez propaganda a favor de Dilma Rousseff, ao mostrar que esta venceu nos bairros mais pobres.

Em declarações à Folha de S.Paulo, a direção da TV Record afirma que o pedido de multa “parece uma tentativa de censura e cerceamento da liberdade de imprensa”.

O caso será analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Se condenada a emissora poderá ser obrigada a pagar multa que varia de R$20 mil a R$100 mil.

Com informações da Folha de S.Paulo

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia