Fico sempre a espera da manifestação publica dos ditos Intelectuais que trabalham nas Universidades aqui em Chapecó. Afinal porque os formadores de opinião não fazem a mínima questão de romper uma espécie de trincheiras “obsequiosa de silencio” que parte de dentro de suas instituições para manifestar o que pensam e conhecem da vida política em vigência aqui em Chapecó. Quando se cobra tanto dos alunos a capacidade de manifestar opinião própria, também os Mestres e Doutores Universitários precisam dar o exemplo, fazendo uso de uma dose de coragem se é isto que falta, demonstrar que possuem a liberdade e a capacidade de apresentar publicamente também suas opiniões.
O diabo é que este silêncio quase que espiritual nos leva a imaginar existência de uma espécie de colônia de supostos demagogos que em sala de aula pregam a moral de “cuecas” e a ética do “cagaço” com a intuição de passar a todos a capacidade retórica de ensinar aquilo dos quais nem eles mesmos conseguem acreditar! Talvez tenha chegado a hora de mudarmos a direção das perguntas, e propor o desafio de lhes romper a cátedra do silêncio e auxiliar na construção de analises e novas proposições políticas para nossa cidade.
Em Chapecó temos dois projetos políticos em disputa, um que aponta para a defesa da vida das pessoas possibilitando a democrática participação de todo o povo no acesso as políticas públicas e outro projeto que tem demonstrado a serviço de quem esteve nestes últimos anos e de quem continuará servindo, se lhes for homologado a permanência.
Gosto do coração pedagógico dos professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, porque eles em grande maioria tem a coragem de manifestar suas posições e opiniões a respeito da vida política de seu município ou Estado. Por outro lado, dá medo e porque não vergonha de alguns Mestres e Doutores que se ostentam na arrogância de seus títulos “lato sensu” ou “stricto sensus” e manifestam uma certa indiferença a qualquer processo para além da sala de aula!
O comportamento destes intelectuais me leva a memorar parte do prefácio de um livro publicado em 1990 com o titulo de "Os últimos
intelectuais", editora da USP e Trajetória", onde o professor Russell Jacoby ao analisar os intelectuais americanos afirma que:
“os intelectuais mais jovens não desejam, nem necessitam um público mais amplo; quase todos são apenas professores. Os campi são seus lares; os colegas, sua audiência; as monografias e os periódicos especializados, sua comunicação”. E “ao contrário dos intelectuais do passado, eles se situam dentro de suas especialidades e disciplinas – por uma boa razão. Seus empregos, carreiras e salários dependem da avaliação de especialistas, e esta dependência afeta as questões levantadas e a linguagem empregada. Os intelectuais independentes, que escreviam para o leitor educado, estão em extinção”.
Esta talvez possa ser uma provocativa pista para os questionamentos colocados na ordem do dia aqui em Chapecó também. Pois se ainda é possível acreditar que sempre há tempo para tomadas de renovadas posições, quem sabe aqui tenha chegado à oportunidade! Afinal a serviço de quem pode estar o silêncio dos que produzem ideias, análises, alimentando e renovando muitos de nossos ideais!
Neuri Adilio Alves