terça-feira, 9 de outubro de 2018

COMIGO A RELAÇÃO É MUITO SIMPLES




Se é fascista vou cortando relações, e não é rompimento temporário, é para sempre, porque como o fascismo não se brinca e corteja, se combate. Recentemente cortei relações com casal de cunhados (compadres), com ex amigos e não tenho problema alguma em seguir fazendo com quem quer que seja:

► Não sou dos que dizem que não briga por politica, eu brigo, porque para mim politica é algo sério (diferente de politicagem/partidarismo/torcida estúpida/opinismo barato) - politica define sonho, justiça, vidas. 

► Politica não é lagoa de sapo onde todo mundo 'coaxa' alguma coisa, não é mera opinião apaixonada querendo violentar a razão; 

► Não tenho medo dos que vociferam com grosserias, assim como não confio no silencio 'desonesto' de muitos que se calam; 

► Não tenho paixão verde amarelo, tenho consciência multicultural, colorida, inclusiva com vez, voz e direitos aos que buscam com dignidade; 

► Não tenho compromisso com a conivência dos covardes e vocação para o silêncio desonesto; 

► Não dou chance para a estupidez se consolidar como ciência, porque democracia não é profissão para quem acha que pode dizer e fazer o que pensa sem limites. 

Abaixo pilantras dos três poderes, ao lixo do automatismo estúpido, corrupto e imoral que quer um país melhor espalhando mentiras. Se desonesto na construção das verdades que permeiam as relações sociais, desonesto na proposição e condução do país melhor.

No mais, rememorando o iluminista Jean Jaques Rousseau, que o ente superior me proteja dos 'amigos', dos laços consanguíneos e dos parentes por ocasião dos destino pois dos inimigos eu me cuido. 

Sou pelo Brasil da inclusão e justiça Social!


sexta-feira, 6 de julho de 2018

TEMPO DE APRENDIZADOS E CONSTATAÇÕES

O 'Complexo de Vira-Latas' cravado por Nelson Rodrigues desde aquela derrota histórica para o Uruguai no maracanã não é uma pontualidade de tal acontecimento, marco inicial ou final de uma constatação. Muito além, é um real sentimento de conformidade ao longo de séculos, referenciando inclusive com registro de 1845 quando o francês Arthur de Gobineau desembarcou no Rio de Janeiro e disse que os cariocas eram um bando de macacos. 

Sentir-se inferior não é uma condição pontual, é sim, uma real conformidade secular colonialista e que se faz presente em momentos como este de hoje, quando os latidos se repetem e denunciam o sentimento do colonizado que se revela, se afirma, justifica e orgulha-se de assim ser e sentir-se vencedor – porque há derrotas que são revigorantes para justificar as contradições. E vi, ouvi e presenciei neste dia desinibidamente em tantos conhecidos de perto e distante falastrões do especialismo midiático que antes contavam certezas. 

Parabéns a Bélgica os inferiores par-a-par por estatísticas, pelo panes et circus (pão e circo) midiático e também por suposto comparativo de elencos, mas que vencem por competência na definição e nos ganham como parte 'povo' com aquele latido desinibido de inferioridade secular! Patriotismo e Colonialismo deveriam ser entendidas como coisas diferentes, mas em sentimentos e ações dos desinibidos narcisos do fracasso, se tornam iguais. 

Viva o esporte, a vitória das amizades, e o título maior as boas consciências. Hoje não só aprendi algo novo, vi constatações reafirmadas e um pouco mais de desesperanças: não no futebol, mas quão míope é a visão, não de jogo mas de história, quão grande são as frágeis convicções e pequenas as boas perspectivas. 

Verdade ou mera constatação deste pontual ‘perdedor’: que falta faz um Gol de ouro na educação, derrotada há quinhentos anos. No resultado de hoje: complexo do latido 2 X 1 para esperança de dias melhores.

Neuri Adilio Alves - brasileiro conformado com o resultado, inconformado com o Estado! 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Filosofia, Analogia e Escola

Analogia é proporção, relação, semelhança. Conhecer é relacionar, é reduzir a multiplicidade a uma ordem em referência a primeira. Pensamento lógico qualquer aparelho, um computador por exemplo, é capaz de fazer, mas analógico, somente o humano consegue fazer. O conhecimento é essencialmente analógico. 

A filosofia é analogia em um nível mais profundo. E, a analogia opera com o estético e o estético é poderoso, inspira o respeito, impacta. Quer exemplo maior do poder do estético que as imponentes catedrais góticas: é sedutora pela beleza, poderosa pela relação de proporcionalidade com o indivíduo e foram feitas para quando entrar dentro se sentir pequeno, insignificante - pelo silêncio, pouca luminosidade e grandeza de seu teto. 

O Estético tem que ser respeitado, pois a função da arte é causar impacto, mexer por dentro. Filosofia na escola, tem se algo para mexer por dentro, em qualquer disciplina. Ao professor que falta a presença do filósofo que inquieta o estudante, não convence, não estimula, não ensina, não alimenta a bolha de interrogações. 

Um pouco de filosofia na disciplina de matemática é possível dizer que a primeira medida circunferencial da terra foi feita por Eratóstenes, II séculos antes da era cristã, como decano na biblioteca de Alexandria mesmo sem qualquer ferramenta mecânica apontou ser a terra uma esfera de 350º, errando apenas por 10º concluído na era moderna. Dissecando um curioso registro em papiro sobre fatos na cidade de Alexandria e Siena. Uma pequena dose de filosofia ainda seria possível dizer que os matemáticos ensinados na escola em sua maioria eram filósofo de origem: Pitágoras, Euclides, Pascal, Descartes, Galileu, Newton, Kepler = tantos outros. 

Um pouco de filosofia na disciplina de física poderia ajudar na compreensão que se há apenas uma lei universal da física em nosso cosmo, então por analogia, o mesmo princípio da física que corrói a lata do carro, corrói o cérebro também. Que dá entropia ninguém escapa. 

Um pouco de filosofia em química é possível provocar a reflexão se de fato Lavoisier estava totalmente correto com seu 'nada se perde, nada se cria, tudo se transforma' - pois se tudo neste universo é energia, energia se dissipa no espaço e no tempo, logo tudo neste universo é constante perda. 

Um pouco de filosofia em Matemática, serve para dizer o que Galileu dissera que este universo é escrito em cifras matemáticas, sendo possível contabilizar energia, calorias, no beijo, no abraço, no afeto. 

Um pouco de filosofia na em Ciência naturais pode trazer presente porque Aristóteles, Leonardo da Vinci, Rene Descartes entendiam tanto de anatomia, alquimias. 

Um pouco de filosofia em língua portuguesa, ajudaria trazer presente as grandes obras, tratados de linguagem, a ferramenta da escrita, a paixão literária do canto dos ditirambos, das epopeias homéricas, do tratado do nominalismo em Crátilo de Platão, as metáforas, paráfrases e textualidades. 

Um pouco de filosofia em educação religiosa, se por um lado serviria para nos mostrar que a gente entra em crise porque o evidente se choca com as crenças, por outro serviria para dizer que antes do nada tem que existir algo, que não se explica, apenas se sente e que o sentir é sempre uma experiência pessoal. 

Um pouco de filosofia em história, sociologia e artes é um abraço de irmãs gêmeas que narram fatos, analisam  ilustram e interrogam o tempo.  Que as sandálias aladas de Hermes podem nos levar em feliz viagens aos confins de tantos saberes, sabores e seres! 

Uma pequena dose de filosofia na escola tem que servir para mostrar que a existência é, incessante dialética da exclamação, interrogação, e o terreno desta batalha é a família, a escola e o mundo. 

Que nojo da filosofia, ferramenta ameaçadora as mentes putrefatas deste país. Que nojo da filosofia, esta insignificante disciplina da escola, da vida e do nada - que caos, que monstro, que desprezo. 

Neuri Adílio Alves

sábado, 30 de dezembro de 2017

Feliz Ano Novo aos corações velhos

Por Frei Betto (publicado no inicio dos anos 2000)
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Feliz Ano Novo aos que praguejam sobre o solo árido de suas vida sem garimpar alegrias, e aos que amarram o espírito em teias de aranha sem se dar conta de que os dias tecem destinos. Também aos que desaprenderam o sorriso e abandonaram ao olvido a criança que neles residia.

Feliz Ano Novo aos que perambulam às margens da memória e semeiam ódio no quintal da amargura; guardam dinheiro na barriga da alma e penhoram a felicidade em troca de ambições; são náufragos de lágrimas, cegos aos arquipélagos da esperança, e fantasiam de asas as suas garras, voejando em torno do próprio ego.

Feliz Ano Novo aos que sonegam carinho e ainda cobram atenção, alpinistas da prepotência que os conduz ao abismo; àqueles que, alheios ao que se passa em volta, ilham-se na indiferença enquanto o mar arde em fogo; e a quem gasta saliva tentando se justificar por se disfarçar em pomba e agir como raposa.

Feliz Ano Novo aos que escondem o Sol no armário, sopram a luz das estrelas e põem espessas cortinas no limiar do horizonte. Aos que nunca tiveram tempo para a dança, ignoram por que os pássaros cantam e jamais escutaram um rumor de anjos.

Feliz Ano Novo aos que bordam iras com agulhas afiadas e desperdiçam palavras no furor de suas emoções desabridas; seqüestram dignidades e, como os colecionadores de borboletas, sentem prazer em espetá-las no interior de cavernas obscuras.

Feliz Ano Novo aos faquires da angústia e aos que, equilibrados num fio de sal, trafegam por cima de montanhas de açúcar. Também aos que jamais dobraram os joelhos em reverência aos céus e acreditam que a história do Universo tem início e fim neles.

Feliz Ano Novo às mulheres que destilam antigos amores em cápsulas de veneno e aos homens que, ao partir, mostram, às costas, a face diabólica que traziam mascarada sob juras de amor.

Feliz Ano Novo aos jovens enfermos de velhice precoce e aos velhos que, travestidos de adolescentes, bailam aos desafinados acordes do ridículo. E aos que atravessam o tempo sem se livrar de bagagens inúteis e ainda sonham em ingressar numa nova era sem tornar carne o coração de pedra.

Feliz Ano Novo aos que já não sabem conjugar os verbos no plural; agendam sentimentos e estão sempre atrasados na vida; mendigam admiração e se prostituem frente à sedução do poder.

Feliz Ano Novo àqueles que dão "mau-dia" ao acordar, afogam em trevas interiores a alegria que lhes resta, encaram a vida como madastra de história infantil. E aos que julgam que laços de família se cortam com a ponta afiada da língua e ignoram que o sangue escreve letras indeléveis.

Feliz Ano Novo aos que se apegam ao poder como a fuligem ao lixo, infantilizados pelas mesuras, prenhes de mentiras ao agrado do ouvido alheio, solícitos às providências que assassinam a ética. Sejam também felizes os que tentam corromper os filhos com agrados materiais e nunca dispõem de tempo para olhá-los nos olhos do coração.

Feliz Ano Novo aos navegadores cibernéticos, mariposas de noções fragmentadas, amantes virtuais que se entregam, afoitos, ao onanismo eletrônico, digitando a própria solidão.

Feliz Ano Novo aos poetas que não sabem tragar emoções e engolem com ira palavras que trariam vida ao mundo. E aos que abominam a arte por desconhecerem que o ser humano é modelado em barro e sopro.

Feliz Ano Novo a todos que temem a felicidade ou consideram, equivocadamente, que ela resulta da soma dos prazeres. E aos que enchem a boca de princípios e se retraem, horrorizados, diante do semelhante que lhe é diferente.

Feliz Ano Novo às mulheres que se embelezam por fora e colecionam vampiros e escorpiões nos lúgubres porões do espírito. E aos homens que malham o corpo enquanto definha a inteligência, transgênicos prometeus acorrentados ao feixe dos próprios músculos.

Feliz Ano Novo a todos os infelizes, aos que o são e aos que se julgam, cegos às infinitas possibilidades da luz e das rotas. Sejam todos agraciados pela embriaguez da alegria divina, abertos ao Deus que os habita e ao amor que, como um rio cristalino, jamais nega água a quem se ajoelha, reverencia o milagre da vida e aprende a beber do próprio poço.

Frei Betto é escritor, autor do romance "Entre todos os homens", entre outros livros
Fonte: http://www.correiocidadania.com.br/antigo
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Nota minha: há textos que nunca envelhecem, verdades sempre atuais, palavras necessárias e fundamentais que precisam sair do 'armário' do tempo e reocupar o tempo especial. Republicar aqui um texto de quase duas décadas não é como acrescentar o 'Velho' ao 'Novo', é sim oportunizar-mo-nos a reflexão sobre as mudanças que envelhecem dentro de nós sem nunca termos mudados. - Que 2018 não seja apenas mais um ano!!! Prof. Neuri. A²

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A INDÚSTRIA DO ESPÍRITO



Burguesia ocidental é o objetivo de uma operação mercantil que se fundamenta em um novo narcisismo.


 ''A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas onde as pessoas já têm muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify.''


A indústria do espírito
 
O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure algo mais importante que você e dedique sua vida a isso”.

Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século XXI, que nos diz que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que pode ser verdade no caso de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do espírito, o atribulado cidadão comum do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado de fora, em outra pessoa, no seu entorno familiar e social, em seu trabalho, em um passatempo, etc.

De acordo com a fórmula de Dennett a chave está do lado de fora, no outro extremo, na atenção que dedicamos a coisas mais importantes do que nós, objetivo, certamente, nada difícil de se conseguir pois, a rigor, tudo é mais interessante do que nós mesmos.

A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo, cresceu exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e pupilos de mindfulness e de ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão pop para o Ocidente, não precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais, mas um produto prático e de rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising e suas toxinas culturais.

Há poucos anos a ioga e o mindfulness eram atividades marginais, praticadas por pouca gente e hoje se transformaram, em pouco tempo, em uma indústria multimilionária. Não vamos despreciar os benefícios físicos e mentais da ioga, e não se pode negar que na introspecção do mindfulness pode-se eventualmente enxergar alguma luz, mas também é verdade que o sucesso súbito e meteórico dessas duas indústrias dá o que pensar.

A questão atual é cultivar a espiritualidade, olhar para dentro de si, com um ar oriental, como veículo para se conquistar a felicidade. Como se a felicidade realmente fosse uma parcela conquistável, e não esse estado de ânimo aleatório, espontâneo e efêmero de, digamos, alegria integral, que chega de vez e quando e em rompantes. O que podemos mesmo experimentar são momentos de felicidade, a graça é justamente essa; se a felicidade fosse um estado permanente viveríamos em um mundo de idiotas com um sorriso bobo.

Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua vida interior, por que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo?, proporia que, mais exatamente, a burguesia ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais a ver com a economia do que com o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana.

Em seu ensaio America the Anxious (St. Martin’s Press, 2016)), a jornalista inglesa Ruth Whippman revela alguns dados reunidos pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos: mais de vinte milhões de pessoas, mais ou menos a metade dos habitantes da Espanha, praticam a meditação naquele país, e o gasto anual em custos de mindfulness, e os produtos derivados do ensino e da prática posterior, é de 4 bilhões de dólares (13 bilhões de reais). Os números da ioga são ainda mais importantes: os novos iogues investem 10 bilhões de dólares (33 bilhões de reais) por ano em aulas de ioga e acessórios como o tapetinho, as calças leggins, a garrafinha iogue de aço inoxidável para a água. Das indústrias que mais crescem, e mais rapidamente, nos Estados Unidos, a ioga ocupa o quarto lugar.

Em nossa época os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos
Isso ocorre em um país que em sua declaração de independência consagra por escrito a busca da felicidade (the pursuit of happines) como um dos direitos inalienáveis da população. Essa busca, como tudo o que acontece naquele país, se estendeu pelos países do Ocidente e chegou em outros lugares do mundo, como a Espanha e o Brasil, aplicada à indústria do espírito, com um sucesso, e uma militância entre seus praticantes, dos quais a maioria dos cultos não goza.

A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas onde as pessoas já têm muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify. Uma vez instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.

Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade, já conseguiu instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore sano, desviando-o descaradamente para o corpo. O guru do século XXI convida seus pupilos a consentir-se a si mesmos, a tratar-se estupendamente enquanto encontram a porta da felicidade, os anima a descobrir os mistérios do mundo em seus próprios umbigos.

Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão contemporânea de cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens. Ao longo da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que se envelhecia; os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação: os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos, e deixam a sabedoria nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos.

Mais de vinte milhões de pessoas nos Estados Unidos praticam a meditação
Walter Benjamin resgata o conselho de um velho sábio cabalista que vem ao caso; para conseguir uma mudança importante na vida não é preciso realizar grandes movimentos, e cursos de nenhuma espécie, eu acrescentaria: “Basta levantar um pouco essa xícara, ou esse arbusto ou essa pedra; e assim com todas as coisas”, recomendava o velho cabalista.

Se a indústria do espírito tem realmente os efeitos que sua clientela propagandeia, por que não vivemos rodeados de gente feliz e satisfeita?

Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar a alguém que nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver cada instante com plena consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito que, sem seus milhões de subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela época dourada do hedonismo suicida, em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.

Jordi Soler é escritor.

Publicado em 23 de dezembro - El País

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Revolta na CASA GRANDE: direitos insanos e insanos direitos!

'Quem vai segurar a sombrinha da sinhazinha dos direitos humanos e o chapéu do capitão do mato ministro da justiça?'


A ministra LuisBELA Valois (Direitos Insanos) ao contrário do que 'possamos interpretar' não esta nivelando por baixo, na base do real (situação escravagista de verdade), sua concepção de escravidão, esta nivelada por cima, a partir do escalonado de ladrões alinhados ao delatado senhor do engenho na cúpula da 'Casa Grande' no jaburu, e aos dois insanos salões de baile no congresso nacional. É com estes que a ministra parece reclamar suas gratificações menorizadas.  


E a 'Bonita' tem razão, poucos ali como o gato angorá (denunciado), mineirinho (salvo), botafogo (primeira cadeira), caju (multi denunciado), caldo (maggi do trabalho escravo), esqualido (ministro alcateia), caranguejo (preso), primo (denunciado), entre outros pilantras deste anfiteatro de horrores e pilantragem, recebem menos de R$ 50 mil/reais mês de salários e subsídios. Acrescente a isso, os milhões que levaram, levam e ainda vão levar via ilicitude/maracutaia e então a miniMINIstra comprova sua tese de escravidão. 

A 'Linda' não só comprovaria sua tese, como ainda teria argumento suficiente para dizer que a cor de sua pele e ser mulher tem servido de elemento preconceituoso para tão baixo salário em relação a trupe do ali baba e seus inumeráveis ladrões da republica. 
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Neste Brasil da putrefata elite secular, ESCRAVIDÃO não é a mesma coisa que trabalho ANÁLOGO a ESCRAVIDÃO - o primeiro as elites dizem se enquadrar ao perder grandes investimentos, espaços estratégicos, territórios financeiros, espaço no bando, papel na alcateia. Enquanto o segundo só se comprova se o trabalhador sucumbir após 18 horas de trabalho dia, não ter direito a nenhuma refeição dia, o meio de transporte passar por três opção: funerária, fuga, ou resgate, e por fim, se for constatado pelos fiscais do trabalho. 

 Quem vai segurar a sombrinha da sinhazinha dos direitos humanos e o chapéu do capitão do mato ministro da justiça??? - Porque 'trabalho escravo' (existe, persiste e insiste continuar), o que deixou de existir é o respeito ao conceito, a concepção, a lei e a vida - e começa com os que teriam que dar exemplo. 

Justiça seja feito: tronco e açoite para todos que criticarem a ministra. Um bandido incomoda a gente, dois bandidos incomodam mais, três bandidos (três poderes do pais) incomodaram... incomodam... e vão incomodar ainda muito mais. - Fora pilantras! - Mas antes, um aumento de salário para ministra escravizada por favor! 

 Prof. Neuri A. Alves 


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

' A SOCIEDADE DE ÓRFÃOS VIVOS'

 Por Juan Arias - Jornalista espanhol correspondente 
 
“Esta é uma sociedade de órfãos de pais vivos” 
 
O eco da tragédia de Goiás levará tempo para se dissipar, já que despertou o alarme em muitas famílias.
 
Estaremos criando uma sociedade de jovens de pais ausentes, distraídos demais com a Internet, à qual Leonardo Calembo, de 41 anos, pai de um dos adolescentes mortos a tiros no colégio de Goiânia por um colega de classe, chamou, enquanto enterrava o filho, de “órfãos de pais vivos”, de pais já mortos para eles, porque ignoram seus problemas?

O eco da tragédia de Goiânia, que se revela a cada dia com informações mais alarmantes sobre a personalidade complexa do jovem de 14 anos que disparou na sala de aula contra os colegas, levará tampo para se dissipar, já que despertou o alarme em não poucas famílias. É como se, de repente, nos perguntássemos se realmente conhecemos nossos filhos e o que estão vivendo sem que saibamos.

O sociólogo Jorge Wertheim, que foi representante da Unesco no Brasil, acaba de escrever no jornal O Globo, comentando o caso do jovem assassino da escola de Goiás, que é significativo que em um país como o Brasil, “com um dos maiores índices de violência do mundo, se despreze a necessidade de investigar por que esses níveis inaceitáveis de violência assolam as escolas”.

Enquanto escrevo esta coluna, o jornal Folha de S. Paulo publica o que chama de “o mapa da morte”, com os dados de homicídios no Brasil em 2016, com um aumento de quase 4% em relação ao ano anterior. No total foram 61.689 homicídios, o que equivale a sete a cada hora, algo que supera muitas guerras juntas. É como se o Brasil sofresse a cada ano a explosão de uma bomba atômica. A de Hiroshima matou pouco mais do que se mata no Brasil todos os anos.

Algo que agrava esse mapa da morte é que metade desses homicídios é de jovens, o que significa que mais de 30.000 pais e mães tenham que enterrar filhos, algo que fere as leis da natureza. O normal é que os filhos enterrem os pais. A matança desses milhares de jovens conduz à aberração de que os pais se sintam órfãos dos filhos, sem poder desfrutar deles em vida.

A violência aumenta em todos os estratos do Brasil, dentro e fora dos lares. Também nas escolas, e com ela o fascínio dos rapazes pelas armas. Uma professora de ensino secundário me escreve para expressar sua surpresa ao perguntar a seus alunos o que desejariam ser quando adultos. Quase todos sonhavam em ser policiais. Por quê?, indagou a professora. “Para poder usar uma arma”, responderam em coro, o que poderia ser traduzido como “para poder matar”

Permitir ou não que as crianças e jovens vejam todo o tipo de violência virtual nos jogos, nos filmes, na televisão e nos celulares? Quando eu era estudante de psicologia em Roma, tive uma discussão com um de meus professores que defendia que as crianças deviam familiarizar-se com a violência para poder administrá-la quando adultas. É o que pensam ainda hoje até mesmo ilustres sociólogos. Para mim, porém, a vida real de hoje já oferece doses de sobra de violência, desde que se nasce, dentro e fora das casas, para que seja preciso acrescentar-lhe a violência virtual. Que as famílias tenham mais medo que seus filhos vejam cenas de sexo que de violência, que se assustem mais que vejam um nu do que uma execução é um sintoma que deveria nos levar a pensar, em um mundo cada vez mais fascinado pelas armas.

Jovens órfãos de pais vivos, pais que se veem sujeitos a enterrar filhos em flor e, se fosse pouco, desde 1980 até hoje segue aumentando no Brasil o número de suicídios juvenis, segundo o IPEA. É o ápice da tragédia da sociedade. Um jovem que se priva voluntariamente de uma vida que deveria estar repleta de esperança e projetos é uma chicotada na consciência dos adultos. Não são apenas órfãos virtuais, mas também jovens aos quais a vida se revela pior que a morte.

Mais do que saber se têm mais votos Lula, Doria ou Bolsonaro, os institutos de pesquisa deveriam se interessar em descobrir por que a juventude de uma sociedade como a do Brasil, que sempre teve como vocação a felicidade e os encontros festivos, se vê de repente representada por um triplo drama de orfandade. Quem salvará o Brasil não será, de fato, nenhum caudilho, herói ou messias, mas a tomada de consciência da sociedade de que as famílias precisam apostar para que seus filhos voltem “a ser sonhadores”, como pedia o jovem de outra escola em Olinda.

Quando um jovem pede aos pais que lhe dediquem mais tempo que a seu celular, ele lhes está suplicando mais afeto, ou está tentando contar-lhes que algo se está rompendo dentro dele. Quando lhe dizem: “depois, agora estou ocupado”, esse “depois” poderia ser tragicamente tarde.

Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil