quarta-feira, 7 de maio de 2014

“ESQUERDA” E DIREITA. INTOLERÂNCIA E IRRACIONALISMO

''A direita e certa “esquerda” alimentam seu irracionalismo com um nada leve fundo filosófico.'' 

Existe uma crise clara de pensamento que atinge a quase tudo e todos. Seria uma crise da própria filosofia? Estaria ela ameaçada pelo irracionalismo, ao ceticismo e ao misticismo? Será que a luta de ideias que opõe materialismo x idealismo está se reduzindo a uma doideira do tipo racionalismo x irracionalismo? O que diz o mundo, as pessoas e as relações ao seu (ao nosso) redor?

Vivemos a miséria da filosofia que um dia muitos pensaram ter superado. Não acredito que existe uma miséria da filosofia por aí. O que existe é a morte da própria filosofia. Filosofia pressupõe algum nível de pensamento e certa relação de camaradagem com o conhecimento. O mundo e as pessoas ao nosso redor exprimem exatamente determinado nível próximo de zero com algum nível de pensamento e uma inimizade terrível com a inteligência. Isso ocorre em todos níveis e toma de assalto tanto quem reivindica “ser de esquerda” quanto o mais empedernido conservador de tipo fascista.

A filosofia está sendo substituída pelo irracionalismo, o ceticismo e o misticismo. O debate econômico, por exemplo, em nosso país tem servido para alimentar esta perspectiva. Quase todos advogam a estabilidade monetária como uma conquista, acreditam de pés juntos que a poupança precede o investimento e, consequentemente, um dia o crescimento virá sob as hostes da “inflação sob controle”. Não seria isso tudo a primazia do misticismo e a completa derrota da ciência? Nunca tive dúvidas disso. E gosto sempre de lembrar que a ascensão de Hitler fora precedida por duros ajustes fiscais. 

O que existe hoje no Brasil não é um fascismo que campeia a olhos vistos em todos os segmentos da sociedade? E isso não tem nada a ver com superávit primário, “combate à inflação”, baixíssima relação entre investimentos x PIB? 

Fascismo gera fascismo e a ideologia fascista se esbalda naqueles que combatem o desenvolvimento. Seja pela direita, seja pela “esquerda”. Também nesse caso a ordem dos fatores não altera o produto. Ser contra a realização da Copa do Mundo não é um fim em si mesmo, principalmente entre militantes e acadêmicos dos “movimentos sociais”. São tão irracionais e pródigos da “filosofia” que substitui seu congênere clássico na Alemanha nazista sob os escritos de Heidegger, Spengler e Jünger. 

A direita nega o desenvolvimento como um princípio. Determinada esquerda milita contra o desenvolvimento sem nunca ter lido os brilhantes textos de Trotsky sobre o processo de desenvolvimento russo. São de uma esquerda dita “internacional” sem perceberem que quanto mais internacional, mais inofensiva se torna ao próprio imperialismo.

Na verdade, o imperialismo não foi somente capaz de liquidar fisicamente Torrijos (Panamá) e Roldós (Equador) em 1981, enquadrar a política monetária japonesa em 1985 (valorização do Yen), colocar de joelhos os dirigentes soviéticos com o programa de Guerra nas Estrelas e impor à América Latina o “combate à inflação” com teses reacionárias que ganharam a consciência de quase todo espectro político. 

No fundo a que serve determinadas teses “internacionais” de tipo dependentista e mesmo noções lúdicas do processo de desenvolvimento onde “o pobre é belo” e “o pequeno se opõe ao grande”? 

A direita e certa “esquerda” alimentam seu irracionalismo com um nada leve fundo filosófico. São tão alemães quanto a staff intelectual hitleriana até na negação da dialética como lógica explicativa do movimento. Isso explica demais a intolerância reinante não somente na sociedade, mas mesmo nos círculos que se dizem “acadêmicos” e de “pensamento”. Fico de cabelo em pé ao ver protestos contra a fascitoide profissional Rachel Sheherazade feito por muitos que pouco se diferenciam dela na militância, na “vida acadêmica” e no debate (mercado) de ideias. Já percebeu que uma discussão pode se encerrar com alguma citação sobre a “lógica do capital” dita ou escrita por Meszaros ou David Harvey como se fosse, antes de grandes besteiras, grandes novidades? Quantos não são linchados como a senhora suspeita de “magia negra” até a morte simplesmente por divergir, pensar diferente, polemizar? Você já olhou ao seu redor?

Também não estou livre de determinado grau de intolerância. Todos nós temos dificuldades. Como vivemos numa época em que Nelson Rodrigues dizia que “dinheiro compra até o amor verdadeiro”, impossível ser intolerante com tudo ao redor. Meu autolimite é a intolerância com aqueles incapazes de expressar uma opinião sobre questões de fronteira. Tem gente que nasceu para morrer, portanto não tem mesmo opinião sobre nada. Já quem pratica o câncer da autopreservação em nome de uma carreira, ao evitar polêmicas manda o seguinte recado: "estou à venda". Quando se trata de jovens picaretas a questão não seria "a que ponto ele chegou" e sim, "de que ponto está se partindo". 

Retorno ao início destas palavras. O que diz o mundo, as pessoas e as relações ao seu (ao nosso) redor? 

Elias Jabbour * Doutor e Mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP. Escritor de artigos sobre economia e  autor de dois Livros sobre a China.

Fonte: http://www.vermelho.org.br

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A hospitalidade para com os haitianos: quão humana é a nossa sociedade?

''Responsabilizar-se conscientemente junto com outros para que encontre um lugar onde morar e um trabalho para ganhar sua vida.''

O drama de centenas e centenas de haitianos, vítimas de devastador terremoto, que, via o Estado do Acre, buscam hospitalidade no Brasil, representa um teste de quanto humana é ou não é a nossa sociedade. Não queremos nos restringir somente aos haitinos, mas aos tantos que são expulsos de suas terras, posseiros, indígenas, quilombolas e outros, pelo avanço do agronegócio, das hidrelétricas ou desalojados como recentemente do prédio da OI no Rio de Janeiro e que tiveram que se refugiar na praça da Catedral da cidade. 

Organismos da ONU nos dão conta de que existem no mundo alguns milhões de refugiados por guerras, por problemas de fome ou climáticos e outras causas semelhantes. Quais Abraãos andam por ai buscando quem os acolha e terra para trabalhar e viver. E não encontram. E quantas naves são rejeitadas tendo que vagar pelos mares no meio de todo tipo de necessidades e desesperanças.

Basta lembrar os refugiados de África que chegam à ilha italiana de Lampeduza. Receberam a solidariedade do Papa Francisco, ocasião em que fez as mais duras críticas à nossa civilização por ser insensível e perder a capacidade de chorar sobre a desgraça de seus semelhantes. Todos estes padecem sob a falta de hospitalidade e de solidariedade.

No Brasil, nos jornais mas especialmente na mídias sociais, se deslanchou acirrada polêmica sobre como tratar os haitianos desesperados e depauperados que estão chegando ao Brasil. O Governador Tião Viana do Acre mostrou profunda sensibilidade e hospidade acolhendo-os a ponto de, com os meios parcos de um Estado pobre, não dar conta da situação. Teve que pedir socorro ao Governo Central. Mas foi de forma desavergonhada injuriado por muitos nas redes sociais e no twitter. 

Aí nos damos conta quão desumanos e sem piedade algumas pessoas podem ser. Nem respeitam a regra de ouro universal de tratar os outros como gostariam de ser tratados. Segundo o notável biólogo chileno Humberto Maturana, tais pessoas retrocedem ao estágio pre-humano dos chimpanzés que são societários mas autoritários e pouco hospitaleiros.

É neste contexto que a virtude da hospitalidade ganha especial relevância. A hospitalidade disse-o o filósofo Kant em seu último livro A Paz Perpétua (1795): é a primeira virtude de uma república mundial. É um direito e um dever de todos, pois todos somos filhos e filhas da mesma Terra. Temos o direito de circular por ela, de receber e de oferecer hospitalidade.

Um dos mais belos mitos gregos concerne à hospitalidade. Dois velhinhos muito pobres, Baucis e Filemon, deram acolhida a Júpiter e a Hermes que se travestiram de andarilhos miseráveis para testar quanta hospitalidade ainda restava sobre a Terra. Foram repelidos por todos. Mas foram calorosamente acolhidos pelos bons velhinhos que oferecem comida e a própria cama. Quando as divindades se despiram de seus trapos e mostraram a sua glória, transformaram a choupa num esplênido templo. Os bons velhinhos se prostraram em reverência. As divindades pediram que fizessem um pedido e que seria prontamente atendido. Como se tivessem combinado previamente, ambos disseram que queriam continuar no templo recebendo os peregrinos e que no final da vida, os dois, depois de tão longo amor, pudessem morrer juntos. E foram atendidos. Anos após, num mesmo momento, Filemon foi transformado num enorme carvalho e Baucis numa frondosa amoreira. Os galhos se entrelaçaram no alto e assim ficaram até os dias de hoje, como se ainda se conta. 

Disso foi tirada uma lição que passou para todas as tradições: quem acolhe um pobre, hospeda o próprio Deus.

A hospitalidade exige uma boa vontade incondicional para acolher o necessitado e o que se encontra sob grande sofrimento.

Ela exige também escutar atentamente o outro, mais com o coração do que com os ouvidos para captar a sua angústia e as suas expectativas.

Ela exige outrossim uma acolhida generosa, sem preconceitos de cor, de religião e de condição social. Evitar tudo o que o fizer sentir-se um indesejado e um estranho.

Estar aberto ao diálogo sincero para captar sua história de vida, os riscos que passou e como chegou até aqui.

Responsabilizar-se conscientemente junto com outros para que encontre um lugar onde morar e um trabalho para ganhar sua vida.

A hospitalidade é um dos critérios básicos do humanismo de uma civilização. A ocidental vem marcada lamentavelmente por preconceitos de larga tradição, por nacionalismos, pela xenofobia e pelos vários fundamentalismos. Todos estes fecham as portas aos imigrados ao invés de abri-las e, compassivos, compartilhar de sua dor.

É nesse espírto que a hospitalidade para com nossos irmãos e irmãs haitianos deve ser vivida e testemunhada. Aqui se mostra se somos, como se diz, de fato, um povo de cordialidade e de acolhida aberta a todos; o quanto temos crescido em nossa humanidade e melhorado nossa civilização ainda em formação.

Leonardo Boff, Professor, Filósofo, Teólogo e Escritor
Escreveu Hospitalidade: direito e dever de todos, Vozes, Petrópolis 2005.


Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O Ex Presidente 'ANALFABETO' e os ''ALFABETIZADOS'' Dementes!

''Lula não foi tudo o que eu desejei que fosse, mas ele foi de longe muito maior que os cinco séculos de subordinação, exploração, expropriação que esse país viveu!'' 

Interessante são esses fatos, boatos e relatos do cotidiano. Esse comportamento insano presente em todos os facínoras espectadores do telejornalismo global e os famintos leitores de veículos da 'deformação' como os tijolões impressos pelos grupos Civita / Marinhos. Há um só tempo eles formam a simbiose que alimenta o turbilhão de replicações a sedimentar o estereótipo 'Olavinhos, Olavetes, Lacerdinhas e Ghiraldellis, que juntos dão vida aos especialistas em arquivos 3M 'Muita Merda na Memória'. 

Talvez por isso não cessem de emitir essas degradantes opiniões cotidianas com pompa de intelectuais de privada. E ainda com a petulância de continuar no surto 'desespero dos derrotados' (fruto do êxito eleitoral) e insistir no uso de ridículas e desgastadas mantras como: 'Lula é o Analfabeto, Ladrão e Safado'. Mas não conseguem flexionar-se a si mesmo para se autoavaliar na vida pessoal e admitir: 

… que um certificado acadêmico não é sinônimo de emancipação cultural, medida de conhecimento e Alfabetização. Pois tem muitos bacharéis, licenciados e especialistas por ai, com sintomas claros de 'Alfabetização Funcional Nível I' e reflexos de demência epistêmica e social; 

... que 'Ladrão' também pode ser aquele que usa opinião/idéias de outrem (plágio) e não cita a fonte. Mesmo quando se trate do uso de suas cotidianas ferramentas do sensacionalismo fascista da informação. Pois com esse perfil tem muito ladrão/plagista por ai que se acha um segurado do adágio popular: ''ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão'' - Será que ético-moralmente também??? 

... que 'Safado' também é aquele que atira pedra no telhado alheio esquecendo o seu vulnerável telhado de vidro. E seguidamente ficamos sabendo ou presenciamos furando fila de Bancos, do SUS, Supermercado. Sonega impostos, direitos trabalhistas do Jardineiro, da Babá, além de não citar fonte informativa. Tudo isso também é coisa de 'Safado', com o acrescido atributo de demagogo é claro. 

Mas o que difere os replicadores de mantras depreciativos e o ex Presidente Lula? ... é que grande parte dos primeiros já perderam o respeito até dos amigos mais próximos. Enquanto o 'Ex Presidente Analfabeto' já recebeu 27 Títulos de 'Doutor Honóris Causa', todos concedido por respeitadas Universidades pelo mundo. Dentre elas, esse ícone da história do conhecimento ocidental com quase 8 séculos de existência a Universidade de Salamanca na Espanha! - Isso deveria ser o suficiente aos ''PEQUENOS/grandes'' opinadores de boca de privada, mas não será porque eles não se conformam jamais! 

Porém, preciso confessar também, que 'Lula não foi tudo o que eu desejei que fosse, mas Ele foi de longe, mas muito longe mesmo, maior que os cinco séculos de subordinação, exploração, expropriação que esse país viveu!' E embora eu um possa ser um descontente natural e necessário, somente com os projetos Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) ele foi grande demais. 

E então eu já POSSO, PRECISO e DEVO concluir que 'ANALFABETO' mesmo sou ao querer justificar os fatos já comprovados em números, resultados e devidamente reconhecidos por grandes instituições do conhecimento mundial. Enquanto isso, entre a veracidade mensurável dos fatos e a pragmática manipulação opinativa e gratuita dos levianos não descansam as perguntas. Quem afinal é analfabeto: o ex presidente reconhecido mundialmente ou os arrogantes ratinhos de laboratório manipulados para ser manipuladores? 

Neuri Adilio Alves
Filósofo, Professor/Pesquisador

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CONFESSO: TENHO ASCO DO LEGALISMO E ME FALTA CONFIANÇA NA JUSTIÇA!

''Nós somos uma interrogação na encruzilhada curva do futuro, entre a certeza das permanentes tragédias pré-anunciadas e a impunidade dos delinquentes de poder aquisitivo.''

Enquanto o país todo comenta, debate e sente, algo dentro de mim sangra e chora também. O caso do menino Bernardo Boldrini da cidade de Três Passos/RS justifica em grande parte o meu sentimento. O legalismo não tem compromisso com a verdade, com a essência da vida porque a verdade esta na lei. Mas qual Lei? - Aquela que se personaliza na decisão do Juiz e da Promotora diante da atitude determinante do menino ao procurar solitariamente o fórum da cidade e denunciar os maus tratos que vinha sendo submetido, fisicamente pela madrasta e afetivamente pelo pai. 

A visita do menino ao fórum não foi uma visita qualquer, uma troca de cortesias, um café da tarde ou para uma cuia de chimarrão. Aquela atitude de Bernardo era um grito de socorro, … não foi um gesto de mera cidadania, foi sim um apelo de direito ao afeto minimo e ainda tentar acreditar na possibilidade do pai vir a ser o herói da sua vida real, mesmo que isso fosse apenas por um dia. Aquela visita do garoto ao fórum, foi a visita da verdade coerente e desesperadora para uma estrutura juridica incredula, fria e enrijecida pelo legalismo que preferiu não tirar a venda dos olhos e contemplar o desespero vivido por ele e todos os seus sonhos de criança comprometidos. 

Mas não, os magistrados preferiram deixar a 'Ética da eficiência legal' sobrepor-se a 'Ética de proteção a vida', daquilo que poderia 'vir a ser', do 'a posteriori' ainda desconhecido, mas arquitetado e concomitantemente trágico. E além de não tiraram a venda dos olhos ainda colocaram uma nos olhos do menino fazendo-o acreditar que o pai mudaria. Talvez por isso, o resultado final do despacho dos entes jurídicos ao apostar numa relação familiar fálida carregue este gosto amargo do erro. Um sentimento de revolta que inevitavelmente nos acomete ante a certeza do desprezo anunciado/denunciado e dos riscos a vida ignorados, e então estas conclusões inevitáveis a que passamos ter e que nos inquietam dia e noite pois: 

… Bernardo teve a vida ceifada após denunciar o próprio pai, buscando ajuda junto aos que ele julgava que o protegeriam como agentes da justiça, como se fosse um ultimo grito de socorro, um clamor por um afeto desconhecido e insano daquele que ele esperava como herói. 

… Bernardo foi assassinado duplamente: de forma covarde e brutal como Humano por aqueles que não o aceitavam no grupo social familiar e de forma irresponsável como cidadão de direitos pelo legalismo putrefato e pragmático desse país. 

… Bernardo, morreu com o ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente em seu quarto segundo relatos, algo raro de se ver para uma criança de onze anos e muito mais para nós adultos que pouco sabemos de nossos direitos e temos parca vontade de ler. - Ou você tem o ECA em seu quarto também? 

Mas ironicamente Ele foi vitimado também pela classe social a qual pertencia, porque o Estatuto da Criança e Adolescente como instrumento de defesa da vida e bem estar social da criança, parece ter efetividade e 'Ação Protetiva' imediatista somente quando é para tirar os filhos dos pobres. Ou para depositar em abrigos, destinar a adoção, ou ainda até casos suspeitos de entrega/venda para casais estrangeiros. Porém, quisera o destino que o garoto viesse nascer entre os que teriam maior poder aquisitivo e nesse ambientes o judiciário e seus tentáculo legais como os 'Conselhos Tutelares' ficam míopes – porque para esses órgãos a violência é coisa de pobre, de baixa renda. 

Talvez por isso esse sentimento negativo que verte de dentro da minha alma patriota, que o Brasil não tem vocação para ser uma nação das crianças felizes, mas sim, uma nação de futuro incerto para as mesmas, tanto na educação como para vida social no seu todo. 'Nós somos uma interrogação na encruzilhada curva do futuro, entre a certeza das permanentes tragédias pré-anunciadas e a impunidade dos delinquentes de poder aquisitivo.' Nós somos o país em que a ética do direito se resumiu num julgamento de espetáculo midiático no Supremo Tribunal Federal, e que mandou pra cadeia a parcela dos pares que não dividiram as fatias do bolo em pedaços iguais, mas que prefere manter uma criança ao infortúnio do lar para ser assassinada! 

CONFESSO: nada me choca mais do que qualquer ato de covardia cometido contra uma criança. REAFIRMO: que tenho pouca confiança na justiça! E CONCLUO: se a atitude da promotoria que julgará este crime brutal for o mesmo que tiveram os entes jurídicos que ouviram as reclamações de Bernardo na vara da Infância e Juventude e aparentemente acompanharam o caso percamos a esperança. Pois em pouco tempo poderemos ter os acusados por essa atrocidade livres pelas ruas de nossas cidades, como reabilitados para a vida social. São essas antecipadas certezas que nos preenchem de tristeza, desesperança e servem para nos reafirmar: que as ameaças mais letais nessa sociedade corrompida é a gente agir com Sinceridade, Honestidade e Inocência – Bernardo perdeu a vida pela vitalidade que tinha nas três, ... mas Ele vive, nós é que morremos diariamente ético-humano-socialmente!

Neuri Adilio Alves 
Filósofo, Professor Pesquisador

terça-feira, 8 de abril de 2014

A SEGURANÇA PÚBLICA CATARINENSE É ESPETÁCULO BURLESCO

''tem tudo pra piorar, enquanto eles fingem se preocupar com a segurança pública no estado e o povo se ilude em acreditar que eles assim fazem.''

Que BOM quando se pode investir em equipamentos de ponta para dar resposta eficiente no combate a criminalidade. Que PÉSSIMO quando fazem da segurança pública fachada eleitoreira e chanchada irresponsável com a população e a pergunta que não descansa: Para que tanta pirotecnia e ufanismo no uso de helicópteros e aeronaves para a polícia, se o estado nem possui demanda para isso? Ou até que me provem contrário o nome disso é desperdício do dinheiro público num investimentos 'ainda' desnecessário! - Mas seguem a lógica perversa da politica do ''visualismo de retorno'' ou seja, a de que avião ou helicóptero com a insignia da policia pode ser vista e reverter-se em votos. 

Agora some com essa cretinice a vergonha explicita de centenas de viaturas das policias militar e civil quebrados em oficinas e pátios de batalhões por todo Estado de Santa Catarina. Acrescente-se a vergonha ver policiais fazendo ocorrência a pé atrás de bandidos em alguns municípios porque não tem viaturas para realizar diligências. Isso quando não usam o próprio veículo para deslocamento mesmo ferindo o regimento interno da instituição.

Será que paga os custos operacionais de um equipamento como helicóptero com gastos que por baixo giram em média entre 4 à 5 mil reais a ''hora/voo'' (sim eu disse a hora/voo) em combustível, manutenção, seguro e tripulação. Um exemplo do auto custo é que se voar 50 horas num mês só as despesas com o helicóptero daria pra pagar o salário para no minimo mais 80 policiais, ou então comprar umas 4 ou 5 viaturas por mês com valor médio de 50 mil reais. 

Quer exemplo mas explicito de horas/despesas? - Basta imaginar as atividades operacionais dos últimos dias aqui na cidade de Chapecó que um helicóptero sobrevoava a cidade durante horas diariamente a luz do sol ou nas aventuras noturnas. Alguém sabe estipular os gastos com tal atividade lúdica? Alguém sabe dizer em números concretos quantos marginais foram aprendidos? - Alguém sabe dizer o custo dessa operação? Enquanto isso a Policia civil merecidamente pede mais valorização salarial, agentes prisionais fazem greve e o comandante se esforça para apresentar dados numéricos, sem contar o secretário de segurança pra inventar novas justificativas no combate da violência.

Até quando fingiremos comemorar a chanchada dos números estatísticos eleitoreiros especificados em abordagens, falsa diminuição ou celurarização da criminalidade no município. Ou vinte assassinatos em poucas semanas com média de um morto a cada 4 dias em Chapecó é normal? Aqui desde os fracassado programas 'Tolerância Máxima' cujo lema era ''Aqui Bandido não Se cria'', se fala da violência como se o mundo do crime não passasse de uma cópula sazonal durante o ano. E pior, que 2014 com a realização da operação ''força tarefa'' mais a vinda da ''Águia de Aço'' (Helicóptero) na garupa de um 'Cavalo de Troia' estará tudo resolvido. 

E agora, após esse espetáculo maldito de eficiência o governador e seus 'preconistas' da segurança pública vão esperar o mais importante dos números que é a eleição em outubro, nos deixando seguros de que:
- daqui pra frente fim de linha a criminalidade;
- daqui pra frente não haverá mais bandidos cometendo delitos nas nuvens;
- daqui pra frente seus olhos serão os olhos da 'águia de aço';
- daqui pra frente 5 mil reais em horas/voo vão sair de seu bolso cidadão, mas pro seu próprio bem;
- daqui pra frente você dormirá tranquilo sem o temor dos delinquentes, embora o barulho de helicóptero sobrevoando de forma pertinente;
- daqui pra frente todo narcisismo eleitoreiro a serviço da máquina irresponsável e inconsequente!

Repito: ''tem tudo pra piorar, enquanto eles fingem se preocupar com a segurança pública no estado e o povo se ilude em acreditar que eles assim fazem.'' Enquanto isso, eu ficarei aqui a espera de quem será a próxima 'Maria' agredida, o 'João' assassinado, o 'Pedrinho' agredido na porta da escola, o comerciante assaltado, a família sequestrada e o Soldado dando justificativas aos fatos aqui na cidade. E antes que eu esqueça, também do delinquente bacana filho da burguesia local que não se divulga nomes porque aqui tudo se faz a mesa de negociações e o grande problema parece ser a Copa do Mundo. - Que triste e degradante vergonha!

Neuri Adilio Alves
Professor, filósofo, pesquisador

sexta-feira, 28 de março de 2014

AS REDES SOCIAIS E O PRAGMATISMOS POLITICO DOS VEREADORES DA BASE DO GOVERNO FEDERAL

''Colocar o dedo na ferida com esperança de que possa aos pouco cicatrizar pode ser uma tentativa vital.''


Me considero um razoável e inquieto observador, talvez seja essa uma das razões pelas quais preciso provocar reflexão sobre fatos! Dentre eles o que há tempos tenho dito intimamente a mim mesmo talvez por vergonha contida, restrições a possíveis ofensas, embora o desejo fosse gritar para todo mundo ouvir. Mas amadurecido na reflexão, imune as respostas viscerais, a gratuidade de justificativas pleonásticas e os naturais riscos de acusação de ser proponente do fogo amigo o anseio pela coerência me faz explicitar.

Há longo tempo acompanhando os mais diversos mandatos de vereadores compartilhados em redes sociais, tanto por afinidades antigas, proximidades ideológicas como do lugar onde moro ou os que estão mais ao sul e de lá para o norte do país meu sentimento é quase o mesmo. Costumo pensar comigo: que alivio a Dilma não ter precisado decisivamente do apoio dos vereadores de sua base governista espalhados pelos municípios do Brasil. Principalmente para defender sem medo e restrições projetos e programas vitais como 'Mais Médico', 'Bolsa Família', 'Bolsa de Estudos e Cotas' entre outros. Ou então os projetos históricos escolhidos e desejados mesmo que no silêncio pela grande maioria inclusive os que hoje por razões pessoais ou de rebanho negam como a Copa do Mundo, Olimpíadas e afins. Se a Dilma precisa-se da defesa de vereadores pelas redes sociais ela estaria lascada. 

Alguns vão dizer que estou sendo leviano, sendo traíra entre tantos possíveis adjetivos a desqualificar meu análise. Não tem problema, meu propósito é puramente provocar reflexão e dizer que é fácil a gente cobrar posturas éticas e coerentes das correntes retrógradas da politica nacional quando precisaríamos nos cobrar um pouco mais para avançar também. Pois para mim entre os vereadores dos mais diferentes partidos da base governista do governo Dilma presentes em minhas redes sociais, alguns por razões afins e outros pra saber o que 'futuco aqui' preciso confessar que 95% deles não fazem a defesa dos projetos do governo federal nas suas redes sociais. 

Sim! … eu sei que muitos de vocês ou seus assessores vão me dizer que facebook, twiter, G+ entre outros não é espaço adequado pra isso e eu tenha que contradizer e afirmar que estão errados. Que as redes sociais para muito além dos blá bla blá pertinentes, tem sido uma espécie de grande Àgora do debate. Tão vital no contraponto aos ataques da mídia conservadora e seus lobos vorazes, quanto letal quando ocorre a esterilização do debate politico e defesas estratégica de projetos por aqueles que deveriam fazer e não o fazem. E arrisco ir mais longe e afirmar que o espaço das redes sociais foram uma espécie de seiva complementar importantíssima na retaguarda desse governo, principalmente nos últimos cinco anos diante dos ataques violentos e apologias ao golpe de estado. 

Por isso me desculpem os meus amigos, os alinhados ao projeto que um dia embora possam ter sido por convicções diferentes e não reveladas mas com certeza abraçamos juntos, mas minha conclusão é uma só: negar-se a esse compromisso do enfrentamento de idéias é reproduzir as características de manutenção aparelhistas incrustrado secularmente nas forças retrogradas desse país tão combatidas historicamente por nós. Tenho acompanhado vereadores da direita, centro, os 'de cima ou de baixo ' e todos aqueles descontentes por tetas perdidas descendo a lenha pelas suas redes sociais no governo federal sem palavras medidas ou escolhidas pelo medo do julgamento de seus amontoados de contatos em redes sociais como facebook. 

Se tem medo ou vergonha de entrar nesse embate é preciso saber que essa vergonha, esse medo pragmático se espalha como fato social, chaga de contradição e negação da história. Porque se o tempos são outros os comportamentos não precisam serem os mesmos de rebanho. Pois nesse placar entre a 'coragem inconsequente' da direita que julga e apedreja, e o 'medo incoerente' dos que deveriam defender o jogo é desigual e os primeiros fazem frente no placar. Mas não esqueçam que nessa iludida zona de conforto virtualizado a pior estratégia é a linguagem assertiva da conveniência enquanto a negação do real ganha força pela massa dos que se sentem encorajados a mostrar que esta tudo errado e tomam posição querendo o banco da frente da história.

Mas para além de qualquer ressentimento que fiquei minha mensagem provocativa de que na politica todo medo de enfrentar o debate de idéias é também o medo miserável e protecionista dos que agem pragmaticamente para manter espaços aparelhistas em detrimento de supostas vantagens possíveis e imensuráveis no depois. Esse é o modus operandi mais letal a qualquer ideia de moralização e avanços da verdade em qualquer lugar que se possa imaginar. Colocar o dedo na ferida com esperança de que possa aos poucos cicatrizar pode ser uma tentativa vital. Antes que vire chaga aberta e narcísica nesse grande jardim ornamental da simpatia pragmática do bom dia, boa tarde, boa noite e as estilizadas frases de auto ajuda. Parece contraditório tratar disso, mas é o que temos!


Neuri Adilio Alves
Professor Licenciado em Filosofia

terça-feira, 25 de março de 2014

ADÉLIA PRADO: Os versos desalinhados rimando alienação!

“Essa 'entrevista' existiu ou inventei.”

Explico: Assisti na TV Cultura ontem a noite entrevista da memorável poeta mineira Adélia Prado de quem sempre tive muita apreço pelos versos alinhados aos espantos do mundo. Mas confesso: por vários momentos na entrevista foi decepcionante. 

ADÉLIA DISSE: que era adepta da Teologia da Libertação mas que deixou de defender quando entendeu melhor o Documento do Concilio Vaticano II; 

MINHA OPINIÃO: - acho Adélia nunca entendeu nada do Vaticano II, nunca leu em especial documentos como Medelin, Puebla e Santo Domingo. Se leu não entendeu, se entendeu esqueceu e se esqueceu porque não era importante pra ela. E nem falo da mulher poeta, falo da graduada em filosofia. 

ADÉLIA DISSE: que fez parte dos grupos de estudos da Igreja Progressista e que foi critica ferrenha da Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) que conduziu o processo de condenação do Livro 'Igreja: Carisma e Poder' de Leonardo Boff e também sua expulsão da Igreja Católica. 

MINHA OPINIÃO: fica mais claro que a poeta nunca entendeu o poder de disputa dentro da Instituição Católica e muito menos o papel inquisidor do Cardeal e Teólogo Conservador Joseph Ratzinger. Ela não entendeu que Ele passou 30 anos velando ocupar o cargo de Papa como um urubu esperando até o ultimo momento a morte de João Paulo II para assumir. Certamente Adélia não leu o Documento ridículo "Dominus Iesus'' escrito por ele enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé no incio do ano 2000 e assinado por João Paulo II como se fosse obra do papa. Onde ele usa de proselitismo e falta de humildade para dizer que a Igreja Romana é única deixada por JC á Pedro e portanto unica promotora da Salvação. 

ADÉLIA DISSE: que tem imenso amor pelo Papa Francisco, pela simplicidade, alegria e identidade com o povo simples; 

MINHA OPINIÃO: para mim mais uma demonstração de que ela nem conhecia o trabalho demolidor de Joseph Ratzinger na cúria romana (queimando homossexuais, condenado divorciados, inocentando padres pedófilos), pois o mesmo nunca gostou do Cardeal Bergoglio, o argentino que se tornou Papa Francisco pelo espírito simples carismático de sempre. Ele sim é uma espécie de paragrafo vivo do Vaticano II e dos Documentos de Puebla, Medelin e Santo Domingo que convocam o povo ao protagonismo das mudanças, justiça social a partir de sua realidade. (leia-se libertação); 

ADÉLIA DISSE: "Nós estamos vivendo um tempo muito cinzento, é uma ditadura disfarçada, por causa dos desmandos políticos"; 

MINHA OPINIÃO: parece que a nossa escritora ao longo de suas décadas de vida se refugiou no 'Alice no país das maravilhas', na 'A Cidade do Sol' de Campanella, ou em 'A Cidade Eterna' de Santo Agostinho. Ela esqueceu os 500 anos de colonização que deveriam ser 'bem mandado' mesmo e nem levou a sério a 'Sociedade Alternativa' de Raul Seixas. Ou seja, revelou nas entrelinhas que talvez a alternativa para um Brasil 'bem mandado' possa ser o conterrâneo tucaninho ex governador de minas de uma linhagem provinciana e oligárquica. 

ADÉLIA DISSE: entre linhas que tem aversões a Vladimir Putin, Dilma, governos progressista da nossa América, movimentos e organizações que buscam justiça social; 

MINHA OPINIÃO: ao desnudar-se sociologicamente o que poderia estar carregando por décadas Adélia nos ajuda entender melhor a afirmação: 

''AS VEZES NO CORAÇÃO DE UM LIBERTÁRIO PODE ESTAR REPRIMIDO O DESEJO DE SER UM GRANDE CONSERVADOR''. 

A entrevista foi marcada por duas realidades tacanhas: as perguntas simplistas, vazias e desencontradas dos entrevistadores e as respostas em sua grande maioria desprovidas de uma coerência e o encantamento dos versos de outrora. 

Me fez adaptar célebre verso da poeta: “Essa 'entrevista' existiu ou inventei.” - Pois a estrofe perfeita é decepção! 

Neuri Adilio Alves 
Filósofo, Professor e Pesquisador