sexta-feira, 7 de março de 2014

Chapecó: o farisaísmo político e o Silêncio de Deus

''Porque o silêncio de Deus se durante uma década ele circulou na cidade como chavão político!''

Quando o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche expôs ao mundo a declaração ''Deus está morto'', o mundo cristão venho a baixo com teólogos, pastores, críticos, moralistas e os opinadores de botequim o declarando insano antes mesmo de ser acometido por doença. Mal sabiam ou queriam eles acreditar que o filósofo com tamanha destreza, percepção e competência teve a coragem eloquente de desnudarmos. Ele desnudou nossas contradições, mostrou que o Ente metafísico havia sido substituído pelas nossas conveniências modernas. Havia Ele se tornado produto desdenhado do nosso jogo de necessidades supérfluas, de nosso culto as catedrais de consumo e mazelas hedonista do mundo profano, embora continuasse 'insepulcro' em locais de cultos. 

Foto montagem de Avenida Getúlio Vargas centro de Chapecó
Porque me ater a tal comentário? Porque queria chegar ao título do texto e rememorar o uso de o versículo bíblico de Romanos 8,13 muito usado como estandarte profano em Chapecó: ''Se Deus é por nós quem será contra nós'' que circulou como mantra massificada politicamente pelo menos durante uma década em nossa cidade. Há serviço de que? … de quem? … e por quê?...esse fragmento bíblico deturpadamente circulava em para brisas, para choques e latarias de veículos. 

A resposta é simples: não se tratava de evangelização, mas de politização e vulgarização da expressão bíblica. Da coisificação de Deus em detrimento de processos políticos eleitorais da direita usual. A face vergonhosa e bandida da política moderna com 'fariseus e saduceus' diferente da história bíblica, aqui governam juntos como os cobradores de 'impostos' e os 'impostores' do tempo de JC. Mas o que me chama atenção diante dos grandes problemas políticos que a cidade enfrenta é esse aparente desaparecimento usual do versículo bíblico me incitando a fazer perguntas aos proponentes e usuários do mesmo: 

Porque agora o 'Silêncio de Deus' diante da violência se supostamente como usado no versículo aqui 'Ele seria (governaria) por/pra nós'? Teria Deus se envergonhado dos 'seus escolhidos' homens públicos e abandonado o barco a deriva? Teria Deus se frustrado com os mentirosos oportunistas de altares e palanques políticos? Teria Deus se zangado com os Fariseus e Saduceus da administração que o usaram diante da ignorância do povo pra governar e DESgovernar? Estaria Deus envergonhado de vereadores, prefeito e deputados que se elegeram em-e-por Chapecó usando seu nome em vão?

Não!!! Deus não poderia se envergonhar, esquecer e fugir, não poderia ser covarde, não abandonaria o seu povo, não faria o papel dos usurpadores, oportunistas. O que vem acontecendo na cidade é que o farisaísmo não consegue mais esconder a vulgaridade do modelo esgotado e falido de administração! O que não se consegue mais é enganar massivamente o povo com o uso de expressões delegadas ao pecaminoso as ameaças chulas e até concretizadas como assédio moral de servidores, banalização de assassinatos como foi o caso do vereador ou atentados contra lideranças e cidadãos comuns. O que não se consegue mais é enganar aquela grande massa de pessoas famintas de espiritualidade, outrora enganadas dentro de igrejas que tem por prática condenar inocentes e inocentar bandidos para serem seus representantes políticos. – Razão pela qual é preciso se emancipar dessa espécie de menoridade espiritualista. 

É preciso os cidadãos emanciparem-se em consciência para discernir a trajetória estratégica de um idiota que conheci com 'sinais de dislexia' no inicio dos anos 80 fazendo pregações em uma casa simples na rua Rui Barbosa. O mesmo chamado de ''Homem de Deus'' mas que passou pelo menos os últimos 30 anos usando de pregações relés pra fazer carreira na política. E como se fosse a personificação do quinto evangelho para lá do apócrifo edificou um imenso patrimônio, ocupando atualmente a cadeira pelo quinto mandato consecutivo de deputado. A quem ele responderia essa espécie de silêncio do 'Deus' por ele propalado que estaria junto do povo como sinal de libertação? O Deus que libertaria o povo dos próprios opressores que ele costuma se assentar a mesa para a ceia do fascismo administrativo e correligionário!

A grande verdade é que se o povo chapecoense realmente deseja ter uma cidade com menos violência, mais política de acessibilidade, mobilidade urbana, transporte de qualidade, saúde, educação, lazer, infraestrutura nos bairros e interior precisa dar passos! Precisa avançar para além do ufanismo midiático, tendencioso, falso e mentiroso tão ativo na cidade. Precisa se emancipar do vulgarismo pentecostalista, evangélico e carismático, relacionando quantidade e qualidade. Sabendo discernir pela seriedade dos que anunciam a palavra sem a teologia da retribuição de palanques. Precisa se libertar do maniqueísmo ignorante que afeta como uma chaga no 'inconsciente coletivo' de boa parte da população, inocentando algoses, criminalizando, desprezando e esterilizando a possibilidade do novo. 

Quando assim passarmos a agir ouviremos mais a 'Voz' de Deus, escutaremos mais a voz de nossos iguais, discerniremos o que é uma ação política coletiva em busca de mais segurança pública (clamor do povo) e o que é pirotecnia politiqueira de empresários preocupados com seu capital. Quando assim fizermos como cidadãos livres novamente pra viver e acreditar, veremos que o novo pode mudar a história, porque ele é parte de nós como ''vinho novo em odres velhos''! E então enfim, Deus Consciência sentará a mesa da justiça político-social novamente e nos fará cidadãos de coragem para mudar, movidos pela esperança libertadora, porque para além disso só castigo, ranger de dentes e desesperanças. 

Pois ao contrário do que a maioria acredita o ufanismo moralista, o pentecostalismo apocalíptico, o evangelismo de porta de cadeia, o populismo de salvação e messiânico nunca foram sinais de vida, mas projetos de morte. Morte das motivações, da coragem de mudar e lutar por algo novo, de pensar a vida como a única oportunidade que temos pra crescer como agentes de transformação e libertação de todas as formas de opressão. E que venham os supostamente instruídos na teologia do cagaço de encontro aos meus anos de seminário com a teologia tomista e da libertação, das incessantes horas dedicadas a filosofia, antropologia, psicologia e sociologia estarei aqui armado para o debate. Vocês com o fundamentalismo messiânico e apologeta da serpente pecaminosa e eu a cortante navalha de Ockham. Confesso que tenho vergonha de rememorar certas coisas, mas acredito que o filósofo tinha razão 'até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens'.

Neuri Adilio Alves
Professor Pesquisador, Graduado em Filosofia e Antropologia

domingo, 2 de março de 2014

E se Joaquim Barbosa fosse candidato a presidente?

Artigo Publicado 10 junho 2013

É sintomático o fato de a figura do atual presidente do STF ser cogitado como candidato à Presidência em pesquisas de opinião. Mas o que isso significaria em termos políticos? 

Um rumor de toga

Primeiro, surgiu uma cogitação no reino da boataria. Depois, passou a perambular uma torcida pelas redes sociais. Finalmente, a ideia de uma candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência da República em 2014 se espalhou por alguns veículos de imprensa.

O assunto até chegou a ser ventilado fora do país. Em uma entrevista à agência Bloomberg, especializada em mercado financeiro, o já presidente do STF foi apresentado ao público estrangeiro como alguém comparável a Barack Obama. A repórter Ellis Cose começou a entrevista logo fazendo a pergunta, direta e reta, sobre a possibilidade de ele concorrer à Presidência da República. Barbosa respondeu:

"Eu nunca me vi sendo presidente do Brasil. Em primeiro lugar, não sou político. Nunca fui e penso que sou uma pessoa improvável para esse tipo de atividade por causa da minha franqueza. Nunca lidei nem tenho conexões com partidos".

Mesmo assim, alguns entusiastas, por conta própria, criaram uma página especialmente para fazer a apologia do suposto-futuro-jamais-candidato e para colocar sua campanha na rua, aliás, fora do prazo determinado pela lei eleitoral. Na página já se pode baixar o adesivo, conhecer sua biografia e acompanhar notícias na imprensa que falam da aventada candidatura.

Mas, e o partido?

Finalmente, apareceu o que faltava: um partido, ou quase. O Partido Militar, que ainda não existe, tem apenas metade das fichas de filiação necessárias para ser homologado e lançar-se às eleições de 2014. Mas não se fez de rogado e já anunciou um convite a Joaquim Barbosapara ser candidato. O convite certamente se tornou a principal peça publicitária de um partido em busca de uma razão de ser.

Pouca gente sabe, mas o Brasil já teve dois presidentes que passaram pelo STF. O primeiro foi Epitácio Pessoa, de 1918 a 1922. O segundo foi José Linhares, que assumiu o cargo interinamente, por dois meses, no lugar de Getúlio Vargas, quando deposto em 1945.

No campo das possibilidades, uma aventura presidencial de Joaquim Barbosa teria várias dificuldades. Para concorrer à presidência, é fundamental ter o apoio de um partido nacional, de preferência, médio ou grande, e de uma coligação que ofereça uma razoável cobertura nos estados. Partidos e coligações maiores proporcionam mais tempo de rádio e TV, mais comitês eleitorais e mais propaganda de rua, que contam muito até em campanha para vereador, que dirá para presidente.

Enfim, das duas, uma: ou Barbosa teria que ser “adotado” por um partido médio ou grande, desses que acabou de chamar de “partidos de mentirinha”, ou teria que inventar um partido de verdade do dia para a noite, algo difícil de escapar da pecha de oportunismo.

O problema é que os partidos grandes e médios, quase todos, já têm lá seus candidatos. Salvo algumas exceções, como, por exemplo, o DEM, ex-partido de Demóstenes Torres e José Roberto Arruda, ou o PTB de Roberto Jefferson. Qualquer que seja o partido, a vida pregressa de seus líderes e correligionários imediatamente se colaria em Barbosa. “Diga-me com quem tu andas”, perguntariam os eleitores.

E se Barbosa formasse chapa com Marina Silva?

Se optasse por um partido maior, Barbosa ficaria muito mal na foto. Se saísse por um partido pequeno, sumiria da foto. Inventar um novo partido em menos de seis meses é algo fora de questão. A única possibilidade viável, até para evitar uma concorrência na mesma raia, seria uma dobradinha Barbosa- Marina Silva, ou vice-versa. Aí teríamos uma candidatura espetaculosa, cheia de apelos midiáticos.

O primeiro grande problema é que nem Barbosa nem Marina têm cara de estarem pleiteando a vice de quem quer que seja. O segundo problema é que a Rede é, por excelência, um partido de mentirinha. É um partido que tem vergonha de usar a palavra “partido” para se definir, mas que defende com unhas e dentes o interesse de não apenas ser reconhecido como um partido, mas de ter as regalias a eles reservadas de modo a poder usar os recursos do fundo partidário e ter acesso ao horário eleitoral, que é pago com dinheiro público, antes mesmo de ter recebido um único voto.

A ideologia desse partido tem nome. Chama-se Marina Silva. Seus seguidores são os “marineiros”, um culto à personalidade pra ninguém botar defeito. É o partido da Marina, pela Marina e para a Marina.

O que faria Joaquim Barbosa em um partido dessa natureza, depois de ter reclamado dos que buscam “o poder pelo poder”?

Quem financiaria Joaquim Barbosa?

Outro aspecto a se perguntar é quem iria financiar a campanha de Barbosa. Seguindo estritamente as regras eleitorais fiscalizadas pelo TSE, qualquer um poderia fazê-lo. Pela Rede, estariam excluídas as empresas de armas, bebidas alcoólicas, cigarros e agrotóxicos, mas foram providencialmente preservados os bancos e as empreiteiras, que são os maiores doadores de campanha.

Mas, imaginemos uma campanha heroica, financiada por recursos individuais. O fato de os recursos serem individuais não diz se eles são grandes ou pequenos. Doações individuais não necessariamente são mais limpas do que as provenientes de empresas – depende da pessoa e da empresa. Uma campanha voluntariosa normalmente é eivada de informalidades. Muita coisa é feita na cara e na coragem, de modo até criativo, mas às vezes difícil de ser “contabilizado”.

Por mais quixotesco que seja o candidato, ele se torna protagonista ou coadjuvante do sistema político que se propõe a atacar. Ser candidato significa aceitar as regras do jogo, sendo conivente com as mazelas que aponta, ou conformar-se à condição de anticandidato.

Quanto tempo duraria um governo Joaquim Barbosa?

Tão ou mais importante do que imaginar se Barbosa pode ou não ser candidato, ou se teria chances de ser eleito, é considerar que tipo de governo ele faria. Qual seria seu programa? Qual seria sua agenda prioritária de desenvolvimento do país? Quem seriam seus líderes na Câmara e no Senado? E seus partidos aliados? De que maneira ele trataria os demais Poderes? Como trataria o próprio Judiciário? E os governadores de estado? E os prefeitos? E a imprensa? O que ele de fato conseguiria fazer? Quanto tempo duraria um governo Joaquim Barbosa sem que se corresse o risco de paralisia decisória?

Por que caminhos iria levar sua pregação contra os partidos, contra as maiorias congressuais e contra a dominância do Executivo sobre a agenda do país, requisitos para que um governo governe? Que tipo de regime seria esse em que um presidente deve supostamente se comportar como uma majestade que reina, mas não governa?

Que poder é esse?

O Judiciário não é um poder representativo, tampouco é um poder democrático. Seus integrantes devem ser, todos eles, pessoas democráticas, e suas decisões servem a proteger o Estado democrático de Direito. No entanto, o Judiciário é - e é feito para ser - um poder meritocrático, em que pese seus membros serem indicados, como se sabe, por regras sujeitas a injunções políticas e a interesses de toda sorte.

Mas parece que a mosca azul tem rondado a instância suprema do Judiciário país. É sintomático o fato de a figura de seu atual presidente ser cogitado como candidato à Presidência. Não que ele não possa. Pode e deve. Para tal temos partidos, eleições e debate democrático.

Seria positivo termos mais gente do Judiciário como candidata. Isso poderia contribuir para trazer outras questões relevantes à baila, de forma qualificada. Contudo, termos magistrados se comportando quase como pré-candidatos é algo que compromete o papel do Judiciário brasileiro. Mesmo em um campeonato com muitos jogadores pernas de pau e desleais, com jogos cheios de lances faltosos, ninguém imagina que a melhor solução para o problema seja o juiz começar a chutar a bola e a reclamar do nível dos times.

De 1988 a 2012, o número de ações que deram entrada no Poder Judiciário subiu de 350 mil para 26 milhões (dados do Anuário da Justiça, 2013). Fosse um Poder mais transparente e mais eficiente para lidar com o problema da impunidade, diante dessa avalanche de processos sob sua responsabilidade, já daria uma grande contribuição à República.

Antonio Lassance - Cientista político
Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política.

Fonte: http://antoniolassance.blogspot.com.br

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

AULA NÃO PRECISA SER ''SHOW''

''A Aula não precisa ser um “show” para realizar o ensino e a aprendizagem.''

Às vezes até mesmo nós, na condição de professores, somos tomados pelo embalo do momento em que a Educação se deixa virar facilmente para cultura do espetáculo. Uma cultura que imputa e dita suas regras em virtude do sistema econômico capitalista que, entre outras coisas, transforma o educador num animador de auditório e o estudante num cliente. Infelizmente, estamos sendo quase que forçados a abraçar uma causa da Educação voltada para o “vale tudo” desde que o estudante não saia da Escola ou da Universidade.

Estamos relativizando demais os critérios da aprendizagem. E isso se deve ao fato de aceitarmos exigências profissionais vindas de um sistema falido, sem compromisso com a Educação e submetido a quaisquer negócios de ordem financeira. Daí paira sobre nós esse discurso ideológico do sistema espetacular.

Que discurso é esse? É um discurso que prima por uma Educação sem reflexão, valorizando inúmeros estímulos como produtos da tecnologia e dos meios de comunicação de massa. Possibilita a descentralização da capacidade cognitiva do estudante, como também a incapacidade de concentração em atividades que demandam tempo de análise e capacidade reflexiva. “O tempo espetacular exige que a consciência se fragmente, de modo a captar a maior quantidade de percepções possíveis” (NUNES-BITTENCOURT, Renato. Educação sem reflexão no sistema espetacular. Conhecimento Prático. Filosofia, São Paulo, ano 7, ed. 46, p. 66, dez 2013/jan 2014).

O artigo de Renato Nunes-Bittencourt vai mais além nessa questão e realça, segundo ele, “os sintomas desse mal-estar cultural”. Repare: 

“Na conjuntura educacional contemporânea, um dos sintomas mais evidentes desse mal-estar cultural reside na transformação do professor em um animador de auditório, ocorrendo assim a obrigação profissional de entreter o alunado com uma dinâmica imbecilizante, de modo a tratar sua turma como pessoas que se recusam a sair do estado de menoridade existencial” (idem).

Não podemos tratar nossos estudantes como clientes, mercadorias, cujo preço é o atendimento imediato de seus caprichos. Porém, é com respeito, apostando em suas potencialidades e faculdades para aprender que merecem ser tratados. Eles precisam sair da condição de meros espectadores das aulas e assumirem a posição de sujeitos autônomos, críticos à altura de qualquer desafio. Quem sabe até pudéssemos incitá-los ao diálogo para ultrapassarem a dimensão do espetáculo na sociedade e na sala de aula.

A respeito disso evoco aqui um episódio curioso sobre a vida de Platão mencionado nas Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres de Diógenes Laértios, onde traz o encontro dramático de Sócrates e Platão no contexto das Tragédias. 

Acostumado a frequentar o teatro e as festas dionisíacas, justamente no instante em que ia participar de um concurso de tragédias, Platão, ao ouvir aquele homem e seus argumentos de mestre, passa a segui-lo e joga seus poemas às chamas.

Veja que Platão ultrapassa sua condição de amante de espetáculos para se transformar em amante de espetáculos da verdade. No livro V da República, Platão escreve um diálogo importante entre Gláuco e Sócrates mostrando a distinção entre os que são apenas amantes de espetáculos e os que são amantes de espetáculos da verdade. Os verdadeiros estudantes, para Platão, devem ser filósofos. “Mas aquele que deseja saborear toda a ciência, que se entrega alegremente ao estudo e nele se revela insaciável, a esse chamaremos, com razão, de filósofo, não é assim?” Pergunta ironicamente Sócrates a Gláuco. 

Os efeitos do sistema espetacular na Educação já se fazem sentir quando as aulas se tornam apenas mecanismo de animação, dinamização e sensacionalismo emocional, uma vez que só existem para prender a atenção e atender ao gosto da maioria (clientela). Ora, não estamos num palco ou num circo, muito menos num programa de “reality show”. A Aula não precisa ser um “show” para realizar o ensino e a aprendizagem. Aulas são feitas de provocação (problematização), trabalho, diálogo, investigação (pesquisa), conteúdo, muita leitura e reflexão. Quem se dispõe a ir à aula, deveria ir como se fosse ao trabalho. Só que é um trabalho diferente, um trabalho intelectual. Mas se chegar a um “show” ou se estiver assistindo a um espetáculo numa aula, queira ir mais adiante, assuma o controle, ultrapasse.

Segundo Libâneo, a aula:
“[...] não se aplica somente à aula expositiva, mas a todas as formas didáticas organizadas e dirigidas direta ou indiretamente pelo professor, tendo em vista realizar o ensino e a aprendizagem. [..] ela é toda situação didática na qual se põem objetivos, conhecimentos, problemas, desafios, com fins instrutivos e formativos, que incitam as crianças e jovens a aprender” (LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 28º Ed. São Paulo: Cortez, 2008. p.178). 

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Bel. em Teologia, Bel. e Licenciado em Filosofia, Esp. em Metafísica, Esp. em Estudos Clássicos.

Fonte: http://boletimodiad.blogspot.com.br/

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O PROFESSOR E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA UM MUNDO HUMANIZADO

“(...) os professores devem se assumir como intelectuais transformadores, aqueles capazes de trabalhar com grupos que se propõem a resistir às intenções de opressão e dominação presentes na escola e na sociedade e a participar de uma luta coletiva por emancipação”

Diante da realidade que vivemos no mundo atual, é preciso encontrar caminhos para se dar um salto na qualidade da educação em todos os níveis de ensino. Quando se observa a divulgação feita pelos meios de comunicação e tantas informações obtidas por muitas pessoas, que, diretamente estão envolvidas no processo educacional, identificam-se inúmeros problemas que vêm se desencadeando nas instituições escolares. 

Como professores, devemos ter consciência da nossa responsabilidade para ajudar a minimizar a situação e, gradativamente, sair dessa crise. Sabe-se que novas mentalidades, novas posturas, iniciativas, muito empenho e decisão é que poderão construir uma sociedade diferente, humanizada e ética. E é exatamente no desenvolver da educação sistemática que poderemos promover uma “revolução” de mentes e de atitudes, na perspectiva de um mundo melhor. Afinal, a pessoa humana é o centro da educação: a vida do ser humano em sua totalidade está envolvida, inevitavelmente, na educação. 

Precisamos, pois, dar mostras de que integramos uma classe profissional que contribui, sobremaneira, para a transformação da sociedade, tornando os cidadãos mais capacitados e eticamente atuantes. Oportuno se faz a afirmação do Prof. Flávio Moreira (UFRJ), quando reflete sobre as ideias de Henry Giroux: “os professores devem se assumir como intelectuais transformadores, aqueles capazes de trabalhar com grupos que se propõem a resistir às intenções de opressão e dominação presentes na escola e na sociedade e a participar de uma luta coletiva por emancipação”, ou seja: tomar decisões a partir de uma visão progressista de educação, ter abertura para examinar os tipos de atividades que vêm sendo desenvolvidas, identificar as “mesmices”, observar os mais diversos problemas que afetam o universo escolar, batalhar por inovações, superando gradativamente as verticalidades, para, então, ousar a implementação de mudanças a nível qualitativo no âmbito socioeducacional e político. 

Assim, nas atividades pedagógico-científicas, é necessário que o professor recorra à observação criteriosa, para que, de forma analítica, promova o exame detido da situação real. Cabe a ele a função de aprendizagem do aluno, com afinco, dedicação, sistematicidade, continuidade e persistência, de tal modo que, paulatinamente, os alunos passem a ter autonomia, saibam conquistar o conhecimento, tornando-se construtores e produtores do mesmo, numa busca incessante de aprofundamento do saber, aprimorando cada vez mais o seu papel de sujeito atuante nas escolas. Quanto mais nos dedicarmos à nossa valiosa profissão, mais realizados seremos como professores e, melhores contribuições daremos às exigências socioculturais e políticas do mundo atual. 

Profª. Elza Maria Cruz Brito 
(Educadora de professores, formadora de opiniões no Maranhão) 

Fonte: 
http://boletimodiad.blogspot.com.br

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

DAS IDEIAS E DOS HOMENS

''Mitos e ideias voltaram para nós, invadiram-nos, deram-nos emoção, amor, ódio, êxtase, furor.''

Devemos estar conscientes de que desde a alvorada da humanidade, a linguagem, a cultura, as normas de pensamento agarraram o gênero humano e nunca mais o largaram. Desde essa alvorada, levantou-se a noosfera, com o desenrolar dos mitos, dos deuses, e o formidável levantamento desses seres empurrou, arrastou o Homo sapiens para delírios, massacres, crueldades, adorações, extases, sublimidades desconhecidas no mundo animal.

Desde essa alvorada, vivemos no meio das florestas dos símbolos e não podemos sair dela. Ainda no fim do nosso segundo milênio, como os 'daimons' dos gregos, e por vezes como demônio do Evangelho, os nossos demônios ideais arrastam-nos, submergem a nossa consciência, tornam-nos inconscientes. Dando-nos a ilusão de sermos hiperconscientes. 

A humanidade não sofreu de insuficiência de amor. Ela produziu excessos de amor que se precipitaram para os deuses, para os ídolos e paras as ideias, e voltaram para os humanos transmudados em intolerância e terror. 

- Tanto amor e tanta fraternidade perdidos, desperdiçados, enganados, desnaturados, apodrecidos, endurecidos!
- Tanto amor e fraternidade que alimentaram os seres de espírito enquanto seres humanos estoiravam com a sua falta.
- Tanto amor engolido nas tantas vezes implacável religião de amor e tanta fraternidade engolida nas tantas vezes impiedosa ideologia da fraternidade!

A noosfera está em nós e nós estamos na noosfera. Mais ainda, a noosfera saiu inteira das nossas almas e dos nossos espíritos. Os mitos ganharam forma, consistência, realidade, a partir de fantasmas formados pelos nossos sonhos e pelas nossas imaginações. As ideias adquiriram forma, consistência, realidade, a partir dos símbolos e dos pensamentos das nossas inteligências. 

Mitos e ideias voltaram para nós, invadiram-nos, deram-nos emoção, amor, ódio, êxtase, furor. Que vitalidade espantosa, e que faz parte de nossas vidas, a da noosfera. É efetivamente uma parte da nossa substância que ai vive. 

Fonte: Edgar Morin - (O Método IV) As Ideias: a sua natureza, vida, habitat e organização.

Neuri Adilio Alves
Professor Pesquisador Edgar Morin 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

VOU TE ABRAÇAR

"Lá há um jardim encantado onde planto árvores para meus amigos que morrem."

Escrevi-lhe então a carta abaixo: 

“Meu querido, muito querido Ladon: Tantos anos se passaram... E perdi contato com você. Mas você esteve sempre no meu coração e eu o imaginava caminhando sozinho pelas montanhas, em busca de silêncio, de comunhão com Deus e com a natureza. Contei muitas vezes a estória da nossa estranha amizade — porque é estranho pensar que duas pessoas que nunca se encontraram pudessem ser tão amigas. E agora me contam que você está se preparando para o momento de ficar encantado...

Foi-me dito que você tomou a decisão de viver o resto da sua vida da forma mais livre e mais corajosa. A vida é preciosa e deve ser bebida até sua última gota. Quando chegar a minha vez espero ter a sua liberdade e a sua coragem. A vida é bonita e é preciso que a morte seja bonita também. É trágico que nos dias de hoje, como resultado da parafernália médica, a morte tenha se tornado feia, solitária e amedrontadora. Um dos nossos poetas chamou a morte de ‘minha mais nova namorada’... Talvez ele estivesse pensando na morte como a Pietà — a morte como uma mulher que recebe o nosso corpo no seu colo.

Tenho um lugar nas montanhas. Há riachinhos, cachoeiras, árvores, pássaros de todos os tipos, de tucanos a beija-flores, e borboletas... Lá de cima eu vejo o horizonte, ao longe... Dentro de mim mora um menino. E esse menino fez um balanço numa árvore. E quando estou balançando, tentando tocar as folhas com o dedão do pé, tenho a impressão de que estou quase voando... Lá há um jardim encantado onde planto árvores para meus amigos que morrem. Já plantei minha própria árvore, pois nunca se sabe ao certo quando a nossa hora vai chegar.

Todas as árvores são de florestas tropicais com uma exceção: um pinheiro canadense, nome científico ‘liquidambar’, com folhas como mãos abertas com dedos esticados. Por muito tempo procurei essa árvore, sem sucesso. Mas uma amiga me deu uma muda como presente de aniversário. Eu a plantei numa encosta de onde se vê o horizonte. Acho que ela está gostando do clima. Mas ainda não lhe dei nenhum nome. Será que você concordará se eu lhe der o nome de Ladon Sheats? Assim, quando alguém me perguntar pelas razões daquele nome, eu contarei a sua estória... E as pessoas saberão que há, nesse mundo, pessoas bonitas que tornam a vida digna de ser vivida...

Estou lhe enviando esse livro que escrevi para minha filha, quando ela tinha 3 anos. Era cedo de manhã. Eu ainda estava dormindo. Ela saiu do seu quarto, veio até o meu lado, me acordou e me perguntou: ‘Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?’ Eu fiquei perplexo, sem palavras. Ela não havia tido nenhuma experiência com a morte.

Como é que aqueles pensamentos apareceram na cabecinha dela? E então ela acrescentou: ‘Não chore porque eu vou abraçar você...’ Essas palavras se tornaram no centro da estória 'A Montanha Encantada dos Gansos Selvagens'. Não importa que você não entenda português. Aceite esse livro como um sacramento de amor. Nós nos encontraremos algum dia, em algum lugar... Seu amigo e irmão, Rubem Alves.”

* * *
Sempre que ouço a canção 'The Lord of the Dance', seja no CD 'Simple Gifts', seja no 'Appalachian Spring', seja na menina que toca a flauta doce, eu me lembro do Ladon Sheats.

A árvore está lá na montanha em Pocinhos do Rio Verde, subindo para os céus. Mas eu fico triste porque o liquidambar ficou mudo. Não conta mais estórias...

Por Rubem Alves

Fonte: Correio Popular - 02/02 - 2014

Chapecó: O Bombeiro que mata e o Advogado que Mente

''(...) Mulheres que denunciam mas não representam judicialmente contra os covardes que ameaçam, agridem e matam, morrem duas vezes: morrem espiritualmente e morrem fisicamente.''

Acompanhei na imprensa local a apresentação do ''LOUCO FACEIRO'', Bombeiro Militar que assassinou a mulher e a sobrinha (enteada) no ultimo sábado aqui em Chapecó. Qual a conclusão da entrevista do advogado?

Contraditória e mentirosa, e não precisa ser especialista pra perceber as frágeis, ridículas e miseráveis declarações por ele apresentada para justificar tamanha atrocidade cometida por seu ''DEPRI FINGIDO'' cliente ! 

Mesmo não sendo psicólogo ou psiquiatra forense eu queria o acusado em minha mesa da retórica para algumas perguntas e depois o advogado também. Alguns minutos para apresentar a descrição covarde do acusado e a mentirocracia contraditória do defensor.

O pai da menina esta correto! Tem que colocar o bandido na cadeia e não em prisão militar. Nesses últimos anos estudando a questão da violência também dentro das instituições militares a conclusão que se tem é que a impunidade é um direito garantido aos bandidos desse segmento. Os mesmos que usam da farda para cometer crimes e atos covardes e justificam tais ato com stress, depressões e acidentes e tem a tutela do estado que os protege sob a égide do tal regimento interno.

Aprendi na acadêmia que um bom e permanente estudante da filosofia só terá dois medianos adversários pra debates: o Jornalista que vai tentar nos pegar em contradição pelas perguntas e o Advogado porque a verdade esta na lei. Então vejam as declarações de defesa do advogado :   

Declaração do Advogado:
"Meu cliente não premeditou tal crime, aconteceu por desentendimento no local e acidente por disparo"

Contradição:
Ainda no sábado a noite após o ocorrido familiares disseram que receberam ligação do acusado em que o mesmo dizia estar a caminho para cometer tal crime. Se não bastasse após ter assassinado a mulher e a sobrinha ligou pra ex sogra e vó de menina dizendo que havia matado as duas. 

Declaração do Advogado:
Meu cliente não ameaçou ninguém e muito menos algum colega de trabalho?

Contradição:
Mentiu de novo. Pois o mesmo já tinha recebido punição dentro da corporação com apreensão da arma alguns meses atrás, e colegas registraram ocorrência por ameaças. Além do que a pergunta: Se ninguém foi ameaçado porque havia policiais fazendo guarda em frente aos bombeiros e na casa de familiares das vitimas?

Declaração do Advogado:
Meu cliente esta em depressão, e com transtornos de consciência.

Contradição:
O deprimido cometeu os crimes e teve lucidez para ligações e fugir com seu veículo para a região norte do estado sem problemas algum. Tudo aponta premeditação, do ato cometido a fuga orquestrada, e apresentação a policia combinada por telefone após 48 horas pra fugir do flagrante. Será que ele esta com problemas psíquicos mesmo? 

''ELE ESTAVA DOENTE!'' -  Doente estava o Estado que selecionou, qualificando um cidadão como ele pra trabalhar com vidas dentro de uma instituição tão valorosa e séria como os Bombeiros.

Queria o profissional responsável pela aprovação psicológica do mesmo na etapa do Concurso pra mim fazer as mesmas perguntinhas que faço aos psicólogos que traçam perfil de funcionários para trabalhar em empresas. Métodos ineficazes, pífios, que não dizem nada, e poderia citar as centenas de milhares de caso que conheço. 

Se a consciência é realmente o inferno da vida, um minimo de lucidez é suficiente para que o resto dos dias se tornem um grande inferno. Existem casos que o melhor julgamento é aquele desprovido do legalismo que inocenta, pois para além disso é somente a impunidade. 

Tragédias como essa deixam o rastro de uma verdade triste: Mulheres que denunciam mas não representam judicialmente contra os covardes que ameaçam, agridem e matam, morrem duas vezes: morrem espiritualmente ao perder a liberdade de decidir  e  morrem fisicamente porque sua vida será ceifada a qualquer momento. 

Essa é a verdade maior e os números dizem isso! Tristemente!

Neuri Adilio Alves
Professor  Pesquisador

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ESTUPIDEZ INGLÓRIA

Publicado em 23/01, Nei Alberto Pies

“A vida não é qualquer coisa mas é sempre, simplesmente, a ocasião para qualquer coisa” (Viktor Frankl)

Faz bom tempo que a criminalização daqueles e daquelas que lutam por melhores condições de dignidade humana vem sendo denunciada. Mas parece que esta violência, como outras tantas, repete-se. Alguns até passam a aceitá-la como compatível aos padrões de convivência social. O Estado, instituído como guardião dos direitos, é o primeiro que os viola quando reprime violentamente aqueles e aquelas que se organizam pacificamente para buscar educação, terra, trabalho, saúde, segurança, lazer... Estaríamos desaprendendo democracia? Sem liberdade de expressão e de organização, que democracia estará sendo construída?

A ordem, associada ao progresso, parece mover novamente o imaginário daqueles que veem a democracia no ideal, no abstrato, difícil de ser construída. Nem todos estão convencidos de que a democracia pode ser desordem, uma vez que “não existe democracia sem caos, confusão, entropia. A democracia é o sistema do dissenso. Na verdade, a democracia é um equilíbrio instável de ordem e desordem. Em alguns momentos, a desordem é mais importante do que a ordem. Tudo, claro, depende do grau de ordem e desordem” (Juremir Machado daSilva).

A criminalização é a face perversa do Estado e da sociedade que não permitem que a cidadania exerça a condição de sujeito de direitos. Quem luta por seus direitos, e pelos direitos dos outros, é facilmente taxado de criminoso, acusado e condenado sumariamente. Os estigmas e preconceitos sociais atribuídos àqueles que lutam provocam impactos negativos para o exercício da condição de seres humanos, cidadãos e seres de vida social. Assis da Costa Oliveira define a criminalização dos movimentos sociais como sendo: “uma ideologia que possibilita um conjunto de práticas de cunho repressivo, repulsivo e/ou permissivo, com conseqüências físicas, mentais e sociais para o movimento e para as pessoas nele contidas”. Existirá agressão maior do que esta? Não importa se maior ou menor, sempre agressão!

Os consensos é que constituem a ordem democrática, muito antes das leis e das imposições arbitrárias. Mas, como perderam-se as causas, sobraram os interesses. Poucas causas sociais e humanitárias são capazes de mover e agregar, daí a dificuldade de construir consensos e acordos. Os interesses, pessoais, econômicos e corporativos, sucumbem as possibilidades de pôr as estruturas de organização econômica, social e política a favor da dignidade humana.

A democracia nasceu das palavras, da retórica e da persuasão. Com as palavras em descrédito, sobraram atitudes típicas da pré-história. Valeria assistir ao filme “A guerra do Fogo” para dar-se conta da estupidez inglória. Como escreve Marcos Rolim, “a democracia que temos já não tem política. Nela, o futuro se ausentou porque as palavras não autorizam expectativas. Será preciso reinventá-la, entretanto, antes de desesperar. Porque o desespero é só silêncio e o melhor do humano é a palavra”.

Nei Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos

Fonte:
http://boletimodiad.blogspot.com.br/

sábado, 4 de janeiro de 2014

EDUCAÇÃO: A DIFERENÇA ENTRE DIONÍSIO CERQUEIRA X CHAPECÓ

''Vergonha... É uma disciplina que falta para muitos administradores públicos (...)''

Em Dionísio Cerqueira o Prefeito Altair Rittes encerra o ano repassando uma Gratificação de R$ 1.000 (1 mil) reais aos professores, como um Vale Alimentação Extra. 

Aqui em Chapecó o Prefeito e sua "Trupe Cara de Pau'' finaliza o ano apresentando o tal do PCCV, como uma caixinha de pandora liberando os maus espíritos. O que nos diferencia para além dos 200 km que nos separa, é que:

- Lá o prefeito concede um Vale Alimentação Extra, aqui um VALE VERGONHA;

- Lá o prefeito concede um Vale Valorização, aqui um VALE DECEPÇÃO;

- Lá o prefeito concede um Vale Incentivo, aqui um VALE PREJUÍZO;

- Lá o prefeito concede um Vale Educação, aqui um VALE DESPREZO;

- Lá o prefeito concede um Vale Dignidade, aqui um VALE INSANIDADE;

- Lá a arrecadação de impostos é muito menor e a valorização do Professor parece muito maior, aqui arrecadação é dezenas de vezes maior e valorização do servidor público muito menor. 

Certamento lá o prefeito não dá 150 mil de ''BOLSA ALFAFA'' pra Cavalo de Raça, mas repassa gratificação aos seu professores e investe na Educação. Enquanto aqui a prioridade são criadores de cavalo e não os formadores educacionais, 

Certamente por ''LÁ'' o prefeito não gasta 25 milhões em publicidade para fazer caixa 3 de campanha. E muito menos pra dizer que sobra Vagas em Creches, que a Educação é referência Nacional com dados fabricados internamente e que não refletem a realidade das escolas pintadas de azul. 

Acredito que por ''LÁ'' ainda perdura os princípios universais da ética, da transparência e da valorização dos seus munícipes. - E aqui? - OS PROCESSOS NA JUSTIÇA POR SI SÓ RESPONDEM!

Lá eu conheço o compromisso com a Educação, pois dei aula como professor substituto no Curso Pós Médio em Agroecologia, um projeto do Prefeito atual, enquanto aqui eu já perdi a noção com tanta mentira e manipulação.

Parece que ALI em Dionísio Cerqueira o ano vai começar animado na Educação. Aqui vai começar conturbado e com promessa de agitação. FELIZ ANO NOVO aos irmãos da fronteira, enquanto aqui nós continuaremos comemorando o ANO VELHO como fazemos há mais de uma década na Educação. 

Entre nós e eles se abre uma fissura que demarca a fronteira da transparência e a nossa dúvida obscura. O que falta entre tantas coisas?

VERGONHA... É UMA DISCIPLINA QUE FALTA PARA MUITOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS EM ESPECIAL DA CIDADE CHAPECÓ.

Neuri Adilio Alves
Professor Pesquisador

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

REVISTA VEJA e a Piada aos Catarinense!

"Ou esses parlamentares são bons demais por ocuparem tantos cargos, ou os Eleitores Catarinenses são NOTA '0' (zero). - EU FICO COM A SEGUNDA!"

Só nos resta rir caros Catarinenses, pois isso nos imunizará da vergonha nacional de uma Revista que escolhe nossos parlamentares entre os melhores do Congresso (embora não precise muito) não dá pra digerir. E muito menos ser objeto de nosso orgulho, afinal não devem estar a serviço de nossos cidadãos pelo pouco que fazem pelo estado. Além de aparecerem somente em período Eleitoral com milhões de investimentos para obter êxito eletivo. 

Devem estar a serviço da própria Revista Fascista e seu LC-Lobismo de Corredor que a mesma sustenta em Brasília visando manter e ampliar suas ambições. Ou alguém concorda com as notas recebidas pelos bonecos da iniciativa privada e suja de nosso estado: 

- Onofre Santo Agostini (PSD)........................................................................Nota 10,0 ____1º LUGAR 

- Cassildo Maldaner (PMDB).........................................................................Nota 8,6 _____2º LUGAR 

- Paulo Bauer (PSDB).....................................................................................Nota 8,0 _____4º LUGAR 

- Esperidião Amin (PP)...................................................................................Nota 7,5 _____14º UGAR 

Aqui em Santa Catarina eles são muito bem falado no período Eleitoral pelos milhões que investem em campanha, mas de trabalho para o Estado Catarinense muito pouco ou nada mesmo se ouve falar. 

RACIOCINEM COMIGO: 

1 - @ ONOFRE SANTO AGOSTINI - desde 1973 quando foi Prefeito de Curitibanos, 4 vezes deputado Estadual e atualmente Federal. Soma 40 anos sugando a máquina pública e o aparelho de estado. 

1.1 - É o parlamentar escolhido pela Revista Veja como NOTA 10! 

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2 - @ CASSILDO MALDANER - desde 1975 soma 38 anos vivendo da politica. De vereador no município de Modelo/SC á, Deputado Estadual e Federal, Chegando a Governador e atualmente Senador. 

2.1- Possui duas Aposentadoria como ex-governador e como Senador. - E NÓS QUE PAGAMOS! - É o Parlamentar escolhido pela Revista Veja como a NOTA 8,6. 

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3 - @ ESPERIDIÃO AMIN - desde 1975 quando foi nomeado Prefeito de Florianópolis pelos Militares, sempre ocupou cargos Públicos, como Prefeito - Deputado Federal - Governador e Senador; 

3.1 - Possui duas Aposentadoria como ex-governador e uma como Senador. - E NÓS QUE PAGAMOS! - É o Parlamentar escolhido pela Revista Veja como a NOTA 7,5. 

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4 - @ PAULO BAUER - desde 1986 quando se elegeu deputado estadual sempre mamando na máquina pública até o Senado. - Foi um dos piores Secretário de Educação que Santa Catarina já teve. Chegou ao senado no pescoço de Luis Henrique. 

4. 1 - Esta automaticamente aposentado como Senador da República. - E NÓS VAMOS PAGAR! - É o Parlamentar escolhido pela Revista Veja como a NOTA 8,0. 

AFINAL: A SERVIÇO DE QUEM ELES ESTARIAM EM BRASILIA? 

Ou esses parlamentares são bons demais por ocuparem tantos cargos, ou os Eleitores Catarinenses são NOTA '0' (zero). - EU FICO COM A SEGUNDA!

Neuri Adilio Alves 
Cidadão Catarinense - Professor Pesquisador

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Contra a imbecilidade do atual anticomunismo

Publicado em 17/12/2013, por Leonardo Boff

"O atual anticomunismo revela a anemia de espírito e a pobreza de pensamento que estão prevalecendo como disfarce para esconder o desastre que significa a economia de mercado, (...)'

Mauro Santayana é um dos jornalistas mais eruditos do jornalismo brasileiro. Sempre comprometido com causas humanitárias, contundente e dotado de um estilo de grande elegância. Somos colegas como colunistas do Jornal do Brasil-on line. Recentemente, no dia 17/12/2013, publicou um artigo sob o título HABEMUS PAPAM com o qual me identifiquei imediantamente. Sofro ataques imbecis de que sou comunista e marxista, como se para um teólogo com 50 anos de atividade, fosse uma banalidade fazer esta acusação. Sou cristão, teólogo e escritor. Marx nunca foi pai nem padrinho da Teologia da Libertação que ajudei a formular. 

O atual anticomunismo revela a anemia de espírito e a pobreza de pensamento que estão prevalecendo como disfarce para esconder o desastre que significa a economia de mercado, altamente predadora da natureza e agressora de todo tipo de direitos humanos e agora numa crise da qual não sabem como sair. 

Há tempos o Zürcher Zeitung, o maior jornal suiço e pouco depois o Times diziam que o autor mais lido hoje é Marx. Não só por estudiosos, mas por banqueiros e financistas conscientes que querem saber por que seu sistema foi a falência e por que tem tantas dificuldades em sair dele, se é que encontram uma saída que não signifique mais sacrificio para a natureza (injustiça ecológica) e para a humanidade já sofredora (injustiça social). 

Hoje mais e mais se percebe que este sistema é anti-vida, anti-democracia e anti-Terra. Se não cuidarmos poderá nos levar a um abismo fatal. É uma reflexão que faço contra meus acusadores gratuitos e faltos de razão. Penso às vezes que Einstein tinha razão quando disse:”Existem dois infinitos:um do universo e outro dos estultos; do primeiro tenho dúvidas, do segundo, absoluta certeza”. Estimo que muitos dos anticomunistas atuais se inscrevem nesse segundo infinito. 

É fácil serrar árvore caída e convardia chutar cachorro morto. Pensemos, antes, no presente com sentido de responsabilidade, unidos face a um feixe de crises que nos poderá levar a uma tragédia ecológico-social. Como fazer tudo para evitá-la e garantir um futuro comum para todos, inclusive para a nossa civilização e para nossa Casa Comum. Essa é a questão maior a ser pensada e sobre ela inaugurar práticas salvadoras e não distrair-se com discutir um comunismo inexistente, morto e sepultado. 

Leonardo Boff

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Habemus Papam

Acusado por um conservador norte-americano de ser marxista, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, negou sê-lo, mas disse que não se sentia ofendido, por ter conhecido ao longo de sua vida muitos marxistas que eram boas pessoas.
A declaração do papa, evitando atacar ou demonizar os marxistas, e atribuindo-lhes a condição de comuns mortais, com direito a ter sua visão de mundo e a defendê-la, é extremamente importante, no momento que estamos vivendo agora.

A ascensão irracional do anticomunismo mais obtuso e retrógrado, em todo o mundo — no Brasil, particularmente, está ficando chique ser de extrema direita — baseia-se em manipulação canalha, com que se tenta, por todos os meios, inverter e distorcer a história, a ponto de se estar criando uma absurda realidade paralela.

Estabelecem-se, financiados com dinheiro da direita fundamentalista, “museus do comunismo”; surgem por todo mundo, como nos piores tempos da Guerra Fria, redes de organizações anticomunistas, com a desculpa de se defender a democracia; atribuem-se, alucinadamente, de forma absolutamente fantasiosa, 100 milhões de mortos ao comunismo.

Busca-se associar, até do ponto de vista iconográfico, o marxismo ao nacional-socialismo, quando, se não fossem a Batalha de Stalingrado, em que os alemães e seus aliados perderam 850 mil homens, e a Batalha de Berlim, vencidas pelas tropas do Exército Vermelho — que cercaram e ocuparam a capital alemã e obrigaram Hitler a se matar, como um rato, em seu covil — a Alemanha nazista teria tido tempo de desenvolver sua própria bomba atômica e não teria sido derrotada.

Quem compara o socialismo ao nazismo, por uma questão de semântica, se esquece de que, sem a heroica resistência, o complexo industrial-militar, e o sacrifício dos povos da União Soviética — que perdeu na Segunda Guerra Mundial 30 milhões de habitantes — boa parte dos anticomunistas de hoje, incluídos católicos não arianos e sionistas, teriam virado sabão nas câmaras de gás e nos fornos crematórios de Auschwitz, Birkenau e outros campos de extermínio.
Espalha-se, na internet — e um monte de beócios, uns por ingenuidade, outros por falta de caráter mesmo, ajudam a divulgar isso — que o Golpe Militar de 1964 — apoiado e financiado por uma nação estrangeira, os Estados Unidos — foi uma contrarrevolução preventiva. O país era governado por um rico proprietário rural, João Goulart, que nunca foi comunista. Vivia-se em plena democracia, com imprensa livre e todas as garantias do Estado de Direito, e o povo preparava-se para reeleger Juscelino Kubitscheck presidente da República em 1965.

1964 foi uma aliança de oportunistas. Civis que há anos almejavam chegar à Presidência da República e não tinham votos para isso, segmentos conservadores que estavam alijados dos negócios do governo e oficiais — não todos, graças a Deus — golpistas que odiavam a democracia e não admitiam viver em um país livre.

Em um mundo em que há nações, como o Brasil, em que padres fascistas pregam abertamente, na internet e fora dela, o culto ao ódio, e a mentira da excomunhão automática de comunistas, as declarações do papa Francisco, lembrando que os marxistas são pessoas normais, como quaisquer outras — e não são os monstros apresentados pela extrema-direita fundamentalista e revisionista sob a farsa do “marxismo cultural” — representam um apelo à razão e um alento.

Depois de anos dominada pelo conservadorismo, podemos dizer, pelo menos até agora, que Habemus Papam, com a clareza da fumaça branca saindo, na Praça de São Pedro, em dia de conclave, das veneráveis chaminés do Vaticano.

Um Papa maiúsculo, preparado para fortalecer a Igreja, com o equilíbrio e o exemplo do Evangelho, e a inteligência, o sorriso, a determinação e a energia de um Pastor que merece ser amado e admirado pelo seu rebanho.

Mauro Santayana - Jornalista 

Fonte:

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PESQUISA SOBRE QUALIDADE DE VIDA EM SANTA CATARINA É CHANCHADA

"(...) a pesquisa parece DIZER TUDO aos que interessa e REFLETIR EM NADA aos que realmente precisam."
Tem coisa que a gente precisa se orgulhar, tem coisas que precisamos ajudar construir e tem aquelas que a gente precisa questionar sem desqualificar, ou então destruir mesmo. Falo isso pra me ater a pesquisa publicada no Diário Catarinense no inicio desta semana. Pra mim, por si só a pesquisa parece uma grande Chanchada que eu daria nota abaixo dos quesitos avaliados pois a amostra colhida tem caráter de ficção. Para além disso, as diversas interpretações acerca da mesma uma violência a "Razão Sábia" e um culto aberto a "Razão louca".

Digo isso porque tudo pode piorar, quando a gente encontra na página de uma emissora rádio da cidade um texto com caráter de oportunismo leviano requentando os dados fictícios. A gravidade aumenta com a emissora de televisão no jornal do almoço fazendo ufanismo fascista com os mesmos dados vomitando: “Chapecó é apontada como segunda cidade em qualidade de vida” no estado! Qual Chapecó e qual Estado? - Aqui podemos supor que uma atitude “publicista” assim pode acenar pra duas questões: ou a imprensa local é ingênua propositiva, “manipulada e manipuladora”, ou bandida demais mesmo, fazendo questão de mostrar sua face suja e a serviço do que estão.

PRIMEIRO que os dados apresentados em tal pesquisa demonstram que Chapecó não foi além do quesito "REGULAR" (nenhum Bom ou Ótimo) nos principais dados da "Amostra" e na soma geral das cidades em quesitos como SAÚDE e SEGURANÇA ficou na casa do Péssimo. SEGUNDO que afirmar que 73,2% da população de Chapecó considera os índices pesquisados como “ótimo” e “bom” é propaganda falaciosa, irreal, é metafísica numérica que não cabe no exposto. 

A pesquisa é péssima... imprecisa, burlesca e favoreceu apenas o proprietário do instituto que deve ter recebido bem pra fazer. Afinal jogar dinheiro público fora virou prática costumas que geralmente não entra em dados de pesquisas. Mas esses dados apresentados sobre Chapecó são facilmente desconstruído. Principalmente por alguém que aqui nasceu, cresceu e acompanha minunciosamente o que se passa na cidade há 39 anos. Vejamos:

- SEGURANÇA PÚBLICA … não dá pra engolir dados positivos sobre segurança numa cidade como Chapecó que no ano de 2013 já bateu recorde de assassinatos, centenas de tentativas de homicídios, centenas de ocorrências por assalto, brigas, ameaças, porte de armas, tráfico de drogas e influência; 

- SAÚDE PÚBLICA… não dá pra falar que está tudo bem, quando as mães precisam passar horas numa fila do Hospital Municipal da Criança sem atendimento, ou ainda a gente vai marcar consulta de retorno com especialista e ai te dizem que a “cota de gasto da semana acabou”, tenta na próxima;

- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE… não dá pra falar em sustentabilidade e preservação ambiental numa cidade que permite a derrubada de Araucárias e Aterro em Áreas de Preservação Ambiental com mananciais de água do Aquífero Guarani;

- MORADIA... não dá pra ter tanta cara de pau em avaliar positivo e qualitativo a questão da Moradia quando o governo municipal além de não fazer uma só casa não solucionou os inúmeros problemas das áreas irregulares. Mas permitiu a abertura de dezenas de loteamentos de seus apadrinhados mesmo em áreas de preservação. Foram esses os entrevistados?

- TRANSPORTE, TRANSITO E MOBILIDADE URBANA... não dá pra apontar dados qualitativos no Transporte público, Trânsito e Mobilidade, quando o transporte é caro de péssima qualidade. No trânsito vai acentuando o caos, e a mobilidade urbana reduzida num calçadão político/estético no centro da cidade. Some-se a isso os quilômetros de calçadas irregulares e desrespeito ao direito dos deficientes.

- CULTURA, LAZER E ESPORTE... não dá pra conceituar qualidade cultural avaliando desfile de carros pela avenida nos finais de semana com péssima música e poluição sonora. Ou ainda, citando um Centro de Eventos a serviço da burguesia faceira e rasteira. E muito menos vincular ''Lazer e Esporte'' meramente ao clube verde série A! 

- ACESSO A COMUNICAÇÃO... não dá pra falar que temos acesso a comunicação, só porque se tem uns programas de rádio tendencioso, jornais impressos que vivem do dinheiro público, ou porque temos 50 mil pontos de acesso pra internet ligados na cidade ao custo de quedas constantes. Isso pra não citar a massiva comunicação fascista vinculando as cores partidárias aos prédios públicos da cidade. 

- EDUCAÇÃO... não dá pra falar em educação qualificada com escolas caindo sobre os alunos, professores em Greve, falta de creches. - Educação de qualidade se mede com resposta qualitativa na produção de ciência e emancipação social e não por reprodução fabricado de dados ideológicos;

- TRABALHO E RENDA... uma coisa é ter vaga de emprego e outra é uma política de valorização e assistência ao trabalhador. Pois uma cidade que apresenta milhares de trabalhadores mutilados por acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, não pode medir qualidade e renda ao trabalhador;

- INFRAESTRUTURA... não dá pra falar em infraestrutura medindo o acesso a elas apenas por uma seleta camada social da cidade. Quando escolas estão caindo por falta de reformas, ruas esburacadas, falta de creches, Ciclovias, Praças de Lazer e viaturas para polícia trabalhar.

De tudo isso o que sobra é a minha vergonha ao me dar conta do quanto tempo gastamos justificando as pessoas que conhecemos há quilômetros daqui pra não se iludirem porque não somos a “Suíça Brasileira” como tanto se tenta vender. Somos um estado de pessoas que batalham pra vencer na vida honestamente, muito diferente dos que passam a vida vendendo o desonesto e falacioso. 

Enfim! Eu quero minha cidade cada vez melhor, mas com a certeza de que ela é real e não fictícia, pois para mim a referida pesquisa parece DIZER TUDO aos que interessa e REFLETIR EM NADA aos que realmente precisam. Mas pra deixar ela mais completa arrisco dizer que faltou avaliar um quesito que faço agora - FALTA DE VERGONHA (nota 10). E viva a sangria de dinheiro público! 

Neuri Adilio Alves
Professor, Filósofo e Pesquisador 

Nota de rodapé:
…..........................................................................................................................................................

A título de curiosidade reproduzo as notas recebidas da CHApecó Gráfica, e não a XApecó real:

ÓTIMO (5)____BOM (4)____REGULAR (3)____RUIM (2)____PÉSSIMO (1) 

- Moradia........................................................................................................................ 3,5
- Infraestrutura ............................................................................................................ 3,5
- Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente ...................................................... 3,2
- Moradia.................................................................................................................... 3,9
- Acesso a Comunicação ............................................................................................ 3,5
- Segurança Pública..................................................................................................... 3,1
- Trabalho e Renda ......................................................................................................3,5
- Transporte, Transito e Mobilidade Urbana................................................................. 3,0
- Cultura, Lazer e Esporte.............................................................................................3,5
- Saúde........................................................................................................................3,0 


Experimenta digerir você também...  Eu tentei!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A TRAVESSIA DE UM SÉCULO QUE ENCANTA E ADOECE

''A vida é muito mais do que vemos, é fundamentalmente o que sentimos e fazemos, e sem esse respiro da essência a vela da existência se apaga no primeiro sopro.''

Vivemos uma época singular da história humana como viajantes na grande nave do tempo. Somos testemunhas da passagem de um século para outro, talvez o mais fecundo em transformações e deslumbramentos em toda odisseia da humanidade. Dos vultuosos avanços da ciência e produção tecnocientífico ao acúmulo exorbitante do capital. Do consumo desenfreado e desnecessário a liquidez de todos os valores essenciais a vida, como se tudo estivesse sendo conduzido por uma esteira do encantamento efêmero, ao encontro com o nada, com o absurdo.

Se por um lado, poderíamos afirmar que em nenhuma outra fase histórica da humanidade se produziu tanto para tornar a vida mais cômoda, atrativa, dinâmica e superficialmente feliz. Por outro, podemos dizer também que em nenhuma outra tivemos uma imensa massa de indivíduos mergulhados num abismal fosso vazio de sentido para a vida. É esse abismo que se abre no seio existencial dos seres humanos, protagonizadores no palco deste admirável mundo novo, tão plastificado na sua aparência e violentado na essência da vida. Se há um legado que a travessia do século nos trás é este: conviver com tudo e se sentir sem nada.

Porque ela nós trás uma silenciosa e letal crise de sentido, aquilo que o brilhante escritor russo Dostoiévski gestou em suas obras e grandes filósofos dissecaram como ''niilismo'' (nihil), o encontro com o nada. Pesquisas mensuradas em várias partes do mundo, apontam para índices alarmantes e devastadores de suicídios, depressões e estresse. Formando o bloco patológico das doenças existências. 

O que falta? Falta a esperança, a essência que nos foi tirada, a vida roubada, o dia que nos foi tolhido, a ética suprimida. Falta a justiça, a felicidade como essência, o sonho como motor primevo, a poesia. Falta os versos na linguagem do encanto e espanto, falta algo que volte a nos preencher como humanos. Porque estamos mergulhados no absurdo do 'tudo pode e pouco determina', como barcos a deriva sob o olhar atônito do telespectador que nos vê sob o prisma da satisfação, de uma realização fictícia, insólita. 

O escritor vienense Victor E. Frankl, sobrevivente dos campos de concentração nazista em Kaufering e Türkheim, foi um dos primeiros intelectuais do mundo a descrever o 'Ser Humano' como uma unidade apesar da totalidade. Rompendo com isso o determinismo reducionista da psicanálise freudiana que nos 'reduzia e reduz' a uma espécie de 'feixe de energia perversa'. Frankl tinha profundas razões como sobrevivente do holocausto, pois encontrar um sentido para vida está muito além da mera realização dos desejos, ela precisa da essência do todo, do significado. Sentir que a vida pode valer a pena apesar das tempestades, dos sonhos frustrados, do cansaço diário, da esperança vencida, do sofrimento e seus limites. 

A vida é muito mais do que vemos, é fundamentalmente o que sentimos e fazemos, e sem esse respiro da essência a vela da existência se apaga no primeiro sopro. 

Neuri Adilio Alves
Licenciado em Filosofia, Professor Pesquisador e Palestrante.