domingo, 1 de dezembro de 2013

UMA JUSTIÇA SEM VENDA, SEM BALANÇA E SÓ COM A ESPADA?

Publicado: 01/12/2013

"Com o Ministro Barbosa a Justiça ficou sem as vendas... Só usou a espada para punir mesmo contra os princípios do direito. Não honra seu cargo e apequena a mais alta instância jurídica da Nação."

Tradicionalmente a Justiça é representada por uma estátua que tem os olhos vendados para simbolizar a imparcialidade e a objetividade; a balança, a ponderação e a equidade; e a espada, a força e a coerção para impor o veredito.

Ao analisarmos o longo processo da Ação Penal 470 que julgou os envolvidos na dita compra de votos para os projetos do governo do PT, dentro de uma montada espetacularização mediática, notáveis juristas, de várias tendências, criticaram a falta de isenção e o caráter político do julgamento.

Não vamos entrar no mérito da Ação Penal 470 que acusou 40 pessoas. Admitamos que houve crimes, sujeitos às penas da lei. Mas todo processo judicial deve respeitar as duas regras básicas do direito: a presunção da inocência e, em caso de dúvida, esta deve favorecer o réu.

Em outras palavras, ninguém pode ser condenado senão mediante provas materiais consistentes; não pode ser por indícios e ilações. Se persistir a dúvida, o réu é beneficiado para evitar condenações injustas. A Justiça como instituição, desde tempos imemoriais, foi estatuída exatamente para evitar que o justiçamento fosse feito pelas próprias mãos e inocentes fossem injustamente condenados mas sempre no respeito a estes dois princípios fundantes.

Parece não ter prevalecido, em alguns Ministros de nossa Corte Suprema esta norma básica do Direito Universal. Não sou eu quem o diz mas notáveis juristas de várias procedências. Valho-me de dois de notório saber e pela alta respeitabilidade que granjearam entre seus pares. Deixo de citar as críticas do notável jurista Tarso Genro por ser do PT e Governador do Rio Grande do Sul.

O primeiro é Ives Gandra Martins, 88 anos, jurista, autor de dezenas de livros, Professor da Mackenzie, do Estado Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra. Politicamente se situa no pólo oposto ao PT sem sacrificar em nada seu espírito de isenção. No da 22 de setembro de 2012 na FSP numa entrevista à Mônica Bérgamo disse claramente com referência à condenação de José Dirceu por formação de quadrilha: todo o processo lido por mim não contem nenhuma prova. 

A condenação se fez por indícios e deduções com a utilização de uma categoria jurídica questionável, utilizada no tempo do nazismo, a “teoria do domínio do fato.” José Dirceu, pela função que exercia “deveria saber”. Dispensando as provas materiais e negando o princípio da presunção de inocência e do “in dúbio pro reo”, foi enquadrado na tal teoria. Claus Roxin, jurista alemão que se aprofundou nesta teoria, em entrevista à FSP de 11/11/2012 alertou para o erro de o STF te-la aplicado sem amparo em provas. De forma displicente, a Ministra Rosa Weber disse em seu voto:”Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. Qual literatura jurídica? A dos nazistas ou do notável jurista do nazismo Carl Schmitt? Pode uma juíza do Supremo Tribunal Federal se permitir tal leviandade ético-jurídica?

Gandra é contundente:”Se eu tiver a prova material do crime, não preciso da teoria do domínio do fato para condenar”. Essa prova foi desprezada. Os juízes ficaram nos indícios e nas deduções. Adverte para a “monumental insegurança jurídica” que pode a partir de agora vigorar. Se algum subalterno de um diretor cometer um crime qualquer e acusar o diretor, a este se aplica a “teoria do domínio do fato” porque “deveria saber”. Basta esta acusação para condená-lo.

Outro notável é o jurista Antônio Bandeira de Mello, 77, professor da PUC-SP na mesma FSP do dia 22/11/2013. Assevera:”Esse julgamento foi viciado do começo ao fim. As condenações foram políticas. Foram feitas porque a mídia determinou. Na verdade, o Supremo funcionou como a longa manus da mídia. Foi um ponto fora da curva”.

Escandalosa e autocrática, sem consultar seus pares, foi a determinação do Ministro Joaquim Barbosa. Em princípio, os condenados deveriam cumprir a pena o mais próximo possível das residências deles. “Se eu fosse do PT” – diz Bandeira de Mello – “ou da família pediria que o presidente do Supremo fosse processado. Ele parece mais partidário do que um homem isento”. Escolheu o dia 15 de novembro, feriado nacional, para transportar para Brasília, de forma aparatosa num avião militar, os presos, acorrentados e proibidos de se comunicar. José Genuino, doente e desaconselhado de voar, podia correr risco de vida. Colocou a todos em prisão fechada mesmo aqueles que estariam em prisão semi-aberta. Ilegalmente prendeu-os antes de concluir o processo com a análise dos “embargos infringentes”.

O animus condemnandi (a vontade de condenar) e de atingir letalmente o PT é inegável nas atitudes açodadas e irritadiças do Ministro Barbosa. E nós tivemos ainda que defendê-lo contra tantos preconceitos que de muitas partes ouvimos pelo fato de sua ascendência afrobrasileira. Contra isso afirmo sempre:“somos todos africanos”porque foi lá que irrompemos como espécie humana. Mas não endossamos as arbitrariedades deste Ministro culto mas raivoso. Com o Ministro Barbosa a Justiça ficou sem as vendas porque não foi imparcial, aboliu a balança porque ele não foi equilibrado. Só usou a espada para punir mesmo contra os princípios do direito. Não honra seu cargo e apequena a mais alta instância jurídica da Nação.

Ele, como diz São Paulo aos Romanos:”aprisionou a verdade na injustiça”(1,18). A frase completa do Apóstolo, considero-a dura demais para ser aplicada ao Ministro.

Leonardo Boff foi professor de Etica na UERJ e escreveu Etica e Moral: em busca dos fundamentos, Vozes 2003.

Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Black blocs: os primos sem máscara


Um leitor bem humorado de Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, sugeriu a aproximação entre os blackbocs mascarados que atormentam a cidade e os economistas da pré candidata Marina Silva. Estes seriam, pela ideologia, blackblocs sem máscara. O exagero normal de piadas não deixa de ter fundamento, neste caso, na convergência real entre ideais confessos de uns e ações delinqüentes de outros.

Mascarados e sem máscara, ou desmascarados, são contra tudo que está aí. Sendo o país altamente complexo em sua produção material, vida associativa e política, “tudo que está aí” é muita coisa para ser conhecida e avaliada no atacado. A menos, deve ser reconhecido, que os juízes estejam possuídos por estereótipos bebidos em fundamentalismos religiosos ou ideológicos. Embora rezando por bíblias diferentes, não há dúvida que blackblocs mascarados e sem máscara confraternizam no credo essencial.

Pelo passado de uns, os desmascarados, e presente de outros, os blackblocs mascarados, todos têm por objetivo o desmanche do patrimônio público, seja por destruição material direta, seja por supressão legal ou, ainda, por alienação a terceiros. A variação e bom gosto no modo de vestir dos sem máscara, em contraste com o militarizado uniforme negro dos mascarados, não disfarça a hostilidade à propriedade pública que compartilham. Com ou sem máscara são todos destrutivos blackblocs.

A mídia tradicional e as redes sociais funcionam como atraentes espelhos das manifestações de violência verbal, escrita ou de comportamento. Exibicionistas, anunciam onde vão agir pela força de paus e pedras ou pela compulsão das leis que pretendem elaborar. Discrição e modéstia não fazem parte do cardápio de moral e cívica desses autoritários em disponibilidade.

Entre as convergências avulta a doentia incapacidade de organizar algo construtivo. São parasitas dos movimentos sociais. Não se conhece uma instituição de defesa de coletividades que tenham criado. Mas estão sempre presentes no aproveitamento das atividades e organizações de construtores sociais, sugando-lhes a fama, a energia ou os propósitos. Foi o que fizeram em tempos idos, os sem máscara, com as empresas estatais criadas com os recursos e sacrifício da população. E voltariam a fazê-lo se lhes fosse concedida outra oportunidade. Não facilitaram a emergência de ações coletivas, empreitada sempre difícil e não raro cheia de perigos. Mas os mascarados se aproveitam das naturais e legítimas mobilizações dos setores mais carentes para sugá-los e macular os propósitos de suas paradas e manifestações.

Desprezam as instituições de representação popular (sindicais, políticas, pacificamente reivindicatórias) a elas dirigindo permanente crítica difamatória e humilhante, no que são coadjuvados pela imprensa blackbloc, muito mais do que marrom. Pontificam nas colunas jornalísticas os acometidos de dandismo intelectual, cheios de si pela ausência de contraditório que lhes devolveria a altura própria. Esnobes, só conversam entre si e acham lindas, exemplos de “democratização da democracia” (redundância charlatanesca), as tentativas selvagens de invasão de assembléias legislativas.

Finalmente, o anarquismo cruzado em benefício próprio. Face às tensões entre interesses populares e mercado, são radicalmente contra a regulação do Estado nos conflitos da sociedade (blackblocs mascarados) e no funcionamento a mãos livres do mercado (blackblocs desmascarados).

Há muito mais parentesco entre os blackblocs mascarados e os sem máscara do que é capaz de imaginar o inocente bom humor de observadores. Daria uma narrativa interessante fantasiar o que aconteceria em uma comunidade submetida à ideologia e à ação desses primos em barbárie. Os dois grupos, enjaulados, provariam da própria medicina.

Por, Wanderley Guilherme dos Santos, Cafezinho 31/10/13
Fonte:
http://www.ocafezinho.com/2013/10/31/os-black-blocs-sem-mascara-por-wanderley-guilherme/


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CHAPECÓ - HOSPITAL MUNICIPAL DA IRRESPONSABILIDADE

"Aqui tem tudo pra piorar ainda mais, mesmo que tudo fique apenas nos comentários!" 

Esse teria que ser o nome no momento para a fachada de ''HOSPITAL DA CRIANÇA'', inaugurado pela 'falida Prefeitura de Chapecó', que com a especialista pirotecnia Politica de sempre o hospital teria a função de ser referência no cuidado as crianças e mães. A mesma administração que até agora, pelos comentários ''Parte 1'' (eu disse comentários) circulando por ai, e talvez justifique a falta de médicos no atendimento das crianças não pagou o Salário desses profissionais referente ao mês de setembro. 

A grande verdade nisso tudo é que o povo (os pais com filhos doentes) não querem saber se foi atendido 200 crianças em um só dia. Até porque Hospital Publico não é construído pra funcionar em horário comercial e muito menos pra servir as mentir dos administradores da saúde pública do Município de Chapecó e suas injustificáveis explicações.

Pois com certeza a Prefeitura: 
- já fez o repasse milionário as empresas licitadas para organizar a Efapi;
- já pagou a parcela dos milhões em publicidade mensal; 
- já pagou os alto salários de seus Diretores, Secretário e puxa sacos comissionados.

Isso oportuniza também ampliar o debate para a uma provocação: - Porque o CRM (Conselho Regional de Medicina), ativista dos discursos Xenofóbicos, fascista tão manifesto na vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil (Programa + Médicos do Governo Federal) não se manifesta agora? Pelo menos pra justificar pra população de Chapecó e oeste catarinense a suposta falta de médicos, ou o não pagamento de salários, ou falta de condições de trabalho!

Ainda sem querer apimentar o grau de vergonha, acrescentando a esse descaso no atendimento, pois também pelos comentários ''Parte 2'' (eu disse comentários), um Médico Cirurgião Plástico tem usado a estrutura do 'Hospital da Criança' pra fazer cirurgias de estética para Lipoaspiração e Implante de Silicone em pacientes particulares. - Que tal uma investigação a fundo por parte da imprensa local (se ela existe) ou então da justiça pra ver se confirma tais boatos? - O que dizer mais do que isso?

Apenas que com menos sangria do dinheiro publico em desnecessárias ações duvidosas de publicidade seria possível oferecer atendimento com dignidade ao povo de Chapecó sem a necessidade das mentiras de uma década! E ao povo fica a dica: somente a superação da cegueira imediatista do compensatório, distribuído durante o período eleitoral pode ser o caminho da mudança amanhã. 

Pois, a pior das patologias é a do auto engano que acomete os cidadãos e compromete a ação qualitativa, responsável e de competência do Ente administrativo. E nesse caso em especifico do Hospital da Criança onde as principais vitimas são os pequenos cidadãos de Chapecó, porque sem escolha consciente e comprometida do eleitor tudo se encaminha para o choro, gritos e ranger de dentes. Aqui tem tudo pra piorar ainda mais, mesmo que tudo fique apenas nos comentários! 

ACELERA, ACELERA CHAPECÓ, mesmo sobre os comentários de peitos siliconados, gordurinhas lipoaspiradas, mães desesperadas e a obesidade mórbida de mentira, se é o que temos para o momento!

Neuri Adilio Alves
Pesquisador de Filosofia, livre das amarras da Ilusão.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A FLECHA VERDE DO OESTE ATRAVESSOU O ORGULHO PRECONCEITUOSO

“Ensaio escrever algo sobre Campeonato Brasileiro da Série B, em especifico o jogo Avai 1 X 2 Chapecoense, porque mais uma vez foi a vitória da Humildade contra a Arrogância. Foi o jogo do competente sucesso de uns, contra a magoa, o pré conceito e fracasso momentâneo de outros.

Não dá pra deixar de manifestar meu orgulho em dizer aos quatro cantos do meu país por onde já andei, que nasci e cresci na cidade de Chapecó. Nesta região de gente honesta, trabalhadora e de grande valores culturais. Embora, em um estado brasileiro onde existem nichos de ColoniZADOS com cabeça de coloniZADORES, que adoram nos chamar de Índios como instrumento do adjetivismo depreciativo. Uma clara manifestação de mentalidades pobres, mesquinhas e imaturas. 

Porque digo isso? - Porque o orgulho insano dos que vivem da miséria de cultura, do bairrismo geográfico como sinônimo de emancipação e status social, da leviandade madura não conseguem admitir. Afinal, deve estar sendo duro para alguns torcedores de Clubes como Avai, Figueirense e Joinville aceitar que um Time de Futebol do INTERIOR do Estado de Santa Catarina (na terra de índios) possa estar dando espetáculo: primeiro de humildade e depois de competência tática aos ditos grandes do futebol catarinense dentro dos próprios estádios. Exemplo disso, a recente vitória da Chapecoense no último sábado contra o AVAI em plena Ressacada!

Mas este meu manifesto se direciona em especifico as redes sociais onde tem sido ASSUSTADOR os atos de preconceito, DEGRADANTE pela arrogância, TRISTE pela displicência vergonhosa como alguns torcedores dos citados clubes grandes buscam atentar contra o sucesso da Chapecoense e o povo do Oeste Catarinense na Série B do Campeonato Brasileiro. Tomados de uma espécie de complexo de inferioridade, imaturos que são, buscam atingir o legado de nossa cultura. Fazem questão de usar expressões como 'ÍNDIOS DO OESTE' na tentativa de nos ofender. Como se nós tivéssemos no mesmo nível de alienação secular do qual estão mergulhados, e ficássemos magoados. 

Ao contrário do que eles pensam com essa compreensão limitadissima de valores, isso nos faz mais forte, porque realça parte de nossas raízes, de nossa cultura, de nosso ethos social, nosso orgulho de povo. Porque TEMOS SIM um PÉ NA ALDEIA (seja Guarani, ou Kaingang), assim como temos também as duras cicatrizes de uma colonização bandida, criminosa e não podemos esconder. Mas acima de tudo, somos um povo, movidos na paixão pela terra que converge com tudo o que se busca, inclusive também no futebol. 

A grande verdade, é que sem identidade não há conhecimento, talvez seja isso que nos faça diferentes, porque temos uma forte identidade cultural e histórica. O problema dos complexos, pertence tão somente aos que precisam continuar procurando a própria identidade no grande fosso da ignorância, do preconceito, explicitado na falta de cultura. Ou então, continuar na arte de reinventar as mentiras e o ledo engano de emancipação social a si mesmos, sendo esse o pior dos caminhos.

Nada tenho contra a geografia litorânea catarinense e o povo que lhes ocupa de forma civilizada, madura e que contribuem para a construção de nosso estado. Entre esses, meus 4 irmãos e centenas de amigos e conhecidos que há décadas pra lá mudaram-se. Mas não posso dizer o mesmo dos que habitam o terreno movediço da falta de educação, de respeito, e suas insanidades do fanatismo desprovidos de razão. São os mesmo que geralmente fazem do futebol uma válvula de escape para suas frustrações, suas agressividade covardes, usando do bairrismo depreciativo e preconceituoso.

Mas preciso reafirmar que vitórias como as que a Chapecoense (o Time de Índios) obteve contra o ' ''GRANDE AVAI'' ', deveria valer 6 pontos, afinal:

... é a vitória de um time "PEQUENO" mas com grande humildade;

... é a vitória de um time "MODESTO" mas com imenso orgulho de suas origens;

… é a vitória de um time com “OBEDIÊNCIA TÁTICA” contra o orgulho e as altas folhas de pagamentos do adversário;

... é a vitória de um time de "ÍNDIOS" (como vós adoram dizer) mas que tem orgulho das batalhas travadas com dignidade porque é feito por guerreiros;

... é a vitória de um time de Homens, despidos do pré conceito, por isso se tornam grandes;

... é a vitória de um time, de um povo de toda Região Oeste que tem orgulho do contato com a terra, com o mato, a produção de suínos e aves;

... é a vitória de um time sem chuteiras, porque calçam os pés com a alma, coração e os sonhos, que os orgulhosos alimentados pelo preconceito não conseguem ter.

Ah, antes que eu esqueça! Por esses dias o povo do Oeste Catarinense vai dormir de alma lavada, honra defendida, orgulho de sua história. A memória de nossas origens encravadas no coração das rodas de conversa, e nos livros de história se reafirma na alma talentosa de um grupo jogando bola. 

A vós, só resta a esperança de que possam mais cedo ou mais tarde se despirem do orgulho de colonizados, mimetizados na ignorância desinformada. Para que assim possam subir, não a primeira divisão do futebol, mas da maturidade e respeito com os valores da cultura diferente. Algo que a ignorância pertencente aos arrogantes não deixa se abrir. 

Não sou um apreciador nato do futebol, porque o meu campo é a "Arena" das palavras, dos livros, e a trave com a qual eu luto diariamente é para romper as arestas de minha própria ignorância. Confesso! Não é fácil, mas tenho aprendido muito com os mais humildes e as culturas diferentes, e o meu Gol de placa favorito é o respeito. Quanto a Chapecoense parece ser inevitável continuar provocando ciumes, porque a SÉRIE A vem ai! E AMANHÃ TEM MAIS!

Neuri Adilio Alves 
Filósofo, Professor Pesquisador 

domingo, 13 de outubro de 2013

MAS O QUE É A ESCOLA?

"A escola é uma experiência... é uma esperança."

A escola não é ilha isolada no oceano social. Não é lugar para guardar crianças, ou reformá-las, embora possa ajudar, orientar e até alimentar. A escola não é paraíso. Nem inferno. A escola não está aí por acaso. A escola salvará a sociedade se a sociedade salvar a escola. 

Os professores são pessoas cuja profissão é ajudar na humanização de outras pessoas, os alunos. Cabe aos professores avaliarem os alunos. Avaliação não é punição. Não é acusação. Não é vingança. Não é fatalismo. Não é perseguição. Não é condescendência. 

Cabe aos pais acompanharem os filhos. Conversar com os filhos sobre a escola. Conversar com a escola sobre os filhos. Conversarem pai e mãe entre si sobre a escola que os filhos freqüentam. 

Cabe aos alunos entenderem a escola. Cuidarem dela. Defendê-la. A escola não é ponto de tráfico de drogas. A escola não é a sede do tédio. Não é apenas lugar de encontro. Mas o que é a escola mesmo? 

A escola não é uma idéia vaga. Não é um lugar onde há ou não há vagas. Não é vagão de trem onde entramos e do qual saímos quando chega à próxima estação. 

A escola não é a sua quadra de esportes, não é um conjunto de salas de aula, não são suas paredes (sujas ou limpas), janelas (abertas ou fechadas), portas (com cadeados ou não), armários (vazios ou cheios), escadas (perigosas ou seguras), computadores (novos ou obsoletos), bibliotecas (reais ou fictícias). A escola não é o que vemos. 

A escola não é arquivo morto. A escola não é cabide de empregos. Não é moeda de troca política. Não é campo de batalha. Não é um curso de idiomas. Não é empresa competitiva. A escola não é clube, não é feira, não é igreja, não é partido. 

A escola, o que é? Sabe a escola nos dizer o que ela é? Alguém sabe? 

A escola é um problema insolúvel. 
A escola é uma probabilidade. 
A escola é uma experiência... é uma esperança.

(*Texto publicado em abril de 2008*)

Gabriel Perissé - Professor Palestrante e EscritorPós-doutor em Filosofia e História da Educação pela Unicamp

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CHAPECÓ - EFAPI 2013 VAI DAR PREJUÍZO? É O QUE PARECE!

A baixa expectativa na venda de Ingresso pra Feira já compromete as dividas assumidas! Sim, os primeiros dias apontaram que haveria baixa na venda quando se esperava comercializar mais de 500 mil ingressos pra cobrir os custos!

Por isso, ao contrário do que muitos pensam que a redução nos valores majorados de Ingressos para Efapi foi uma ação benevolente de 'Politica Social de Acesso' a feira por parte do proposta pelo candidato a Deputado Federal em campanha para 2014 errou. O que aconteceu foi que a expectativa de atração do público que estava acima da realidade mesmo com os preços elevados nos ingressos fracassou e a arrecadação que ficaria no limite dos custos, agora acena pra prejuízo. 

E com a frustração na expectativa venho o susto com a dupla conta pra pagar com as múltiplas "atrações artísticas" diárias. Por isso a estratégia desesperada para tentar atrair mais público e minimizar o imenso impacto nas despesas de contrato como os "artistas midiáticos globais" que deve atingir no minimo a casa dos 5 milhão de reais com as mais de 30 atrações. O público pagante não dará conta de pagar os custos de tudo isso!

Dizer que a feira vai atingir a casa de 500 mil visitantes não quer dizer nada quando se trata de cobrir gastos, tendo em vista que nem todo numero de visitantes significa arrecadação de ingressos. Aliás, em torno de 60% apenas desse público pagaria ingressos, o restante fica como os dias de gratuidade, somando a esses as franquias para amigos, patrocinadores, aliados políticos e organizadores da feira.

Então! Que bom que baixou o Valor dos Ingressos! - Que bom que minha cabeça ainda esta tão bem aguçada para dissecar as artimanhas dos que pensam que podem enganar a todo mundo! - Que bom seria se o Povo abrisse os olhos e boicotasse a festa cretina na sua totalidade!

Tenho a impressão que a feira vai dar prejuízo por duas razões: PRIMEIRA porque a venda de ingressos ficou abaixo da expectativa esperada e a lógica dos dois shows por noite não decolou motivações multiplicadas. SEGUNDO, muitos expositores, 'os grandes' com certeza receberam o bônus da isenção em detrimento de favores passados ou futuros que viram em breve para 2014.

Finalmente! Que vergonha aos que insistem em continuar enganando o povo. Mesmo quando o Ministério Público descobre irregularidades nas licitações para os Shows e bloqueia os bens das empresas Gdo e SMO, ( ao que parece "dedocraticamente vencedoras" da Licitação), do Coordenador da Feira e do Prefeito Caramori em valores que atinge 12 milhões de reais bloqueados.

Se a gente somar todas as mazelas em torno da Feira, do BOLSA ALFAFA pra Cavalos de Raça, BOLSA FAVORECIMENTO pra Grupos Seletos, e os BÔNUS ALIADOS do Governo, teremos sim uma espécie de Corte Realeza completa com o REI, PALHAÇO, BOBO e a PLEBE. O J. REI favorecido para 2014, os Palhaços da Publicidade sorrindo a toa, o Bobo da corte com cara de inocente, e todos nós da Plebe pagando as contas. O Espetáculo parece circense, mas tem sabor amargo de ônus aos cofres públicos e imagem manchada da cidade mais uma vez. 

ATÉ ONDE ESSE ESPETÁCULO PATÉTICO AINDA VAI?

Neuri Adilio Alves
Filósofo, Professor Pesquisador

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

DAS MARCAS E IDENTIDADES POLITICAS

“A política é a arte do possível. Toda a vida é política”. (Cesare Pavese)


Depois das eleições, é comum que diferentes pontos de vista sejam empenhados para justificar os resultados e o suposto recado da população através das urnas. Para além destes elementos, é importante destacar como os políticos, agora eleitos, foram conquistando para si a confiança dos outros e como foram capazes de mobilizar mentes e corações que os acompanharam durante o período eleitoral. Nas eleições municipais, a proximidade, o conhecimento e reconhecimento dos candidatos somam-se para a definição e tem certo peso na definição das escolhas.

Cada um de nós compõe a sua história social. Somos o que somos e o que representamos. Em torno da gente, construímos um ideário que se compõe a partir das nossas ideias e atitudes, das nossas relações pessoais e interpessoais e dos nossos posicionamentos em relação à vida, à sociedade e o mundo. Todos somos seres políticos e “toda a vida é política” porque viver em sociedade exige posicionamentos, opções e virtudes, permanentemente. Quem se dispõe à vida pública deve saber que todos estes elementos serão avaliados e confrontados com aquilo que propõe como soluções coletivas. Daí que não é possível separar a pessoa da função ou do cargo e vice-versa.

A política, para além da busca do bem-comum, é uma grande paixão que alimenta horizontes utópicos pessoais e coletivos. Cada candidato, ao longo de sua vida, foi construindo um capital social que, nas eleições, colabora para criar uma identidade com o seu eleitor. Este capital é social porque construído na relação com a comunidade, com o partido e com seus pares (apoiadores). Muitos chamam este capital de carisma, de marca, de imagem, de identidade própria, de peculiaridade.

Quando o marketing e a propaganda política traduzem e afirmam a identidade dos candidatos, cumprem papel preponderante para subsidiar a escolha dos eleitores (ao ler esta reflexão você pode estar avaliando o quanto foi influenciado pela propaganda e mídia na decisão de seu voto). Do contrário, a propaganda soa falsa, não cola na imagem do candidato e passa ao eleitor uma ideia de falsidade ou inverdade.

Contexto político e econômico favorável, apoio político, fala boa e bem articulada, boa comunicação, marketing e argumentos bem construídos nem sempre são suficientes para ganhar uma eleição. Ao analisar boa parte dos prefeitos eleitos em nosso país, inclusive os muito bem votados, podemos constatar que, em grande medida, a maioria elegeu-se também por conta de sua marca e identidade pessoal na vida pública. Daí a imaginar que, se não preponderante, a marca e a identidade pessoal são um grande “plus” para quem deseja ganhar uma eleição.

Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos