terça-feira, 19 de outubro de 2010

Após baixarias tucanas, Dilma cresce e 

abre 12 pontos sobre Serra

 

A vantagem de Dilma Rousseff sobre José Serra no segundo turno da corrida presidencial cresceu quatro pontos percentuais em apenas seis dias – o que deixa a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando mais próxima da vitória na eleição de 31 de outubro. É o que aponta pesquisa Vox Populi/iGdivulgada na manhã desta terça-feira (19). 



Por André Cintra


Segundo o instituto, Dilma tem 51% das intenções de votos para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – seu principal apoiador. Já Serra, à frente de uma das campanhas mais sujas no Brasil desde as últimas décadas, caiu para 39%. Em relação ao Vox Populi de 13 de outubro, a petista cresceu três pontos percentuais, enquanto o tucano caiu um – ela tinha 48%, contra 40% de Serra.

Pretendem anular ou votar em branco 6% dos entrevistados – mesmo patamar da última pesquisa. O índice de eleitores indecisos, no entanto, caiu de 6% para 4%. A margem de erro estimada pelo instituto é baixíssima – apenas 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.

Nos chamados votos válidos (que excluem brancos, nulos e indecisos), a dianteira de Dilma fica mais evidente. A presidenciável – que tinha oito pontos à frente Serra (54% a 46%) na semana passada – agora lidera mais folgadamente: 57% a 43%. 

Segundo o Vox Populi, é no Nordeste e no Sudeste que o desempenho de Dilma justifica a diferença cada vez mais sólida sobre Serra. Entre os nordestinos, a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando é a preferida de impressionantes 65%, ao passo que Serra amarga 25%. 

Esse trunfo exigiria que a candidatura demo-tucana compensasse a votação nos maiores colégios eleitorais do Brasil, concentrados no Sudeste. Nessa região, porém, Dilma também ampliou a vantagem e lidera a disputa – por 47% contra 40%. O consolo de Serra está no Sul, onde ele segue à frente de Dilma, com 50% – ela aparece com 41%.

Aborto e renda

A pesquisa Vox Populi mostra que boa parte do eleitorado reagiu negativamente à baixaria da campanha Serra. Com a imposição de temas como o aborto na pauta eleitoral, quem mais se beneficiou foi Dilma – que reduziu sua desvantagem no eleitorado evangélico (42% a 44%) e consolidou sua vantagem entre os católicos praticantes (54% a 37%) e não praticantes (55% a 37%). O eleitorado declaradamente ateu também prefere a petista – 49% a 36%.

Candidato das elites, Serra só lidera o pleito – e, ainda assim, na margem de erro (44% a 42%) – na faixa do eleitorado que ganha mais de cinco salários mínimos e nos entrevistados com nível superior (47% a 40%). Dilma, em contrapartida, massacra o tucano por 61% a 31% entre os eleitores que recebem não mais que um mínimo. Vence também (55% a 38%) no segmento do eleitorado com até a 4ª série do ensino fundamental.

Dilma tem voto mais convicto

O levantamento do Vox Populi ouviu 3 mil eleitores de 15 a 17 de outubro e foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o número 36.193/10. Devido ao período de sondagem, a pesquisa não capta os efeitos do debate monótono entre Dilma e Serra promovido no domingo pela Rede TV! e da excelente entrevista de Dilma na segunda-feira ao Jornal Nacional.

De qualquer maneira, há um dado na pesquisa que aponta a cristalização da preferência do eleitorado. É que, segundo o Vox Populi, 89% dos que eleitores que declararam voto em algum candidato já se definiram de maneira irreversível. Apenas 9% admitem mudar de preferência. A boa notícia é que os eleitores de Dilma são os mais convictos – 93% dos dilmistas declaram que seu voto está consolidado. Já no eleitorado de Serra, esse índice é de 89%.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


A ceia facista

Aprendi ao longo de minha vida que os valores cristãos precisamser respeitados em todas suas dimensões, assim como para além da liberdade de culto religioso reside o direito constituído de cada cidadão neste país como um instrumento de emancipação da maturidade espiritual na sua liberdade de escolha.  O que choca é saber que em período eleitoral pastores como da Igreja Quadrangular usaram o momento supostamente sagrado da Santa Ceia de seus fiéis para passar vídeos de caráter puramente político e apócrifo buscando influenciar seus fiéis e eleitores, incutindo-lhes terrorismo eleitoral em relação à candidata a presidência Dilma Rousseff como aconteceu na Igreja Quadrangular do Bairro Saic e em outras igrejas na cidade de Chapecó. 

Do ponto de vista jurídico um ato criminoso de coerção eleitoral, do ponto de vista Cristão um ato de terrorismo com a fé e os valores religiosos, do ponto de vista doutrinário uma violência ao evangelho, e do ponto de vista social uma profunda falta de respeito à fé dos seguidores. Minha mãe chocada me relatou o fato, profundamente decepcionada com a igreja a qual professa sua fé e serve a mais de 30 anos, por entender que naquele momento tão esperado da ceia sentiu sua fé violentada diante de um pastor despreparado, revestido de um cristo que exclui, que não é o crucificado mas o que crucifica, querendo servir  o pão virtual mofado e o falso vinho envenenado de mentiras aos seus fiéis. Resta a pergunta aos respeitados pastores da citada denominação religiosa se isso foi orientação da própria igreja ou iniciativa pessoal dos interesses iluminados de seu presbítero mal preparado. Assim como não faltam perguntas à atitude de bispos diretamente ligados a reacionária Cúria romana que assumiram para si o caráter de juízes em causa própria de uma instituição milenar que ao longo de séculos serve a eucaristia do suposto amor em certos momentos, regado ao sangue daqueles que ousaram contrariar suas verdades fabricadas em outros tempos. 

Vejamos o caso dos Bispos da Diocese de Guarulhos em especial o Bispo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini que mandaou confeccionar milhões de panfletos apócrifos contra a candidata Dilma e todos os candidatos da coligação. No mínimo um ato de terrorismo contra os seus fiéis, uma atitude violenta a democracia, a decretação da falência da ética social e dos valores cristãos de fiéis que depositam a moeda daviúva, para sustentar uma igreja de pequenos burgueses que vivem às custa da fé de seus seguidores. Para além destas repugnantes atitudes ficam perguntas aprisionadas no tempo, inaceitáveis a mim ex-seminarista; como os problemas tão antigos e tão pertinentes na instituição católica sobre as questões de pedofilia, homossexualismo,quebra do celibato, prestação de contas das arrecadações. Fatos que até hoje nenhum bispo se elevou e muito menos a CNBB para fazer materiais repudiando atitudes e atos criminosos de padres e bispos acusados de tais atos dentro da instituição. 

Atitudes tão contraditórias de casos de aborto forçado pelo lado de vitimas dos moralistas mais imorais, que dos altares e púlpito gritam um evangelho falido e violentado pelas suas próprias contradições, que combatem o homossexualismo para esconder o que vivem dentro da instituição, que pregam contra a infidelidade mas também tem sido agentes desta realidade. Assim bem como, muitos pastores que vivem as custa das desgraças da vida moderna, onde milhares de pessoas mergulhadas em suas frustrações e vazios existenciais buscam um alento para almas feridas, e se deparam com oportunistas de plantão que se apresentam com representantes de Cristo.

Aos que exercem com seriedade a vocação de pregadores que se reserve as desculpas e esperanças de vindouras e ternas bem aventuranças de um pecador como eu. E aos que tem feito da fé dos seus seguidores instrumento de suas ambições e contradições que se grite nosso lamento de repudio. Pois é inadmissível que possamos continuar silenciados diante de tantas injustiças e violência aos valores cristãos dentro destas instituições. Aos católicos fica a sugestão de Thomas de Aquino na Suma Teológica “ ... para se evitar um mal maior é licito que se cometa um menor”, neste caso o mal menor é que seja varrido para fora da instituição este lixo moralista e contraditório enquanto é tempo, pois esta mais que na hora de muitos padres e bispos entrarem no confessionário e confessar aos fiéis seus profundos atos de pecado, isso para não adiantar a necessidade urgente de sentarem no banco dos réus e serem julgado pelos seus crimes civis, pois se o código de direito canônico eles conhecem, talvez ainda falta conhecerem o Código de direito penal.

Do contrário poderá acabar valendo a máxima de Voltaire de que: “o mundo só será melhor o dia em que o ultimo sacerdote canalha for enforcado nas vísceras do ultimo Episcoporum omisso”. Que seja virada esta mesa eucarística onde tem servido ao invés do pão, laminas do ódio e no cálice do vinho vinagre que envenena. Pois ser doutrinário demagogo aparenta ser fácil ante a dificuldade de se encontrar como cristão. Se Cristo voltasse hoje muitos padres, Bispos e Pastores fugiriam para o inferno, e as igrejas deles se tornariam um cartão postal de Sodoma e Gomorra.

Neuri A²
Filósofo Existencialista

A santíssima trindade dos homens de bem

 

Gilson Caroni *
 

 A canalhice eleitoral também pode ser cruel e humilhante, quando adiciona à degradação do corpo político a desordem das idéias. Às vezes, para sorte dos náufragos, o processo é lento, de se medir em anos. Outras vezes, tem a perversão da rapidez e produz em suas vítimas súbita metamorfose. Esta velhice, a mais sofrida para quem dela padece e a mais chocante para quem a vê, abateu-se sobre a candidatura Serra.

 

A versão global-carismática da desmodernização brasileira parece não conhecer limites. Na disputa política, o “iluminismo tucano"  tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. Os dois fenômenos, o da fé mercantilizada e o da política dessecularizada,  tornaram-se imbricados, um aprendendo a usar os recursos do outro para alavancar os seus projetos que guardam inequívoca afinidade eletiva. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".

Se acrescentarmos ao quadro dantesco a Justiça Eleitoral usada como instrumento de poder, veremos o quanto está ameaçada a legitimidade da representação popular, sem a qual não existe democracia. Estaríamos assistindo à implantação no país de uma justiça de gabinete, considerada pelo pensamento jurídico mundial a forma mais infame de  prepotência principesca? Este é o projeto demotucano? Oremos todos.

A temperatura da campanha, agitada com os debates entre os candidatos e a demonização do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), nos obriga a retroceder no tempo para lembrar ao eleitor de classe média a tessitura do retrocesso em andamento. É interessante retornar a 2001, para aquilatarmos alguns dados e falas esquecidas.

Há nove anos, Márcio Pochmann, fazia uma precisa radiografia do desemprego e da precarização do trabalho, que assolava a economia brasileira(*). O autor apresentava quais os principais elementos que asseguravam a (triste) presença do Brasil no pódio, como um dos campeões do desemprego em escala mundial. Em suas palavras: “Em 1999, por exemplo, o Brasil ocupou o terceiro lugar no mundo em desemprego aberto, representando 5,61% do total do desemprego mundial,  apesar de contribuir com 3,12% na PEA global. Em contrapartida, no ano de 1986, a colocação do Brasil no ranking mundial foi a décima terceira, com participaçãó de 2,75% e representação de 1,68% do desempenho mundial".

O economista alertava que o perfil ocupacional do trabalhador brasileiro o deixava exposto aos efeitos deletérios da globalização, decorrentes da liberalização comercial e da desregulamentação do mercado de trabalho, sem constrangimento por parte das políticas macroeconômicas e sociais nacionais. Para quem acredita que Lula nada mais fez senão dar continuidade ao governo FHC, é legítimo indagar: sobre que bases em que está assentada esta crença?

O descontentamento com a crise energética influía negativamente na avaliação do governo FHC, de acordo com pesquisa  do Instituto Vox Populi, feita em junho de 2001. O percentual de ruim e péssimo saltava de 34 para 42%. A taxa de ótimo/bom refluía de 22% para 17%. Os entrevistados apontavam como piores áreas do governo: a saúde (29%), a energia elétrica (23%) e a segurança (17%). Ou seja, a gestão do “melhor ministro da Saúde que o país já teve", como alardeia a propaganda tucana, era a que apresentava a pior avaliação. Os tempos eram duros para o “homem de bem" dos púlpitos do Opus Dei.
Em 2002, aliados e estrategistas dos principais candidatos à Presidência acreditavam que o fechamento de um acordo com o FMI aliviaria o clima da campanha eleitoral por trazer mais estabilidade à economia e afastar a "argentinização" do Brasil.

O candidato do PSDB, José Serra, pretendia faturar o momento, apresentando-se como o único capaz de repetir o feito de fechar, se necessário, um novo acordo.  Seu raciocínio era contestado por outro ”homem de bem". O presidente do PPS, senador Roberto Freire, conhecido como “líder do governo na oposição", reagia com ironia aos prognósticos do tucano.

“Isso é uma besteira, algo risível. Esse acordo está sendo fechado para corrigir os equívocos da equipe econômica, totalmente subordinada ao FMI. Porque reduziram o estrago, agora querem virar os salvadores da pátria".

Freire, como se sabe, viria a apoiar Alckmin em 2006 e está na coligação tucana em 2010. Sua trajetória, como político de esquerda, é conhecida. Desde os tempos do velho PCB, o oportunismo açoita-o em direção da direita, em nome de evitar a vitória da direita pior. Sempre aderiu ao blablablá de combater o "inimigo de dentro"- o que, na linguagem cristalina da política, significa descolar uns empreguinhos no governo. E, quem sabe, um dinheirinho para a campanha. Esta sempre foi sua interpretação sobre o conceito gramsciano de "guerra de posição"

O DEM completa a tríade da santidade oposicionista. Nunca foi capaz de matricular-se num curso intensivo sobre como fazer campanhas eleitorais sem recursos do Orçamento da União, que fosse só na base do palanque, aqui entendido como discurso de identificação com a sociedade. Para tal, precisaria arrumar um projeto de país, coisa que jamais passou pela cabeça do seu ex-presidente, Jorge Bornhausen, conhecido pelo apelido de “Alemão", por conta do temperamento gélido e da ascendência genética.

Serra, Freire, Borhausen. Eis a santíssima trindade. Por ela, as redações rezam em editoriais e colunas: “dai-me sempre guarida, tende de mim piedade" O Estado laico não pode dizer amém.
* Poichman, Márcio. O Emprego na Globalização. SP, Boitempo, 2001

* É professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

Porque não sou um cristão

 

Carlos Pompe *
 

Em meio ao debate em que os dois postulantes à Presidência da República que ficaram para o segundo turno, Dilma e Serra, digladiam-se para mostrar quem é mais compromissado com os dogmas religiosos, um momento de reflexão e paz de espírito. Transcrevo trecho da palestra proferida por Bertrand Russell em 6 de março de 1927 em Londres, conforme reproduzida, com dois exemplos, no romance Indignação, do norte-americano Philip Roth.

 

“Primeiro, explicando por que não tem a menor validade o argumento da causa primeira, ele (Russell) diz: ‘Se tudo precisa ter uma causa, então Deus precisa ter uma causa. Se é possível existir alguma coisa sem uma causa, tanto pode ser o mundo quanto Deus’. Segundo, quanto ao argumento do desígnio, ele diz: ‘Você acha que, se recebesse o dom da onipotência e da onisciência, além de milhões de anos para aperfeiçoar o mundo, não seria capaz de produzir nada melhor do que a Ku Klux Klan ou os fascistas?’. Ele também discute os defeitos dos ensinamentos de Cristo tal como aparecem nos evangelhos, observando que, do ponto de vista histórico, é bastante duvidoso que Jesus Cristo tenha realmente existido. Para ele, o maior defeito na estrutura moral de Jesus é sua crença na existência do inferno. Russell diz ‘não sinto que ninguém que seja profundamente humano pode acreditar na punição eterna’, e acusa Jesus de demonstrar uma fúria vingativa para com as pessoas que não davam atenção a suas pregações. Ele discute com absoluta franqueza como as igrejas atrasaram o progresso humano e como, por sua insistência no que resolveram chamar de moralidade, infligiram sofrimento imerecido e desnecessário a todo tipo de gente.

 A religião, segundo ele, baseia-se predominantemente no medo – medo do misterioso, medo da derrota e medo da morte. O medo, para Bertrand Russell, é o pai da crueldade, e por isso não surpreende que a crueldade e a religião tenham caminhado de mãos dadas ao longo dos séculos. Devemos conquistar o mundo pela inteligência, diz Russell, e não nos deixando escravizar pelo terror que vem de vivermos nele. Toda a concepção de Deus, ele conclui, é indigna de homens livres. Esses são os pensamentos de um vencedor do Prêmio Nobel, renomado por suas contribuições à filosofia e por seu domínio da lógica e da teoria do conhecimento, com os quais estou de pleno acordo”.

Aqui termino a citação. Russell queria conquistar o mundo pela inteligência. Antes dele, Marx e seus seguidores defendiam o conhecimento profundo da realidade para melhor nela atuar e transformá-la. Mas voltemos à campanha eleitoral. O estado laico não está sendo defendido por nenhum dos que disputam eleitores para a Presidência em 31 de outubro. Dilma conta com meu voto, apesar vergar-se de forma temerária a cristãos reacionários de várias seitas. Ela representa um projeto de país melhor do que o do seu opositor.

Uma vitória de Serra (deus nos livre! Bata na madeira 3 vezes! Vade retro!) afastaria ainda mais o Brasil da perspectiva socialista.

Indignemo-nos juntos no twitter: @carlopo

* Jornalista e curioso do mundo.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

sábado, 16 de outubro de 2010


      Serra causa tumulto em igreja e é desmascarado por padre       


Terminou em tumulto uma missa neste sábado (16) na Basílica de São Francisco das Chagas, no município de Canindé (CE), que fez parte da agenda de compromissos da campanha eleitoral do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra.


No final da celebração, o padre disse que eram mentirosos os panfletos que circulavam na igreja afirmando que a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff, era a favor do aborto e tinha envolvimento com a organização insurgente colombiana Farc.

O padre disse que aquelas mensagens estavam sendo atribuídas à igreja, mas que ela não autorizava esse tipo de publicação em seu nome.

O senador em fim de mandato Tasso Jereissati (PSDB-CE), fragorosamente derrotado nas eleições de 3 de outubro, se exaltou e afirmou que era um “padre petista” como aquele que estava “causando problemas à igreja”. 

Foi mais um acesso de raiva e coronelismo do tucano rejeitado nas urnas pelo povo cearense.

Alguns partidários do tucano também se exaltaram e o padre saiu escoltado por seguranças. 

O panfleto não assinado que circulou na igreja falava em três “grandes motivos para não votar em Dilma”. O texto acusa a candidata de “ter se envolvido com as Farc”, de ser “favorável ao aborto” e de envolvimento em “casos de corrupção” na Casa Civil.

Durante a missa, a chegada de Serra e seus apoiadores causou tumulto. O padre pediu que Serra e seus seguidores não atrapalhassem o objetivo principal da cerimônia religiosa.

Fonte: Com agências

             Dilma e Lula em SP: "O amor vai derrotar o ódio"               


O presidente Lula fez na noite desta sexta-feira (15) um contundente discurso em repúdio aos ataques promovidos pelo PSDB de José Serra contra a candidatura de Dilma Rousseff. No comício em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, Lula chamou de "vergonhosa" a campanha de José Serra. Segundo o presidente, os adversários repetem o preconceito usado nas outras eleições para tentar “abusar da boa fé do povo”



“É uma vergonha o que eles estão fazendo na campanha. Mentindo e difamando. Que nós precisamos dizer a eles é que nós já conhecemos essa história. Não é a primeira vez que somos candidatos. Não é a primeira vez que nós vemos o preconceito contra a mulher. Isso é histórico e crônico aqui em São Paulo”, disse Lula.

Dilma, por sua vez, afirmou que o medo e o ódio propagados nestas eleições serão derrotados com amor. Em 2002, na primeira eleição do presidente Lula, a esperança venceu o medo. Agora é a vez do amor derrotar o ódio. "Eles querem usar o ódio, que é um sentimento irmão do medo. Casaram o ódio com o medo e querem que a gente não enxergue o que está em questão. Vamos derrotá-los com amor e esperança pelo Brasil", disse, diante de um público de milhares de pessoas.

“A opção entre um país da esperança e do amor, e o país do ódio e do medo é o que está em questão no dia 31 de outubro. Por isso, quero dizer que, com a força de vocês, se Deus quiser, eu serei a primeira presidenta da República”, completou Dilma, pedindo o voto dos eleitores da Zona Leste.

O presidente Lula e sua candidata alertaram para as promessas feitas apenas em época de eleição, lembrando que seu governo, em oito anos, fez mais pelos pobres que a elite em todos os períodos em que governou o Brasil.

“Eleição é época de promessas fartas. Estão prometendo até aumentar o salário mínimo. Mas governaram esse país a vida inteira e não aumentaram. Estão falando em dar até décimo terceiro para o Bolsa Família. Eu e Dilma, que passamos oito anos para fazer o Brasil subir ladeira acima, não podemos permitir que o Brasil desça serra abaixo”, advertiu Lula. 

Pré-sal

Lula citou ainda os pedágios cobrados nas estradas paulistas, que chamou de “assalto ao bolso do povo de São Paulo”. Dilma chamou atenção para a possibilidade de privatização do petróleo do pré-sal por seu adversário.

“Nós apostamos nos trabalhadores da Petrobras e descobrimos o pré-sal, aquela riqueza que está lá no fundo do mar. Aí vem o principal assessor do meu adversário e diz que o governo Lula está errado, que nós temos de privatizar o pré-sal. Querem privatizar o pré-sal para entregar para as empresas internacionais e levarem essa riqueza para o exterior. Isso nós não vamos deixar”, disse a candidata.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

   Garcia diz por que tema das privatizações incomodam Serra            


No primeiro debate televisivo do segundo turno desta campanha eleitoral, José Serra mostrou-se incomodado quando o tema das privatizações foi colocado por Dilma Rousseff. Serra quis dar ao debate da questão um significado eleitoreiro, talvez pensando que seja mais um "trololó" da esquerda, como gosta tanto de dizer.



Por Marco Aurélio Garcia*, na Folha de S.Paulo



Não é assim. Quando a sociedade brasileira é convocada para decidir os destinos do país nos próximos anos, nada mais natural que o papel do Estado em nosso projeto nacional de desenvolvimento seja devidamente debatido.

A questão das privatizações emergiu no governo Collor de Mello, dormitou no interregno Itamar Franco e ganhou força durante o período FHC.

Correspondeu a período marcado não só pela "débâcle" dos regimes comunistas europeus e pela deriva social-democrata como pelo aparente êxito da proposta neoliberal que vicejava na Inglaterra de Thatcher e no Chile de Pinochet.

As teses sobre a diminuição do papel do Estado -quando não da necessidade do Estado mínimo- que acabaram por bater, ainda que tardiamente, nas costas brasileiras refletiam um otimismo desenfreado sobre o papel dos mercados na regulação econômica e financeira. Elas espelhavam também o grande fascínio exercido pela "globalização" produtiva, mas sobretudo financeira, em curso.

Ao considerar, de certa forma, irrelevantes a produção e os mercados nacionais, elas acabavam por minimizar o papel desempenhado pelos Estados nacionais.

Os governantes teriam de ser apenas gerentes de políticas mundialmente acordadas pelos grandes centros econômicos. Ficariam relegados a replicar orientações macroeconômicas de fora, que viabilizassem novo desenho geoeconômico e, evidentemente, geopolítico.

FHC não hesitou em proclamar o advento de um "novo Renascimento" mundial, ainda que fosse obrigado a reconhecer que alguns milhões de brasileiros iriam ficar obrigatoriamente fora deste suposto ciclo de prosperidade.

Complementando o ajuste que aqui e lá fora foi praticado, trataram de liberar o Estado de pesados fardos -as estatais-, que supostamente o impediam de cumprir suas funções. Ficava a dúvida sobre quais seriam essas "funções".

Não por acaso usou-se na propaganda a favor das privatizações a imagem de um elefante em um local fechado. As estatais não passavam de um trambolho que impedia o desenvolvimento do país.
No altar dessas crenças foram sacrificadas importantes empresas nacionais. Os cerca de US$ 100 bilhões conseguidos no processo de privatização comandado pelo ministro José Serra se esfumaram.

O país aumentou consideravelmente sua dívida interna e se tornou muito mais vulnerável internacionalmente, como ficou claro quando as crises mexicana, asiática e russa levaram o Brasil sucessivamente à beira do abismo.

Perversidade maior desse processo foi o uso de vultuosos recursos do BNDES para financiar as empresas estrangeiras que entraram nas privatizações. Resumindo a originalidade brasileira: privatizou-se com dinheiro do Estado brasileiro.

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em 2008, no início da grande crise econômica mundial, o presidente Lula afirmou ter chegado a "hora da política", a hora do Estado. Os meses que se seguiram deram a essa fala toda a sua significação.

Por ter barrado as privatizações, fortalecido as estatais e dado a elas um papel estratégico no desenvolvimento nacional, o Brasil pôde enfrentar, como poucos países, a tempestade financeira que se abateu sobre o mundo.

Os bancos públicos, a Petrobras e as estatais do setor elétrico foram fundamentais nesse processo.
Portanto, não estamos diante de um debate que opõe dinossauros a modernos. O que está em jogo é o interesse nacional.

*Marco Aurélio Garcia é assessor especial de política externa da Presidência da República e coordenador do programa de governo de Dilma Rousseff (PT). Foi secretário de Cultura do município de São Paulo (gestão Marta Suplicy).



         Marilena Chaui: Serra é uma ameaça à democracia            



Em entrevista gravada anteontem, em São Paulo, a filósofa Marilena Chaui fala sobre as eleições deste ano e explica por que o projeto dos tucanos é um retrocesso. Segundo ela, o candidato José Serra representa uma ameaça às conquistas sociais e econômicas alcançadas pelo governo Lula. Marilena avalia que os ambientalistas devem estar atentos no segundo turno porque Serra teve votação maior em regiões de desmatamento e do agronegócio.



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Religiosos divulgam no Rio de Janeiro 

manifesto em apoio a Dilma

 

Encabeçado por sete bispos, entre eles dom Thomas Balduíno, bispo emérito de Goiás Velho (GO) e presidente honorário da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e d. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Felix do Araguaia (MT), foi divulgado hoje um manifesto de "cristãos e cristãs evangélicos e católicos em favor da vida e da vida em abundância", que contava no início da tarde com mais de 300 adesões de religiosos e fiéis. 

 

O texto será entregue a Dilma Rousseff (PT) na segunda-feira, no Rio, na mesma cerimônia em que a candidata à Presidência receberá apoio de intelectuais e artistas.

Os adeptos rechaçam que "se use da fé para condenar alguma candidatura" e dizem que fazem a declaração de voto "como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais".

No manifesto, eles deixam claro que "para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra (José Serra, presidenciável pelo PSDB)".

O documento recebeu o apoio dos bispos Demétrio Valentini (Jales, SP); Luiz Eccel (Caçador, SC); Antônio Possamai, bispo emérito de Rondônia; Xavier Gilles e Sebastião Lima Duarte, bispo emérito e bispo diocesano de Viana (MA). Também apoiam Dilma dezenas de padres e religiosos católicos como Frei Betto, pastores evangélicos, o monge da Comunidade Zen Budista (SP) Joshin, o teólogo Leonardo Boff, o antropólogo Otávio Velho e a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Victoria Benevides.

Dívida social

O manifesto faz referência velada a casos de pedofilia nas igrejas para afastar a exigência de candidatos comprometidos com religiões. Os signatários do manifesto ressaltam: "Sabemos de pessoas que se dizem religiosas e que cometem atrocidades contra crianças e, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo. Não nos interessa se tal candidato(a) é religioso ou não."

O documento também dialoga com eleitores de Marina Silva, do PV, lembrando que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano, como propôs Marina, "só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido". Para eles, Dilma representa este projeto "iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula".

Diálogo


Embora admitam terem "críticas a alguns aspectos e políticas do governo atual que Dilma promete continuar", os signatários destacam saber a diferença entre "ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir".

"Neste sentido, tanto no governo federal, como nos Estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido", afirma o texto.

Fonte: Agência Estado

Luis Nassif: A psicologia de massa do fascismo à brasileira

 

Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro. O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial.

por Luis Nassif, em seu blog

 

Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências.

Em outros países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.

Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.

À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados.

Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.

Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.

O fascismo à brasileira

Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.

Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma.

Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.

Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações.

Minhas filhas menores freqüentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.

Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.

No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, é captar as reações dos funcionários ao debate da Band.

A construção do ódio

Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.

Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.

Que país sairá dessas eleições?, até desanima imaginar.

Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.

Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

Coligação de Serra quer censurar TV Record

 

A vice-procuradora-geral Eleitoral, Sandra Cureau, enviou nesta quinta-feira (14) parecer favorável à aplicação de multa à TV Record por ter veiculaod reportagem supostamente favorável à candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff.

A reportagem mostrava as regiões da cidade de São Paulo onde Dilma e Serra saíram vitoriosos.
O parecer da vice-procuradora-geral Eleitoral atende pedido feito pela coligação do candidato do PSDB José Serra, que alegou que a emissora fez propaganda a favor de Dilma Rousseff, ao mostrar que esta venceu nos bairros mais pobres.

Em declarações à Folha de S.Paulo, a direção da TV Record afirma que o pedido de multa “parece uma tentativa de censura e cerceamento da liberdade de imprensa”.

O caso será analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Se condenada a emissora poderá ser obrigada a pagar multa que varia de R$20 mil a R$100 mil.

Com informações da Folha de S.Paulo

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia

A elite vive um surto de demofobia

Odair Rodrigues *
 

Sabemos que existe em S. Paulo uma corrente separatista que prefere a ocupação extrangeira à evolução do Brasil (…). Oswald de Andrade e Pagu – O Homem do Povo, n° 1, março 1931

 

As empresas de versões de notícias do eixo Rio-SP e seus repetidores, atualmente conhecidos como PIG, atuam como se vivêssemos em uma ditadura ou na Inquisição.

As manchetes dos veículos de comunicação pertencentes às famí(g)lias frias, marinho, civita e mesquita ora se assemelham aos textos contidos nos temidos Atos Institucionais da ditadura militar, ora parecem com os processos liderados por Torquemada, o mais temido inquisidor do Santo Ofício.
Ainda que o candidato José Serra, pautado pela imprensa golpista, venha assumindo um caráter de grande inquisidor e perseguidor de demônios, não é isso que está em jogo; é a democracia que está ameaçada.
Há vários indícios de que uma possível vitória da coligação demotucana significaria o fim da liberdade de expressão, a perseguição de jornalistas, intelectuais, blogueiros, artistas e de lideranças do movimento popular.

Engana-nos o mal com aparências de bem – Pe. António Vieira

A demissão da articulista Maria Rita Kehl pelo Estadão, por criticar o preconceito da elite contra as classes D e E; a demissão do jornalista Heródoto Barbeiro pela tv Cultura, depois de questionar Serra sobre os pedágios; a censura do blog Falha de São Paulo pelo jornal Folha de São Paulo; a indisfarçada parcialidade do jornalismo da Globo; a censura das pesquisas eleitorais e do Blog do Esmael, pelo governador eleito no Paraná, o tucano Beto Richa são alguns dos vários os exemplos de atentados contra a liberdade de expressão e de opinião. Ao mesmo tempo, atribuem ao governo Lula o que eles praticam.

Demofobia

Um surto de demofobia, medo da democracia, é o momento pela qual passa a elite do país. Uma elite que prefere se ajoelhar ao poderio estrangeiro a ter que dividir o poder político e as riquezas com o povo brasileiro.

A comparação entre os 8 anos de privataria de FHC/Serra/neoliberais e os 8 anos de soberania nacional de Lula/Dilma/povo é que devem pautar o segundo turno. Seguir a agenda teocrática proposta pelo neo-inquisidor Serra e os fundamentalistas do golpismo da Folha, Estadão, Veja, Globo é entrar em uma guerra cuja a primeira vítima será o debate político e depois o desenvolvimento soberano do Brasil.
Para que Serra fique bem longe da possibilidade de ser presidente há necessidade de confrontá-lo com suas promessas não cumpridas quando prefeito e governador. A responsabilidade sobre as enchentes, o sucateamento do metrô, a privatização da saúde paulista, a possibilidade de diminuição de vagas na USP, a precariedade da educação, a desorganização da segurança e, principalmente, sua falta de diálogo com a sociedade.

Duas cenas não podem ser esquecidas para nos lembrar da política destrutiva dos tucanos: a ocupação das refinarias por tanques do exército e a venda (doação) da Vale do Rio Doce.

Repressão e privataria, são esses os legados de FHC/Serra. É nas ruas, nas escolas, universidades, fábricas que precisamos divulgá-lo para lançar luzes à ao obscurantismo propagado pelo jornalismo canalha e pela direita fundamentalista representado pelos demotucanos.

A internet é um poderoso instrumento nesse momento, o contato pessoal ainda é a melhor maneira de convencimento.
http://www.youtube.com/watch?v=kgTgdd41N4w
http://www.youtube.com/watch?v=lKBjqVrPqnE
http://www.youtube.com/watch?v=yZaWuuGpVhA
http://www.youtube.com/watch?v=deUf8An9Q1o&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=LCKghoTX_Nw&feature=fvst
http://www.youtube.com/watch?v=6ca-MDozx3E&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=GfZR69mZaF4

* É professor de língua e literatura no Estado do Paraná, web cronista, poeta, e militante da Unegro e do PCdoB.  Autor do blog Ruminemos: http://ruminemos.blogspot.com
 
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

O “Zé” vai entrar pra história pela lata do lixo (II)

Messias Pontes *
 

O candidato das forças do atraso à Presidência da República, o demotucano José Serra, ou simplesmente o “Zé”, definitivamente perdeu o rumo e mais parece uma biruta de aeroporto. No debate do último domingo, na Record, ele jogou a toalha e reconheceu a derrota quando afirmou, nas suas considerações finais, que a única coisa que tinha a apresentar aos brasileiros era o seu currículo. Foi aí que ele se perdeu.


Se a única coisa que tem a apresentar é o seu currículo, então não tem nada para oferecer. Isto porque ele não tem mais currículo. Este ele o jogou na latrina e deu descarga, não tendo mais retorno.

Renegando todo o seu passado ao se aliar com o que há de mais retrógrado neste País, o “Zé” termina sua carreira política melancolicamente, abandonado até pelos aliados que agora o escondem, e até pela grande mídia conservadora, venal e golpista que o trocou pela Marina Silva, do PV, que deixou de ser jurássica, “eco-chata”. A verde agora é a queridinha dessa mídia, pois não questiona as mentiras da Veja, as omissões da Globo dos fatos mais importantes, e o golpismo da Folha e do Estadão. Ela está em lua de mel com o GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão).

Mas resta um consolo para o “Zé” Traíra. A extrema direita continua apostando na sua eleição e tem usado as 24 horas do dia, sete dias da semana, enviando mensagens apelativas, mentirosas, injuriosas para milhões de emails. No Ceará, o “Zé” Traíra tem como principal cabo eleitoral o “Grupo Guararapes”, uma organização de extrema direita composta por um punhado de coroneis e generais de pijama e meia dúzia de civis viúvas da ditadura militar, que, como ele, defende democracia sem povo.

Depois de demonizar a candidata das forças democráticas, populares e progressistas, Dilma Rousseff, os generais de pijama enchem a bola do “Zé” e chegam a afirmar que ele foi o “melhor ministro do governo FHC”, e saem com essa pérola: “Já, (sic) o Serra é apoiado pelas legendas dos partidos que defendem o pluripartidarismo e adotam, nos seus ideários estatutários, a Democracia Representativa do Estado de Direito”.

Dizem ainda os generais de pijama de extrema direita que “Serra, (sic) jamais tentou impor pelas armas o seu socialismo e galgou pela eleição a representação popular, com expressiva votação, consecutivamente, sem interrupção, a Deputado Federal Constituinte, Deputado Federal, Prefeito e Governador de São Paulo...”

Em todos os inoportunos emails que enchem as caixas postais dos internautas, os generais de pijama deixam transparecer que ainda vivem na época da guerra fria e que a famigerada lei de segurança nacional ainda está em vigor. Perderam o bonde da história e, mais que isso, o senso do ridículo. Eles sempre defenderam e continuam defendendo uma democracia sem povo. Preferem o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo, como dizia o general ditador João Baptista Figueiredo, de triste memória.

Quando o “Zé” trocou o cheiro do povo pelo perfume das dondocas da Daslu, que passou a criminalizar os movimentos sociais, que passou a defender o golpismo da sua mídia, que pretendeu cassar a candidatura de Dilma Rousseff levando a disputa para o tapetão, depois de difundir desbragadas mentiras e caluniar contra a sua principal opositora, e de se juntar à extrema direita, de bater às portas dos quartéis para dizer que o que motivou o golpe de abril de 1964 era fichinha com relação ao que acontece hoje, quando assumiu de vez a defesa do imperialismo e demonstrou sua posição fascista contra Cuba, a Bolívia, a Venezuela e até à Palestina, ele tirou a máscara. Não é à toa que, do Oiapoque ao Chuí ele está sendo chamado de “Zé” Traíra.

Fazendo coro com a grande mídia conservadora, venal e golpista, o “Zé” Traíra não consegue esconder a sua adesão à canalha neo-udenista. Ele repete o que vem dizendo o Coisa Ruim (FHC, verdadeiro cadáver político insepulto): “a democracia está ameaçada”. E para tanto mobilizou meia dúzia de intelectuais e ex-ministros tucanos para um ato na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, para acusar o presidente Lula e seu governo de autoritário.

Mas a resposta veio a jato. Um grupo de mais de 60 juristas, entre eles Dalmo de Abreu Dallari, professor emérito da USP, divulgou ontem a Carta Aberta em Defesa de Lula, onde é enfatizada que os valores democráticos consagrados na Constituição da República de 1988 foram preservados e consolidados pelo atual governo.

Os juristas democráticos lembram que o presidente Lula não se deixou seduzir pela popularidade, com 80% de aprovação popular. Poderia ter tentado casuisticamente alterar a Constituição para buscar um novo mandato, como fez o Coisa Ruim que comprou deputados e senadores, num dos maiores escândalos de corrupção jamais visto.

Agora os golpistas tentam levar a eleição para o segundo turno manipulando pesquisas. Ontem, o Datafolha (Dataserra, Datafalha) divulgou “pesquisa” garantindo o segundo turno. A Globo deu a maior ênfase em seus telejornais. Mas o Vox Populi, também ontem, mostrou números bem diferentes: Dilma 49%, Serra 25% e Marina 12%, demais candidatos 1%. Portanto uma diferença de 11 pontos percentuais em favor da candidata petista. Os brasileiros não permitirão o retrocesso.

O “Zé” Traíra pirou de vez. O desespero é tamanho que o levou a prometer o que sempre combateu: salário mínimo de R$ 600,00, reajuste de 10% aos aposentados e 13º aos beneficiários do bolsa-família.

Por tudo isso, e muito mais, é que ele vai entrar pra história pela lata do lixo. Triste fim!

* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

O “Zé” Traíra está com o que há de pior

 
Messias Pontes *
 

Tem um adágio popular que cabe bem até demais para o candidato das forças do atraso no Brasil, José serra, o “Zé” Traíra: diz-me com quem andas que te direi quem és. E quem está com o candidato demotucano? Nada menos que o supra-sumo do reacionarismo brasileiro que tanto mal já causou ao Brasil e aos brasileiros, senão vejamos:


A famigerada TFP – Tradição, Família e Propriedade, a Opus Dei, o Grupo Guararapes, a grande mídia conservadora, venal e golpista, a clientela da Daslu, os fundamentalistas religiosos- católicos e evangélicos, Daniel Dantas, José Roberto Arruda, os carlistas (na Bahia), os herdeiros políticos de Carlos Lacerda, as viúvas da ditadura militar, a canalha neo-udenista e toda a extrema direita.

Também estão apoiando incondicionalmente o “Zé” Traíra gente da estirpe do Coisa Ruim (FHC), Arthur Virgílio, Tasso Jereissati, Kátia Abreu (grileira), Heráclito Fortes, Jorge Bornhausen, Roberto Freire (outro traíra), e a escória do jornalismo como Merval Pereira, Miriam Leitão (porcão), Ricardo Noblat, William Waack, Boris Casoy, o casal 45 (William Bonner e Fátima Bernardes) e outros crápulas, colonistas e demais jornalistas amestrados.

Até 2002, o Brasil foi governado pelas e para as carcomidas elites econômicas, sociais e políticas. A partir de 2003, com a posse de um ex-operário metalúrgico, sem formação acadêmica, o País entrou em nova Era e os eternos excluídos passaram a ter vez, com o mínimo de dignidade. Foi neste período que os brasileiros perderam o complexo de vira-latas e o Brasil deixou de ser coadjuvante para ser protagonista no cenário das nações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enterrou o G-8 e criou o G-20, levando o Brasil a ser respeitado e ouvido em todas as instâncias internacionais.

O desgoverno FHC (Coisa Ruim)/ Serra (traíra) quebrou o Brasil três vezes, tinha como governo de fato o FMI, o País vivia submisso aos interesses do grande capital, notadamente ao imperialismo estadunidense, levou milhões de brasileiros à rua da amargura, desmontou o Estado brasileiro com o processo da privataria, sucateou a educação, a saúde e a infraestrutura, além de institucionalizar a corrupção com a extinção da CEI – Comissão Especial de Investigação e instalar o maior processo de corrupção jamais visto para garantir a emenda da reeleição e a entrega do patrimônio público, a preço de banana, ao capital financeiro internacional. A desnacionalização da indústria brasileira também foi outro crime de lesa-pátria praticado pelo desgoverno tucano-pefelista, hoje demotucano.

Na atual campanha eleitoral, esperava-se o debate de propostas para fazer o Brasil avançar. Porém o que se vê é a baixaria, a mentira desbragada, as calúnias e as difamações contra a candidata das forças democráticas, patrióticas e populares Dilma Rousseff. A hipocrisia, a desfaçatez e a covardia têm sido a marca registrada do candidato demotucano, num verdadeiro desrespeito aos brasileiros.

Nunca um candidato mentiu tanto numa campanha eleitoral. Descaradamente diz que foi o melhor deputado constituinte, quando se sabe que ele atuou contra os interesses nacionais e dos trabalhadores. Basta consultar os dados do Diap. O “Zé” Traíra, no primeiro turno, tirou nota 2,5 e no segundo, 3,5 numa escala de zero a 10. Durante a Assembléia Nacional Constituinte (1987/88) ele já tinha mudado de lado, jogando na latrina o seu currículo e começado a entrar pra história pela lata do lixo.

Toda a baixaria na web tem a digital do “Zé” Traíra. Ele é covarde, pois não enfrenta os adversários de frente. Neste mesmo espaço já havíamos advertido para a baixaria, muito antes do início da campanha eleitoral. O deputado Ciro Gomes, que o conhece de perto, pois pertenceu ao PSDB, também havia previsto o que está acontecendo.

A Dilma precisa continuar apresentando as suas propostas para o Brasil seguir em frente, mas também ir pro confronto direto para desmascará-lo. Mostrar que ele é o que é e não o que diz ser. Tudo dele soa falso como uma nota de três reais. Ele sempre defendeu o arrocho salarial e agora vem com essa de dizer que vai elevar o salário mínimo para R$ 600,00 e dar aumento de 10% aos aposentados e pensionistas quando sempre os tratou com desprezo.

Quando diz que não vai privatizar o que restou do patrimônio público dilapidado pelo desgoverno dele e do Coisa Ruim, está estampada na cara dele a deslavada mentira. Falar em escolas técnicas é outra tremenda mentira, pois no desgoverno tucano-pefelista, do qual foi ministro, foi proibido, por decreto, a construção de escolas técnicas. Não se pode dar crédito a nada que ele diz. Por mais que prometa, tem o instinto do escorpião no seu DNA e quem o conhece sabe muito bem disso.

É mais que oportuno mostrar a declaração do ex-presidente Itamar Franco – que hoje lhe apóia – chamando-o de mentiroso quando ele assume a paternidade dos medicamentos genéricos. Itamar disse com todas as letras que “o Serra é mentiroso, pois os genéricos foram criados no meu governo pelo ministro Jamil Haddad”. O Seguro Desemprego também não é da sua lavra como apregoa cinicamente.

Dizer que vai fortalecer a Petrobras é outra grande mentira. Ele foi a favor da privatização da nossa maior empresa, hoje a segunda do mundo no ramo, que eles quiseram até mudar de nome, passando a chamar-se Petrobrax para atrair os compradores estrangeiros. Foi ele quem incentivou o Coisa Ruim a vender por preço de banana a Vale do Rio Doce, a Ligth e outras empresas estatais estratégicas. A corrupção no desgoverno FHC/Serra igualmente merece vir a público. Mas isso é assunto para um artigo específico.

Por tudo isto e muito mais é que o Brasil precisa se livrar do “Zé” Traíra e eleger Dilma Presidente para o Brasil seguir mudando.

* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/coluna

"Olhos Bem Abertos": Força dos explorados

Cloves Geraldo *

Documentário do uruguaio Gonzalo Arijon mostra o processo de mudanças profundas na Bolívia, Equador e Venezuela e procura entender sua força.

           O processo político-ideológico em curso na América Latina rendeu o bom documentário “Ao Sul da Fronteira”, do diretor estadunidense Oliver Stone, que procura decifrar as mudanças ocorridas principalmente na Bolívia, Equador e Venezuela. Mais contundente o diretor uruguaio Gonzalo Arijon aprofunda a discussão em seu “Olhos Bem Abertos”, exibido na mostra “Imagem das Américas”, realizada de 17 a 23 de setembro último em Belo Horizonte.

              O que difere os dois filmes é o olhar de seus diretores. Stone centra-se mais em Chávez, enquanto Arijon une-se ao jornalista e historiador Eduardo Galeano (“As Veias Abertas da América Latina”) para tratar de aspectos que fogem ao conhecimento do estadunidense. Seu filme dá voz a trabalhadores, índios, mineiros e mulheres, mostrando-os como as principais forças de transformações políticas, econômicas e sociais em seus países.
              Arijon traça assim um perfil dos movimentos populares que sustentam as decisões de suas lideranças. Dos mineiros bolivianos mal pagos, sofrendo de silicose, até os indígenas que se tornam cidadãos. Todos apóiam a estatização das minas de cobre e das reservas e empresas de petróleo e gás, feitas pelo governo Evo Morales. “Agora somos nós que controlamos tudo”, diz um diretor da estatal boliviana de petróleo e gás.

               Arijon demora-se na Bolívia onde as mudanças sofrem todo tipo de boicote. Põe na tela a tentativa de separatismo das províncias mais desenvolvidas, o massacre perpetrado pelas oligarquias e pelos governadores direitistas, a firmeza de Molares para derrotá-los, inclusive expulsando o embaixador estadunidense para evitar sua própria queda. O resultado se vê como herança de Che Guevara. São poderosas as imagens dos indígenas nas ruas com seus trajes típicos, desfrutando de uma liberdade que demorou mais de 500 anos para ser conquistada. Emociona.

               O mesmo ocorre com os indígenas equatorianos. Suas terras, ricas de petróleo, cobiçadas pelas multinacionais do petróleo, foram demarcadas pelo governo Correa para que não percam suas fontes de existência. Uma viagem de Arijon por elas explica porque isto foi necessário. As camadas de óleo espalhavam-se, impedindo que continuem na área em que estão há milênios. Como na Bolívia, o processo de desmontagem dos privilégios, dos monopólios e do controle dos EUA e da Espanha incluiu reforma na constituição, queda de braço com George Bush, as multinacionais, as oligarquias e a mídia direitista a eles aliados.
              Arijon não se limita a filmar os locais de conflitos, sua câmera se detém na geografia, na paisagem urbana. Sente-se as cidades, as periferias, o perfil do povo. Na Venezuela, os rostos de uma líder comunitária e de um trabalhador beneficiado pela reforma agrária tomam a tela. Ela explica que há resistência, mas que a construção de habitações coletivas segue em frente. E o camponês informa que tudo o que os venezuelanos consomem vem de fora e que agora eles começam a plantar para seu próprio abastecimento. A câmera de Arijon os flagra em suas ações. Numa delas acompanha a líder comunitária numa alegre reunião com Chávez, espécie de democracia direta, em que ele confirma todo seu estilo despachado de governar.

              E Arijon não se furta em registrar a crítica preconceituosa, direitista, do taxista que o leva ao centro, onde se podem ver milhares de barracos ocupando o morro. “É dali de que vem o apoio dele (Chávez)”, aponta ele para o aglomerado que domina parte de Caracas. Entende-se, assim, porque Chávez provoca ódio, boicote e insurgência da burguesia venezuelana e dos EUA, com grande apoio da mídia golpista nativa e estadunidense, como mostrou Stone em “Ao Sul da Fronteira”.

                   O Brasil, no entanto, não fica à margem de “Abra Seus Olhos”. Aparece na abertura, em rápidas sequências no Pará onde é críticado por não ter feito a reforma agrária, cedendo terras e porto para o agronegócio. No entanto, o líder dos sem terra destoa das críticas ao apontar em aula na Escola do MST as consequências da globalização e do neoliberalismo. E Chávez surgir em seguida pondo fim ao sonho de Bush implantar a Alca na América Latina: “Alca é o caralho!”, denuncia. Arijon e Eduardo Galeano traçam inclusive um paralelo entre o Fórum Social Mundial e o Fórum Econômico de Davos para diferenciar os objetivos de ambos reforçando os rumos tomados principalmente pelo Brasil.

                    Arijon também registra o papel do governo Lula nos processos de nacionalização das reservas minerais e ampliação da democracia popular no Equador, Venezuela e Bolívia. Lula ao invés de resistir à desapropriação da Petrobrás, uma das multinacionais que controlava o setor petrolífero boliviano, entendeu os motivos de Morales para controlar as riquezas de seu país e o apoiou. Deste modo Arijon registra um ciclo histórico. Seu filme, aplaudido pelo público efusivamente em seu final, é um documento sobre o processo político popular na América Latina. É uma pena que sua exibição não esteja garantida em grande circuito no Brasil.

Olhos Bem Abertos”. (“Ojos bien Abiertos”). Documentário. Uruguai, 2009,110 minutos. Direção: Gonzalo Arijon.

* Jornalista e cineasta, dirigiu os documentários "TerraMãe", "O Mestre do Cidadão" e "Paulão, lider popular". Escreveu novelas infantis,  "Os Grilos" e "Também os Galos não Cantam".

Fonte:http://www.vermelho.org.br/coluna