quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Viver a Vida: o que os olhos não veem na novela da Globo

Não há nada melhor que viver a vida neste meu Brasil brasileiro onde o coqueiro dá coco. Ao menos na teoria, viver a vida é bom. Ora, ninguém pode afirmar que o bom é viver a morte, e se existe vida há que se viver. Nada mais óbvio.

Por Washington Araújo*, no Observatório da Imprensa
 
Marca do novelista global Manoel Carlos, a obra em andamento conta também com histórias reais de superação e tudo contado na eternidade dos 60 segundos logo após o último bloco do capítulo diário de Viver a Vida, a novela.

Em breve a novela seguirá para seu fim e até o momento quase nada tem sido escrito por especialistas da mídia sobre as aberrações que o folhetim apresenta. Mau-caratismo, traição, adultério, ciúme, inveja, alcoolismo e uso de drogas se apresentam no horário nobre toda santa noite como aperitivo antes do desbunde geral em que se transformou o que já não era bom, o famigerado Big Brother Brasil.

As “vinhetas de superação” trazendo ao horário nobre gente sofrida, abandonada, envolvida nas drogas ou no crime, pessoas portadoras de necessidades especiais e vítimas de todo tipo de violência, testemunham como foi bom ter dado a volta por cima. Porque nesse horário somente essas pessoas sabem como é viver a vida, enfrentar os desafios, superar as debilidades. Na novela tudo é caricato, tosco e apelativo. Personagens quando choram parecem estar gargalhando por dentro, e quando falam de amor optam pelo desamor, focam as desilusões e nossas pequenas tragédias humanas.

A realidade no folhetim é absolutamente virtual. Basta ver a favela de Viver a Vida. Tem até jantar à luz de velas. Balas perdidas? Existe isso? Onde? Quem? O hospital do Dr. Moretti é imenso pátio de diversões onde os médicos estão sempre na lanchonete, colocando em dia seus problemas amorosos e nunca incomodados por pacientes alquebrados, gente entre a vida e a morte como é tão comum e mesmo rotineiro em hospitais.

A pousada de Búzios tem clima de Copacabana Palace. Tudo na pousada é muito limpo, decoração de primeira, natureza exuberante, ninguém parece trabalhar mas tudo está sempre nos trinques e hospedes que é bom, se existem, não dão as caras. Faltou a Manoel Carlos a vivência de um feriadão em pousada de Salvador, Porto Seguro, Natal ou Florianópolis.

Trabalho infantil

Viver a Vida é um vale de lágrimas do início ao fim. As pessoas choram sem parcimônia. E com gosto. Há aquela que chora porque não consegue parar de beber. Há aquela outra que chora porque está tetraplégica. Outra chora porque não consegue consumar o adultério. Há quem chore porque é abandonada pelo noivo a poucas horas do casamento. Outra chora porque o marido não aceita conviver em harmonia com os enteados, filhos do primeiro casamento. Tem quem chore porque a irmã tetraplégica recebe mais atenção da mãe e das irmãs. Há quem chore porque os filhos gêmeos estão apaixonados pela mesma pessoa. Tem quem chore por acreditar que uma pessoa tetraplégica não pode fazer ninguém feliz. É o folhetim dos vilões-fashion, gente descolada, rica e que prefere viver a vida na base de quanto mais fútil for a vida, melhor.

Até aqui nada de muito novo. O que não entendo é as autoridades responsáveis pela proteção da infância e da adolescência deixarem uma graciosa menina de apenas 8 anos de idade interpretar uma vilã. É o que acontece com a Rafaela interpretada pela espertíssima Klara Castanho. Vemos todas as noites sua infância sendo roubada. Assistimos impassíveis ao sequestro de uma inocência que deveria ser preservada, inicialmente por seus pais, depois por esse veículo de comunicação que é uma concessão pública chamada televisão e depois pelo pessoal do judiciário, das tais varas da Criança e do Adolescente.

Rafaela se pinta com as cores da vida adulta, se veste insinuante como é comum aos jovens, é a cara do consumo-mirim sempre instigando sua mãe a comprar isso e aquilo mesmo que não tenha rendimento para tal. O pior nem é isso. O pior é o retrato de criança manipuladora e sensual, chantagista e dona de opinião sobre assuntos bem complexos para mente em formação como é o caso de aborto, mãe esperando segundo filho, vida de mãe solteira e testemunha de tórrida cena de adultério.

Será que ninguém observa nada disso? Será que ninguém vai trazer à mesa a discussão sobre trabalho infantil em programas para público adulto como é uma novela das oito? Será que toda e qualquer manifestação artística é passível de ser exercida por crianças e adolescentes? Pelo andar da carruagem não me causará espanto se em capítulo futuro a pequena Rafaela se transformar em psicopata-mirim.

Mercado e audiência

É que ninguém está nem aí para colocar em prática dispositivos como o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 13/7/1990), calhamaço que conta com impressionantes 267 artigos. Destes faço questão de enunciar apenas seu Artigo 3º:

“A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.”
 
A caracterização dada à personagem Rafaela faculta à atriz-mirim Klara Castanho seu desenvolvimento “mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”? A meu ver, se dá exatamente o contrário. Rafaela é tratada como coisa a ser transportada na vida cheia de peripécias de sua mãe Dora; interpõe-se com protagonismo principal na relação de sua mãe com quem poderia ser seu bisavô, o romântico Maradona, dono da pousada; os diálogos de Dora com Rafaela se sustentam em mentiras escancaradas e em meias verdades; os olhares de “brinquedo assassino” de Rafaela ao iniciar sua precoce carreira de chantagista mirim com a principal protagonista do folhetim, Helena, não deixam dúvidas que coisa muito mais escabrosa vem pela frente.

Enquanto a trama se desenrola, Rafaela passa a frequentar com maior insistência o imaginário de milhões de crianças da mesma idade vindo a se tornar um modelo infantil a ser seguido com toda sua carga de manipulação e astúcia poucas vezes vista em personagens adultas. E não encontramos contraponto. Isso acontece porque levantar qualquer bandeira que vise proteger a integridade moral e a dignidade de uma criança explorada por um folhetim global é quase cometer crime de lesa-pátria. E não faltarão pessoas a torcerem o nariz para esse meu texto sob o pretexto de que seria incitação à censura. Nada mais ridículo que isso.

O ponto é que enquanto o Deus-Audiência estiver em seu trono nada poderá mudar. Nem que preceitos constitucionais sejam violados e que sejam arquivadas no baú das coisas imprestáveis imagens de crianças inocentes, bondosas, cheias de compaixão, educadas, inteligentes, respeitadoras dos mais velhos... e tantos outros predicados do tempo em que andar a pé era novidade.

* Washington Araújo é jornalista, escritor e professor da UnB

RS: Polícia de Yeda fere trabalhadores e prende vereador do PCdoB

Na manhã desta sexta (12) o vereador, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul (RS) e membro do Comitê Central do PCdoB, Assis Melo, foi preso durante manifestação de trabalhadores da empresa Randon na cidade gaúcha. Além dele, também foram presos Nercildes do Carmo e Sálvio Fontes, ambos do sindicato. De acordo com trabalhadores que participaram do protesto, a polícia – que usou bombas de efeito moral – deixou cerca de 20 feridos. Ao todo, havia cerca de 4 mil manifestantes.

Assis Assis Melo cercado por policiais durante manifestação

Os sindicalistas foram soltos no final da manhã após prestarem depoimento. “É um absurdo essa situação. A Brigada Militar estava agindo a serviço da empresa, sem respeitar e dignidade dos trabalhadores e nem mesmo a mim que, como vereador, tenho um cargo legislativo e fui eleito pelo povo”, disse Assis Melo ao portal Vermelho. Para ele, “é lamentável que uma empresa internacional tenha uma atitude como essas num momento que o país vive um clima de ampla democracia. Eles tratam os trabalhadores como escravos”.

Segundo ele, medidas legais serão tomadas contra a Brigada e a empresa. “Vamos também denunciar os abusos e a truculência da polícia contra trabalhadores que exerciam pacificamente seu direito à greve”.

Os trabalhadores lutavam por um índice maior na participação nos lucros da empresa Randon Implementos, uma vez que a proposta era de apenas R$ 70,00, valor muito inferior ao dado por outras empresas do mesmo grupo. Em alguns casos, esse benefício chegou a R$4 mil.

A primeira assembleia entre trabalhadores e empresa ocorreu na quarta-feira (10) à tarde. No entanto, sem acordo, parte dos empregados da Randon Implementos do turno da manhã cruzou os braços hoje.

Um interdito proibitório exigia que os manifestantes ficassem a 100 metros de distância da empresa. Segundo Leandro Velho, vice-presidente do Sindicato, “a regra foi respeitada, mas ainda assim a Brigada Militar veio para cima de nós”.

Na tarde desta sexta-feira haverá uma audiência com a Justiça do Trabalho para resolver o impasse.

Da redação
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Mandela e Martinho: das vilas para o mundo

Jairo Junior *

Comemorou-se na África e em vários locais do mundo os 20 anos do fim do apartheid, sistema segracionista que perdurou na África do Sul por cinco décadas. E o marco do fim deste perverso e cruel regime foi a libertação, em fevereiro de 1990, do líder Nelson Rolihlahla Mandela. Principal representante do movimento anti-apartheid, considerado pelos povos um guerreiro em luta pela liberdade. Um herói que deu ao mundo lições de politica, resistência e determinação.

A sua perseverante luta emocionou o mundo, que até o reverencia. Talvez uma das duas personalidades mais marcantes do século passado, e que já marca também o século atual. Ao lado de Fidel Castro, líder cubano, sem dúvida nenhuma é um dos maiores líderes da nossa época.

De etnia Xhosa, Mandela nasceu na pequena vilao de Qunu, distrito de Umtata, na região do Trans kei. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Seu pai morreu logo depois, e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental.

Como jovem estudante do direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA.

Depois da fajuta e contestada eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955), que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa anti-apartheid.

Mandela e seus camaradas foram obrigados a recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180.

Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para a Argélia para treinamento paramilitar.

Em agosto de 1962, Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964, foi condenado à prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por ser acusado injustamente de conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela negou e nega).

No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou um símbolo da oposição ao apartheid e o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas anti-apartheid em todo o mundo.

Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos.

Nelson Mandela recebeu o Prêmio Nobel da paz em 1993, em uma solenidade marcada pela polêmica divisão do prêmio com o seu algoz de quase três decadas. Provocado pelo seu antecessor na entrega do prêmio, Mandela respondeu a altura, sendo ovacionado pelos presentes.

Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição de forma exemplar, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. O que não foi fácil, pois o que ocorreu naquele país foi uma verdadeira revolução, nada pacifica, muito pelo contrário. Foi cruel e cruenta, muitas mortes e provocações que foram enfrentadas de forma firme e flexivél por Mandela e o CNA, que tinha em seu seio a forte presença dos comunistas do Partido da África do Sul.

Por esta razão, comemorar os vinte anos do fim do apartheid é comemorar a vitória incontestavél da maioria sofrida e explorada do povo daquele importante país da África, que animou todo o mundo progressista em pleno apogeu da crise do Socialismo

Mas também foi em fevereiro que nasceu o nosso Martinho José Ferreira, em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro de 1938. Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, veio para o Rio de Janeiro com apenas 4 anos. Cidadão carioca criado na Serra dos Pretos Forros, sua primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do SENAI.

Um pouco mais tarde, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em 1970, quando deu baixa para se tornar cantor profissional.

Sua carreira de cantor profissional iniciou-se, na verdade, no início de 1969 quando lançou o LP intitulado Martinho da Vila, que foi o maior sucesso do Brasil em execução e vendagem, com grandes sucessos como Casa de Bamba e O Pequeno Burguês e outras que se tornaram clássicos - Quem é Do Mar Não Enjoa, Iaiá do Cais Dourado e Tom Maior.
Ai "nascia" Martinho da Vila, das vilas, dos sambas, das lutas.

Nacionalmente conhecido como sambista, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB, com várias composições gravadas no exterior e considerado por muitos críticos como o melhor cantor do Brasil, interpretando músicas dos mais variados ritmos.

Embora compositor indutivo e cantor sem formação acadêmica, tem uma grande ligação com a música erudita e idealizou, em parceria com o maestro Leonardo Bruno o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação da cultura negra na música erudita. Participou do projeto Clássicos do Samba, sob a regência do saudoso maestro Sílvio Barbato. Além de compositor e cantor, é escritor autor de 10 livros.

Mas a comemoração deste artigo que registra com alegria o 72º aniversário deste grande mestre que é na verdade um mito do samba e das causas da negritude. Todo sambista o reverencia e respeita, todos. Zeca Pagodinho ao grupo Revelação, do Jorge Aragão a Leci Brandão, de Alcione a Beth Carvalho e com razão, pois em um momento em que o samba era mal visto pelas elites e até por outras parcelas da população no Brasil, ele emplacou suas composições nos festivais e, a partir daí, o Brasil, ainda bem, jamais deixou de ouvir falar no Martinho da Vila.

Mas o que este humilde escrivinhador faz questão de registrar que é como militante de uma causa que este cidadão do mundo deixa exemplos em suas atitudes. Com sua música e através dela conheceu o mundo, chegou à África e lá encontrou suas origens e até hoje é figura fundamental nas lutas que travamos. Não só na aproximação do nosso país com o continente africano, notadamente Angola, mas também principalmente por alinhar sua sensibilidade poética com a nitidez de rumos. Sua capacidade artística com a consciência social.

Vida longa ao nosso Martinho, nós que somos companheiros de luta e de sonhos desejamos muitos, mas muitos anos de vida e muita felicidades.

Que a Vila Isabel, cujo samba enredo que leva a avenida é de sua autoria, seja iluminada para como de costume estar à altura de Noel Rosa e de Marinho da Vila, sempre!!! A luta continua mas nós estamos acostumados com o balanço do mar e não enjoaremos.

Axé!!!!

* Presidente Associação Brasil Angola (AABA); Diretor do Centro Cultural Africano (CCA); Coordenador do Congresso Nacional de Capoeira (CNC)
http://www.vermelho.org.br/coluna

CTB envia dois representantes ao Conselho Presidencial da FSM

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) marcará presença no 4º Conselho Presidencial da Federação Sindical Mundial (FSM) — que ocorre em 22 e 23 de fevereiro, na Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. Além de fazer o balanço da atuação da FSM nos últimos cinco anos, o encontro convocará o 16º Congresso da entidade. O secretário internacional da CTB, Severino Almeida, e seu adjunto, João Batista Lemos, devem viajar ainda nesta semana ao país asiático para representar a central.

Segundo Batista, o 4º Conselho Presidencial consolida a ascensão da FSM. “Depois de entrar em crise por conta da queda do bloco socialista, a federação só fez crescer desde o Congresso de Havana, em dezembro de 2005. Sua luta por um sindicalismo classista, de orientação socialista, foi renovada com a nova onda de governos progressistas na América Latina”, afirmou ao Vermelho o dirigente da CTB.

Em 2009, como reflexo de sua atuação em defesa dos trabalhadores — sobretudo diante da crise do capitalismo —, a FSM recebeu pedidos de filiações de 24 organizações sindicais. Além da CTB, a outra entidade brasileira associada à FSM é a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

Para 2010, a Federação Sindical Mundial planeja não apenas seu 16º Congresso — mas também a realização de um dia internacional de lutas, com diversas manifestações de trabalhadores pelo mundo. Uma das metas é superar a mobilização de 2009, quando houve protestos unificados em mais de 45 países no dia 1º de abril.

Na opinião de Batista, a CTB é uma das entidades filiadas que mais se destacam neste processo de fortalecimento da federação. Lideranças cetebistas estão presentes em diversos núcleos setoriais da FSM — as chamadas UIS (União Internacional dos Sindicatos).

“Estamos na presidência da UIS Transporte com o companheiro Wagner Fajardo e temos participação ativa nas UIS das áreas metalúrgica, energética, de Turismo e Hotelaria, de servidores públicos, de juventude, entre outras. Almejamos agora conquistar um espaço na própria direção da FSM, para dar mais eficiência à nossa contribuição”, finaliza o secretário internacional adjunto da CTB.

Logo depois do Conselho Presidencial da FSM, Batista e Severino embarcam para Pequim, onde participarão do Fórum Sindical Internacional, promovido pela Federação de Sindicatos da China. O principal tema em discussão no encontro será a participação dos trabalhadores nos projetos nacionais de desenvolvimento.

De São Paulo, André Cintra

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1962: a vitória dos princípios

 PCdoB, 1962 
De pé, João Amazonas comemora com outros dirigentes os 40  anos do partido em 1962, logo após a cisão que marcou a história do comunismo no Brasil.

“Recordar o 18 de fevereiro de 1962 é, do ponto de vista revolucionário, dele extrair ensinamentos cuja permanência possa iluminar os caminhos da atualidade”. Assim o jornalista Luiz Manfredini* define e data, comemorada nesta quinta-feira, em artigo inédito que o Partido Vivo publica a seguir.
 
“(...) um partido que mantém sua identidade comunista,  seu caráter de classe de partido dos trabalhadores,  portador de uma base teórica sólida, o socialismo científico...”.
Tese consagrada no XII Congresso do PCdoB (dezembro, 2009)


A reorganização do Partido Comunista do Brasil, em fevereiro de 1962, é dos fatos mais marcantes da história do PCdoB, talvez o mais significativo depois da sua fundação, em 25 de março de 1922. João Amazonas, que liderou a reorganização e tornou-se o principal construtor e ideólogo do partido, diria, 25 anos depois, que a “data assinalou a defesa da antiga organização revolucionária do proletariado que lutava pelo socialismo, ameaçada de liquidação pelos oportunistas e registrava, ao mesmo tempo, o início de uma nova etapa na vida do Partido”.

Algumas dezenas – não muitas – de quadros e militantes comunistas de São Paulo, Guanabara (Rio de Janeiro), Espírito Santo e Rio Grande do Sul instalaram, em 18 de fevereiro de 1962, em São Paulo, a V Conferência Nacional Extraordinária do PCdoB. A dimensão do encontro está em que marcou a completa ruptura do grupo de comunistas liderado, entre outros, por João Amazonas, Pedro Pomar, Maurício Grabois, Carlos Danieli, Ângelo Arroyo e Lincoln Oest, com a ala majoritária capitaneada por Luiz Carlos Prestes. No ano anterior, a corrente prestista tomara a decisão – exclusiva de um congresso – de alterar o nome do partido (de Partido Comunista do Brasil para Partido Comunista Brasileiro) e subtrair de seu programa questões essenciais de modo a facilitar a legalização e o registro na Justiça Eleitoral.

A conferência aprovou um manifesto-programa que traçava nova linha política para o partido, decidiu reeditar o jornal A Classe Operária, antigo órgão central que tivera sua publicação suspensa, e elegeu um novo Comitê Central. Estava coroado um longo, muitas vezes penoso processo de luta ideológica iniciado cinco anos antes, a partir das repercussões do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e da ascensão de Nikita Kruchov à liderança da URSS.

A pretexto de criticar o culto à personalidade de J. Stálin (que, de fato, houve), Kruchov e seu grupo formularam um corpo de ideias avesso ao essencial do marxismo-leninismo, um programa de fundo reformista e conciliador que, entre outras teses, propugnava, em plena guerra fria, pela amistosa cooperação com os Estados Unidos (em óbvia deformação do conceito leninista de coexistência pacífica entre diferentes regimes sociais), pela transição sem rupturas do capitalismo ao socialismo e pela descaracterização da natureza de classe do partido revolucionário e do estado socialista. Em outras palavras: disseminava ilusões e, com isso, deixava o proletariado e seus aliados de mãos atadas em sua luta libertadora. O chamado kruchovismo alastrou-se pelo movimento comunista mundial, incluindo o Partido Comunista do Brasil, então hegemonizado por Luiz Carlos Prestes.

Nova orientação

Em março de 1958, pouco mais de seis meses após o XX Congresso do PCUS, o Comitê Central do PCB (sigla do Partido Comunista do Brasil desde sua fundação), sob hegemonia prestista, aprovou nova orientação política, que ficou conhecida como a Declaração de Março de 1958. Ali estavam registradas as ideias centrais que alimentariam intensa e extensa luta ideológica nas fileiras partidárias e provocariam a reorganização do partido quatro anos depois. Uma “linha oportunista de direita”, escreveria Maurício Grabois num artigo que se tornou emblemático: Duas concepções, duas orientações políticas.

Segundo Grabois, a Declaração idealizava a burguesia, julgando-a capaz de defender consequentemente os interesses da Nação e, desse modo, subordinava a ela o proletariado e seus aliados na perspectiva de uma revolução essencialmente nacional, em detrimento de objetivos sociais e democráticos e de uma perspectiva verdadeiramente revolucionária rumo ao socialismo.

Para Grabois, a Declaração considerava a democracia como inerente ao capitalismo e, a bordo de uma “tática gradualista, evolucionista”, imaginava a chegada ao poder das forças revolucionárias “através da acumulação de reformas profundas e consequentes na estrutura econômica e nas instituições políticas”. Tais concepções, garantia o histórico dirigente, levavam à “negação da luta revolucionária”.

O V Congresso, em 1960, não obstante a enxurrada de críticas proveniente das bases e das direções intermediárias do partido, que condenavam a inclinação reformista, ratificou a Declaração de Março de 1958. E mais: excluiu do Comitê Central 12 dos seus 25 membros efetivos e vários suplentes, todos críticos da nova orientação. Mas o conflito interno entre reformistas e revolucionários atingiu seu ponto de fervura no ano seguinte. Na edição de 11 de agosto de 1961 do semanário Novos Rumos, são publicados o programa e os estatutos do partido, agora denominado Partido Comunista Brasileiro, mantendo a sigla história do Partido Comunista do Brasil, PCB. A reação dos revolucionários foi salvar o histórico partido de 1922, herdeiro do marxismo-leninismo, fiel ao proletariado e ao socialismo. A reorganização ocorreria exatos seis meses depois, com a realização da V Conferência Nacional Extraordinária do PCB. A sigla PCdoB surgiria um pouco mais tarde para melhor vincar as diferenças com o partido reformista.

Memória e identidade

A evocação da data – não só desta, mas de outras datas emblemáticas da trajetória do partido – não se prende a alguma obrigação protocolar ou a um apego ou lembrança saudosa do passado, tampouco à ruminação de mágoas eventuais, mas à necessidade do permanente, sistemático e irrenunciável fortalecimento da identidade comunista. Identidade sem a qual a coesão interna se corrói e o rumo se desvanece, e para a qual não basta a adesão coletiva a um projeto político em curso (embora isso seja decisivo). Identidade que se alimenta e se robustece com o que a memória é capaz de fornecer, a memória que repassa o percurso do pensamento e da ação partidários, suas vitórias e derrotas e as lições que oferecem, o colossal patrimônio simbólico de um partido, como o PCdoB, cuja existência influente na história política do Brasil cobre quase todo o século XX.

Recordar o 18 de fevereiro de 1962 é, do ponto de vista revolucionário, dele extrair ensinamentos cuja permanência possa iluminar os caminhos da atualidade. Em fevereiro de 1987, ao lembrar os 25 anos da reorganização, João Amazonas indagava: “Por que o partido venceu?”. Ele próprio respondia:

“Antes de tudo pela justeza de sua orientação política e pela fidelidade ao marxismo-leninismo, (...) por saber interpretar, em diferentes momentos, o sentimento das grandes massas populares, traduzir em termos políticos o que pensava a maioria do povo, (...) porque esteve sempre em ação, buscando o contato com as massas e com as diversas correntes políticas, visando a luta e a mobilização popular, (...) porque pôs em prática os ensinamentos leninistas de que na luta concreta é necessário ter sempre um aliado de massas, (...) por compreender que outras forças revolucionárias poderiam emergir de organizações não-comunistas, atraídas e somadas ao partido da classe operária (...) e o partido venceu (...) [também] por haver contado com o apoio do movimento comunista internacional (..)”.

Princípios, sempre

Da mesma forma que em 1962, 30 anos depois o partido também navegou sob outra tempestade, a da derrota socialista no Leste europeu, do fim da União Soviética e da posterior ofensiva do capital em todo o mundo. Não mudou de nome, cor e símbolos, não renunciou aos princípios, não capitulou. Ao contrário, realizou – ou melhor, iniciou – ampla, profunda e corajosa reflexão crítica sobre os erros e acertos das experiências socialistas pioneiras do século XX. Tudo para requalificar o projeto socialista, não para renegá-lo.

A contemporaneidade coloca o partido diante de novas circunstâncias do desenvolvimento do capitalismo, da revolução, da construção socialista e da permanente (e dialética) atualização do marxismo-leninismo. Há sendas novas a considerar na trajetória transformadora dos trabalhadores e do povo.

Recordo-me aqui – e reproduzo – trecho da minha intervenção no recente XII Congresso do Partido:

“O informe do camarada Renato Rabelo alentadoramente nos indica que o Partido enfrentará os desafios da luta pelo socialismo no Brasil consciente dos riscos de uma caminhada singular, mas também – e, sobretudo – de suas potencialidades revolucionárias. E disposto a fazê-lo como partido comunista, marxista-leninista, revolucionário, formulador e implementador de um programa político ajustado ao objetivo estrutural e estratégico da classe operária e dos trabalhadores do Brasil, ou seja, o socialismo científico com fisionomia brasileira”.

E concluía:

“Assim, não nos perderemos no lusco-fusco das sombras e luzes – mais sombras que luzes que marcam – nas proféticas palavras de João Amazonas – os primeiros tempos do século presente”.

Como na corajosa luta de reorganização partidária iniciada em 18 de fevereiro de 1962.

*Luiz Manfredini é jornalista e escritor, autor de As moças de Minas, representante da Fundação Maurício Grabois no Paraná e membro da Comissão Política do PCdoB no Estado.
 
fonte: http://www.pcdob.org.b

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Brasil da impunidade e da imoralidade

 
Gilson Reis *
 

No calendário romano, o fim de ano é um período de relembrar o nascimento de Cristo, que veio ao mundo para divulgar os princípios da justiça divina. É também nessa época que comemoramos a passagem para um novo ano, com festas que nos embalam na confiança e esperança de novos dias, de novas realizações, de um novo tempo de conquistas.

 

Nessa época, elevamos o nosso espírito cristão e esquecemos as maldades. Porém, são também nesses momentos que possíveis manobras e negociatas encontram campo fértil para germinar e brotar. Como diria Guimarães Rosa: “é nessa encruzilhada que o coisa ruim, o carcará, o bode mostra as suas garras afiadas o seu cheiro de enxofre”.

Assim, enquanto confraternizávamos e celebrávamos a comunhão dos mortais, esquecendo as agruras do nosso tempo, as dificuldades do cotidiano, os desafios impostos pelas incertezas da vida, aconteceu na sombra obscura do Estado brasileiro uma das mais repugnantes manobras, arquitetada pelos senhores de capa preta dos tribunais da Justiça de Pindorama.

Foi no desenrolar dos festejos de dezembro que o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a suspensão integral dos processos e inquéritos derivados da operação Castelo de Areia. A ação investigatória desenvolvida pela Polícia Federal tramita na primeira instância da Justiça Federal. O processo corre na sexta vara criminal e envolve 19 inquéritos policiais e 32 representações da procuradora Karen Kahn, responsável pela denúncia. A operação constatou o envolvimento da construtora Camargo Corrêa em crimes financeiros, lavagem de dinheiro, caixa dois para financiamento eleitoral, propinas a autoridades políticas, entre outros crimes.

Também foi nesse período que o STJ suspendeu todos os atos relativos à Operação Satiagraha, da Polícia Federal, que apurou crimes de lavagem de dinheiro, evasão fiscal, sonegação fiscal, suborno de autoridade policial, caixa dois, corrupção passiva e ativa. A ampla lista de crimes praticados contra o Estado Brasileiro teve como grande mentor e articulador o banqueiro Daniel Dantas, sócio-proprietário do Banco Oportunity. O mesmo banqueiro mantém no Brasil vários outros empreendimentos nebulosos. Antes da decisão do STJ, o Supremo Tribunal Federal (STF), presidido por Gilmar Mendes, já tinha concedido dois harbeas corpus que livrou o banqueiro bandido da prisão.

Por fim, o mesmo STJ suspendeu a ação criminal derivada da Operação Chacal. Essa operação, que também contou com a participação ativa da Polícia Federal, apurou crime de espionagem da Kroll contra empresas de telecomunicações. Conforme o inquérito, a Kroll teria sido contratada pelo banqueiro Daniel Dantas para espionar executivos e autoridades públicas ligadas ao governo federal. É importante lembrar que Daniel Dantas esteve no centro das privatizações do sistema de telefonia brasileiro, patrocinadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo os advogados dos criminosos, a quebra de sigilo telefônico e bancário foi demasiadamente ampla e pode ter atingido a intimidade dos envolvidos, e que as operações foram iniciadas a partir de denúncias anônimas, tese esta amplamente refutada pelas autoridades policiais e pelo Ministério Público. Seria um absurdo a Justiça brasileira consolidar jurisprudência em torno desses dois temas, ou seja, julgar escutas telefônicas com autorização judicial e checagem de extratos bancários como meios ilegais de reunir provas para combater crimes do colarinho branco. Como pode a Justiça brasileira, mesmo em caráter liminar, considerar que tais instrumentos investigatórios não podem ser utilizados?

Nesses sucessivos atos ocorridos no período natalino, a Justiça brasileira evidencia a sua seletividade e parcialidade em relação aos poderosos. Mesmo ainda provisórios, esses atos praticados nos tribunais superiores consolidam entre nós, brasileiros, pobres mortais, uma profunda sensação de impunidade e imoralidade. Não é possível que as teses defendidas pelo banqueiro Daniel Dantas prevaleça! Conforme escutas telefônicas amplamente divulgadas, a única preocupação dele e de seus advogados era com a Justiça de primeira instância, pois eles estavam convictos de que, ao chegar às instâncias superiores, tudo seria resolvido.

O que é mais incrível nessas três operações é que o Juiz Federal de primeira instância Fausto Martin De Sanctis, responsável pelo julgamento dos criminosos, é réu em várias ações impetradas pelos advogados dos criminosos. Conforme esses mesmos advogados, os processos envolvendo seus clientes somente poderão voltar a tramitar na Justiça após o julgamento final de De Sanctis. Ou seja, depois de extinto o prazo de julgamento de seus clientes criminosos.

É nesse cenário de incertezas que o Brasil vive um momento importante da sua história. A democracia brasileira, mesmo com todos os seus percalços e deformações, alcançou, desde a proclamação da República, o seu mais longo período democrático. Neste cenário de consolidação democrática, o poder executivo nas três esferas vem sendo questionado permanentemente. Centenas de prefeitos perderam seus mandatos nos últimos anos, devido a atos de improbidade administrativa e corrupção ativa.

Os governadores do Maranhão e da Paraíba também perderam seus mandatos e pelo menos mais quatro governadores estão na mira do Ministério Público. Neste momento, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, é alvo de denúncias que podem tirá-lo do poder. Outro exemplo importante, e que marcou a recentemente a história nacional, foi o impedimento do então presidente Fernando Collor de Melo. Tais ações, ainda que tímidas, nos apontam para uma possível consolidação da frágil democracia brasileira.

O mesmo ocorre com os legislativos de todo o país: deputados estaduais e federais, senadores e vereadores são constantemente denunciados, e processos de cassação de mandatos são abertos contra eles. É verdade que grande parte dos denunciados é absolvida pelos seus pares, o que causa na opinião pública uma grande indignação. Isso significa que não resolvemos ainda todos os problemas estruturais da nossa legislação democrática, e que devemos avançar rumo a uma desejada reforma política.

Mas se é verdade que avançamos nesses últimos vinte e cinco anos, mesmo que timidamente, também é verdade que assistimos estarrecidos ao declínio diário da confiança dos brasileiros no poder judiciário. Não são raras as vezes que alguns juízes, desembargadores ou mesmo advogados têm agido como deuses, acima do bem e do mal. Pois bem, sabemos que não são deuses. E por não serem é que devemos exigir maior controle público e popular sobre o judiciário brasileiro. Esse controle precisa ser acompanhado de uma ampla reforma estrutural da Justiça, tendo como eixo central uma nova concepção da legislação processual, que continue garantindo o amplo direito de defesa, mas que esta prerrogativa não implique em postergar o julgamento e a absolvição de um seleto grupo de pessoas.

O Brasil, para alcançar a maturidade democrática, precisa enfrentar esse modelo falido de justiça, em que os pobres, “filhos de Deus”, não têm sequer o direito de defesa assegurado, e os abastados, “filhos do capital”, não são julgados nem condenados. Espero que a energia emanada pelas congratulações do final de ano envolva de forma serena e generosa as mentes e corações do povo brasileiro, e que a justiça prevaleça sobre os criminosos de colarinho branco, que surrupiam o país e humilham nossa gente.
* Presidente do Sinpro - MG - Sindicato dos Professores e dirigente nacional da CSC.
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Os mercenários dos EUA estão de olho no Haiti

Vimos este tipo de exploração de desastre "estilo Iraque" em Nova Orleans, e você pode esperar ver muito mais disso no Haiti nos próximos dias, semanas e meses. Empresas de segurança privada estão tendo sinais de lucros vultosos no Haiti, em grande parte graças à propaganda da mídia sobre os “saqueadores”.

Jeremy Scahill, em The Nation

Depois do Katrina, o número de empresas de segurança privada registrado (e não registrado) multiplicou do dia para a noite. Bancos, gente endinheirada, governo norte-americano - todos contrataram segurança privada. Até eu me deparei com mercenários israelenses operando o controle armado de um condomínio de luxo em Nova Orleans. Eles trabalhavam para uma companhia chamada Instinctive Shooting International (algo como "Fuzilamento Instintivo Internacional"). Não é uma piada.

Agora, estão entrando com tudo para engrenar no Haiti.

Uma entidade de mercenários com nome orwelliano, a Associação Internacional das Operações de Paz (IPOA), não perdeu muito tempo para oferecer os “serviços” de suas empresas associadas e cair em cima do Haiti com uma antiquada “assistência humanitária” na forma de exploração do desastre.

Horas após o grande terremoto no Haiti, a IPOA criou uma página especial na internet para clientes em potencial, dizendo: “Logo após o trágico evento no Haiti, as associadas da IPOA estão disponíveis e preparadas para fornecer uma imensa variedade de serviços de assistência às vítimas do terremoto”.

Enquanto algumas das empresas são especializadas em construção rápida de casas, abrigo emergencial e transporte, outras são de segurança privada que operam no Iraque e no Afeganistão, como a Triple Canopy, a companhia que assumiu o contrato da Blackwater e do Departamento de Estado no Iraque. Durante anos, a Blackwater teve um papel muito importante na IPOA até deixar a entidade, em 2007, após o massacre na Praça Nisour.

Em 2005, ainda como membro-líder da IPOA, o proprietário da Blackwater, Erik Prince, concentrou suas forças em Nova Orleans logo após a passagem do furacão Katrina. Longe de algum tipo de presente generoso ao povo sofrido do Golfo do México, Blackwater faturou algo em torno de 70 milhões de dólares em contratos de segurança que começou com um enorme contrato sem licitação para fornecer serviços de proteção para a FEMA (Agência Federal de Administração de Emergência, na sigla em inglês). Blackwater faturou dos contribuintes norte-americanos 950 dólares por homem a cada dia.

O atual programa sob o qual empresas de segurança armada trabalham para o Departamento de Estado no Iraque – o Programa Mundial de Proteção Pessoal – tem raízes no Haiti durante o governo Clinton. Em 1994, forças privadas dos EUA, como a DynCorp, tornou-se um importante elemento das operações norte-americanas no país depois da derrubada de Jean-Bertrand Aristide pela CIA – por trás do esquadrão da morte.

Quando o presidente Bush invadiu o Iraque, sua administração expandiu radicalmente o programa e transformou-o na força paramilitar privada que é hoje. Até ser derrubado, em 2004, Aristide era protegido por uma empresa de segurança privada de São Francisco, a Steele Foundation.

Além do estabelecimento das atividades da indústria mercenária no Haiti, há mais histórias como esta.

Em 15 de janeiro, uma companhia com sede na Flórida chamada All Pro Legal Investigations registrou a URL "Haiti-Security.com". É basicamente uma cópia do website da companhia norte-americana, mas agora é procurada para negócios no Haiti, afirmando que o “objetivo deste site é garantir empresas de construção e reconstrução levando em conta um projeto de segurança profissional acessível ao Haiti”.

“Toda a proteção e segurança tem sido um compromisso com a comunidade haitiana e forneceremos segurança profissional contra qualquer ameaça à prosperidade no Haiti”, declara o site. “Locais de trabalho e abastecimento de comboios serão protegidos contra saqueadores e vândalos. Trabalhadores serão protegidos contra a violência de gangues e intimidação. O povo do Haiti se recuperará com a ajuda de pessoas boas de todo o mundo”.

A empresa se gaba de ter executado “milhares de missões bem-sucedidas no Iraque e Afeganistão”. O mesmo faz com sua equipe: “todo membro de nosso grupo é um ex-oficial de paz ou ex-oficial do serviço militar”, diz o site. “Em matéria de experiência operacional, treinamento e qualificação, escolha a All Protection and Security para a grande ameaça à necessidade de segurança do Haiti”.

Entre os serviços oferecidos, estão: “término de grandes ameaças”, lidar com “agitação de trabalhador”, guardas armados e “escoltas a carregamento de armas”. Ah, e aparentemente eles estão contratando.

O que está se desenrolando no Haiti parece ser parte do que Naomi Klein rotulou de “doutrina de choque”. De fato, no blog da Heritage Foundation, a oportunidade na crise foi construída com um post intitulado: “Em meio ao sofrimento, crise no Haiti oferece oportunidade aos EUA”.

“Além de fornecer assistência humanitária imediata, os EUA respondem ao trágico terremoto no Haiti oferecendo oportunidades para reconstruir o longo período de governo e economia disfuncionais do Haiti bem como melhorar a imagem pública dos EUA na região”, escreveu a Heritage, seguida de Jim Roberts em um post que foi posteriormente mudado para moderar o tom da linguagem da doutrina de choque.

O título foi depois alterado para: “Coisas para lembrar enquanto ajuda o Haiti” e o texto mudou para “Além de fornecer assistência humanitária imediata, os EUA respondem ao trágico terremoto no Haiti devendo chamar a atenção para as preocupações de longa data sobre o frágil ambiente político que existe na região”.

Fonte: Opera Mundi

Gravação mostra Perillo (PSDB) tentando comprar apoio político

Gravações inéditas em poder do Supremo Tribunal Federal (STF) indicam que o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), montou esquema de compra de apoio político para garantir sua eleição, em 2006. Os diálogos foram gravados pela Polícia Federal com autorização da Justiça. Perillo, que antes da campanha havia deixado o cargo de governador de Goiás, é alvo de inquérito no STF para apurar suposto caixa 2 e suspeitas de uso da máquina pública durante a eleição.



Nos relatórios, investigadores afirmam que os diálogos "demonstram a movimentação do alvo (Perillo) para obter dinheiro, visando o pagamento de dívidas de campanha e compra de apoio político". A lista dos que teriam garantido apoio ao tucano em troca de dinheiro inclui vereadores e deputados federais e estaduais de Goiás.

As conversas sobre pendências financeiras prosseguiram após a eleição. De acordo com a investigação, o senador teve de recorrer a empréstimos para cumprir as promessas. Passado o pleito, telefonemas para cobrar pagamentos eram frequentes. Num deles, Francisco Sobrinho de Oliveira, que perdera a disputa por uma cadeira de deputado federal pelo PSDB, reclama dizendo que estava endividado.

"O "trem" seu todo dá uns quatrocentos?", pergunta Perillo, segundo o relatório. Oliveira responde que suas dívidas já somavam R$ 750 mil. Perillo, então, diz que tem uma pessoa que vai "arrumar" parte do dinheiro. Em outra ligação, o senador diz ter conseguido R$ 100 mil emprestados, e avisa que não poderia dar mais porque precisava cumprir promessas feitas a outros políticos: "Eu posso ajudar mais se você arrumar quem queira ajudar."

Ao ex-deputado Nédio Leite, que também lhe telefonara cobrando valores prometidos na campanha, Perillo garante que tentaria "resolver a totalidade ao invés de ser só aquela parte". Ele pergunta se Nédio Leite, à época no PP, não sabia de alguém que pudesse lhe emprestar dinheiro e diz que poderia dar um cheque como garantia.

As cobranças se estendiam ao tesoureiro da campanha de Perillo, Lúcio Fiúza. Num telefonema, de acordo com o relatório da PF, o então deputado federal Pedro Canedo (PP), candidato à reeleição, cobra de Lúcio um "caminhão de arroz" . Em outro, Canedo reclama do atraso no pagamento e diz que o próprio Marconi lhe havia dito que "ontem ou hoje ia me passar".

O então presidente da União de Vereadores de Goiás, Wolmer Tadeu Arraes, também ligou para cobrar. Usando o telefone do comitê de Perillo, o tesoureiro Fiúza fala com um pastor evangélico, identificado como César. Diz que precisava marcar encontro para "encomendar umas orações". Em seguida, deixa de falar em código. "Metade agora e metade na outra semana", afirma o tesoureiro ao pastor.

O senador foi gravado em conversas com juízes pedindo favores e recebendo pedidos. Uma juíza pede que Perillo interceda para evitar a transferência do marido, funcionário do governo. Em outro diálogo, é Perillo quem repassa a uma desembargadora pedido que recebera de uma prefeita.

A investigação detalha o que a PF classificou como uso da máquina pública na campanha. Assessores reservam aviões e helicópteros do governo para viagens de Perillo pelo interior goiano. Há registro, ainda, de voos para buscar Perillo em Búzios e Cabo Frio (RJ). As viagens eram tão frequentes que Perillo diz que pararia de usar aeronaves do Estado: "Podem usar isso no futuro." A PF também acusa o tucano de utilizar policiais militares, pagos pelo Estado, para fazer sua segurança pessoal. As gravações foram autorizadas por uma juíza do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás e, depois, pela ministra Ellen Gracie, do STF.

 Muita afinidade

Ao Estado, Perillo disse ter resposta para todas as suspeitas lançadas pela PF e chanceladas pela Procuradoria Geral da República, que já ajuizou denúncia contra ele no STF. "Minha defesa está 95% pronta e no momento apropriado a apresentaremos", afirmou. O senador diz que as conversas com políticos sobre dinheiro referem-se a doações legais. "Pedi a empresas doações para vários candidatos, algumas viabilizaram, outras não, e por isso que eles ligavam cobrando". Ele nega o uso da máquina. "Se usei aviões do Estado depois que deixei o governo, foi a convite do governador."

O ex-deputado Nédio Leite, nega ter vendido apoio político a Perillo em 2006 e diz não lembrar de conversas sobre dinheiro com o senador. "Tenho muita afinidade com ele", afirmou. Wolmer Arraes e Francisco Sobrinho não foram localizados. O ex-deputado Pedro Canedo, hoje presidente da estatal Indústria Química de Goiás (Iquego), não deu retorno ao contato.

Fonte: Agência Estado

Arruda sofre derrota na Câmara Distrital e na Justiça

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM), que parecia estar resistindo à crise política que cerca a sua administração, sofreu importantes derrotas nas últimas horas. Na Câmara Distrital, a oposição conseguiu adiar a escolha do novo presidente da Casa para terça-feira (2). E, na Justiça, as perdas foram ainda maiores.

Nesta quarta-feira (27), a Justiça mandou embargar a obra de construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública do DF suspendeu os processos de empréstimos entre o DF, a Agência Francesa de Desenvolvimento e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a implementação do VLT.

A liminar determina ainda a imediata suspensão das obras do VLT e o bloqueio de todos e quaisquer valores empenhados às empresas componentes do Consórcio Brastram, responsável pelas obras. O descumprimento da decisão acarretará multa diária de 100 mil reais.

O VLT é um dos projetos exigidos para que Brasília seja sede da Copa de 2014 e, dentro desse sistema, já vinham sendo realizadas obras que alteram a situação da W3, a principal avenida de Brasília.

Arruda tem se valido das obras que faz no DF para afastar a possibilidade de renúncia do cargo. O seu afastamento do Governo comprometeria o andamento dos trabalhos. Chegou a dizer que, no final de seu mandado, será considerado o melhor governador do DF.

Diversos processos

Também ontem, duas decisões judiciais suspenderam a licitação que a imobiliária estatal Terracap faria hoje (28) para a venda de 1.274 lotes na região do Guará, na chamada Cidade dos Servidores. A suspensão atende pedido de liminar do Sindicato dos Policiais, que alega estar sendo prejudicado pelo edital. A outra decisão veio do Tribunal de Contas do DF, atendendo a recomendação do Ministério Público, que aponta irregularidades no edital da Terracap.

Há 15 dias, a Justiça do DF, através da Vara de Meio Ambiente e Assuntos Fundiários, suspendeu a intenção do governo Arruda de ampliar o setor Sudoeste (projeto altamente polêmico, de interesse do dono da Gol, Nenê Constantino).

Com o fim do recesso do Judiciário na próxima segunda-feira (1º), volta a andar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o inquérito que investiga o suposto esquema de corrupção comandado pelo governador do Distrito Federal. Existem diversos pedidos de vista dos autos e de remessa de cópias. Entre elas, uma subscrita pela Câmara Legislativa do DF, para subsidiar os trabalhos da CPI da Corrupção.

Também estão à espera da análise do ministro que comanda o processo, as informações encaminhadas pela Receita Federal e pelo Banco Central sobre a quebra de sigilo bancário e fiscal de Arruda e de outros envolvidos nas investigações.

Ao todo, o inquérito envolve 36 pessoas, entre autoridades do governo local, deputados distritais e empresários. Autor do inquérito, o Ministério Público
Federal vê nos fatos indícios da prática dos crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa e passiva, fraude de licitação e crime eleitoral.

O Supremo Tribunal Federal (STF) também deve julgar ação que pode trazer grandes prejuízos para o governo de Arruda. O Ministério Público do DF ajuizou ação para suspender a execução do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (PDOT).

O projeto foi aprovado pelos deputados distritais acusados de receber cada um R$420 mil para votar a favor e é apontado como tendo sido manipulado para favorecer a especulação imobiliária.

Da sucursal de Brasília
Com Agência Estado

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010


Depoimento: O Haiti já estava de joelhos; agora, está prostrado

No dia 12 de janeiro de 2010, o mundo ruiu em Porto Príncipe. Um mundo já frágil e parcialmente em ruínas foi-se abaixo. O Haiti já estava de joelhos. Agora, com a destruição de sua capital, está prostrado.

Os principais edifícios desabaram, entre eles o palácio nacional, vários ministérios e a catedral; no segundo dia da volta às aulas, jovens estudantes de escolas e universidades procuravam seus amigos entre feridos e mortos nas calçadas e choravam aqueles soterrados.

As operações de resgate são, até o momento, uma promessa, e é evidente que as forças internacionais da ONU não estavam preparadas para lidar com uma calamidade desta natureza.

Sem Estado e diante da inoperância da ONU, os haitianos estão entregues à própria sorte. Após o terremoto, as ruas da capital e as vias que a conectam com os subúrbios e com Pétionville, ficaram absolutamente obstruídas. Carros foram soterrados por muros e prédios; também foram abandonados nas vias estreitas de uma cidade que já possui um trânsito caótico.

Na hipótese da existência de ambulâncias ou veículos de resgate, não teriam como passar. Mortos e feridos se aglomeram nas calçadas, indivíduos correm horas e horas para chegar em sua casa e ver como se encontram os seus, outros parecem andar e correr sem destino.

Diante da falta absoluta de ação de qualquer instância para atender uma cidade subitamente transformada num campo de refugiados, os saques são inevitáveis, e escutamos tiroteios em distintas partes da cidade.

A comoção inicial, traduzida em cânticos e em clamores para "Jesu" e "Bon Dieu", cede pouco a pouco a uma sensação de frustração sem limites, de raiva. Historicamente, o mundo insistiu em ignorar o Haiti e sua grandeza.

Ao embargo político e intelectual secular -como definir de outra forma o ostracismo ao qual foi relegado o Haiti após sua vitoriosa revolução que culminou com sua independência em 1804?- sucederam-se intervenções e ocupações que sempre procuraram negar aos haitianos o sentimento do orgulho dos seus feitos; e, por fim, o golpe de misericórdia, a imposição de uma agenda ditada pela Guerra Fria, que, entre os anos 1950 e 1980 destruiu o Estado haitiano (ao contrário do que pensam alguns, o Haiti possuía um Estado, nem melhor nem pior do que os seus congêneres latino-americanos e caribenhos), fragilizou suas instituições, criminalizou os movimentos sociais e arrebentou seu sistema econômico.

Não foi a interferência americana que destruiu o plantio de milho e interrompeu as conexões existentes entre o camponês, os fornos e os consumidores? Ou outra intervenção que promoveu a eliminação do porco crioulo, base econômica de famílias? Ou o embargo internacional que promoveu o golpe final nas reservas florestais impondo o uso indiscriminado de carvão vegetal?

Diante da fúria da natureza não cabe outro sentimento que o de uma frustração que deita raízes numa história profunda e que subitamente pode ganhar cor: o mundo dos brancos nos destruiu; o mundo dos brancos diz que quer fazer alguma coisa, mas o que faz, além de nutrir seus telejornais com fotos miseráveis que só fazem alimentar a satisfação autocentrada dos países ditos ocidentais?

Não são poucos os agentes das organizações internacionais que anunciam que a "comunidade internacional" estaria cansada do Haiti. Após escutar os haitianos ao longo de anos, de tentar entender o sentido de sua história, digo que são os haitianos que estão fartos das promessas daqueles que dizem representar a "comunidade internacional".

Afinal, por que estão aqui? Após seis anos de ocupação, os hospitais e as escolas ruíram. Depois da tragédia de Gonaives -quando essa cidade foi soterrada na passagem de um furacão, em 2004-, não teríamos de estar minimamente preparados para a gestão de uma calamidade?

Não: a gestão foi entregue aos haitianos e haitianas, e, por que não dizer, ao "Bon Dieu".

* Omar Robeiro Thomaz é antropólogo e professor da Unicamp

Fonte: Folha de S.Paulo

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Praça do Poço da Panela da reinvenção da vida

Luciano Siqueira *
 

“A praça! A praça é do povo/Como o céu é do condor/É o antro onde a liberdade/Cria águas em seu calor - proclamou o poeta para exaltar a luta libertária dos pernambucanos.

De fato, desde Castro Alves, e até de muito antes, as praças são parte da construção e da reinvenção da cidade, da sua história e da história de vida e de luta dos seus habitantes.

A praça poliesportiva e multicultural do Poço da Panela surge como conquista da AMAP, para o bem do bairro e da cidade. Junta-se às suas vizinhas, a pequenina Mano Teodósio, que homenageia um militante da luta democrática, e à exuberante Praça de Casa Forte, que marca o início da obra paisagística de Burle Marx. E também às mais de duas centenas que em muitos lugares do Recife encerram múltiplos significados – a da República, onde foram executados mártires da Revolução de 1817, um dos primeiros passos em prol da Independência do Brasil; a do Carmo, defronte à Basílica e ao Convento de onde saiu, a 13 de janeiro de 1825, o Frei Caneca, líder da Confederação do Equador, conduzido por seus algozes, para ser arcabuzado diante dos muros do Forte das Cinco Pontas; a do Derby, a Farias Neves e outras tantas, palco das retretas de antigamente, de convivência comunitária e lúdica confraternização.

Que na praça poliesportiva e multicultural do Poço da Panela brote a vida verdadeira, a que deve ser vivida – a vida reinventada, no dizer de Cecília Meireles. Que seja território de encontros, promessas e realizações. Crianças e adolescentes, competindo em jogos, aprendam a ganhar e a perder e percebam a força da união e da solidariedade. Os mais velhos, revivendo tempos idos, reencontrem dores, amores e conquistas. Os artistas, exibindo seu talento, expressem a alma de nossa gente, nosso jeito de amar, de sofrer, de alimentar esperanças, de sonhar e de lutar. E os enamorados ofertem rosas vermelhas, símbolo de justa rebeldia e de amor sincero.

* Médico, vereador em Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
* Opiniões aqui expressas não refletem neces

Vidas quase cruzadas

Luciano Siqueira *

Dela soubemos apenas que nasceu em Fortaleza, mudou-se para o Rio de Janeiro onde viveu a infância, a adolescência e o começo da juventude, e alterou períodos fora do país – não disse onde – com retornos intermitentes à terra natal. O sotaque carioca conserva. E o gosto por peças e símbolos orientais, que mistura com motivos nordestinos na decoração da pousada.


Tem um cantinho meio esquisito, uma pequena edificação em taipa, onde se encontra um tosco altar para os que desejarem fazer suas preces. – Religião não tenho, mas sou adepta da filosofia budista, explica. De suas andanças e vivências, exibe no corpo tatuagens que quem olha não entende, carece de esclarecimento. Sim, tem também o marido, que usa óculos escuros para proteger a vista do sol, meio obeso e fala ao jeito gaúcho.

Ao café da manhã, demonstra intimidade com quatro hóspedes mulheres que lhe relembram a conversa da noite anterior: - Que história tem vocês, hem. Nós também temos nossas histórias, hoje a gente continua daquele ponto: quando e como tudo começou. Trocam risadas e resmungos, como se segredos estivessem a revelar. Na promessa de detalhes, feita pela branquela, um quê de cumplicidade. São dois casais do mesmo sexo.

Fazíamos nossos pratos, abacaxi, melão, mamão papaia, tapioca, ovos fritos, queijo manteiga, presunto. Suco de acerola. Café forte. Não éramos parte do pequeno grupo que se formara em torno da mesa larga. Nossas intimidades não interessavam, certamente nada tinham a nos contar numa manhã de sol esquentado, naquele mormaço debaixo da grande caiçara. Não tínhamos compartilhado como elas, na noite anterior, coisas vividas, sonhadas, sofridas e comemoradas.

Ficamos à mesa na quina, mais distante, já não ouvíamos a conversa, nem ouviam o que dizíamos.

Entre peças artesanais nordestinas e abajus e estatuetas budistas, espalhados pelos diversos ambientes da pousada, livros e revistas em diversas línguas e uma coleção quase completa de Bravo! A capa sobre os cinqüenta anos de Grande Sertão: Veredas deu o mote para breve troca de impressões sobre o gosto comum pela boa leitura. Nada mais que isso.

Dia seguinte seguimos viagem pelo litoral cearense, deixando a saudação habitual de um bom dia, um abraço fraterno, a paga pelos dois dias ali vividos e a leve frustração, nossa, não sabemos se dela também, por não havermos entrado na roda e compartilhado coisas da vida, de nossas vidas. Nossos destinos por estradas distintas, em paralelo, talvez mais: bifurcados, faltos daquela oportunidade de entrosamento, vidas que não se cruzaram. Por um pouquinho de nada.


* Médico, vereador em Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
* Opiniões aqui expressas não refletem necessáriamente as opiniões do site.

Enfrentando as contradições contemporâneas

José Carlos Ruy *

Ao enfrentar as contradições de nosso tempo, Idéias e Rumos, de Renato Rabelo, dá uma demonstração (mais uma) da atualidade do pensamento marxista.

Idéias e rumos
Renato Rabelo
Editora Anita Garibaldi/Fundação Maurício Grabois
São Paulo, 2009

O filósofo francês Jean Paul Sartre escreveu, em 1960, que o “marxismo é a filosofia insuperável de nosso tempo”. Ele justificou sua tese afirmando que uma filosofia tem essa estatura quando “dá expressão ao movimento geral da sociedade” e indica as tarefas históricas a serem resolvidas em uma época dada. Não se trata de ter maior ou menor adesão mas de exprimir de forma teórica os problemas concretos que os homens enfrentam.

Idéias e rumos, o livro recém lançado de Renato Rabelo, presidente nacional do Partido Comunista do Brasil, é uma demonstração contemporânea, e brasileira, daquela afirmação de Sartre. O livro compendia o enfrentamento de questões práticas e teóricas durante quarenta anos de “militância e aprendizado político”, diz ele. São textos e artigos “divulgados no curso da luta, no calor das exigências de respostas políticas, programáticas, partidárias e práticas, num esforço conjunto de encontrar alternativas para a luta transformadora nos estreitos horizontes do status quo dominante”, com o objetivo de “alcançar uma nação mais avançada, soberana, moderna, justa e solidária”.

Apresentados em três partes – rumo, caminho e instrumento – estes textos historiam a evolução de um pensamento marxista solidamente colado aos problemas reais, das contradições profundas da sociedade brasileira ao enfrentamento do imperialismo em todos os rincões onde ele manifeste sua ação agressiva contra os povos. Contradições do presente que exigem um equacionamento contemporâneo e criativo, distante das velhas e fossilizadas concepções que transformavam a teoria em um receituário pronto a ser aplicado em qualquer nação.

Uma das teses teóricas centrais, nesse sentido, está em um texto publicado em 2001, significativamente intitulado “O socialismo está na ordem do dia?”. Do ponto de vista político ainda não, reconhece. E afirma que, do ponto de vista histórico, “a luta pelo socialismo está na ordem do dia”, no quadro de uma crise capitalista de caráter sistêmico que se agrava e leva a humanidade “ao confronto inevitável de escolher entre o rumo socialista e alcançar novas conquistas civilizatórias, ou retroceder a formas inferiores de convivência social”. Mas o triunfo do socialismo não resultará somente do “agravamento das contradições do sistema capitalista”, mas depende “da ação consciente e organizada dos trabalhadores e seus aliados” cuja luta não arrefeceu depois da crise dos países do leste europeu, mas “cresce e adquire uma nova dimensão a luta pelo socialismo”.

Aquele texto indica, em embrião, teses teóricas de longo alcance que resultaram da constatação de que a situação de defensiva estratégica que resultou do fracasso do Leste Europeu não significou a paralisia da luta dos trabalhadores, mas levou à sua retomada em outro patamar. E que exigia assim dos teóricos e dirigentes comunistas respostas adequadas às contradições do tempo presente, e não a mera reafirmação de textos clássicos.

Ali está esboçada, nesse sentido, a indicação da nova luta pelo socialismo, que será desenvolvida nos anos seguintes. E também a idéia de que sem uma concepção teórica atualizada (o “rumo”, o objetivo estratégico) não se vislumbra a tática (o “caminho”) para se alcançar o início da transição para o socialismo, nem a ferramenta (o “instrumento”) para ela, constituído pelo partido.

No Brasil esta perspectiva foi aberta pela nova etapa da história republicana representada pela eleição de Luís Inácio Lula da Silva em 2002. Ela permitiu o início da superação do neoliberalismo e criou depois a possibilidade de um Novo Programa Nacional de Desenvolvimento, que o 12º Congresso do Partido Comunista do Brasil indica como caminho a seguir para superar as contradições do presente e elevar o país a um novo patamar capaz de abrir as portas para uma sociedade mais avançada.

A tarefa indicada por Sartre ao pensamento avançado – a de refletir as contradições e tarefas históricas de uma época – estão assim delineadas em Idéias e Rumos. À margem de qualquer reflexão livresca ou retórica, os textos ali reunidos têm este sólido compromisso com a realidade e com a luta por um mundo avançado. Nesse sentido, um de seus méritos é a demonstração, mais uma vez, de que o pensamento marxista continua vivo e se renova ao enfrentar os desafios do presente.
 
(Publicado inicialmente em Princípios, nº 105)

* Jornalista, editor da Classe Operária, membro da Comissão Nacional de Comunicação e do Comitê Central do PCdoB; é da Comissão Editorial da revista Princípios

* Opiniões aqui expressas não refletem necessáriamente as opiniões do site.


    13 de Janeiro de 2010 - 21h58

Ocultar crimes é desserviço à democracia, diz PCdoB

Em nota divulgada nesta quarta-feira (13), o PCdoB manifesta seu apoio ao Programa Nacional de Direitos Humanos como “sistematização de importantes anseios democráticos” e afirma que “tentar ocultar os crimes contra os Direitos Humanos praticados no período da ditadura militar é um desserviço à democracia e à união do povo brasileiro para transformar este país numa Nação forte, justa e democrática”. Acompanhe a íntegra. 

O plano de direitos humanos e o avanço democrático do país

O Partido Comunista do Brasil manifesta o seu apoio ao Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), do governo federal, por entender que ele representa uma sistematização de importantes anseios democráticos que o país ainda necessita conquistar.

Tal Programa incorporou resoluções da 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, realizada em Brasília, e de mais de 50 conferências temáticas realizadas desde 2003. A grande maioria de suas propostas deverá ser objeto de projetos de lei a serem amplamente discutidos no Congresso Nacional e por toda a sociedade. Mesmo assim ele tem sido objeto de críticas da grande imprensa e de certos setores da sociedade.

O ponto mais polêmico tem sido a proposta de criação de uma Comissão da Verdade. Tal Comissão terá dentre outros os objetivos de apurar a violação dos Direitos Humanos no período da ditadura militar; reconstituir a verdade histórica sobre este período; localizar e identificar os restos mortais dos desaparecidos políticos; revogar leis remanescentes do período 1964-1985 que sejam contrárias à garantia dos Direitos Humanos ou tenham dado sustentação a graves violações.

O Partido Comunista do Brasil defende um Projeto Nacional de Desenvolvimento com a afirmação da soberania nacional, da democracia, dos direitos sociais, da valorização do trabalho e da integração latino-americana. Neste projeto o Partido tem claro e valoriza o papel das Forças Armadas na Segurança Nacional, em particular em relação ao pré-sal e à Amazônia.

O destaque central que o Partido dá à questão nacional não significa, no entanto, deixar de lado as demais questões que compõem um Projeto Nacional de Desenvolvimento e que atenda à grande maioria da nação, em particular a questão democrática.

A Nação brasileira tem o direito de conhecer a verdadeira história do País e não somente uma parte dela. Necessita conhecer melhor o golpe proferido contra as instituições democráticas no país em 1964, instituindo uma ditadura militar e rasgando a Constituição brasileira. Este regime foi responsável por graves atentados aos Direitos Humanos. Não há como avançar no terreno democrático sem que estas questões sejam suficientemente esclarecidas.

Várias nações latino-americanas já constituíram Comissões da Verdade como na Argentina, Chile, El Salvador, Guatemala e Peru, numa demonstração evidente da importância que este tema passou a ter em nosso continente, como decorrência do período ditatorial vivido por quase todos os países latino-americanos.

O argumento daqueles que se manifestam contra a criação da Comissão da Verdade é de que em havendo um julgamento dos torturadores, deveria haver também o julgamento daqueles que cometeram atos de violência na luta contra a ditadura. Trata-se de um argumento absurdo e inconsistente de quem quer encobrir a verdade dos fatos. É tentar igualar o agressor ao agredido. Uma situação diz respeito aos torturadores que se utilizaram do aparelho de Estado para matar, torturar e praticar os mais hediondos crimes contra os Direitos Humanos. Outra diz respeito àqueles que se levantaram contra esta situação e que foram vítimas das prisões ilegais, tortura, sendo que muitos foram mortos, viveram anos na clandestinidade ou no exílio.
Estes já foram julgados.

Além do mais, a Constituição brasileira considera que a tortura é um crime inafiançável e insusceptível de graça ou anistia. A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que “ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”. Várias convenções internacionais consideram a tortura como um crime de
lesa humanidade e, como tal, imprescritível.

O Partido Comunista do Brasil defende esta posição não como uma atitude revanchista, mas como a alternativa de uma verdadeira reconciliação nacional e como efetivo caminho de superação desta mancha que ficou na história do Brasil. Tentar ocultar os crimes contra os Direitos Humanos praticados no período da ditadura militar é um desserviço à democracia e à união do povo brasileiro para transformar este país numa Nação forte, justa e democrática.



Brasília, 13 de janeiro de 2010
Renato Rabelo
Presidente do Partido Comunista do Brasil
      Presidente Lula sanciona criação da Unila dia 12 de janeiro    



 O Projeto de Lei que cria a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) será sancionado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima terça-feira, 12 de janeiro de 2010, em solenidade a ser realizada na Sala de Audiências do Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, às 15h30min 
 Projeto de Oscar Niemeyer para o futuro campus da Unila em Foz do Iguaçu
Autor: Divulgação
 







Presidente Lula sanciona criação da Unila em 12 de janeirode 2010 O Projeto de Lei que cria a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) será sancionado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima terça-feira, 12 de janeiro de 2010, em solenidade a ser realizada na Sala de Audiências do Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, às 15h30min Projeto de Oscar Niemeyer para o futuro campus da Unila em Foz do Iguaçu Autor: Divulgação [Photo] O ministro da Educação, Fernando Haddad, juntamente com o presidente da Comissão de Implantação da Unila e futuro reitor da instituição, professor Hélgio Trindade, estará recebendo as autoridades acadêmicas e políticas convidadas para a cerimônia. O reitor da UFPR Zaki Akel estará presente, juntamente com o vice-reitor Rogério Mulinari. A UFPR foi tutora da Unila durante o processo de criação da nova universidade. Entre os dias 11 e 12 de janeiro, em Brasília, também será realizada a 13ª e última Reunião da Comissão de Implantação da Unila. O grupo formado por 13 especialistas, que tomou posse no Ministério da Educação (MEC), em março de 2008, trabalhou conjuntamente na construção do projeto político-pedagógico da futura instituição que visa a cooperação solidária da América Latina, através da formação de recursos humanos, do desenvolvimento de pesquisas e do conhecimento compartilhado. A Unila terá uma proposta acadêmica inovadora inter e transdisciplinar, aulas bilíngües (português e espanhol), e a oferta diferenciada de cursos de graduação e pós-graduação que atendam às necessidades atuais e futuras para o desenvolvimento sustentável e a promoção da integração da América Latina. Metade do corpo docente e dos alunos da Universidade será de cidadãos brasileiros, os demais 50% serão provenientes de outros países da Região. A meta da instituição é alcançar 10 mil alunos em cinco anos. Na primeira etapa de implantação serão oferecidos os seguintes cursos de graduação: - Sociedade, Estado e Política na América Latina; Relações Internacionais e Integração Regional; História e Direitos Humanos na América Latina; Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar; Economia, Integração e Desenvolvimento; Comunicação, Poder e Mídias Digitais; Ecologia e Biodiversidade, Tecnologia e Engenharia das Energias Renováveis; Engenharia Civil – ênfase em infraestruturas; Gestão Integrada de Recursos Hídricos; Direito Internacional Comparado; Saúde Coletiva; Geografia, Território e Paisagem na Produção do Espaço; Tecnologia e Engenharia das Energias Renováveis; Educação, Tecnologia e Integração; Licenciaturas: Ciências da Natureza, Interculturalidade e Integração, Esporte, Meio Ambiente e Políticas Sociais, Políticas Lingüísticas Latino-Americanas – com distintas ênfases. 

Ana Paula Dixon/ Assessora de Comunicação CI-UNILA



 Presidente Lula sanciona criação da Unila em 12 de janeirode 2010



O Projeto de Lei que cria a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) será sancionado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima terça-feira, 12 de janeiro de 2010, em solenidade a ser realizada na Sala de Audiências do Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, às 15h30min

Projeto de Oscar Niemeyer para o futuro campus da Unila em Foz do Iguaçu
Autor: Divulgação
      







O ministro da Educação, Fernando Haddad, juntamente com o presidente da Comissão de Implantação da Unila e futuro reitor da instituição, professor Hélgio Trindade, estará recebendo as autoridades acadêmicas e políticas convidadas para a cerimônia. O reitor da UFPR Zaki Akel estará presente, juntamente com o vice-reitor Rogério Mulinari. A UFPR foi tutora da Unila durante o processo de criação da nova universidade.

Entre os dias 11 e 12 de janeiro, em Brasília, também será realizada a 13ª e última Reunião da Comissão de Implantação da Unila. O grupo formado por 13 especialistas, que tomou posse no Ministério da Educação (MEC), em março de 2008, trabalhou conjuntamente na construção do projeto político-pedagógico da futura instituição que visa a cooperação solidária da América Latina, através da formação de recursos humanos, do desenvolvimento de pesquisas e do conhecimento compartilhado.

A Unila terá uma proposta acadêmica inovadora inter e transdisciplinar, aulas bilíngües (português e espanhol), e a oferta diferenciada de cursos de graduação e pós-graduação que atendam às necessidades atuais e futuras para o desenvolvimento sustentável e a promoção da integração da América Latina. Metade do corpo docente e dos alunos da Universidade será de cidadãos brasileiros, os demais 50% serão provenientes de outros países da Região. A meta da instituição é alcançar 10 mil alunos em cinco anos.

Na primeira etapa de implantação serão oferecidos os seguintes cursos de graduação:

- Sociedade, Estado e Política na América Latina; Relações Internacionais e Integração Regional; História e Direitos Humanos na América Latina; Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar; Economia, Integração e Desenvolvimento; Comunicação, Poder e Mídias Digitais; Ecologia e Biodiversidade, Tecnologia e Engenharia das Energias Renováveis; Engenharia Civil – ênfase em infraestruturas; Gestão Integrada de Recursos Hídricos; Direito Internacional Comparado; Saúde Coletiva; Geografia, Território e Paisagem na Produção do Espaço; Tecnologia e Engenharia das Energias Renováveis; Educação, Tecnologia e Integração; Licenciaturas: Ciências da Natureza, Interculturalidade e Integração, Esporte, Meio Ambiente e Políticas Sociais, Políticas Lingüísticas Latino-Americanas – com distintas ênfases.

Ana Paula Dixon/ Assessora de Comunicação CI-UNILA