sexta-feira, 24 de maio de 2013

RECADO AO AMIGO ADEPTO DA 'MENTIROPATIA' IDEOLÓGICA!

"Acertar as contas com o passado é necessário quando se almeja um coerente projeto futuro, e se busca curar a 'esquerdopatia' desenvolvida."

Faz tempo que digo que a esquerda precisa um momento pra acertar as contas com seu passado. Isso se tiver motivações para os avanços utópicos que almeja e para o vislumbre do real que estão ao seu alcance. Não dá pra continuar achando que o simplismo aparelhista em entidades, ou cadeira legislativa é a prova concreta de que seus objetivos estão sendo atingidos enquanto projeto politico ou programa de orientação partidária. 

A verdade vai além do mero orientalismo PROgramático que é violentado na ação PRAgmática do que chamam de força de convergência de ideais. Basta ver o mercado de militantes fabricados momentaneamente em detrimento de mazelas administrativas a posteriori. Muitos dos quais se esforçando fisiologicamente para manter contato com o povo e cadastrando números sem vinculo algum com a luta de classe lá na base. 

Mais do que em qualquer outro lugar meu caro, aqui onde a 'Direita Sectária' governa desde a expulsão dos guaranis e kaingangs, sendo interrompida apenas 8 anos por um intervalo acidental de interesses dispersos vai permanecer por muito tempo ainda. Pelo menos enquanto as "forças de esquerda" se ainda pode ser identificada ou os simpatizantes deste processo histórico não fizerem uma espécie de acerto de contas com com seu passado de orientação ideológica e coerência. Mais do que meras bandeiras e grito de oposição se faz necessário revisão e formação. 

Isso deve passar por todos os espaços onde os vícios da esquerdopatia se instalou como ilusória solução para as transformação da realidade. Desde as entidades comunitárias, entidades de classes, escolas, universidades e Sindicatos. Principalmente neste ultimo, onde em muitos casos se faz a luta de classe virtual, ilusória, fisiocrata e seus 'dirigentes executivos' na efetiva atuação de base sugam a entidade, enganam os seus representados e em inúmeras situações ainda recebem apoio imoral de seus "iguais'. 

A 'Iusão' é sempre uma 'Alusão' de realidade alienadora onde o individuo passa a mentir pra si mesmo, e agrava a situação ao acreditar no todo como uma verdade. Ou seja, vende a imagem de transformador da sociedade, mas mantém em ruínas os primevos ideais de classe, dissolvendo os princípios da coletividade em seus interesses personalistas ou de grupo. Aqui emerge a presença de uma terrível perversão da verdade: A 'MENTIROPATIA' da Luta de classe! É assim que desejam mudar a realidade politica por aqui? 

A grande verdade, é que sem um novo programa de formação efetiva, que faça frente a esta deformação da realidade, todos os projetos caminham a passos largos para o fracasso e as duras contradições. E diante desta cegueira pragmática, todos precisam integrar conscientemente a certeza de que as forças conservadoras ainda vão rir a toa por muito tempo aqui na cidade. Porém somente os coerentes conseguem ver a verdade, tudo o mais é apanágio dos incoerentes. Se é este o vosso projeto só nos resta uma doentia e cômica salva de palmas a burrice ideológica, pois embora Chapecó mereça mais, a direita agradece!!! 


Neuri Adilio Alves
Professor, Pesquisador.

sábado, 11 de maio de 2013

A ARTE DE DEIXAR APRENDER

"(...) deixar aprender é deixar que o conhecimento nasça, que o conhecedor renasça a cada novo conhecimento, é deixar que cada um se reconheça no ato de aprender."

Para Martin Heidegger ensinar é mais difícil do que aprender porque ensinar significa: deixar aprender.

Uma arte refinada, que exige sensibilidade extrema para perceber as disposições de cada aluno, para detectar o grau de maturidade intelectual e emocional de cada aluno, para permitir que o aluno mesmo entre em contato com a necessidade pessoal de buscar a verdade

O professor que entende as “artimanhas” desse deixar aprender jamais pretende dominar o aluno com recompensas e muito menos com punições ou ameaças. Limita-se (rompendo todos os limites) a apresentar o que entende ser a verdade, mais com uma atitude de busca do que com grandes proclamações de já ter encontrado ou definido tudo.

Deixar aprender é transmitir o entusiasmo irresistível de quem se comprometeu radicalmente com a realidade. O mestre entusiasmado faz os alunos descobrirem, em clima de reverência (sem expulsar o bom humor), que aprender é emocionante porque tem a ver com o sentido da vida.

O professor que sabe deixar aprender dispensa a “aulística”, esta habilidade que se reduz a dar aulas picotadas de sala em sala. Vive, sim, da “holística”, essa visão da existência que nada deixa de fora. Não existe “o fora”. Todos os aspectos da realidade são conciliáveis numa visão generosa: o subjetivo e o objetivo, o interior e o exterior, a teoria e a praxis, a liberdade e a obediência, a autonomia e a heteronomia, o etc. e o etc.

Deixar o outro aprender é deixá-lo ver as realidades contrastantes que se harmonizam numa visão abrangente, numa visão filosófica da realidade. A realidade é matizada, e também precisamos deixar que ela se manifeste.

Deixar que o outro aprenda não é deixar de dar aulas. É cultivar o conhecimento integral da realidade, atitude que nada tem a ver com o conhecimento exaustivo das coisas, com a tentação epistemológica da análise avassaladora, com o domínio antecipado de categorias às quais o real deverá ajustar-se, custe o que custar.

O professor verdadeiro, na minha concepção, é aquele que entende o conhecimento como um co-nascimento, ou, para ser mais explícito, como o co-naissance do famoso trocadilho de Gabriel Marcel.

Isto é, deixar aprender é deixar que o conhecimento nasça, que o conhecedor renasça a cada novo conhecimento, é deixar que cada um se reconheça no ato de aprender.

O resto é pedagogia.

Professor Gabriel Perissé 
Doutor em Filosofia da Educação pela USP e coordenador pedagógico do Ipep (Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa).

quinta-feira, 2 de maio de 2013

SANTA CATARINA - A SUÍÇA BRASILEIRA É AQUI?

“Venham visitar, mas venha sabendo que aqui os 'Alpes Suíços' são montanhas de mazelas sociais também!!!”

Tenho visto muitos papagaios do Governo do Estado afirmar que Santa Catarina é a SUÍÇA BRASILEIRA. Pra ser sincero com meus milhares de amigos que não moram aqui e ouvem falar deste engano vou elencar umas verdades. Primeiro dizer primeiro que amo meu Estado, mas prezo pela verdade e a verdade me diz que entre a SUIÇA BRASILEIRA e SUÍÇA EUROPÉIA existe um grande abismo de disparidade. 

Na “SUÍÇA BRASILEIRA” ou Vergonha Catarinense tem: 

a- ) Professor vergonhosamente remunerado; 
b- ) Escola em avançado estado de degradação; 
c- ) Rodovias em degradação e abandono; 
d-) Policiais e Bombeiros Militares com salário de fome; 
e-) Órgãos Públicos são como colônias de parasitas comissionados; 
f-) A decentralização administrativa é um cabidão de regalia empregatícia; 
g-) Viúvas de ex governadores recebendo salários de até R$ 15 mil reais ao mês; 
h-) Ex Governador recebendo Salários de aposentadoria Cumulativa em média de R$ 25 mil cada uma chegando a receber 50 mil reais mês de salários; 
i-) Regalias pagas a Ex Governadores de Colombo Salles, Antônio Carlos Konder Reis, Jorge Bornhausen, Henrique Córdova, Esperidião Amin, Casildo Maldaner, Paulo Afonso Vieira e Leonel Pavan, que custam aos cofres públicos em média mais de R$ 200.000 mil reais por mês ; 
j-) Tem corrupção e sorteio pragmático em licitação de Obras Públicas; 
l-) Milhares de jovens viciados e morrendo pelo envolvimento com drogas; 
m-) Centenas de crimes cometidos mensalmente pouco divulgados; 
n-) O Crime Organizado queimando Oníbus e Veículos pelo estado todo; 
o-) Presidiários organizando festas dentro de Presídios, e criminosos ditando regras sociais; 
p-) ASSASSINATO de vereador sendo declarado como HOMICIDO; 
q-) Milhares de focus de Mosquito e casos de Dengue; 
r-) Rodovias sucateadas e legadas ao abandono; 
s-) Obras públicas superfaturadas, corrupção na esfera pública e os privilégios nocivos ao estado; 
t-) Beleza em abundância e imensa degradação ambiental também, falta saneamento básico, praias contaminadas e cidades sujas; 
u-) Moradores de rua espalhados em grade numero pelas maiores cidades do estado como uma dolorida chaga social; 
v-) Mentirosos saindo pelo “ladrão” (sem trocadilho), com postura de bom cidadão; 
x-) O marketing de turismo como uma grande falácia, porque na essência somos sim: encanto turístico, vergonha politica e tragédias sociais também; 

( !!! ) ESTA É A SUÍÇA BRASILEIRA!!! NÃO PRECISA SE ASSUSTAR, TUDO ISSO AQUI É REAL! SÓ AS BELEZAS NOS SALVAM! 

VENHAM VISITAR, MAS VENHA SABENDO QUE AQUI OS “ALPES” SÃO MONTANHAS DE MAZELAS SOCIAIS TAMBÉM!!! 

Neuri Adilio Alves
Professor / Pesquisador

quarta-feira, 24 de abril de 2013

AOS PREGADORES DO 'CAGAÇO' SOU FAVORÁVEL QUE:

"Fim dos tempos??? Não... Fim de linha idiotas!!!"
Por Neuri Adilio Alves

Sejam condenados por Crime de Racismo/Preconceito qualquer IDIOTA, (sim eu disse idiota), Pastor, Missionário, Padre, Pregador que fizer uso instrumental, vazio de Exegese e Hermenêutica BIBLICA pra INSTITUCIONALIZAR a HOMOFOBIA entre os seus fiéis seguidores. É preciso punir duramente dentro da Lei, da mesma forma que qualquer outro ato de preconceito ou agressão contra a vida é julgado. 

Mais do que isso, é preciso acabar com este mercado maldito do engano e senso comum usado a base de gritaria e Bíblia na mão como mercado lucrativo da fé. Mesmo que para isso, se faça necessário um marco regulatório de critério para abrir Igrejas, Casas de Pregações e afins! Exigindo de inicio um certificado teológico emitido por instituição devidamente reconhecida por órgão federativo para então receber o "Habite-se" de local físico para culto da fé. E posteriormente que requeira junto ao 'Senhor' sua vocação de 'enviado pregador'. 

Porque tem muita gente que adormece delinquente e acorda como convertido pregador. Muitos dos quais não conseguem gerenciar a própria vida, mas abrem as portas da sua casa pra enganar fiéis usando de senso comum, com Versículos e Capítulos Bíblicos decorados. Se não tiver um certificado devidamente reconhecido por uma instituição de mesmo modo legal, não pode abrir Igreja, e muito menos ser "empresário do ledo engano da fé". 

E se inicialmente for necessário a presença da Vigilância Sanitária (por insanidade) que assim seja feito, pois poderá ajudar na limpeza da boca suja primeiro. Depois se pode esterilizar também o 'diabo' que eles tanto usam pra assustar os fiéis. 

Porque no Brasil existe lugares que a quantidade de "Igreja" esta tão grande que o 'Diabo' é expulso de uma Igreja e entra na outra logo a frente, isto quando ele não abre uma pra si mesmo. 

Fim dos tempos??? Não... Fim de linha idiotas!!! 
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ANTES QUE ME ESQUEÇA... sou favorável que seja levado a julgamento por crime contra a humanidade e apologia ao racismo todo governo que por acordo e interesse politico indique para conduzir qualquer 'Órgão Público', principalmente de Direitos Humanos um Parlamentar acusado de Xenofobia, Homofobia e Misoginia. Exemplo neste momento do Brasil!

Neuri Adilio Alves 
Professor Pesquisador

sexta-feira, 19 de abril de 2013

OS DADOS MENTIROSOS SOBRE A ECONOMIA DA VENEZUELA - ATAQUE DOS FACISTAS


Veja o conteúdo da Carta do Professor de Economia da UFF Universidade Federal Fluminense Victor Leonardo de Araujo, à Editora do caderno Mundo de O Globo, Sandra Cohen.


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Prezada Senhora Sandra Cohen, 

Já é sabido que o jornal O Globo não nutre qualquer simpatia pelo governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, e tem se esforçado a formar entre os seus leitores opinião contrária ao chavismo – por exemplo, entrevistando o candidato Henrique Caprilles sem oferecer ao leitor entrevista com o candidato Nicolás Maduro em igual espaço. Isto por si já é algo temerário, mas como eu não tenho a capacidade de modificar a linha editorial do jornal, resigno-me. 

O problema é que o jornal tem utilizado sistematicamente dados um tanto quanto estranhos na sua tarefa de formar a opinião do leitor. Sou professor de Economia da Universidade Federal Fluminense e, embora não seja “especialista” em América Latina, conheço alguns dados sobre a Venezuela e não poderia deixar de alertá-la quanto aos erros que têm sido sistematicamente cometidos.

Como parte do esforço de mostrar que o governo Chávez deixou a economia “em frangalhos”, o jornalista José Casado, em matéria publicada em 15/04/2013 (“Economia em frangalhos no caminho do vencedor”) informa que o déficit público em 2012 foi de 15% do PIB. Infelizmente, as fontes desta informação não aparecem na reportagem (apenas uma genérica referência a “dados oficiais e entidades privadas”!!!), uma falha primária que nem meus alunos não cometem mais em seus trabalhos. Segundo estimativas apresentadas para o ano de 2012 no “Balanço Preliminar das Economias da América Latina e Caribe”, da conceituada Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o déficit foi de 3,8% do PIB, ligeiramente menor do que no ano anterior, mas muito inferior ao apresentado pelo jornal. Caso o jornalista queira construir a série histórica para os resultados fiscais para a Venezuela (e qualquer outro país do continente), pode consultar também as várias edições do “Estudio Económico” também da Cepal. 

Para poupar o seu trabalho: a Venezuela registrou superávit primário de 2002 a 2008: 2002: 1% do PIB; 2003: 0,3; 2004: 1,8; 2005: 4,6; 2006: 2,1; 2007: 4,5; 2008: 0,1; e déficit nos anos seguintes: 2009: -3,7% do PIB; 2010: -2,1; 2011: -1,8; 2012: -1,3. O déficit é decrescente, mas bem distante dos 15% do PIB publicados na matéria. 

Afirmar que o déficit público na Venezuela corresponde a 15% do PIB tem sido um erro recorrente, e também aparece na matéria intitulada “Onipresente Chávez”, publicada na véspera, também no caderno “Mundo” do jornal O Globo em 13/04/2013. A este propósito, tenho uma péssima informação a lhe dar: diante de um quadro fiscal tão saudável, o presidente Nicolás Maduro não precisará realizar ajuste fiscal recessivo, e terá condições de seguir com as políticas de seu antecessor.

A matéria do dia 15/04/2013 possui ainda outros erros graves. O primeiro é afirmar que existe hiperinflação na Venezuela, e crescente. Não há como negar que a inflação é um problema grave na Venezuela, mas O Globo não tem dispensado o tratamento adequado para informar os seus leitores. A inflação na Venezuela tem desacelerado: foi de 20% em 2012, contra 32% em 2008 (novamente utilizo os dados da Cepal). Tudo indica que o jornalista não possui conhecimento em Economia, pois a Venezuela não se enquadra em qualquer definição existente para hiperinflação – a mais comumente utilizada é de 50% ao mês; outras, mais qualitativas, definem hiperinflação a partir da perda da função de meio de troca da moeda doméstica, situações bem distantes do que ocorre na Venezuela.

Outro equívoco é afirmar que “não há divisas suficientes para pagar pelas importações”. A Venezuela acumula superávits comerciais e em transações correntes (recomendo que procure os dados - os encontrará facilmente na página da Cepal). Esta condição é algo estrutural, e a Venezuela é a única economia latino-americana que pode dar-se ao luxo de não precisar atrair fluxos de capitais na conta financeira para financiar suas importações de bens e serviços. Isto decorre exatamente das exportações de petróleo.

O problema, Senhora Sandra Cohen, é que os erros cometidos ao expor a situação econômica venezuelana não se limitam à edição do dia 15/04, mas tem sido sistemáticos e corriqueiros. Como parte do esforço de mostrar que o governo Chávez deixou uma “herança pesada”, a jornalista Janaína Figueiredo divulgou no dia 14/04 (“Chavismo joga seu futuro”) que em 1998 a indústria respondia por 63% da economia venezuelana, e caiu para 35% em 2012. Infelizmente, a reportagem comete o erro primário que o seu colega José Casado cometeu: não cita suas fontes. 

Em primeiro lugar, a informação dada pelo jornal é que a Venezuela era a economia mais industrializada do globo terrestre no ano de 1998. Veja bem: uma economia em que a indústria representa 63% do PIB é super-hiper-mega-industrializada, algo que sequer nos países desenvolvidos foi observado naquele ano, nem em qualquer outro. E a magnitude da queda seria digna de algo realmente patológico. Como trata-se de um caso de desindustrialização bastante severo, procurei satisfazer a minha curiosidade, fazendo algo bastante corriqueiro e básico em minha profissão (e, ao que tudo indica, o jornalista não fez): consultei os dados. 

Na página do Banco Central da Venezuela encontrei a desagregação do PIB por setor econômico e lá os dados eram diferentes: a indústria respondia por 17,3% do PIB em 1998, e passa a representar 14% em 2012. Uma queda importante, sem dúvida, mas algo muito distante da queda relatada por sua jornalista. Caso a senhora, por qualquer juízo de valor que faça dos dados oficiais venezuelanos, quiser procurar em outras fontes, sugiro novamente a Cepal, (Comissão Econômica para América Latina e Caribe). As proporções mudam um pouco (21% em 1998 contra 18% em 2007 – os dados por lá estão desatualizados), mas sem adquirir a mesma conotação trágica que a reportagem exibe. Em suma: os dados publicados na matéria estão totalmente errados.

O erro cometido é gravíssimo, mas não é o único. A reportagem ainda sugere que a Venezuela é fortemente dependente do petróleo, respondendo por 45% do PIB. Novamente, a jornalista não cita suas fontes. Na que eu consultei (o Banco Central da Venezuela), o setor petróleo respondia por 19% do PIB em 1998, contra pouco mais de 10% em 2012. Como a Senhora pode perceber, a economia venezuelana se diversificou. Não foi rumo à indústria, pois, como eu mesmo lhe mostrei no parágrafo acima, a participação desta última no PIB caiu. Mas, insisto, a dependência do petróleo DIMINUIU, e não aumentou como o jornal tem sistematicamente afirmado.

A edição de 13/04/2012, traz outros erros graves. Eu já falei anteriormente sobre os dados sobre déficit público apresentados pela matéria assinada pelo jornalista José Casado (“Onipresente Chávez”). A mesma matéria afirma que a participação do Estado venezuelano representa 44,3% do PIB. O conceito de “participação do Estado na economia” é algo bastante vago, e por isso era importante o jornalista utilizar alguma definição e citar a fonte – mas isto é algo, ao que tudo indica, O Globo não faz. Algumas aproximações para “participação do Estado na economia” podem ser utilizadas, e as mais usuais apresentam números distantes daqueles exibidos pelo jornalista: os gastos do governo equivaliam a 17,4% do PIB em 2010 (contra 13,5% em 1997) e a carga tributária em 2011 era de 23% (contra 21% em 2000), nada absurdamente fora dos padrões latino-americanos.

Enfim, no afã de mostrar uma economia em frangalhos, O Globo exibe números simplesmente não correspondem à realidade da economia venezuelana. Veja bem: eu nem estou falando de interpretação dos dados, mas sim de dados que equivocados!

Seria importante oferecer ao leitor de O Globo uma correção dessas informações – mas não na forma de errata ao pé de página, mas em uma reportagem que apresente ao leitor a economia venezuelana como ela é, e não o caos que O Globo gostaria que fosse.
E, por favor, nos próximos infográficos, exibam suas fontes.
Atenciosamente,

PS: Não sei porque ainda perco tempo, mas enviei o e-mail abaixo para O Globo. Como a linha editoria não será modificada, peço que divulguem. Abs, Victor.

Victor Leonardo de Araujo
É Professor de Economia da UFF Universidade Federal Fluminense.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A MORTE DO FILÓSOFO E O SILÊNCIO DA VERDADE

“O ASSASSINATO de Marcelino Chiarello foi a tentativa de incinerar as verdades por ele desnudadas. Foi um insulto a justiça das causas sociais, … foi o apagão que faltava para nos mostrar os sujos meandros da legalista e putrefata justiça em nossa cidade, nosso estado em nosso pais! Foi a gota de sangue que manchou a justiça, pela covardia de quem executou, a conivência de quem investigou e frieza de quem banalizou. Marcelino foi morto duas vezes: como HOMEM e CIDADÃO!” 

A vida poderia até ser metaforizada como um jogo, se não fosse este lado prosaico que tece nossas relações sociais. Esta aventura consciente que nos faz escolher entre o que nos emancipa como humanos e o que nos coloca no roll gélido animalesco das disputas de espaços e interesses. Se não fosse este fruto imperativo democrático que nos provoca ao universo das escolhas. Tudo isso que nos empurra, nos carrega, nos conduz, nos orienta, nos divide, separa, nos 'dialetiza'. Porque esta também é uma real bipolarização de nossa aventura existencial, e nela o cálice da Justiça pode ser servido como sangue na nova e eterna aliança, sinal da justiça (ao modo cristão) ou simplesmente como imolação pública do direito a vida como produto de um legalismo fragilizado, descomprometido. 

O que assusta é ver a incineração de nosso 'Contrato Existencial', este direito antropológico primevo do Ser Humano decidir, direito manifesto a liberdade de se expressar e questionar a realidade que nos cerca. E estou eu aqui a discorrer sobre isso! Porque um dos mais pertinentes exemplos disso é a morte do cidadão, Pai de Família, Professor, Vereador e Filósofo Marcelino Chiarello à mais de 12 meses. 

O que justifica nosso descréditos caros cidadãos, é o juízo de des/valorização das instâncias judiciais e criminais. Porque no assassinato de Marcelino todos nós fomos assassinados como cidadãos, a partir do momento em que as instituições decretaram silêncio e banalização do caso. Sim eu disse banalização desta covarde e trágica realidade. E o filósofo assassinado covardemente pelas mãos humanas, também se tornou uma vítima de Cronos (Κρόνος) 'Deus do tempo' a que tanto estudou e provou do poder de fugacidade. Porque a inércia e um certo desleixo na investigação do caso (foi como uma prisão do tempo) um estratégico modo pra acomodar o sentimento de revolta do povo, a sede de justiça que a cidade de Chapecó externava. 

Tanto do ponto de vista sociológico como Filosófico, temos um caso de esmagamento de todos os imperativos da razão e dos direitos, em troca da delegação de nossos poderes de julgamento/decisão as instâncias que poderiam se caracterizar como imparciais soberanas do jus/legalismo na esfera social. Para muitos eu cantei a pedra, ressaltei que todos nós já fomos, seremos, como somos neste momento vítimas destas contradições veladas, dos que de forma pragmática buscaram soprar para longe a verdade. Enquanto se ventila no silêncio como encomenda premeditada a covardia desleal e conivente cometida contra o cidadão. 

Sei bem o sentimento que me afeta neste momento enquanto escrevo, porque é o sentimento da ausência, embora por várias oportunidades nossas discussões racionais, epistêmicas brotavam de sua inteligência singular. Marcelino tinha uma memória privilegiada, uma língua afiada e um raciocínio lógico que funcionava como uma 'Navalha de Occam'. Era um homem de coração, mente, e práxis ideológica marxista, mas com certeza poderia ser visto como um doutor na arte da 'Maiêutica'. E isso perturbava sim, muitos setores da burguesia empresarial e política na cidade de Chapecó. 

Eu o conheci muito bem, com ele convivi, dialoguei, me senti influenciado nos meandros da filosofia. Quando no inicio do ano de 1996 enquanto eu me preparava para mudar pra Curitiba e Cursar filosofia. Com os mesmos professores que foram dele também enquanto seminarista na Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos (Carlistas), tanto ele como seu irmão, o nobre e conceituado Professor de História e Filosofia Claudir Chiarello. 

Marcelino costumava me dizer que eu tinha que me conduzir pro seminário de formação sacerdotal como indivíduo pra emancipação social na luta de classes e não apenas como candidato possível ao sacerdócio. Lembro-me com hoje quando me entregou um livro novinho da Edição Filosofando (Edição gratuita para professores) que aliás ainda esta comigo e bem preservado e me disse: “vai e estuda o marxismo incansavelmente, porque este será o caminho da compreensão e libertação das forças produtivas e os filósofos precisam contribuir neste desafio!” 

Estudar filosofia eu cumpri, mas sair do curso marxista mergulhado no praxismo eu não consegui, porque a filosofia me conduziu para o campo do Existencialismo. Porém, o legado nobre, fiel, inteligentíssimo e respeitável do amigo carrego comigo. Tanto nas minhas reminiscências pessoais como nas lembranças de nossos professores em Curitiba que até hoje falam do aluno inquieto, curioso e questionador como ele ficou conhecido. Principalmente no antigo IVF-Instituto Vicentino de Filosofia atual FAVI, por professores como João Batista Penna (Antropologia), Aluísio (Filosofia Politica I, II, III), Cleverson (Lógica, Metafisica e Filosofia da Ciência), Bortolo Vale (Introdução e História da Filosofia) e o orientador Pedagógico da época padre Carlos. 

Voltei de Curitiba formado, e como recepção tive a visita pessoal de Marcelino em minha casa me convocando para fazer uso do instrumento filosófico na articulação de sua agenda de campanha a vereador em 2004 quando então foi eleito pela primeira vez. Talvez seja isso que hoje me inquieta, me deixa arrepiado por imaginar que ali naquele dado momento, ao bel prazer de seu sonho de uma luta de classe por dentro da politica eu contribui para ele ter entrado nesta maldita trincheira de onde sua vida seria ceifada. Mas este parecia ser um de seus sonhos, e talvez seja este o antídoto que tenta me consolar pela perda! Embora eu não tenha cedido aos seus insistentes convites para engrossar a fileira de ex seminarista/petista como ele, porque minha opção sempre foi o comunismo ideológico partidário de João Amazonas, eu sei o quanto partilhamos das idéias de um mundo melhor. 

Embora eu tenha me mantido afastado do fórum de entidades que incessantemente cobraram por justiça, eu observei a mitigada e covarde forma como as instituições legalistas conduziram o processo de investigação sobre assassinato do Chiarello. Sim assassinato, porque Marcelino não era um homem de características suicidas, mas um homem de bem com a vida, um cidadão que desafiava o desanimo, era uma mescla de 'Razão Lúdica' (sempre a brincar com todo mundo) e 'Razão Sábia' (inteligente e estrategista como poucos) ao seu modo, o modo da vida. 

Porque escrevo isso meus caros! Porque desde o inicio eu imaginava este resultado absurdo, covarde e desproporcional o qual nós ainda precisaríamos passar. Há mais de um ano ele foi brutalmente violentado fisicamente e morto por mãos covarde e sujas de sangue dentro de sua própria casa. Hoje com os resultados pra serem finalizados novamente Marcelino foi assassinado por laudos/pericias/descaso como cidadão. Se não haver nenhuma denuncia as entidade mundiais de defesa da vida, o próximo laudo pode sair que Marcelino existiu apenas como conceito filosófico de existência e que as lágrimas de sua família e amigos não passam de uma metáfora pra ilustrar a imolação da vida. 

Embora como base de compreensão e assimilação por parte de muitos: “depois de Marx e Freud, não possamos mais aceitar a ideia de uma razão soberana, livre de condicionamentos materiais e psíquicos. Após Weber, ignorar a diferença entre uma razão substantiva, capaz de pensar fins e valores, e uma razão instrumental, cuja competência se esgota no ajustamento de meios a fins. Sem esquecer ainda de Adorno, não ser possível escamotear o lado repressivo da razão, a serviço de uma astúcia imemorial, de um projeto imemorial de dominação da natureza e sobre os homens. E após Foucault, não ser mais lícito fechar os olhos ao entrelaçamento do saber e do poder. Nós precisamos de um racionalismo renovado, fundamentado numa razão esterilizado deste ceticismo exposto de humanismo e valorização da vida em todas a suas instâncias, dos acúmulos de saber, poder e defesa de toda a integridade que zela nossa existência. Pois do contrário estamos fadados ao espinhoso caminho que leva desenfreadamente para um fim sem volta, onde tudo se justifica pelos meios”. 

Por muitas vezes tenho sido perguntado se não tenho 'medo' de me expor, escrevendo abertamente minha posição frente a questões que se passam na cidade. Confesso que sim, 'tenho respeito ao medo', porque foi o medo que nos trouxe até aqui como espécie, mas preciso sempre reafirmar que não nasci para o silêncio porque a coragem é o alimento que sustenta o medo, por ser ela também proponente de estratégias pra sobreviver. E no meu caso as palavras gritam aqui dentro de mim, se misturam como tempero da coragem no ato de denunciar, manisfestando o que penso! 

Minha profunda consternação, estima e respeito a quem há anos conheço e sei o quanto tem sofrido em todos estes meses como: a esposa Dione, amiga desde a tenra adolescência no ensino fundamental, ao filho Eduardo que peguei no colo ainda bebe, eloquência e peraltice pertinente a inquietude da infância e agora o acréscimo traumático e violento da injustiça; a sua amável sogra Deolinda, ternura e vigor na defesa da vida e educação e a seu cunhado Gustavo. Enfim a todos os irmãos de sangue de Marcelino aqui representado pelo nome de meu amigo, compadre e singular professor Claudir Chiarello do qual tive intensos momentos de profunda reflexão histórica/filosófica ao longo destes anos. 

Preciso finalizar este todo dizendo que o sentimento que me afeta neste momento é o de que precisamos refazer o caminho pra uma nova 'ética civilizatória' (embora eu não consiga mensurar a intensidade e proposição da mesma) e da 'justiça comum' (onde todos tenham seus direitos preservados). Do contrário, precisaremos sim estar cientes de que em determinados momentos precisaremos fazer uso de nossas próprias mãos, para não sermos vítimas da inércia do jus legalismo. Enquanto em campo aberto aqui fora se espera por quem poderá ser a próxima vítima. 

Digo isso porque a conclusão da morte, a assinatura de um laudo covarde/mentiroso que 'suicida', dissolve qualquer conceito legal, enterra nosso desejo de justiça e abre os precedentes do direito ao estado de terror! Neste caso, se “o Sono da razão produz monstros” como escreveu Goya, talvez tenha chegado o momento de nós libertamos os nossos também, do antigo mito da filosofia a nossa atual realidade histórica local! A morte do filósofo e vereador em Chapecó foi a tentativa de silenciar a verdade! 

Neuri Adilio Alves 
Professor, Filósofo e Pesquisador