segunda-feira, 5 de março de 2018

Filosofia, Analogia e Escola

Analogia é proporção, relação, semelhança. Conhecer é relacionar, é reduzir a multiplicidade a uma ordem em referência a primeira. Pensamento lógico qualquer aparelho, um computador por exemplo, é capaz de fazer, mas analógico, somente o humano consegue fazer. O conhecimento é essencialmente analógico. 

A filosofia é analogia em um nível mais profundo. E, a analogia opera com o estético e o estético é poderoso, inspira o respeito, impacta. Quer exemplo maior do poder do estético que as imponentes catedrais góticas: é sedutora pela beleza, poderosa pela relação de proporcionalidade com o indivíduo e foram feitas para quando entrar dentro se sentir pequeno, insignificante - pelo silêncio, pouca luminosidade e grandeza de seu teto. 

O Estético tem que ser respeitado, pois a função da arte é causar impacto, mexer por dentro. Filosofia na escola, tem se algo para mexer por dentro, em qualquer disciplina. Ao professor que falta a presença do filósofo que inquieta o estudante, não convence, não estimula, não ensina, não alimenta a bolha de interrogações. 

Um pouco de filosofia na disciplina de matemática é possível dizer que a primeira medida circunferencial da terra foi feita por Eratóstenes, II séculos antes da era cristã, como decano na biblioteca de Alexandria mesmo sem qualquer ferramenta mecânica apontou ser a terra uma esfera de 350º, errando apenas por 10º concluído na era moderna. Dissecando um curioso registro em papiro sobre fatos na cidade de Alexandria e Siena. Uma pequena dose de filosofia ainda seria possível dizer que os matemáticos ensinados na escola em sua maioria eram filósofo de origem: Pitágoras, Euclides, Pascal, Descartes, Galileu, Newton, Kepler = tantos outros. 

Um pouco de filosofia na disciplina de física poderia ajudar na compreensão que se há apenas uma lei universal da física em nosso cosmo, então por analogia, o mesmo princípio da física que corrói a lata do carro, corrói o cérebro também. Que dá entropia ninguém escapa. 

Um pouco de filosofia em química é possível provocar a reflexão se de fato Lavoisier estava totalmente correto com seu 'nada se perde, nada se cria, tudo se transforma' - pois se tudo neste universo é energia, energia se dissipa no espaço e no tempo, logo tudo neste universo é constante perda. 

Um pouco de filosofia em Matemática, serve para dizer o que Galileu dissera que este universo é escrito em cifras matemáticas, sendo possível contabilizar energia, calorias, no beijo, no abraço, no afeto. 

Um pouco de filosofia na em Ciência naturais pode trazer presente porque Aristóteles, Leonardo da Vinci, Rene Descartes entendiam tanto de anatomia, alquimias. 

Um pouco de filosofia em língua portuguesa, ajudaria trazer presente as grandes obras, tratados de linguagem, a ferramenta da escrita, a paixão literária do canto dos ditirambos, das epopeias homéricas, do tratado do nominalismo em Crátilo de Platão, as metáforas, paráfrases e textualidades. 

Um pouco de filosofia em educação religiosa, se por um lado serviria para nos mostrar que a gente entra em crise porque o evidente se choca com as crenças, por outro serviria para dizer que antes do nada tem que existir algo, que não se explica, apenas se sente e que o sentir é sempre uma experiência pessoal. 

Um pouco de filosofia em história, sociologia e artes é um abraço de irmãs gêmeas que narram fatos, analisam  ilustram e interrogam o tempo.  Que as sandálias aladas de Hermes podem nos levar em feliz viagens aos confins de tantos saberes, sabores e seres! 

Uma pequena dose de filosofia na escola tem que servir para mostrar que a existência é, incessante dialética da exclamação, interrogação, e o terreno desta batalha é a família, a escola e o mundo. 

Que nojo da filosofia, ferramenta ameaçadora as mentes putrefatas deste país. Que nojo da filosofia, esta insignificante disciplina da escola, da vida e do nada - que caos, que monstro, que desprezo. 

Neuri Adílio Alves