sexta-feira, 28 de março de 2014

AS REDES SOCIAIS E O PRAGMATISMOS POLITICO DOS VEREADORES DA BASE DO GOVERNO FEDERAL

''Colocar o dedo na ferida com esperança de que possa aos pouco cicatrizar pode ser uma tentativa vital.''


Me considero um razoável e inquieto observador, talvez seja essa uma das razões pelas quais preciso provocar reflexão sobre fatos! Dentre eles o que há tempos tenho dito intimamente a mim mesmo talvez por vergonha contida, restrições a possíveis ofensas, embora o desejo fosse gritar para todo mundo ouvir. Mas amadurecido na reflexão, imune as respostas viscerais, a gratuidade de justificativas pleonásticas e os naturais riscos de acusação de ser proponente do fogo amigo o anseio pela coerência me faz explicitar.

Há longo tempo acompanhando os mais diversos mandatos de vereadores compartilhados em redes sociais, tanto por afinidades antigas, proximidades ideológicas como do lugar onde moro ou os que estão mais ao sul e de lá para o norte do país meu sentimento é quase o mesmo. Costumo pensar comigo: que alivio a Dilma não ter precisado decisivamente do apoio dos vereadores de sua base governista espalhados pelos municípios do Brasil. Principalmente para defender sem medo e restrições projetos e programas vitais como 'Mais Médico', 'Bolsa Família', 'Bolsa de Estudos e Cotas' entre outros. Ou então os projetos históricos escolhidos e desejados mesmo que no silêncio pela grande maioria inclusive os que hoje por razões pessoais ou de rebanho negam como a Copa do Mundo, Olimpíadas e afins. Se a Dilma precisa-se da defesa de vereadores pelas redes sociais ela estaria lascada. 

Alguns vão dizer que estou sendo leviano, sendo traíra entre tantos possíveis adjetivos a desqualificar meu análise. Não tem problema, meu propósito é puramente provocar reflexão e dizer que é fácil a gente cobrar posturas éticas e coerentes das correntes retrógradas da politica nacional quando precisaríamos nos cobrar um pouco mais para avançar também. Pois para mim entre os vereadores dos mais diferentes partidos da base governista do governo Dilma presentes em minhas redes sociais, alguns por razões afins e outros pra saber o que 'futuco aqui' preciso confessar que 95% deles não fazem a defesa dos projetos do governo federal nas suas redes sociais. 

Sim! … eu sei que muitos de vocês ou seus assessores vão me dizer que facebook, twiter, G+ entre outros não é espaço adequado pra isso e eu tenha que contradizer e afirmar que estão errados. Que as redes sociais para muito além dos blá bla blá pertinentes, tem sido uma espécie de grande Àgora do debate. Tão vital no contraponto aos ataques da mídia conservadora e seus lobos vorazes, quanto letal quando ocorre a esterilização do debate politico e defesas estratégica de projetos por aqueles que deveriam fazer e não o fazem. E arrisco ir mais longe e afirmar que o espaço das redes sociais foram uma espécie de seiva complementar importantíssima na retaguarda desse governo, principalmente nos últimos cinco anos diante dos ataques violentos e apologias ao golpe de estado. 

Por isso me desculpem os meus amigos, os alinhados ao projeto que um dia embora possam ter sido por convicções diferentes e não reveladas mas com certeza abraçamos juntos, mas minha conclusão é uma só: negar-se a esse compromisso do enfrentamento de idéias é reproduzir as características de manutenção aparelhistas incrustrado secularmente nas forças retrogradas desse país tão combatidas historicamente por nós. Tenho acompanhado vereadores da direita, centro, os 'de cima ou de baixo ' e todos aqueles descontentes por tetas perdidas descendo a lenha pelas suas redes sociais no governo federal sem palavras medidas ou escolhidas pelo medo do julgamento de seus amontoados de contatos em redes sociais como facebook. 

Se tem medo ou vergonha de entrar nesse embate é preciso saber que essa vergonha, esse medo pragmático se espalha como fato social, chaga de contradição e negação da história. Porque se o tempos são outros os comportamentos não precisam serem os mesmos de rebanho. Pois nesse placar entre a 'coragem inconsequente' da direita que julga e apedreja, e o 'medo incoerente' dos que deveriam defender o jogo é desigual e os primeiros fazem frente no placar. Mas não esqueçam que nessa iludida zona de conforto virtualizado a pior estratégia é a linguagem assertiva da conveniência enquanto a negação do real ganha força pela massa dos que se sentem encorajados a mostrar que esta tudo errado e tomam posição querendo o banco da frente da história.

Mas para além de qualquer ressentimento que fiquei minha mensagem provocativa de que na politica todo medo de enfrentar o debate de idéias é também o medo miserável e protecionista dos que agem pragmaticamente para manter espaços aparelhistas em detrimento de supostas vantagens possíveis e imensuráveis no depois. Esse é o modus operandi mais letal a qualquer ideia de moralização e avanços da verdade em qualquer lugar que se possa imaginar. Colocar o dedo na ferida com esperança de que possa aos poucos cicatrizar pode ser uma tentativa vital. Antes que vire chaga aberta e narcísica nesse grande jardim ornamental da simpatia pragmática do bom dia, boa tarde, boa noite e as estilizadas frases de auto ajuda. Parece contraditório tratar disso, mas é o que temos!


Neuri Adilio Alves
Professor Licenciado em Filosofia

terça-feira, 25 de março de 2014

ADÉLIA PRADO: Os versos desalinhados rimando alienação!

“Essa 'entrevista' existiu ou inventei.”

Explico: Assisti na TV Cultura ontem a noite entrevista da memorável poeta mineira Adélia Prado de quem sempre tive muita apreço pelos versos alinhados aos espantos do mundo. Mas confesso: por vários momentos na entrevista foi decepcionante. 

ADÉLIA DISSE: que era adepta da Teologia da Libertação mas que deixou de defender quando entendeu melhor o Documento do Concilio Vaticano II; 

MINHA OPINIÃO: - acho Adélia nunca entendeu nada do Vaticano II, nunca leu em especial documentos como Medelin, Puebla e Santo Domingo. Se leu não entendeu, se entendeu esqueceu e se esqueceu porque não era importante pra ela. E nem falo da mulher poeta, falo da graduada em filosofia. 

ADÉLIA DISSE: que fez parte dos grupos de estudos da Igreja Progressista e que foi critica ferrenha da Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) que conduziu o processo de condenação do Livro 'Igreja: Carisma e Poder' de Leonardo Boff e também sua expulsão da Igreja Católica. 

MINHA OPINIÃO: fica mais claro que a poeta nunca entendeu o poder de disputa dentro da Instituição Católica e muito menos o papel inquisidor do Cardeal e Teólogo Conservador Joseph Ratzinger. Ela não entendeu que Ele passou 30 anos velando ocupar o cargo de Papa como um urubu esperando até o ultimo momento a morte de João Paulo II para assumir. Certamente Adélia não leu o Documento ridículo "Dominus Iesus'' escrito por ele enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé no incio do ano 2000 e assinado por João Paulo II como se fosse obra do papa. Onde ele usa de proselitismo e falta de humildade para dizer que a Igreja Romana é única deixada por JC á Pedro e portanto unica promotora da Salvação. 

ADÉLIA DISSE: que tem imenso amor pelo Papa Francisco, pela simplicidade, alegria e identidade com o povo simples; 

MINHA OPINIÃO: para mim mais uma demonstração de que ela nem conhecia o trabalho demolidor de Joseph Ratzinger na cúria romana (queimando homossexuais, condenado divorciados, inocentando padres pedófilos), pois o mesmo nunca gostou do Cardeal Bergoglio, o argentino que se tornou Papa Francisco pelo espírito simples carismático de sempre. Ele sim é uma espécie de paragrafo vivo do Vaticano II e dos Documentos de Puebla, Medelin e Santo Domingo que convocam o povo ao protagonismo das mudanças, justiça social a partir de sua realidade. (leia-se libertação); 

ADÉLIA DISSE: "Nós estamos vivendo um tempo muito cinzento, é uma ditadura disfarçada, por causa dos desmandos políticos"; 

MINHA OPINIÃO: parece que a nossa escritora ao longo de suas décadas de vida se refugiou no 'Alice no país das maravilhas', na 'A Cidade do Sol' de Campanella, ou em 'A Cidade Eterna' de Santo Agostinho. Ela esqueceu os 500 anos de colonização que deveriam ser 'bem mandado' mesmo e nem levou a sério a 'Sociedade Alternativa' de Raul Seixas. Ou seja, revelou nas entrelinhas que talvez a alternativa para um Brasil 'bem mandado' possa ser o conterrâneo tucaninho ex governador de minas de uma linhagem provinciana e oligárquica. 

ADÉLIA DISSE: entre linhas que tem aversões a Vladimir Putin, Dilma, governos progressista da nossa América, movimentos e organizações que buscam justiça social; 

MINHA OPINIÃO: ao desnudar-se sociologicamente o que poderia estar carregando por décadas Adélia nos ajuda entender melhor a afirmação: 

''AS VEZES NO CORAÇÃO DE UM LIBERTÁRIO PODE ESTAR REPRIMIDO O DESEJO DE SER UM GRANDE CONSERVADOR''. 

A entrevista foi marcada por duas realidades tacanhas: as perguntas simplistas, vazias e desencontradas dos entrevistadores e as respostas em sua grande maioria desprovidas de uma coerência e o encantamento dos versos de outrora. 

Me fez adaptar célebre verso da poeta: “Essa 'entrevista' existiu ou inventei.” - Pois a estrofe perfeita é decepção! 

Neuri Adilio Alves 
Filósofo, Professor e Pesquisador