terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

SANTA CATARINA - O TERRORISMO TAMBÉM É FRUTO DE NOSSAS INCONSEQUENTES ESCOLHAS

“Aqui o terrorismo é o reflexo de nossa decadente escolha democrática! Ou agora ninguém votou em Raimundo Colombo?”

Precisamos sim rememorar o histórico de terror em Santa Catarina, da Guerra do Contestado a paz incinerada dos dias de hoje em nosso estado. Precisamos sim caro catarinenses desaprovar qualquer ato de terrorismo em defesa da vida e do patrimônio público. Mas precisamos também urgentemente visitar nossa pia democrática, nosso histórico livro do 'tombo', nossos dias de cidadania, nossas desperdiçadas energias na defesa de quem tem hipotecado nossa tranquilidade em troca dos interesses e acúmulos pessoais e da terrorista politicagem há décadas/séculos em nosso Estado.

Estes atos de terrorismo em Santa Catarina não é apenas uma extensão primária provinda de dentro de presídios sob ordens dos desordeiros, executadas por profissionais da marginalidade e sintética coragem. É preciso acrescer a isso a égide fracassada de uma Secretária de Segurança Publica alicerçada sob os pilares da firula fisiológica do governo. Precisamos com certeza e urgência inverter a discussão do processo e nos colocar na rota de colisão com todos os acontecimentos. Pois o que cobrar do Estado, se há mais de 50 anos os cidadãos continuam votando nos que hoje ainda des/governam, em décadas sucatearam o sistema de Segurança Pública com poucos investimentos, parcos concursos, salários miseráveis à Policiais Militares e Civis, Bombeiros, Agentes Prisionais e Professores.

Os presidiários para além de apenados pela subversão à qualquer ato da ordem social, também são uma extensão de nossa fracassada ação social. Assim como nós eles são vitimas de um deplorável estado de sucateamento nas politicas públicas. Eles precisam ser apontados pelo Estado como a face maniqueísta do mal, para que o estado possa continuar vendendo a imagem da “Face Suja do Bem” e lavar suas mãos acometidas com o 'crime' da ineficiência. Mas para que isso se perpetue ele precisa justificar com uma personalização do mal no caso os apenados. Vejam se estas não tem sido todas as justificativas emitidas pelo governo de Colombo e seus papagaios de pirata a frente da Secretaria de Segurança! Basta rememorar a entrevista de muitos responsáveis pela segurança no estado, todos atuando muito mais como escudo do governo do que coerentes responsáveis pela solução da problemática instaurada. Falta folego moral pra este governo soprar as chamas que queimam não os bens materiais mas a dignidade do povo catarinense.

Todos os ataques cometidos nestes dias em Santa Catarina precisam ser visto por nós catarinenses como um grande recado. Não é o recado de que as penitenciárias do estado estão lotadas de criminosos de alta periculosidade. Mas sim, que entre os maiores atos de criminalidade é a ausência do estado na efetivação da responsabilidade social das politicas públicas 'supliciadas' à décadas por aqui em troca da 'benesses' do aparelhismo sujo do Estado e seus roedores. De Cristóvão Colombo à Pedro de Alcantara, da República Juliana à Nossa Senhora do Desterro (coincidência ou não com os fatos também conhecida como Nossa Senhora da Fuga) o caminho percorrido tem sido marcado pelo acúmulo protecionista de privilégios, da expropriação do patrimônio público, do legado da mentira e da negação sem censura dos direitos de cada cidadão.

Nossa história não pode continuar sendo vista, contada, vendida apenas pelas belas paisagens, pela suposta odisseia colonizadora, pela macro-miscigenação de culturas, povos, e sonhos. Mas acima de tudo, também de nossos erros, nossas tragédias, nossas incompetências e nossas futuras fissuras no estado de culpa. Todos estes atos de terrorismo vão continuar acontecendo mesmo com a transferência de presidiários, porque a maior das tragédias é a nossa empobrecida e incinerada consciência que não consegue transferir perspectivas de novos projetos governamentais. Prova disso é que amanhã já esqueceremos de tudo: dos poucos policiais, dos baixos salários, dos presídios sucateados, da queima de carros e onibus, das desculpas e mentiras de sempre, da 'decadente escolha democrática' figurada em nosso voto inconsequente.

Esqueceremos que o governo é um paraíso remunerado de milhares de comissionados, famintos à devorar a máquina pública e pouco investir em educação, saúde e segurança. Esqueceremos do governo de Expropriação que começa com Cristóvão e chega ao Raimundo com a mesma marca da Colombo/mania que explora nossa terra há mais de 500 anos. Das Capitanias Hereditárias/donatárias de Pero Lopes de Sousa, que daqui já levaram muito, aos de hoje que ainda continuaram a 'levar' e 'lavar' a consciência dos que insistem em se esbaldar nas promessas mesquinhas e seculares daqueles que se esbaldam obesos de nossas contradições.

O que estão queimando em Santa Catarina não é o patrimônio público figurado em Onibus, Caminhões, Carros, mas sim, a materialização de nossa pequena consciência emancipatória. Estão queimando a nossa parcela de culpa, estão queimando nossos falsos ideais e estereótipos ideológicos de comodidade. Estão denunciado nossa incompetência no uso do Sufrágio Universal alçado ainda na primeira república tão deturpado aqui em nossa 'vã' percepção da necessária e coerente mudança. Toda esta onda de medo/insegurança pode ser apenas o prenuncio que ainda teremos muitos dias de incineração de nossa velada paz social se não se mudar o foco de nossas escolhas em período eleitoral. Pois enquanto a maior parcela da população vive trêmula as experiências de conviver com o medo, nos bastidores do aparelho governamental os roedores continuaram a devorar e rir de nossos desesperados pedidos de proteção. E nós até quando permaneceremos encarcerados nesta 'cela' gélida da culpa premeditada sob a escuridão de nossa falta de vergonha que insiste a cada quatro anos em errar novamente? Será que merecemos paz???

Professor/Pesquisador
Neuri Adilio Alves