segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

REVISTA VEJA e a Piada aos Catarinense!

"Ou esses parlamentares são bons demais por ocuparem tantos cargos, ou os Eleitores Catarinenses são NOTA '0' (zero). - EU FICO COM A SEGUNDA!"

Só nos resta rir caros Catarinenses, pois isso nos imunizará da vergonha nacional de uma Revista que escolhe nossos parlamentares entre os melhores do Congresso (embora não precise muito) não dá pra digerir. E muito menos ser objeto de nosso orgulho, afinal não devem estar a serviço de nossos cidadãos pelo pouco que fazem pelo estado. Além de aparecerem somente em período Eleitoral com milhões de investimentos para obter êxito eletivo. 

Devem estar a serviço da própria Revista Fascista e seu LC-Lobismo de Corredor que a mesma sustenta em Brasília visando manter e ampliar suas ambições. Ou alguém concorda com as notas recebidas pelos bonecos da iniciativa privada e suja de nosso estado: 

- Onofre Santo Agostini (PSD)........................................................................Nota 10,0 ____1º LUGAR 

- Cassildo Maldaner (PMDB).........................................................................Nota 8,6 _____2º LUGAR 

- Paulo Bauer (PSDB).....................................................................................Nota 8,0 _____4º LUGAR 

- Esperidião Amin (PP)...................................................................................Nota 7,5 _____14º UGAR 

Aqui em Santa Catarina eles são muito bem falado no período Eleitoral pelos milhões que investem em campanha, mas de trabalho para o Estado Catarinense muito pouco ou nada mesmo se ouve falar. 

RACIOCINEM COMIGO: 

1 - @ ONOFRE SANTO AGOSTINI - desde 1973 quando foi Prefeito de Curitibanos, 4 vezes deputado Estadual e atualmente Federal. Soma 40 anos sugando a máquina pública e o aparelho de estado. 

1.1 - É o parlamentar escolhido pela Revista Veja como NOTA 10! 

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2 - @ CASSILDO MALDANER - desde 1975 soma 38 anos vivendo da politica. De vereador no município de Modelo/SC á, Deputado Estadual e Federal, Chegando a Governador e atualmente Senador. 

2.1- Possui duas Aposentadoria como ex-governador e como Senador. - E NÓS QUE PAGAMOS! - É o Parlamentar escolhido pela Revista Veja como a NOTA 8,6. 

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3 - @ ESPERIDIÃO AMIN - desde 1975 quando foi nomeado Prefeito de Florianópolis pelos Militares, sempre ocupou cargos Públicos, como Prefeito - Deputado Federal - Governador e Senador; 

3.1 - Possui duas Aposentadoria como ex-governador e uma como Senador. - E NÓS QUE PAGAMOS! - É o Parlamentar escolhido pela Revista Veja como a NOTA 7,5. 

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4 - @ PAULO BAUER - desde 1986 quando se elegeu deputado estadual sempre mamando na máquina pública até o Senado. - Foi um dos piores Secretário de Educação que Santa Catarina já teve. Chegou ao senado no pescoço de Luis Henrique. 

4. 1 - Esta automaticamente aposentado como Senador da República. - E NÓS VAMOS PAGAR! - É o Parlamentar escolhido pela Revista Veja como a NOTA 8,0. 

AFINAL: A SERVIÇO DE QUEM ELES ESTARIAM EM BRASILIA? 

Ou esses parlamentares são bons demais por ocuparem tantos cargos, ou os Eleitores Catarinenses são NOTA '0' (zero). - EU FICO COM A SEGUNDA!

Neuri Adilio Alves 
Cidadão Catarinense - Professor Pesquisador

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Contra a imbecilidade do atual anticomunismo

Publicado em 17/12/2013, por Leonardo Boff

"O atual anticomunismo revela a anemia de espírito e a pobreza de pensamento que estão prevalecendo como disfarce para esconder o desastre que significa a economia de mercado, (...)'

Mauro Santayana é um dos jornalistas mais eruditos do jornalismo brasileiro. Sempre comprometido com causas humanitárias, contundente e dotado de um estilo de grande elegância. Somos colegas como colunistas do Jornal do Brasil-on line. Recentemente, no dia 17/12/2013, publicou um artigo sob o título HABEMUS PAPAM com o qual me identifiquei imediantamente. Sofro ataques imbecis de que sou comunista e marxista, como se para um teólogo com 50 anos de atividade, fosse uma banalidade fazer esta acusação. Sou cristão, teólogo e escritor. Marx nunca foi pai nem padrinho da Teologia da Libertação que ajudei a formular. 

O atual anticomunismo revela a anemia de espírito e a pobreza de pensamento que estão prevalecendo como disfarce para esconder o desastre que significa a economia de mercado, altamente predadora da natureza e agressora de todo tipo de direitos humanos e agora numa crise da qual não sabem como sair. 

Há tempos o Zürcher Zeitung, o maior jornal suiço e pouco depois o Times diziam que o autor mais lido hoje é Marx. Não só por estudiosos, mas por banqueiros e financistas conscientes que querem saber por que seu sistema foi a falência e por que tem tantas dificuldades em sair dele, se é que encontram uma saída que não signifique mais sacrificio para a natureza (injustiça ecológica) e para a humanidade já sofredora (injustiça social). 

Hoje mais e mais se percebe que este sistema é anti-vida, anti-democracia e anti-Terra. Se não cuidarmos poderá nos levar a um abismo fatal. É uma reflexão que faço contra meus acusadores gratuitos e faltos de razão. Penso às vezes que Einstein tinha razão quando disse:”Existem dois infinitos:um do universo e outro dos estultos; do primeiro tenho dúvidas, do segundo, absoluta certeza”. Estimo que muitos dos anticomunistas atuais se inscrevem nesse segundo infinito. 

É fácil serrar árvore caída e convardia chutar cachorro morto. Pensemos, antes, no presente com sentido de responsabilidade, unidos face a um feixe de crises que nos poderá levar a uma tragédia ecológico-social. Como fazer tudo para evitá-la e garantir um futuro comum para todos, inclusive para a nossa civilização e para nossa Casa Comum. Essa é a questão maior a ser pensada e sobre ela inaugurar práticas salvadoras e não distrair-se com discutir um comunismo inexistente, morto e sepultado. 

Leonardo Boff

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Habemus Papam

Acusado por um conservador norte-americano de ser marxista, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, negou sê-lo, mas disse que não se sentia ofendido, por ter conhecido ao longo de sua vida muitos marxistas que eram boas pessoas.
A declaração do papa, evitando atacar ou demonizar os marxistas, e atribuindo-lhes a condição de comuns mortais, com direito a ter sua visão de mundo e a defendê-la, é extremamente importante, no momento que estamos vivendo agora.

A ascensão irracional do anticomunismo mais obtuso e retrógrado, em todo o mundo — no Brasil, particularmente, está ficando chique ser de extrema direita — baseia-se em manipulação canalha, com que se tenta, por todos os meios, inverter e distorcer a história, a ponto de se estar criando uma absurda realidade paralela.

Estabelecem-se, financiados com dinheiro da direita fundamentalista, “museus do comunismo”; surgem por todo mundo, como nos piores tempos da Guerra Fria, redes de organizações anticomunistas, com a desculpa de se defender a democracia; atribuem-se, alucinadamente, de forma absolutamente fantasiosa, 100 milhões de mortos ao comunismo.

Busca-se associar, até do ponto de vista iconográfico, o marxismo ao nacional-socialismo, quando, se não fossem a Batalha de Stalingrado, em que os alemães e seus aliados perderam 850 mil homens, e a Batalha de Berlim, vencidas pelas tropas do Exército Vermelho — que cercaram e ocuparam a capital alemã e obrigaram Hitler a se matar, como um rato, em seu covil — a Alemanha nazista teria tido tempo de desenvolver sua própria bomba atômica e não teria sido derrotada.

Quem compara o socialismo ao nazismo, por uma questão de semântica, se esquece de que, sem a heroica resistência, o complexo industrial-militar, e o sacrifício dos povos da União Soviética — que perdeu na Segunda Guerra Mundial 30 milhões de habitantes — boa parte dos anticomunistas de hoje, incluídos católicos não arianos e sionistas, teriam virado sabão nas câmaras de gás e nos fornos crematórios de Auschwitz, Birkenau e outros campos de extermínio.
Espalha-se, na internet — e um monte de beócios, uns por ingenuidade, outros por falta de caráter mesmo, ajudam a divulgar isso — que o Golpe Militar de 1964 — apoiado e financiado por uma nação estrangeira, os Estados Unidos — foi uma contrarrevolução preventiva. O país era governado por um rico proprietário rural, João Goulart, que nunca foi comunista. Vivia-se em plena democracia, com imprensa livre e todas as garantias do Estado de Direito, e o povo preparava-se para reeleger Juscelino Kubitscheck presidente da República em 1965.

1964 foi uma aliança de oportunistas. Civis que há anos almejavam chegar à Presidência da República e não tinham votos para isso, segmentos conservadores que estavam alijados dos negócios do governo e oficiais — não todos, graças a Deus — golpistas que odiavam a democracia e não admitiam viver em um país livre.

Em um mundo em que há nações, como o Brasil, em que padres fascistas pregam abertamente, na internet e fora dela, o culto ao ódio, e a mentira da excomunhão automática de comunistas, as declarações do papa Francisco, lembrando que os marxistas são pessoas normais, como quaisquer outras — e não são os monstros apresentados pela extrema-direita fundamentalista e revisionista sob a farsa do “marxismo cultural” — representam um apelo à razão e um alento.

Depois de anos dominada pelo conservadorismo, podemos dizer, pelo menos até agora, que Habemus Papam, com a clareza da fumaça branca saindo, na Praça de São Pedro, em dia de conclave, das veneráveis chaminés do Vaticano.

Um Papa maiúsculo, preparado para fortalecer a Igreja, com o equilíbrio e o exemplo do Evangelho, e a inteligência, o sorriso, a determinação e a energia de um Pastor que merece ser amado e admirado pelo seu rebanho.

Mauro Santayana - Jornalista 

Fonte:

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PESQUISA SOBRE QUALIDADE DE VIDA EM SANTA CATARINA É CHANCHADA

"(...) a pesquisa parece DIZER TUDO aos que interessa e REFLETIR EM NADA aos que realmente precisam."
Tem coisa que a gente precisa se orgulhar, tem coisas que precisamos ajudar construir e tem aquelas que a gente precisa questionar sem desqualificar, ou então destruir mesmo. Falo isso pra me ater a pesquisa publicada no Diário Catarinense no inicio desta semana. Pra mim, por si só a pesquisa parece uma grande Chanchada que eu daria nota abaixo dos quesitos avaliados pois a amostra colhida tem caráter de ficção. Para além disso, as diversas interpretações acerca da mesma uma violência a "Razão Sábia" e um culto aberto a "Razão louca".

Digo isso porque tudo pode piorar, quando a gente encontra na página de uma emissora rádio da cidade um texto com caráter de oportunismo leviano requentando os dados fictícios. A gravidade aumenta com a emissora de televisão no jornal do almoço fazendo ufanismo fascista com os mesmos dados vomitando: “Chapecó é apontada como segunda cidade em qualidade de vida” no estado! Qual Chapecó e qual Estado? - Aqui podemos supor que uma atitude “publicista” assim pode acenar pra duas questões: ou a imprensa local é ingênua propositiva, “manipulada e manipuladora”, ou bandida demais mesmo, fazendo questão de mostrar sua face suja e a serviço do que estão.

PRIMEIRO que os dados apresentados em tal pesquisa demonstram que Chapecó não foi além do quesito "REGULAR" (nenhum Bom ou Ótimo) nos principais dados da "Amostra" e na soma geral das cidades em quesitos como SAÚDE e SEGURANÇA ficou na casa do Péssimo. SEGUNDO que afirmar que 73,2% da população de Chapecó considera os índices pesquisados como “ótimo” e “bom” é propaganda falaciosa, irreal, é metafísica numérica que não cabe no exposto. 

A pesquisa é péssima... imprecisa, burlesca e favoreceu apenas o proprietário do instituto que deve ter recebido bem pra fazer. Afinal jogar dinheiro público fora virou prática costumas que geralmente não entra em dados de pesquisas. Mas esses dados apresentados sobre Chapecó são facilmente desconstruído. Principalmente por alguém que aqui nasceu, cresceu e acompanha minunciosamente o que se passa na cidade há 39 anos. Vejamos:

- SEGURANÇA PÚBLICA … não dá pra engolir dados positivos sobre segurança numa cidade como Chapecó que no ano de 2013 já bateu recorde de assassinatos, centenas de tentativas de homicídios, centenas de ocorrências por assalto, brigas, ameaças, porte de armas, tráfico de drogas e influência; 

- SAÚDE PÚBLICA… não dá pra falar que está tudo bem, quando as mães precisam passar horas numa fila do Hospital Municipal da Criança sem atendimento, ou ainda a gente vai marcar consulta de retorno com especialista e ai te dizem que a “cota de gasto da semana acabou”, tenta na próxima;

- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE… não dá pra falar em sustentabilidade e preservação ambiental numa cidade que permite a derrubada de Araucárias e Aterro em Áreas de Preservação Ambiental com mananciais de água do Aquífero Guarani;

- MORADIA... não dá pra ter tanta cara de pau em avaliar positivo e qualitativo a questão da Moradia quando o governo municipal além de não fazer uma só casa não solucionou os inúmeros problemas das áreas irregulares. Mas permitiu a abertura de dezenas de loteamentos de seus apadrinhados mesmo em áreas de preservação. Foram esses os entrevistados?

- TRANSPORTE, TRANSITO E MOBILIDADE URBANA... não dá pra apontar dados qualitativos no Transporte público, Trânsito e Mobilidade, quando o transporte é caro de péssima qualidade. No trânsito vai acentuando o caos, e a mobilidade urbana reduzida num calçadão político/estético no centro da cidade. Some-se a isso os quilômetros de calçadas irregulares e desrespeito ao direito dos deficientes.

- CULTURA, LAZER E ESPORTE... não dá pra conceituar qualidade cultural avaliando desfile de carros pela avenida nos finais de semana com péssima música e poluição sonora. Ou ainda, citando um Centro de Eventos a serviço da burguesia faceira e rasteira. E muito menos vincular ''Lazer e Esporte'' meramente ao clube verde série A! 

- ACESSO A COMUNICAÇÃO... não dá pra falar que temos acesso a comunicação, só porque se tem uns programas de rádio tendencioso, jornais impressos que vivem do dinheiro público, ou porque temos 50 mil pontos de acesso pra internet ligados na cidade ao custo de quedas constantes. Isso pra não citar a massiva comunicação fascista vinculando as cores partidárias aos prédios públicos da cidade. 

- EDUCAÇÃO... não dá pra falar em educação qualificada com escolas caindo sobre os alunos, professores em Greve, falta de creches. - Educação de qualidade se mede com resposta qualitativa na produção de ciência e emancipação social e não por reprodução fabricado de dados ideológicos;

- TRABALHO E RENDA... uma coisa é ter vaga de emprego e outra é uma política de valorização e assistência ao trabalhador. Pois uma cidade que apresenta milhares de trabalhadores mutilados por acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, não pode medir qualidade e renda ao trabalhador;

- INFRAESTRUTURA... não dá pra falar em infraestrutura medindo o acesso a elas apenas por uma seleta camada social da cidade. Quando escolas estão caindo por falta de reformas, ruas esburacadas, falta de creches, Ciclovias, Praças de Lazer e viaturas para polícia trabalhar.

De tudo isso o que sobra é a minha vergonha ao me dar conta do quanto tempo gastamos justificando as pessoas que conhecemos há quilômetros daqui pra não se iludirem porque não somos a “Suíça Brasileira” como tanto se tenta vender. Somos um estado de pessoas que batalham pra vencer na vida honestamente, muito diferente dos que passam a vida vendendo o desonesto e falacioso. 

Enfim! Eu quero minha cidade cada vez melhor, mas com a certeza de que ela é real e não fictícia, pois para mim a referida pesquisa parece DIZER TUDO aos que interessa e REFLETIR EM NADA aos que realmente precisam. Mas pra deixar ela mais completa arrisco dizer que faltou avaliar um quesito que faço agora - FALTA DE VERGONHA (nota 10). E viva a sangria de dinheiro público! 

Neuri Adilio Alves
Professor, Filósofo e Pesquisador 

Nota de rodapé:
…..........................................................................................................................................................

A título de curiosidade reproduzo as notas recebidas da CHApecó Gráfica, e não a XApecó real:

ÓTIMO (5)____BOM (4)____REGULAR (3)____RUIM (2)____PÉSSIMO (1) 

- Moradia........................................................................................................................ 3,5
- Infraestrutura ............................................................................................................ 3,5
- Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente ...................................................... 3,2
- Moradia.................................................................................................................... 3,9
- Acesso a Comunicação ............................................................................................ 3,5
- Segurança Pública..................................................................................................... 3,1
- Trabalho e Renda ......................................................................................................3,5
- Transporte, Transito e Mobilidade Urbana................................................................. 3,0
- Cultura, Lazer e Esporte.............................................................................................3,5
- Saúde........................................................................................................................3,0 


Experimenta digerir você também...  Eu tentei!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A TRAVESSIA DE UM SÉCULO QUE ENCANTA E ADOECE

''A vida é muito mais do que vemos, é fundamentalmente o que sentimos e fazemos, e sem esse respiro da essência a vela da existência se apaga no primeiro sopro.''

Vivemos uma época singular da história humana como viajantes na grande nave do tempo. Somos testemunhas da passagem de um século para outro, talvez o mais fecundo em transformações e deslumbramentos em toda odisseia da humanidade. Dos vultuosos avanços da ciência e produção tecnocientífico ao acúmulo exorbitante do capital. Do consumo desenfreado e desnecessário a liquidez de todos os valores essenciais a vida, como se tudo estivesse sendo conduzido por uma esteira do encantamento efêmero, ao encontro com o nada, com o absurdo.

Se por um lado, poderíamos afirmar que em nenhuma outra fase histórica da humanidade se produziu tanto para tornar a vida mais cômoda, atrativa, dinâmica e superficialmente feliz. Por outro, podemos dizer também que em nenhuma outra tivemos uma imensa massa de indivíduos mergulhados num abismal fosso vazio de sentido para a vida. É esse abismo que se abre no seio existencial dos seres humanos, protagonizadores no palco deste admirável mundo novo, tão plastificado na sua aparência e violentado na essência da vida. Se há um legado que a travessia do século nos trás é este: conviver com tudo e se sentir sem nada.

Porque ela nós trás uma silenciosa e letal crise de sentido, aquilo que o brilhante escritor russo Dostoiévski gestou em suas obras e grandes filósofos dissecaram como ''niilismo'' (nihil), o encontro com o nada. Pesquisas mensuradas em várias partes do mundo, apontam para índices alarmantes e devastadores de suicídios, depressões e estresse. Formando o bloco patológico das doenças existências. 

O que falta? Falta a esperança, a essência que nos foi tirada, a vida roubada, o dia que nos foi tolhido, a ética suprimida. Falta a justiça, a felicidade como essência, o sonho como motor primevo, a poesia. Falta os versos na linguagem do encanto e espanto, falta algo que volte a nos preencher como humanos. Porque estamos mergulhados no absurdo do 'tudo pode e pouco determina', como barcos a deriva sob o olhar atônito do telespectador que nos vê sob o prisma da satisfação, de uma realização fictícia, insólita. 

O escritor vienense Victor E. Frankl, sobrevivente dos campos de concentração nazista em Kaufering e Türkheim, foi um dos primeiros intelectuais do mundo a descrever o 'Ser Humano' como uma unidade apesar da totalidade. Rompendo com isso o determinismo reducionista da psicanálise freudiana que nos 'reduzia e reduz' a uma espécie de 'feixe de energia perversa'. Frankl tinha profundas razões como sobrevivente do holocausto, pois encontrar um sentido para vida está muito além da mera realização dos desejos, ela precisa da essência do todo, do significado. Sentir que a vida pode valer a pena apesar das tempestades, dos sonhos frustrados, do cansaço diário, da esperança vencida, do sofrimento e seus limites. 

A vida é muito mais do que vemos, é fundamentalmente o que sentimos e fazemos, e sem esse respiro da essência a vela da existência se apaga no primeiro sopro. 

Neuri Adilio Alves
Licenciado em Filosofia, Professor Pesquisador e Palestrante.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O ENSINO DA FILOSOFIA NA VIDA DA ESCOLA

Luis Cláudio Calmon e Valéria C. Gomes Calmon

        O pensar, o criar, e o agir consciente libertam o ser humano e o transformam em sujeito de sua história.

        A Filosofia é uma importante ferramenta para que o homem atinja a condição de ser humano em sua plenitude. O que distingue a nossa espécie das demais é exatamente a condição de livres pensadores.
         
 O ser humano é um animal consciente de si próprio e de suas relações com o meio ambiente e com os demais indivíduos. Por isso, passa a ser responsável por todos os processos em que está envolvido.

         A Filosofia é, portanto, uma luz criadora e desafiadora para que as pessoas possam enxergar a realidade de forma mais clara, tornando-se agentes de seu destino.

           A relação da Filosofia com a Educação é visceral. Nesse sentido, tomemos como exemplo as palavras do professor Anísio Teixeira:

“Sendo a educação o processo pelo qual os jovens adquirem ou formam "as atitudes e disposições fundamentais, não só intelectuais como emocionais, para com a natureza e o homem", é evidente que a educação constitui o campo de aplicação das filosofias, e, como tal, também de sua elaboração e revisão”.

      Na antiga Grécia os filósofos eram professores e buscavam renovar os valores da sociedade e construir uma educação melhor e mais efetiva. Anísio Teixeira acrescenta:

“Eram, pois, filósofos e reformadores. Os estudos filosóficos formais nascem, assim, como estudos de educação. Os sofistas foram os "primeiros educadores profissionais" da civilização ocidental”.

             A Educação trabalha o indivíduo como um todo e a Filosofia ajuda as pessoas a elucidar as incertezas, ou seja, buscar os porquês. Sem essa busca a Educação seria repetitiva, fechada em si mesma, assemelhando-se a simples adestramento, treinamento sem criatividade, decadente instrumento ideológico de dominação ou mera formação de força de trabalho a ser explorada por algum grupo dominante de plantão.

            O grande desafio da Educação passa por moldar um ser pensante, formar um estudante para que se torne cidadão integral, orientado por conceitos próprios e valores reais, em prol do desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.

            A Educação é um caminho a ser percorrido e não simples meta a ser atingida. Durante esse caminho forma-se um conjunto de valores e saberes que levam o homem ao discernimento e à escolha de seu rumo. Somente assim poderá o ser humano considerar-se livre.

           Nesse processo, a Filosofia cria um enfoque crítico e reformador da educação, para auxiliar o educador a mediar o processo de construção do ser como sujeito integral, nas suas dimensões afetiva, social, econômica e moral.

           A Filosofia deve sempre balizar os referenciais teóricos e as práticas educacionais de modo a evitar que se cristalizem em conceitos pétreos e dogmas inquestionáveis. No âmbito da Filosofia e da verdadeira Educação, nada pode ficar ao largo de nova perquirição no sentido evolutivo, sob pena de obstaculizar a identificação da realidade desejável.

          Deve, também, orientar a construção de novos valores e formas de conhecimento intelectual, respeitando a subjetividade do ser e a necessidade de construção de bases éticas, morais e culturais tão relevantes para o desenvolvimento da vida em sociedade.

          Filosofia e educação devem andar juntas na teoria e na prática, pensar e repensar os processos educativos, sem se transformar unicamente em prática exclusiva de especialistas em educação e sim de toda a comunidade educativa, entendendo-se como tal pais, alunos, professores, funcionários, pesquisadores e especialistas em educação.

          Não se pode admitir a educação como processo adstrito à escola. A educação inicia-se em casa e passa pelos múltiplos segmentos do complexo político-social da comunidade que lhe corresponde, assim como pelos inúmeros instrumentos informativos e de divulgação.

         O final do século XX e o início do XXI são marcados pela inquietação mental das pessoas em função da complexidade da vida moderna e dos reflexos da globalização que interferem direta ou indiretamente em nosso comportamento. Nesse cenário emerge a FILOSOFIA como instrumento de perquirição sobre o cotidiano, significados da vida moderna e questionamentos sobre nosso aqui e agora.

         A escola, como agência de veiculação da educação formal, já sentiu esse movimento. Existem estabelecimentos que voltaram a adotar a Filosofia como ferramenta de desenvolvimento do pensar, tendo aulas de Filosofia na grade curricular, e alguns utilizam a Filosofia integrada a outras disciplinas.

          As aulas passam a ser tratadas como excelente exercício do pensar. Há exploração da leitura de textos (os mais diversos - Geografia, História, contos, lendas, romances...) seguida de interpretação dirigida e, após a exploração textual, são introduzidas perguntas filosóficas que determinam o tom da discussão, o caminho da dúvida e da reflexão a serem enfrentadas, tornando riquíssima a experiência do pensar individual e em grupo e gerando um exercício perfeito de reflexão filosófica. 

          O grande papel da Filosofia na educação é esse: gerar dúvida, provocar a desconfiança, instigar a pesquisa e a procura de respostas, promover o desenvolvimento cognitivo através da reflexão sobre as coisas, provocando, enfim, a autonomia de pensar e agir.

          A Educação e a Filosofia instrumentalizam os seres humanos para que possam atingir novos conhecimentos, desenvolver seu potencial criativo, enfrentar desafios, relacionar as informações e tirar as próprias conclusões.

         A Filosofia está cada vez mais presente nos dias atuais, como veículo importante de análise e postura crítica perante todas as situações complexas e difíceis de serem entendidas.

        Concluindo, não podemos deixar de afirmar, sem maiores digressões, que a Filosofia - como modo de reflexão da vida moderna - merece grande estímulo, aplicabilidade e desenvolvimento crescente no âmbito da educação.

Referências Bibliográficas:
TEIXEIRA. ANÍSIO S. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO.

Fonte:

domingo, 1 de dezembro de 2013

UMA JUSTIÇA SEM VENDA, SEM BALANÇA E SÓ COM A ESPADA?

Publicado: 01/12/2013

"Com o Ministro Barbosa a Justiça ficou sem as vendas... Só usou a espada para punir mesmo contra os princípios do direito. Não honra seu cargo e apequena a mais alta instância jurídica da Nação."

Tradicionalmente a Justiça é representada por uma estátua que tem os olhos vendados para simbolizar a imparcialidade e a objetividade; a balança, a ponderação e a equidade; e a espada, a força e a coerção para impor o veredito.

Ao analisarmos o longo processo da Ação Penal 470 que julgou os envolvidos na dita compra de votos para os projetos do governo do PT, dentro de uma montada espetacularização mediática, notáveis juristas, de várias tendências, criticaram a falta de isenção e o caráter político do julgamento.

Não vamos entrar no mérito da Ação Penal 470 que acusou 40 pessoas. Admitamos que houve crimes, sujeitos às penas da lei. Mas todo processo judicial deve respeitar as duas regras básicas do direito: a presunção da inocência e, em caso de dúvida, esta deve favorecer o réu.

Em outras palavras, ninguém pode ser condenado senão mediante provas materiais consistentes; não pode ser por indícios e ilações. Se persistir a dúvida, o réu é beneficiado para evitar condenações injustas. A Justiça como instituição, desde tempos imemoriais, foi estatuída exatamente para evitar que o justiçamento fosse feito pelas próprias mãos e inocentes fossem injustamente condenados mas sempre no respeito a estes dois princípios fundantes.

Parece não ter prevalecido, em alguns Ministros de nossa Corte Suprema esta norma básica do Direito Universal. Não sou eu quem o diz mas notáveis juristas de várias procedências. Valho-me de dois de notório saber e pela alta respeitabilidade que granjearam entre seus pares. Deixo de citar as críticas do notável jurista Tarso Genro por ser do PT e Governador do Rio Grande do Sul.

O primeiro é Ives Gandra Martins, 88 anos, jurista, autor de dezenas de livros, Professor da Mackenzie, do Estado Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra. Politicamente se situa no pólo oposto ao PT sem sacrificar em nada seu espírito de isenção. No da 22 de setembro de 2012 na FSP numa entrevista à Mônica Bérgamo disse claramente com referência à condenação de José Dirceu por formação de quadrilha: todo o processo lido por mim não contem nenhuma prova. 

A condenação se fez por indícios e deduções com a utilização de uma categoria jurídica questionável, utilizada no tempo do nazismo, a “teoria do domínio do fato.” José Dirceu, pela função que exercia “deveria saber”. Dispensando as provas materiais e negando o princípio da presunção de inocência e do “in dúbio pro reo”, foi enquadrado na tal teoria. Claus Roxin, jurista alemão que se aprofundou nesta teoria, em entrevista à FSP de 11/11/2012 alertou para o erro de o STF te-la aplicado sem amparo em provas. De forma displicente, a Ministra Rosa Weber disse em seu voto:”Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. Qual literatura jurídica? A dos nazistas ou do notável jurista do nazismo Carl Schmitt? Pode uma juíza do Supremo Tribunal Federal se permitir tal leviandade ético-jurídica?

Gandra é contundente:”Se eu tiver a prova material do crime, não preciso da teoria do domínio do fato para condenar”. Essa prova foi desprezada. Os juízes ficaram nos indícios e nas deduções. Adverte para a “monumental insegurança jurídica” que pode a partir de agora vigorar. Se algum subalterno de um diretor cometer um crime qualquer e acusar o diretor, a este se aplica a “teoria do domínio do fato” porque “deveria saber”. Basta esta acusação para condená-lo.

Outro notável é o jurista Antônio Bandeira de Mello, 77, professor da PUC-SP na mesma FSP do dia 22/11/2013. Assevera:”Esse julgamento foi viciado do começo ao fim. As condenações foram políticas. Foram feitas porque a mídia determinou. Na verdade, o Supremo funcionou como a longa manus da mídia. Foi um ponto fora da curva”.

Escandalosa e autocrática, sem consultar seus pares, foi a determinação do Ministro Joaquim Barbosa. Em princípio, os condenados deveriam cumprir a pena o mais próximo possível das residências deles. “Se eu fosse do PT” – diz Bandeira de Mello – “ou da família pediria que o presidente do Supremo fosse processado. Ele parece mais partidário do que um homem isento”. Escolheu o dia 15 de novembro, feriado nacional, para transportar para Brasília, de forma aparatosa num avião militar, os presos, acorrentados e proibidos de se comunicar. José Genuino, doente e desaconselhado de voar, podia correr risco de vida. Colocou a todos em prisão fechada mesmo aqueles que estariam em prisão semi-aberta. Ilegalmente prendeu-os antes de concluir o processo com a análise dos “embargos infringentes”.

O animus condemnandi (a vontade de condenar) e de atingir letalmente o PT é inegável nas atitudes açodadas e irritadiças do Ministro Barbosa. E nós tivemos ainda que defendê-lo contra tantos preconceitos que de muitas partes ouvimos pelo fato de sua ascendência afrobrasileira. Contra isso afirmo sempre:“somos todos africanos”porque foi lá que irrompemos como espécie humana. Mas não endossamos as arbitrariedades deste Ministro culto mas raivoso. Com o Ministro Barbosa a Justiça ficou sem as vendas porque não foi imparcial, aboliu a balança porque ele não foi equilibrado. Só usou a espada para punir mesmo contra os princípios do direito. Não honra seu cargo e apequena a mais alta instância jurídica da Nação.

Ele, como diz São Paulo aos Romanos:”aprisionou a verdade na injustiça”(1,18). A frase completa do Apóstolo, considero-a dura demais para ser aplicada ao Ministro.

Leonardo Boff foi professor de Etica na UERJ e escreveu Etica e Moral: em busca dos fundamentos, Vozes 2003.

Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Black blocs: os primos sem máscara


Um leitor bem humorado de Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, sugeriu a aproximação entre os blackbocs mascarados que atormentam a cidade e os economistas da pré candidata Marina Silva. Estes seriam, pela ideologia, blackblocs sem máscara. O exagero normal de piadas não deixa de ter fundamento, neste caso, na convergência real entre ideais confessos de uns e ações delinqüentes de outros.

Mascarados e sem máscara, ou desmascarados, são contra tudo que está aí. Sendo o país altamente complexo em sua produção material, vida associativa e política, “tudo que está aí” é muita coisa para ser conhecida e avaliada no atacado. A menos, deve ser reconhecido, que os juízes estejam possuídos por estereótipos bebidos em fundamentalismos religiosos ou ideológicos. Embora rezando por bíblias diferentes, não há dúvida que blackblocs mascarados e sem máscara confraternizam no credo essencial.

Pelo passado de uns, os desmascarados, e presente de outros, os blackblocs mascarados, todos têm por objetivo o desmanche do patrimônio público, seja por destruição material direta, seja por supressão legal ou, ainda, por alienação a terceiros. A variação e bom gosto no modo de vestir dos sem máscara, em contraste com o militarizado uniforme negro dos mascarados, não disfarça a hostilidade à propriedade pública que compartilham. Com ou sem máscara são todos destrutivos blackblocs.

A mídia tradicional e as redes sociais funcionam como atraentes espelhos das manifestações de violência verbal, escrita ou de comportamento. Exibicionistas, anunciam onde vão agir pela força de paus e pedras ou pela compulsão das leis que pretendem elaborar. Discrição e modéstia não fazem parte do cardápio de moral e cívica desses autoritários em disponibilidade.

Entre as convergências avulta a doentia incapacidade de organizar algo construtivo. São parasitas dos movimentos sociais. Não se conhece uma instituição de defesa de coletividades que tenham criado. Mas estão sempre presentes no aproveitamento das atividades e organizações de construtores sociais, sugando-lhes a fama, a energia ou os propósitos. Foi o que fizeram em tempos idos, os sem máscara, com as empresas estatais criadas com os recursos e sacrifício da população. E voltariam a fazê-lo se lhes fosse concedida outra oportunidade. Não facilitaram a emergência de ações coletivas, empreitada sempre difícil e não raro cheia de perigos. Mas os mascarados se aproveitam das naturais e legítimas mobilizações dos setores mais carentes para sugá-los e macular os propósitos de suas paradas e manifestações.

Desprezam as instituições de representação popular (sindicais, políticas, pacificamente reivindicatórias) a elas dirigindo permanente crítica difamatória e humilhante, no que são coadjuvados pela imprensa blackbloc, muito mais do que marrom. Pontificam nas colunas jornalísticas os acometidos de dandismo intelectual, cheios de si pela ausência de contraditório que lhes devolveria a altura própria. Esnobes, só conversam entre si e acham lindas, exemplos de “democratização da democracia” (redundância charlatanesca), as tentativas selvagens de invasão de assembléias legislativas.

Finalmente, o anarquismo cruzado em benefício próprio. Face às tensões entre interesses populares e mercado, são radicalmente contra a regulação do Estado nos conflitos da sociedade (blackblocs mascarados) e no funcionamento a mãos livres do mercado (blackblocs desmascarados).

Há muito mais parentesco entre os blackblocs mascarados e os sem máscara do que é capaz de imaginar o inocente bom humor de observadores. Daria uma narrativa interessante fantasiar o que aconteceria em uma comunidade submetida à ideologia e à ação desses primos em barbárie. Os dois grupos, enjaulados, provariam da própria medicina.

Por, Wanderley Guilherme dos Santos, Cafezinho 31/10/13
Fonte:
http://www.ocafezinho.com/2013/10/31/os-black-blocs-sem-mascara-por-wanderley-guilherme/


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CHAPECÓ - HOSPITAL MUNICIPAL DA IRRESPONSABILIDADE

"Aqui tem tudo pra piorar ainda mais, mesmo que tudo fique apenas nos comentários!" 

Esse teria que ser o nome no momento para a fachada de ''HOSPITAL DA CRIANÇA'', inaugurado pela 'falida Prefeitura de Chapecó', que com a especialista pirotecnia Politica de sempre o hospital teria a função de ser referência no cuidado as crianças e mães. A mesma administração que até agora, pelos comentários ''Parte 1'' (eu disse comentários) circulando por ai, e talvez justifique a falta de médicos no atendimento das crianças não pagou o Salário desses profissionais referente ao mês de setembro. 

A grande verdade nisso tudo é que o povo (os pais com filhos doentes) não querem saber se foi atendido 200 crianças em um só dia. Até porque Hospital Publico não é construído pra funcionar em horário comercial e muito menos pra servir as mentir dos administradores da saúde pública do Município de Chapecó e suas injustificáveis explicações.

Pois com certeza a Prefeitura: 
- já fez o repasse milionário as empresas licitadas para organizar a Efapi;
- já pagou a parcela dos milhões em publicidade mensal; 
- já pagou os alto salários de seus Diretores, Secretário e puxa sacos comissionados.

Isso oportuniza também ampliar o debate para a uma provocação: - Porque o CRM (Conselho Regional de Medicina), ativista dos discursos Xenofóbicos, fascista tão manifesto na vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil (Programa + Médicos do Governo Federal) não se manifesta agora? Pelo menos pra justificar pra população de Chapecó e oeste catarinense a suposta falta de médicos, ou o não pagamento de salários, ou falta de condições de trabalho!

Ainda sem querer apimentar o grau de vergonha, acrescentando a esse descaso no atendimento, pois também pelos comentários ''Parte 2'' (eu disse comentários), um Médico Cirurgião Plástico tem usado a estrutura do 'Hospital da Criança' pra fazer cirurgias de estética para Lipoaspiração e Implante de Silicone em pacientes particulares. - Que tal uma investigação a fundo por parte da imprensa local (se ela existe) ou então da justiça pra ver se confirma tais boatos? - O que dizer mais do que isso?

Apenas que com menos sangria do dinheiro publico em desnecessárias ações duvidosas de publicidade seria possível oferecer atendimento com dignidade ao povo de Chapecó sem a necessidade das mentiras de uma década! E ao povo fica a dica: somente a superação da cegueira imediatista do compensatório, distribuído durante o período eleitoral pode ser o caminho da mudança amanhã. 

Pois, a pior das patologias é a do auto engano que acomete os cidadãos e compromete a ação qualitativa, responsável e de competência do Ente administrativo. E nesse caso em especifico do Hospital da Criança onde as principais vitimas são os pequenos cidadãos de Chapecó, porque sem escolha consciente e comprometida do eleitor tudo se encaminha para o choro, gritos e ranger de dentes. Aqui tem tudo pra piorar ainda mais, mesmo que tudo fique apenas nos comentários! 

ACELERA, ACELERA CHAPECÓ, mesmo sobre os comentários de peitos siliconados, gordurinhas lipoaspiradas, mães desesperadas e a obesidade mórbida de mentira, se é o que temos para o momento!

Neuri Adilio Alves
Pesquisador de Filosofia, livre das amarras da Ilusão.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A FLECHA VERDE DO OESTE ATRAVESSOU O ORGULHO PRECONCEITUOSO

“Ensaio escrever algo sobre Campeonato Brasileiro da Série B, em especifico o jogo Avai 1 X 2 Chapecoense, porque mais uma vez foi a vitória da Humildade contra a Arrogância. Foi o jogo do competente sucesso de uns, contra a magoa, o pré conceito e fracasso momentâneo de outros.

Não dá pra deixar de manifestar meu orgulho em dizer aos quatro cantos do meu país por onde já andei, que nasci e cresci na cidade de Chapecó. Nesta região de gente honesta, trabalhadora e de grande valores culturais. Embora, em um estado brasileiro onde existem nichos de ColoniZADOS com cabeça de coloniZADORES, que adoram nos chamar de Índios como instrumento do adjetivismo depreciativo. Uma clara manifestação de mentalidades pobres, mesquinhas e imaturas. 

Porque digo isso? - Porque o orgulho insano dos que vivem da miséria de cultura, do bairrismo geográfico como sinônimo de emancipação e status social, da leviandade madura não conseguem admitir. Afinal, deve estar sendo duro para alguns torcedores de Clubes como Avai, Figueirense e Joinville aceitar que um Time de Futebol do INTERIOR do Estado de Santa Catarina (na terra de índios) possa estar dando espetáculo: primeiro de humildade e depois de competência tática aos ditos grandes do futebol catarinense dentro dos próprios estádios. Exemplo disso, a recente vitória da Chapecoense no último sábado contra o AVAI em plena Ressacada!

Mas este meu manifesto se direciona em especifico as redes sociais onde tem sido ASSUSTADOR os atos de preconceito, DEGRADANTE pela arrogância, TRISTE pela displicência vergonhosa como alguns torcedores dos citados clubes grandes buscam atentar contra o sucesso da Chapecoense e o povo do Oeste Catarinense na Série B do Campeonato Brasileiro. Tomados de uma espécie de complexo de inferioridade, imaturos que são, buscam atingir o legado de nossa cultura. Fazem questão de usar expressões como 'ÍNDIOS DO OESTE' na tentativa de nos ofender. Como se nós tivéssemos no mesmo nível de alienação secular do qual estão mergulhados, e ficássemos magoados. 

Ao contrário do que eles pensam com essa compreensão limitadissima de valores, isso nos faz mais forte, porque realça parte de nossas raízes, de nossa cultura, de nosso ethos social, nosso orgulho de povo. Porque TEMOS SIM um PÉ NA ALDEIA (seja Guarani, ou Kaingang), assim como temos também as duras cicatrizes de uma colonização bandida, criminosa e não podemos esconder. Mas acima de tudo, somos um povo, movidos na paixão pela terra que converge com tudo o que se busca, inclusive também no futebol. 

A grande verdade, é que sem identidade não há conhecimento, talvez seja isso que nos faça diferentes, porque temos uma forte identidade cultural e histórica. O problema dos complexos, pertence tão somente aos que precisam continuar procurando a própria identidade no grande fosso da ignorância, do preconceito, explicitado na falta de cultura. Ou então, continuar na arte de reinventar as mentiras e o ledo engano de emancipação social a si mesmos, sendo esse o pior dos caminhos.

Nada tenho contra a geografia litorânea catarinense e o povo que lhes ocupa de forma civilizada, madura e que contribuem para a construção de nosso estado. Entre esses, meus 4 irmãos e centenas de amigos e conhecidos que há décadas pra lá mudaram-se. Mas não posso dizer o mesmo dos que habitam o terreno movediço da falta de educação, de respeito, e suas insanidades do fanatismo desprovidos de razão. São os mesmo que geralmente fazem do futebol uma válvula de escape para suas frustrações, suas agressividade covardes, usando do bairrismo depreciativo e preconceituoso.

Mas preciso reafirmar que vitórias como as que a Chapecoense (o Time de Índios) obteve contra o ' ''GRANDE AVAI'' ', deveria valer 6 pontos, afinal:

... é a vitória de um time "PEQUENO" mas com grande humildade;

... é a vitória de um time "MODESTO" mas com imenso orgulho de suas origens;

… é a vitória de um time com “OBEDIÊNCIA TÁTICA” contra o orgulho e as altas folhas de pagamentos do adversário;

... é a vitória de um time de "ÍNDIOS" (como vós adoram dizer) mas que tem orgulho das batalhas travadas com dignidade porque é feito por guerreiros;

... é a vitória de um time de Homens, despidos do pré conceito, por isso se tornam grandes;

... é a vitória de um time, de um povo de toda Região Oeste que tem orgulho do contato com a terra, com o mato, a produção de suínos e aves;

... é a vitória de um time sem chuteiras, porque calçam os pés com a alma, coração e os sonhos, que os orgulhosos alimentados pelo preconceito não conseguem ter.

Ah, antes que eu esqueça! Por esses dias o povo do Oeste Catarinense vai dormir de alma lavada, honra defendida, orgulho de sua história. A memória de nossas origens encravadas no coração das rodas de conversa, e nos livros de história se reafirma na alma talentosa de um grupo jogando bola. 

A vós, só resta a esperança de que possam mais cedo ou mais tarde se despirem do orgulho de colonizados, mimetizados na ignorância desinformada. Para que assim possam subir, não a primeira divisão do futebol, mas da maturidade e respeito com os valores da cultura diferente. Algo que a ignorância pertencente aos arrogantes não deixa se abrir. 

Não sou um apreciador nato do futebol, porque o meu campo é a "Arena" das palavras, dos livros, e a trave com a qual eu luto diariamente é para romper as arestas de minha própria ignorância. Confesso! Não é fácil, mas tenho aprendido muito com os mais humildes e as culturas diferentes, e o meu Gol de placa favorito é o respeito. Quanto a Chapecoense parece ser inevitável continuar provocando ciumes, porque a SÉRIE A vem ai! E AMANHÃ TEM MAIS!

Neuri Adilio Alves 
Filósofo, Professor Pesquisador 

domingo, 13 de outubro de 2013

MAS O QUE É A ESCOLA?

"A escola é uma experiência... é uma esperança."

A escola não é ilha isolada no oceano social. Não é lugar para guardar crianças, ou reformá-las, embora possa ajudar, orientar e até alimentar. A escola não é paraíso. Nem inferno. A escola não está aí por acaso. A escola salvará a sociedade se a sociedade salvar a escola. 

Os professores são pessoas cuja profissão é ajudar na humanização de outras pessoas, os alunos. Cabe aos professores avaliarem os alunos. Avaliação não é punição. Não é acusação. Não é vingança. Não é fatalismo. Não é perseguição. Não é condescendência. 

Cabe aos pais acompanharem os filhos. Conversar com os filhos sobre a escola. Conversar com a escola sobre os filhos. Conversarem pai e mãe entre si sobre a escola que os filhos freqüentam. 

Cabe aos alunos entenderem a escola. Cuidarem dela. Defendê-la. A escola não é ponto de tráfico de drogas. A escola não é a sede do tédio. Não é apenas lugar de encontro. Mas o que é a escola mesmo? 

A escola não é uma idéia vaga. Não é um lugar onde há ou não há vagas. Não é vagão de trem onde entramos e do qual saímos quando chega à próxima estação. 

A escola não é a sua quadra de esportes, não é um conjunto de salas de aula, não são suas paredes (sujas ou limpas), janelas (abertas ou fechadas), portas (com cadeados ou não), armários (vazios ou cheios), escadas (perigosas ou seguras), computadores (novos ou obsoletos), bibliotecas (reais ou fictícias). A escola não é o que vemos. 

A escola não é arquivo morto. A escola não é cabide de empregos. Não é moeda de troca política. Não é campo de batalha. Não é um curso de idiomas. Não é empresa competitiva. A escola não é clube, não é feira, não é igreja, não é partido. 

A escola, o que é? Sabe a escola nos dizer o que ela é? Alguém sabe? 

A escola é um problema insolúvel. 
A escola é uma probabilidade. 
A escola é uma experiência... é uma esperança.

(*Texto publicado em abril de 2008*)

Gabriel Perissé - Professor Palestrante e EscritorPós-doutor em Filosofia e História da Educação pela Unicamp

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CHAPECÓ - EFAPI 2013 VAI DAR PREJUÍZO? É O QUE PARECE!

A baixa expectativa na venda de Ingresso pra Feira já compromete as dividas assumidas! Sim, os primeiros dias apontaram que haveria baixa na venda quando se esperava comercializar mais de 500 mil ingressos pra cobrir os custos!

Por isso, ao contrário do que muitos pensam que a redução nos valores majorados de Ingressos para Efapi foi uma ação benevolente de 'Politica Social de Acesso' a feira por parte do proposta pelo candidato a Deputado Federal em campanha para 2014 errou. O que aconteceu foi que a expectativa de atração do público que estava acima da realidade mesmo com os preços elevados nos ingressos fracassou e a arrecadação que ficaria no limite dos custos, agora acena pra prejuízo. 

E com a frustração na expectativa venho o susto com a dupla conta pra pagar com as múltiplas "atrações artísticas" diárias. Por isso a estratégia desesperada para tentar atrair mais público e minimizar o imenso impacto nas despesas de contrato como os "artistas midiáticos globais" que deve atingir no minimo a casa dos 5 milhão de reais com as mais de 30 atrações. O público pagante não dará conta de pagar os custos de tudo isso!

Dizer que a feira vai atingir a casa de 500 mil visitantes não quer dizer nada quando se trata de cobrir gastos, tendo em vista que nem todo numero de visitantes significa arrecadação de ingressos. Aliás, em torno de 60% apenas desse público pagaria ingressos, o restante fica como os dias de gratuidade, somando a esses as franquias para amigos, patrocinadores, aliados políticos e organizadores da feira.

Então! Que bom que baixou o Valor dos Ingressos! - Que bom que minha cabeça ainda esta tão bem aguçada para dissecar as artimanhas dos que pensam que podem enganar a todo mundo! - Que bom seria se o Povo abrisse os olhos e boicotasse a festa cretina na sua totalidade!

Tenho a impressão que a feira vai dar prejuízo por duas razões: PRIMEIRA porque a venda de ingressos ficou abaixo da expectativa esperada e a lógica dos dois shows por noite não decolou motivações multiplicadas. SEGUNDO, muitos expositores, 'os grandes' com certeza receberam o bônus da isenção em detrimento de favores passados ou futuros que viram em breve para 2014.

Finalmente! Que vergonha aos que insistem em continuar enganando o povo. Mesmo quando o Ministério Público descobre irregularidades nas licitações para os Shows e bloqueia os bens das empresas Gdo e SMO, ( ao que parece "dedocraticamente vencedoras" da Licitação), do Coordenador da Feira e do Prefeito Caramori em valores que atinge 12 milhões de reais bloqueados.

Se a gente somar todas as mazelas em torno da Feira, do BOLSA ALFAFA pra Cavalos de Raça, BOLSA FAVORECIMENTO pra Grupos Seletos, e os BÔNUS ALIADOS do Governo, teremos sim uma espécie de Corte Realeza completa com o REI, PALHAÇO, BOBO e a PLEBE. O J. REI favorecido para 2014, os Palhaços da Publicidade sorrindo a toa, o Bobo da corte com cara de inocente, e todos nós da Plebe pagando as contas. O Espetáculo parece circense, mas tem sabor amargo de ônus aos cofres públicos e imagem manchada da cidade mais uma vez. 

ATÉ ONDE ESSE ESPETÁCULO PATÉTICO AINDA VAI?

Neuri Adilio Alves
Filósofo, Professor Pesquisador

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

DAS MARCAS E IDENTIDADES POLITICAS

“A política é a arte do possível. Toda a vida é política”. (Cesare Pavese)


Depois das eleições, é comum que diferentes pontos de vista sejam empenhados para justificar os resultados e o suposto recado da população através das urnas. Para além destes elementos, é importante destacar como os políticos, agora eleitos, foram conquistando para si a confiança dos outros e como foram capazes de mobilizar mentes e corações que os acompanharam durante o período eleitoral. Nas eleições municipais, a proximidade, o conhecimento e reconhecimento dos candidatos somam-se para a definição e tem certo peso na definição das escolhas.

Cada um de nós compõe a sua história social. Somos o que somos e o que representamos. Em torno da gente, construímos um ideário que se compõe a partir das nossas ideias e atitudes, das nossas relações pessoais e interpessoais e dos nossos posicionamentos em relação à vida, à sociedade e o mundo. Todos somos seres políticos e “toda a vida é política” porque viver em sociedade exige posicionamentos, opções e virtudes, permanentemente. Quem se dispõe à vida pública deve saber que todos estes elementos serão avaliados e confrontados com aquilo que propõe como soluções coletivas. Daí que não é possível separar a pessoa da função ou do cargo e vice-versa.

A política, para além da busca do bem-comum, é uma grande paixão que alimenta horizontes utópicos pessoais e coletivos. Cada candidato, ao longo de sua vida, foi construindo um capital social que, nas eleições, colabora para criar uma identidade com o seu eleitor. Este capital é social porque construído na relação com a comunidade, com o partido e com seus pares (apoiadores). Muitos chamam este capital de carisma, de marca, de imagem, de identidade própria, de peculiaridade.

Quando o marketing e a propaganda política traduzem e afirmam a identidade dos candidatos, cumprem papel preponderante para subsidiar a escolha dos eleitores (ao ler esta reflexão você pode estar avaliando o quanto foi influenciado pela propaganda e mídia na decisão de seu voto). Do contrário, a propaganda soa falsa, não cola na imagem do candidato e passa ao eleitor uma ideia de falsidade ou inverdade.

Contexto político e econômico favorável, apoio político, fala boa e bem articulada, boa comunicação, marketing e argumentos bem construídos nem sempre são suficientes para ganhar uma eleição. Ao analisar boa parte dos prefeitos eleitos em nosso país, inclusive os muito bem votados, podemos constatar que, em grande medida, a maioria elegeu-se também por conta de sua marca e identidade pessoal na vida pública. Daí a imaginar que, se não preponderante, a marca e a identidade pessoal são um grande “plus” para quem deseja ganhar uma eleição.

Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

FILOSOFIA, É O TERRENO DA NOSSA INEVITÁVEL PAIXÃO

"Ao filósofo cabe a critica conceitual, porque o terreno da filosofia, é o terreno da Liberdade!"


A Filosofia tem um programa a realizar no mundo e se o filósofo não possui o desejo de mudança, de transformação frente a realidade em que vive, ele precisa buscar um outro lugar no mundo do conhecimento. Pois a exemplo da definição do filósofo Gramsci, a filosofia da práxis se apresenta como a história de todas as filosofias, porque vai questionar todos os sistemas e estruturas impregnados na sociedade.

Não se muda o mundo mudando apenas o discurso sobre ele, é preciso ser elemento de transformação. E a função da filosofia enquanto elemento critico é de impedir que os homens sejam dominados pelas forças alienadoras presentes na organização social. 

Porque ser filósofo, é munir-se da capacidade de romper com estruturas e admirar-se pelos desejos de fomentar as problematizações da realidade. E neste terreno, a filosofia também deve ter a função social de dizer a todos que nem tudo está perdido, e ser anunciadora da esperança.

De modo algum, a filosofia pode permanecer estática diante das transformações e avanços do progresso tecnocientífico como que nascidos de uma equação A+B igual a senso comum, e descansar sobre este posicionamento sem um profundo análise ético. 

Sim, porque a filosofia é uma prática da cidadania. Ela permite as pessoas formar conceitos, tomar posição diante dos problemas. E aqui existe uma estreita relação entre filosofia e práxis, sempre presando pela liberdade de pensamento, pois do contrário fugiria de seu caráter próprio. Não existe uma filosofia que esteja a altura de dar a última instância sobre qualquer coisa, mas ela é exercício constante. Ciência como processo cumulativo vai pro museu, mas filosofia nunca, porque ela é sempre atual. 

Ao filósofo cabe a critica conceitual, porque o terreno da filosofia, é o terreno da Liberdade! E a vida é um movimento continuo, assim como as águas que correm desde o rio de Heráclito incessantemente, sem nos dar a possibilidades de banhar-se nelas duas vezes novamente. 

Em um mundo onde tudo se produz com tempo de validade, liquidez, desgaste e consumo a filosofia é o único e indispensável incessante, porque é Philia, Ágape, in aeternum, o terreno da minha, da nossa inevitável 'natura' paixão. Por ser um composto presente no DNA do homo sapiens. Eu e você!

Neuri Adilio Alves
Professor Pesquisador e Curioso no Mundo.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

MOTIVOS DA EXTRAORDINÁRIA INCIDÊNCIA DE MARX NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Dos pensadores que se projetaram na história humana pouquíssimos tiveram como Marx a capacidade de incidir não só sobre orientação da cultura, mas também sobre as instituições, e com isso, sobre o destino de milhões de pessoas. Em pouco menos de um século o pensamento de Marx se impôs ao mundo contemporâneo com tanta força que os seus diagnósticos ocupam o centro de todas as grandes controvérsias e politicas, e uma parte considerável de Estados do Oriente e do Ocidente se inspira em suas doutrinas.

Em todo o mundo movimentos políticos das mais diversas origens se referem direta ou indiretamente, aderindo ou opondo-se, às idéias deste pensador.

Qual a razão desta extraordinária incidência do pensamento de Marx no mundo contemporâneo?

Podemos concordar com Umberto Cerroni, para o qual a razão deve ser procurada num sólido feixe de ensinamentos que parecem oferecer uma resposta adequada a questões capitais de nosso tempo. Ensinamentos como:

- Marx inseriu a cultura diretamente na prática de nossa existência;

- Deu explicação desta existência que parte dela mesma;

- Viu na existência humana uma articulação histórica da existência organizada dos homens;

- Viu na existência organizada dos homens um resultado da organização produtiva dos homens;

- Explicou definitivamente o mundo moderno a partir de suas condições materiais, sem reduzi-lo a estas condições;

- Ofereceu, em particular, o primeiro e até agora o único diagnóstico aprofundado da sociedade moderna como baseada na produção e na apropriação privada de riqueza socialmente produzida como sociedade que, em contradição com o seu crescente caráter social-objetivo, cinde a comunidade dos sujeitos em classes opostas: capitalistas e operários;

- E por fim, previu a radical crises histórica deste tipo de sociedade e a possibilidade de construir outra, fundada não em um abstrato programa renovador, mas na supressão das contradições hoje existentes.

Embora nem tudo o que o filósofo dissecou como constatação em relação a sociedade e suas formas de organização social, possa ser reivindicada como verdade absoluta, o seu legado é um inquestionável tesouro do pensamento moderno. 

Marx, vive e viverá enquanto a vida social existir, porque ele é parte desta espécie de amalgama descritiva e prognóstica que da consistência a vida em sociedade. Marx não morre, o que morre são todos o pré juízos emitidos contra seu pensamento.

Como estudante permanente da filosofia confesso que não sou um exímio apreciador de seu pensamento, porque na filosofia trilhei pelo caminho do existencialismo como instrumento de uma leitura mais antropo-fenomenológico do ser humano e confrontar com minhas próprias angustias. 

Mas somente com Marx consigo entender os reflexos das angustias que afetam o homem do mundo contemporâneo, tanto existencial, como sócio-econômico-cultural!

Neuri Adilio Alves
Estudante Permanente de Filosofia 

Artigo fundamentado com: *CERRONI, U., Il pensiero di Marx, Roma, 9-10
Batista Mondin pág 106-107.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O ANALFABETO MIDIÁTICO

O pior analfabeto é o analfabeto midiático.

Ele ouve e assimila sem questionar, fala e repete o que ouviu, não participa dos acontecimentos políticos, aliás, abomina a política, mas usa as redes sociais com ganas e ânsias de quem veio para justiçar o mundo. 

Prega ideias preconceituosas e discriminatórias, e interpreta os fatos com a ingenuidade de quem não sabe quem o manipula. Nas passeatas e na internet, pede liberdade de expressão, mas censura e ataca quem defende bandeiras políticas. 

Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E que elas – na era da informação instantânea de massa – são muito influenciadas pela manipulação midiática dos fatos. 

Não vê a pressão de jornalistas e colunistas na mídia impressa, em emissoras de rádio e tevê – que também estão presentes na internet – a anunciar catástrofes diárias na contramão do que apontam as estatísticas mais confiáveis. Avanços significativos são desprezados e pequenos deslizes são tratados como se fossem enormes escândalos. 

O objetivo é desestabilizar e impedir que políticas públicas de sucesso possam ameaçar os lucros da iniciativa privada. O mesmo tratamento não se aplica a determinados partidos políticos e a corruptos que ajudam a manter a enorme desigualdade social no país.

Questões iguais ou semelhantes são tratadas de forma distinta pela mídia. Aula prática: prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. 

Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do país calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.

O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar. 

Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos. Para isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens.

Dizem que “uma foto vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente, contra-argumentou: “então diga isto com uma imagem”). Fotos e imagens também são construções, a partir de um determinado olhar. 

Também as imagens podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”. Há uma infinidade de exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas químicas que nunca foram encontrados. 

A irresponsabilidade e a falta de independência da mídia norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública, e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.

O analfabeto midiático não percebe que o enfoque pode ser uma escolha construída para chegar a conclusões que seriam diferentes se outras fontes fossem contatadas ou os jornalistas narrassem os fatos de outro ponto de vista. O analfabeto midiático imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo de esforço intelectual. 

Não se apoia na filosofia, na sociologia, na história, na antropologia, nas ciências política e econômica – para não estender demais os campos do conhecimento – para compreender minimamente a complexidade dos fatos. 

Sua mente não absorve tanta informação e ele prefere acreditar em “especialistas” e veículos de comunicação comprometidos com interesses de poderosos grupos políticos e econômicos. 

Lê pouquíssimo, geralmente “best-sellers” e livros de autoajuda. 

Tem certeza de que o que lê, ouve e vê é o suficiente, e corresponde à realidade. 

Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador das empresas nacionais e multinacionais.” 

O analfabeto midiático gosta de criticar os políticos corruptos e não entende que eles são uma extensão do capital, tão necessários para aumentar fortunas e concentrar a renda. Por isso recebem todo o apoio financeiro para serem eleitos.

E, depois, contribuem para drenar o dinheiro do Estado para uma parcela da iniciativa privada e para os bolsos de uma elite que se especializou em roubar o dinheiro público. 

Assim, por vias tortas, só sabe enxergar o político corrupto sem nunca identificar o empresário corruptor, o detentor do grande capital, que aprisiona os governos, com a enorme contribuição da mídia, para adotar políticas que privilegiam os mais ricos e mantenham à margem as populações mais pobres.

Em resumo: destroem a democracia. 

Para o analfabeto midiático, Brecht teria, ainda, uma última observação a fazer:

Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Por Celso Vicenzi (com a “ajuda” de Bertolt Brecht)*

*Celso Vicenzi, jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, com atuação em rádio, TV, jornal, revista e assessoria de imprensa. Prêmio Esso de Ciência e Tecnologia. Autor de “Gol é Orgasmo”, com ilustrações de Paulo Caruso, editora Unisul. Escreve humor no tuíter @celso_vicenzi. “Tantos anos como autodidata me transformaram nisso que hoje sou: um autoignorante!”. Mantém no NR a coluna Letras e Caracteres.