domingo, 19 de agosto de 2012

FORMANDO LIDERANÇAS - TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E CRISTIANISMO



Após algum tempo sem trabalhar qualquer tema de gênero, resolvi atender um antigo e pertinente convite de grandes amigos sacerdotes para trabalhar tema de formação de leigos e lideranças de bases, e outras organizações sociais em diocese no estado vizinho, com o tema: “Igreja e Marxismo na América, Um Novo Pentecoste de Consciência Libertadora”. Experiência interessante se não fosse o fato de que nunca fiz isso na minha diocese por falta de convite. No fundo acredito que por medo de quem esta a frente da Igreja de que eu pudesse ocupar um espaço do qual muitos vivem pendurados a décadas. Já fui taxado de arrogante inclusive por aqueles que passaram anos em seminários estudando orelhas de livros e após se formarem queriam fazer uso da palavra como grandes Teólogos, e mesmo falando besteiras não gostavam de ser questionados. Não sou Teólogo, não sou Filósofo, erudito ou intelectual sou apenas um terno e persistente estudante.

Fato é que neste sábado vivi esta grata experiência de reencontro com gente humilde mas de grande consciência comunitária, social, cultural e politica. Verdadeiros agentes de transformação da realidade. Todos com uma visão progressista que espanta qualquer fantasma da dogmática. Se volto coração e mente pra minha diocese de origem a conclusão que se tem é que com a troca de Bispo “Pastor” nesta primeira década do século temos assistido como uma eutanásia mistica uma morte velada destes organismos, e de formação de consciência politica do povo. Falo de consciência politica/social e não de evangelho da paz e amor, um velado pão e circo, um evangelho sem agente de transformação. Se a Igreja de Chapecó atualmente tivesse o mesmo trabalho que já teve um dia na formação e organização dos leigos não teríamos os SADUCEUS no governo sugando o sangue do povo.

É prazeroso eu um comunista ser convidado por Dioceses dos estados vizinhos para dar continuidade na formação dos leigos dentro da visão e compromisso da Progressista Igreja Latino Americana. Uma igreja comprometida com a mistica da prática social, libertadora; que busca em Marx muito do que sustenta o alicerce de organização social. Porque eles me convidam? ... no fundo eu acredito que nestas igrejas nenhum Padre, Bispo ou “Teólogo” se sente ameaçado dentro de seus espaços. Nenhum tem medo de participar junto com seus leigos de discussões da vida em comunidade, … nenhum tem vergonha de suas posturas diante dos leigos, … nenhum tem medo de ser provocado ou desafiado em conhecimento no que toca os anos de teologia na universidade. Porque certamente sempre fizeram o tema de casa, e não tem compromisso com os poderosos de suas cidades, nenhum tem medo de fazer ou cancelar o grito dos excluídos no dia 7 de setembro, como já foi cancelado aqui em Chapecó no ano de 2008 pelo Bispo.

Digo isso porque alguns lições precisamos carregar conosco para aprender com humildade e coragem. A grande lição de minha vida tive no ano de 1999 quando de passagem para Rondônia fiz visita ao Araguaia, ali pela primeira, 'talvez' ultima e inesquecível oportunidade, passei algumas horas com umas das mais brilhantes consciências do evangelho libertador marxista, o hoje aposentado Dom Pedro Casaldáliga. Em sua Cúria de chão batido, homem simples, com o coração imenso do tamanho do sonho dos excluídos ribeirinhos. Eu um ludibriado Curioso lhes fiz a pergunta: “Como é ser Pastor de um povo acolhedor como este? - então me disse: “Nunca me senti Pastor, sempre me senti ovelha! ... porque aqui todos já fomos e somos um rebanho de ovelhas perseguidas e por isso mesmo somos responsáveis uns pelos outros. Pois como sacerdote elevado a bispo eu entendi que o verdadeiro evangelho tem cheiro de 'comunidade', sabor de praxis coletiva ou comunismo como queiram entender, e a temperatura se mede pelos cuidados o uns com os outros e isso é o que nos move e nos guia neste lugar!” - Após estas palavras eu entendi onde havia encerrado a Dógmática e iniciado o verdadeiro evangelho.

Verdade maior é que a gente sempre tem algo para aprender, eu aprendi muito com mais de 80 lideranças neste sábado, me despedi sob a condição de um convite para voltar, com a certeza de que a gente ainda vai se encontrar, e que seja para contarmos novamente as transformações ocorridas em cada lugar. Por isso aos que ficam minha saudações aos que partem como eu, ide em pensamento e que a mensagem de uma Igreja Libertadora seja a fonte de transformação neste ano de politica. Que se faça do evangelho sal que da gosto de prática libertadora, com rastro de luta de classes, coragem justiça e comunhão! Porque em lugarem como estes os SADUCEUS não governam!

Neuri Adilio Alves
Professor, Pesquisador e Estudante