sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A LUCIDEZ É UM LUXO DE POUCOS


Há muito tempo que analiso o comportamento das pessoas, de modo mais intenso e expressivo os que vivem por perto. Quanta contradição! ...quanta avareza por detrás do egocentrismo medíocre estupefato da pequenez camuflada na banca vazia das próprias ilusões. Quantos revolucionários na contra mão da história, aparelhando interesses e violentando instrumentos democráticos e libertadores da classe trabalhadora! Quantos camaradas iludidos com o 'status quo' miserável dos que muito falam e pouco fazem, dos que cegam a justiça com os olhos obesos dos próprios interesses!

Quantos amigos professores frustrados com a vida de sala de aula, desestruturados na vida pessoal, feridos na luta ideológica e mergulhado no stress do dia seguinte. Quantos sindicalistas medíocres vendendo na feira do fisiologismo a falsa imagem de defensores dos trabalhadores. Argonautas diários das redes sociais de relacionamento, fetichismo, sexo e perdição. Traindo os trabalhadores, rasgando a ética ideológica e a um só tempo violentando a dignidade de si mesmo e da própria família.

Quantas 'carolas' conhecidas falando de “Deus”, distribuindo o pão amassado pelas mãos que apertam e desvelam as calosas contradições. Repartem este pão 'amassado' com a língua cortante, e 'assado' na boca como um 'forno do inferno' aquecido pelo calor diário das incessantes fofocas, a ser ingerido aos drinques de intromissão na vida alheia. Pão servido diariamente como ritual sagrado e degradado pelo fio condutor das patotas que alimentam a vida diária pelas mentiras e lorotas.

Quantos 'cientistas' dos causos de roda, pintando a imagem de gênio da história, filósofo de hora e artista sem arte. Santa ausência da lucidez naqueles que comungam da estupidez diária da própria invalidez. Amigos distante e conhecidos de perto, mas que formam a negação da negação dos necessários exercícios diários de uma receita de humildade, com recheados flocos de honestidade a ser servido na farta mesa de nossa negada realidade. Retrato explicito de que estudar precisa ser o latejante sintoma da dor na carne, imune a qualquer fármaco e imensurável por qualquer método qualitativo de notas (médias) obtidas, mas sim pelo acumulo que permanece de claro conhecimento, sintoma cada vez mais raro da lucidez.

Quantos de vós tem se colocado em marcha na direção da vitória sobre as próprias limitações? Quantos de vós tem lutado para vencer os vícios malditos acarretados pela posição social, estrutural e financeira? Quantos de vós tem lutado para controlar o ego nojento exposto no palco ridículo de vossas fragilidades. Quantos de vós tem marcado encontro com a dona lucidez? É hora sim de vocês romperem as algemas que os aprisionam no silogismos peripatético de suas próprias contradições. Para que ao atravessarem a encruzilhada da realidade não sejam engolidos pela sombra da história e envenenados na epistêmica mesa do tempo.

Quanto a mim? ... louvado seja minha tamanha pequenez. Pois aos que se encaixarem neste interim dialógico realista fica o exposto. Porque neste areópago onde vivo nunca se precisou tanto de uma visita a trilha dos velhos princípios da ética, da moralidade e da coerência. Porque não são poucos os que precisam de 'piqueniques' recheados de boa conduta; … de 'acampamentos' de honestidade; … de 'excursões' a procura da lucidez perdida. Estamos precisando de uma revoada de novos valores; … de um banho de cultura; um tornado de honestidade; uma avalanche de transparência; uma tsunami de coerência. Só assim se abre a possibilidade de reciclar o 'Lixo da Estupidez', transformando-o em um 'Luxo da Lucidez'. É um desafio …

Neuri Adilio Alves
Filósofo - Humano - Observador