quarta-feira, 9 de junho de 2010

Minas Gerais: unidade pró Dilma, problemas para Serra

 
Minas Gerais foi cenário, nesta terça feira (dia 6) de dois acontecimentos reveladores dos rumos da campanha presidencial faltando apenas um mês para a abertura oficial da caça ao voto (que ocorrerá em 6 de julho).

Em Belo Horizonte, o PT, o PMDB e os partidos da base do governo anunciaram a unidade em torno da candidatura do peemedebista Hélio Costa para o governo do Estado, com o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) para o Senado, e a possibilidade do ex-ministro Patrus Ananias para vice-governador.

Em Montes Claros, no norte do Estado, o candidato da oposição, o tucano José Serra, tentou exibir uma esquálida musculatura em visita à cidade, com o ex-governador Aécio Neves a tiracolo.

A festa em Belo Horizonte encerra um período de negociações que se acentuaram em maio e culminaram na unidade da base lulista para ganhar o governo estadual e fortalecer Dilma Rousseff entre os mineiros. Base formada pelas forças que governam, hoje, com o presidente Lula e que, com certeza, continuarão no Palácio do Planalto com Dilma. Seu núcleo é formado pelo conjunto das forças democráticas, progressistas e nacionalistas, articuladas em torno do programa de mudanças que a pré-candidata sintetizou na expressão “avançar, avançar e avançar”, bandeira que mobiliza corações e mentes dos brasileiros. E é a viga mestra da coesão para um novo período presidencial e para o protagonismo dos trabalhadores e do movimento social para garantir a continuidade e o avanço nas mudanças.

A chapa anunciada em Minas resultou de um caminho árduo em que a ala petista partidária da candidatura própria ao governo do Estado precisou ser convencida da unidade em torno de Hélio Costa. Os embates, naturais na construção de caminhos comuns entre forças políticas aliadas mas diversas, como o PT e o PMDB, foram (e são) explorados pela mídia ligada ao tucanato, que insiste em intrigas para minimizar a unidade que fortalece o campo lulista em Minas.

Eles não tem outro caminho. O epicentro das enormes dificuldades que o oposicionista José Serra enfrenta está justamente no estado que foi governado por Aécio Neves. A primeira delas foi o fim do sonho de ter o neto de Tancredo Neves como vice de Serra, que os tucanos consideravam fundamental para fortalecer sua pré-candidatura.

Quando ficou claro que Aécio não seria a "mão do gato" nessa empreitada, a lista dos problemas de José Serra escalou uma montanha (mineira?), e os próprios comentaristas tucanos na mídia falam em tensão na campanha oposicionista, onde teria se instalado uma crise de confiança entre os cardeais emplumados.

O encontro de Montes Claros, que a mídia tentou apresentar com cores festivas, escondia um tacape. Quem "não estiver com Serra sai do PSDB", ameaçou o ex-governador Aécio Neves, ecoando a realidade adversa de que o bloco demotucano perdeu o apoio de um terço dos prefeitos que controla. Minas tem 853 municípios, dos quais 256 tem prefeitos do PSDB, do DEM e do PPS. Destes, 79 apoiam Dilma Rousseff ou estão indecisos. Aécio vai recuperar seu apoio a José Serra com ameaças? Reconstruir a unidade pela força? Não parece possível.

A unidade alcançada em torno de Dilma é mais sólida, apesar dos percalços. Foi o próprio Fernando Pimentel que anunciou, via internet, o acerto em torno da candidatura peemedebista de Hélio Costa. "Prevalece o acordo nacional PMDB-PT. Agora é unidade na campanha e energia pra ganhar em Minas e no Brasil", afirmou. O pré-candidato peemedebista seguiu o mesmo tom ao reconhecer que, unidos, PT e PMDB podem ganhar o governo mineiro. "Separadamente, lamentavelmente, não haveria muitas condições de vitória", disse Hélio Costa.

E a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), que saudou o anúncio declarando que esta fase está superada, apontou o que há ainda por fazer: "completar a chapa majoritária incorporando o conjunto dos partidos que integram a base".
 
Fonte: http://www.vermelho.org.br/editorial