quinta-feira, 22 de abril de 2010

Brasília, 50: do sonho de José Bonifácio à integração do Brasil

Brasília, símbolo da integração nacional e da realização do povo brasileiro, começou como um sonho do patriarca da nossa Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva.

A ideia de transferência da capital para os altos sertões da pátria foi retomada nos primórdios da República, pelo governo do marechal Floriano Peixoto, que constituiu a Comissão Cruls, para localizar no Planalto Central do Brasil, a mil quilômetros do Rio de Janeiro, a exata localização da futura capital do país.

O governo do consolidador da República não pôde realizar o sonho, que foi retomado por outro visionário, o presidente Juscelino Kubitschek. Realização dos gênios de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, Brasília teve também a presença dos trabalhadores, chamados candangos, que ajudaram a transformar em realidade o sonho dos patriotas que pensaram em integrar o Brasil profundo através da construção de uma capital no coração do país.

Cinquenta anos depois de fundada, Brasília alcançou o objetivo dos que a projetaram. A integração é hoje uma realidade, não somos mais uma civilização apenas litorânea, como disse um escritor antigo, de caranguejos bordejando o litoral para um lado e para o outro. Hoje integramos o Centro-Oeste, a Amazônia, e Brasília teve um papel fundamental na ocupação de todo esse vasto território.

Goiânia hoje é uma metrópole e Goiás um estado progressista. O Mato Grosso é um centro importante da agricultura e da pecuária no Brasil. Cuiabá, Campo Grande, mais recentemente Palmas, Rondônia com sua capital Porto Velho, o Acre, a metrópole da Amazônia, Manaus, dão ao Brasil, com todos os seus problemas e deformidades, a ideia de uma nação única, que tem a integrá-la sua capital no centro-oeste da nossa pátria.

É evidente que além de capital administrativa, de centro dos Três Poderes, Brasília tem também valor arquitetônico inestimável. É uma lição pedagógica de um povo que acredita na sua capacidade de empreender e de realizar. Brasília não é apenas uma realidade política, econômica e social, é também uma homenagem à inteligência de nossa arquitetura e de nosso planejamento urbano.

Reflete, por outro lado, as desigualdades e os desequilíbrios do país. Os pobres e os ricos, os que têm um padrão de vida elevado, e aqueles que lutam desesperadamente para ter acesso ao emprego e serviços públicos. Mas esse é outro desafio que nos cabe enfrentar.

Brasília também precisa ser uma cidade justa, socialmente equilibrada, referência para o povo brasileiro, exemplo de cuidado com os interesses nacionais, o que nem sempre tem acontecido.

Nesse momento de celebração, nos cabe, com o olhar crítico, mas otimista, festejar Brasília. Homenagear seu povo, síntese de todo o povo brasileiro, e ter um gesto de agradecimento aos que acreditaram no passado que o presente seria possível.

* Aldo Rebelo é jornalista, escritor e deputado federal (PCdoB-SP)

Por Aldo Rebelo*, em seu site