quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Partido Vivo


9 de Setembro de 2009 - 18h19

Escola do PCdoB marca novo curso e quer mais presença feminina

O próximo curso de nível 3 da Escola Nacional de Formação do PCdoB já tem data marcada: dias 11 a 23 de janeiro. Ele seguirá os mesmos critérios do realizado no final de julho, em Atibaia (SP) e terá igual número de vagas: 100. Para essa próxima edição, a Escola espera poder contar com um número maior de mulheres. “A formação não depende apenas da vontade pessoal. O partido deve estimular e criar condições para a maior participação feminina”, destaca Nereide Saviani, diretora da ENF.  

Segundo Nereide, “parece haver certo descuido, por parte das direções, com relação às mulheres. Muitas vezes o fato de serem mães ou chefes de família dificulta sua participação. O mesmo acontece, por exemplo, com os jovens operários. Isso pode parecer uma questão individual, mas não é”.

Ela avalia que ainda há uma preocupação maior entre os comitês estaduais de garantir as vagas a que têm direito sem, no entanto, atentar para o estímulo à inserção das mulheres nas atividades de Formação. “De fato, o partido está inserido numa realidade social em que a inclusão feminina é dificultada por uma série de fatores, mas é essencial que os comunistas atentem para essa questão”. Com a preocupação de aumentar o número de mulheres na vida partidária, o PCdoB adotou a cota mínima de 30%. “Mas, isso não aconteceu, por exemplo, no último curso, quando as mulheres representaram 27,11% do total de 62 alunos”, lamenta Nereide.

Para mudar esse quadro, a Escola Nacional tem procurado chamar atenção dos comitês estaduais para que o próximo curso tenha mais alunas. “Além de criar melhores condições para elas, é preciso que as direções as estimulem também. Mas, isso é uma via de mão dupla: para que de fato deflagremos um movimento de maior participação feminina, conclamamos as direções estaduais para atentarem para isso e, ao mesmo tempo, esperamos que as mulheres pleiteiem sua participação junto aos comitês estaduais”.

O próximo curso terá o mesmo formato e conteúdo do realizado em julho, com alguns ajustes pontuais sugeridos pelos alunos e professores. Além disso, aqueles que não puderam terminar seu curso agora poderão, após análise de caso por parte da Escola Nacional, continuar seus estudos em janeiro. “Em seguida, o grupo de trabalho responsável pelo currículo fará uma avaliação levando em conta os núcleos e, em cada nível, como esses núcleos estão articulados”, explica a diretora.

Após a realização deste curso, a Escola vai se focar no desenvolvimento do que deve ser o último nível de formação: os estudos avançados. “Nossa ideia é que tenhamos uma capacitação frequente e continuada e, para isso, contamos com os estados”. A eles cabe a aplicação do nível 1 e, pouco a pouco, a direção nacional espera que o nível 2 também possa ser ministrado pelas seções estaduais. Hoje, já existem experiências regionais. O nível 3 e o avançado ficam a cargo da direção nacional.

“Nossa expectativa é constituir e consolidar as seções estaduais para que, futuramente, a esfera central possa se ocupar com o desenvolvimento do nível avançado, bem como a questões relativas à pesquisa”, coloca Nereide. Além disso, “queremos investir na educação à distância para chegarmos mais longe com a nossa formação. Tecnologia para isso existe, mas sua implantação depende da preparação de professores locais que possam aplicar o curso”, complementa.

Balanço

Na avaliação de Nereide Saviani, apesar de não terem sido completadas as 100 vagas disponíveis, “a presença de 62 pessoas foi positiva levando em conta que o semestre foi marcado por eventos variados e pelo processo congressual do próprio PCdoB”. Segundo ela, na avaliação dos professores, o nível das intervenções e avaliações revelaram evolução dos conhecimentos dos alunos.

O curso teve um diferencial em relação aos de nível 2: os certificados serão entregues após avaliação, em formato de monografia, artigo ou fichamento de livro. A indicação dos temas, da bibliografia e do orientador deve ser feita pelos alunos até o dia 20 de novembro e o trabalho finalizado terá como prazo final 28 de fevereiro.

Neste curso, houve a participação de 19 membros do Comitê Central, três como alunos e os demais como professores ou expositores – que totalizaram 27. O balanço feito pela direção nacional da Escola mostra que neste último curso houve “equilíbrio geral entre as faixas etárias considerando-se o critério de faixas por cinco anos”. No caso de faixas mais largas, a avaliação aponta que o maior percentual está nos alunos entre 20 e 30 anos, com 33,88%, seguida pelas faixas de 31 a 40 anos, com 23,72%; 41 a 50 anos com 23,72% e os acima de 50 anos com cerca de 20%.

Ainda conforme a avaliação, 20,33% dos participantes é profissional do partido, 30,5% funcionários públicos, 22% professores e 23,72% estudantes. Mais da metade – 57,62% – é de militantes há mais de dez anos e 30,5% entre seis e dez anos.

No que diz respeito à formação, o documento mostra que a grande maioria, 90%, participou das atividades do nível 2 (centralizadas ou regionalizadas). Dentre os que informaram sua atuação, 20,33% são da frente sindical e 18,64% da juventude. Do total, 54% atuam de alguma maneira no âmbito da formação militante.


De São Paulo,
Priscila Lobregatte